segunda-feira, novembro 03, 2025

A AAC faz hoje 138 anos...!


A Associação Académica de Coimbra (sigla: AAC), fundada a 3 de novembro de 1887, é a mais antiga associação de estudantes de Portugal. Representa os mais de trinta mil estudantes da Universidade de Coimbra, que são automaticamente considerados seus sócios enquanto se encontrem inscritos nesta Universidade. Existem também três mil associados seccionistas, 90 associados extraordinários e 25 associados honorários.

A AAC alberga uma série de secções culturais e desportivas. Entre as secções culturais pontificam, o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) que realiza anualmente o Festival "Caminhos do Cinema Português", a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), a Secção de Jornalismo (que edita o jornal universitário "A Cabra"), a Televisão da Associação Académica de Coimbra, a secção de fado, o Grupo de folclore e etnografia (GEFAC) e os grupos de teatro (TEUC e CITAC). As secções desportivas abrangem um vasto leque de desportos, tais como o hóquei em patins, futebol, andebol, basquetebol, rugby, canoagem, natação, voleibol, ténis, artes marciais e xadrez, entre muitos outros. A "Académica" é assim o "clube" mais eclético do pais, uma vez que "pratica" o maior número de modalidades.
Também referido como "Académica", o clube de futebol profissional mais conhecido de Coimbra, de seu verdadeiro nome Associação Académica de Coimbra (AAC), é legalmente o herdeiro da secção de futebol da AAC. Em 1977 foi criada a Académica SF (que se mantém na prática amadora), mas é hoje um organismo autónomo dentro da AAC, mas com número de pessoa coletiva próprio.

A AAC é dirigida pela Direção Geral (DG), composta por estudantes, e eleita anualmente entre novembro e dezembro, em eleições abertas a todos os sócios, tanto estudantes como os sócios seccionistas. À DG compete a administração da AAC bem como a representação política dos estudantes. Em termos políticos, é ainda de referir a importância das Assembleias Magnas, assembleias sobretudo de discussão da política da Academia, abertas a todos os sócios, cujas decisões têm de ser obrigatoriamente cumpridas, independentemente da opinião da DG. Este poder decisório da Assembleia Magna torna-a no palco de discussões acesas, sobretudo entre os estudantes politizados. O atual edifício da AAC foi inaugurado em 1961 e alberga praticamente todas as secções da AAC, estando integrado num quarteirão que inclui ainda uma sala de espetáculos (Teatro Académico de Gil Vicente) e um complexo de cantinas.

  
Culturais
   
Desportivas
  
Condecorações
   
Outras distinções
  • Medalha de Mérito Cultural (27 de outubro de 1987)
  • Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra
  • Medalha Honorífica da Universidade de Coimbra (18 de dezembro de 2008)
  • Troféu Olímpico Português
  • Instituição de Utilidade Pública

  

 
in Wikipédia

 

Nota: a maior associação de estudantes da Europa (e um dos clubes com mais modalidade e secções, além de ser o clube mais antigo ainda em atividade em Portugal) faz hoje  anos, sem necessitar, como outros clubes fizeram, de falsificar a data de nascimento (até porque é a continuidade de outros clubes e associações que a antecederam). A nossa eterna associação de estudantes, enquanto alunos da vetusta Universidade de Coimbra, merece tudo - Efe-Erre-Á...!

Quincy Jones morreu há um ano...

 
Durante 50 anos na indústria do entretenimento o trabalho de Jones foi indicado para 79 Grammy Award, sendo premiado com 27 destes, e um Grammy Legends Award em 1991. Ele é mais conhecido por ajudar o ícone cultural Michael Jackson a produzir o álbum Thriller, que viria a ser o álbum mais vendido de todos os tempos, e a canção "We Are the World". Em 2024, ele recebeu um Óscar Honorário pelo seu "génio artístico e criatividade incansável [que] fizeram dele uma das figuras musicais mais influentes de todos os tempos".
 

Mick Thomson, guitarrista dos Slipknot, faz hoje cinquenta e dois anos

  
Mickael Gordon Thomson
(Des Moines, Iowa, 3 de novembro de 1973) é um guitarrista dos Estados Unidos conhecido como Mick ou como Log, ou ainda pelo seu número (#7), é um dos guitarristas dos Slipknot.
     
    
 

Tim McIlrath, vocalista dos Rise Against, nasceu há 46 anos

   

Tim McIlrath (Arlington Heights, Illinois, 3 de novembro de 1979) é o guitarrista e vocalista da banda norte-americana Rise Against. Ele é vegetariano desde os 17 anos, apoia os direitos dos animais, promove o PETA com a sua banda e é Straight Edge

 


 

Fany Mpfumo morreu há trinta e oito anos...

(imagem daqui)

 

António Mariva Mpfumo (Lourenço Marques, 18 de outubro de 1928 - Maputo, 3 de novembro de 1987), popularmente mais conhecido como Fany Mpfumo, foi um músico moçambicano, considerado o "rei" da marrabenta.

Pfumo começou a cantar aos 7 anos de idade e, em 1947, com apenas 18 anos, deixou Lourenço Marques, atual Maputo, com destino à África do Sul, onde mercê do seu talento cedo granjeou simpatia e projeção no mundo da música.

Estilo da marca registada de Pfumo é caracterizada pela mistura de ritmos marrabenta com elementos de jazz, bem como influências da música sul-africana kwela. Em Joanesburgo, Pfumo teve a oportunidade de gravar com HMV, alcançar a fama internacional com canções como Loko ni kumbuka Jorgina ("When I Remember Jorgina"); este, em particular, continua a ser uma das músicas mais conhecidas de marrabenta e pop moçambicano. Ele iniciou uma série de bandas durante os anos 50 e 60, mas também gravou vários singles a solo. 

 

in Wikipédia

 

Hoje é dia de ouvir fado e canção de Coimbra...

Música de aniversariante de hoje...!

domingo, novembro 02, 2025

Poesia para recordar aniversariante de hoje...

Retrato de Teixeira de Pascoais, 1927 - Columbano Bordalo Pinheiro (imagem daqui)
 
 

A Teixeira de Pascoais

 

1
Tudo a noite transforma.
A verdade das coisas está perto

E, o silencio fala
Com as sombras da nossa alma, iguais
As sombras dum jardim lunar
Com árvores e flores
Que refletem nossa paisagem íntima.

Imagem do silêncio,
Ó fonte do meu sonho, recolhida
E imersa na penumbra ...

Longe, uma tristeza irmã abre-me os braços
Onde tudo me diz
O sentido da vida!

2
Lá vem a noite... As sombras
Invadem já meu coração sozinho,
Tocado de mistério e de silêncio,
Ferido de remorso e nostalgia.

Lá vem a noite, e traz consigo
O abandono absoluto, o esquecimento,
O contacto mais íntimo das coisas
Que nos povoam e sobressaltam.

Lá vem a noite... E eu, desamparado,
Defronto enigmas e desfio lembranças
Da vida vã, dispersa... Mas súbito
Uma outra voz acalma o coração,
Cresce da sombra, iluminada e pura!

3
Um fio de música
Que me liberte
Do peso escuro
Que trago em mim!

Um fio de música
Que me transmita
(E a alma inunde),
Mãe, teu perdão!

Um fio de música
Que vã ao fundo
Do ser dorido,
Qual uma bênção

E sagre e embale
Meu coração
Das trevas preso:
Um fio de luz

Que me redima
Daquele instante
E varra, afaste
A vil lembrança!

Um fio de música
A dar-me alento
De olhar de frente
A luz do dia!

4
Ave ferida, minha alma
Necessita de silêncio
Para voar liberta da aridez dos dias,
E vai morrendo ausente
Da luz do alto onde quisera
Pairar sem nome e sem destino ...

Ave ferida e deserta
De esperanças, vai ficando
Saudosa dos longes, da distância,
E suas asas retraem-se, doridas,
De encontro às grades frias, lisas,
Dum cárcere obscuro!

Ave ferida e sedenta
Dos livres horizontes, das palavras
Que crepitam nos astros e fluem
Dos corações amantes, das montanhas
— Minha alma necessita de silencio
E, refletindo na noite a sua imagem,
Ir ao fundo das coisas, desprendida!

5
Nos confusos recantos onde o sonho
Se espraia e vive, sem dizer seu nome.
Pulsa num coração o ritmo do mundo.

Ignorado, longe, intranquilo,
Do grande mar, rasgando a imensidade,
Voga no vento um clamor, um grito

Que a noite guarda abandonadamente
E o coração anónimo adivinha
Além da névoa persistente, triste...

E do silêncio emerge urna voz pura,
Já liberta de lágrimas, cantando,
Na luz oculta, o despontar da vida!

 

Luís Amaro

Hoje é dia de recordar um poeta cineasta...

 

Supplica a mia madre

E' difficile dire con parole di figlio
ciò a cui nel cuore ben poco assomiglio.

Tu sei la sola al mondo che sa, del mio cuore,
ciò che è stato sempre, prima d'ogni altro amore.

Per questo devo dirti ciò ch'è orrendo conoscere:
è dentro la tua grazia che nasce la mia angoscia.

Sei insostituibile. Per questo è dannata
alla solitudine la vita che mi hai data.

E non voglio esser solo. Ho un'infinita fame
d'amore, dell'amore di corpi senza anima.

Perché l'anima è in te, sei tu, ma tu
sei mia madre e il tuo amore è la mia schiavitù:

ho passato l'infanzia schiavo di questo senso
alto, irrimediabile, di un impegno immenso.

Era l'unico modo per sentire la vita,
l'unica tinta, l'unica forma: ora è finita.

Sopravviviamo: ed è la confusione
di una vita rinata fuori dalla ragione.
 

Ti supplico, ah, ti supplico: non voler morire.
Sono qui, solo, con te, in un futuro aprile…

  
   

in
Poesia in forma di rosa (1964) - Pier Paolo Pasolini 

Hoje é dia de cantar a poesia de Jorge de Sena...

 

Epígrafe para a arte de furtar

   
  
Roubam-me Deus
outros o diabo
– quem cantarei?

roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
– quem cantarei?

sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
– quem cantarei?

roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
– aqui d'El-Rei!

  
 

Jorge de Sena

 

Keith Emerson, o teclista dos Emerson, Lake & Palmer, nasceu há 81 anos...

      
Keith Emerson (Todmorden, 2 de novembro de 1944 - Santa Monica, 10 de março de 2016) foi um pianista e compositor britânico. Ex-membro das bandas The T-Bones, V.I.P.s e P.P. Arnold (que se acabou por tornar nos The Nice), ficou mais conhecido depois de fundar a banda Emerson, Lake & Palmer (ELP), um dos primeiros supergrupos, em 1970. Quando os ELP acabaram, por volta de 1979, Emerson teve sucesso modesto noutras bandas como Emerson Lake & Powell, 3 e algumas reuniões do ELP no começo da década de 90. Em 2002, ele reuniu os The Nice e foram em turnê e, em 2006, foi em turnê com a The Keith Emerson Band
    
(...)
    
Keith Emerson cometeu suicídio, com um tiro na cabeça, na sua casa em Santa Monica, no dia 10 de março de 2016, aos 71 anos. De acordo com sua namorada, Mari Kawaguchi, vinha apresentando um comportamento depressivo e ansioso em virtude de críticas que vinha recebendo pela Internet, uma vez que um problema no nervo da mão direita vinha limitando as suas performances musicais.

 

Sofia de Espanha e Grécia celebra hoje 87 anos

   
Sofia da Grécia, nascida Princesa Sofia Margarida Vitória Frederica Glucksburg da Grécia e Dinamarca (Atenas, 2 de novembro de 1938), foi a anterior rainha consorte de Espanha, sendo a esposa de Juan Carlos I e mãe do atual rei Filipe VI:
   
Brasão de armas da Rainha Sofia

Primogénita do rei Paulo I da Grécia, cristão ortodoxo, da família dinamarquesa Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, e da rainha Frederica (nascida Princesa Frederica de Hanôver), Sofia teve que se exilar, ainda criança, com a sua família, no Egito e na África do Sul, durante a II Guerra Mundial, retornando em 1946. Entre 1951 e 1955, viveu num internato alemão.
Terminou a sua educação na América e posteriormente na Grécia, onde estudou pediatria, música e arqueologia.
Conheceu o seu futuro marido, o então príncipe Juan Carlos de Bourbon, em 1954, durante um cruzeiro, organizado pela mãe, que reuniu os jovens da realeza europeia. Mas o romance com Juan Carlos de Borbón só começou em junho de 1961, quando se reencontraram num casamento, em Londres e casou-se em 14 de maio de 1962 em Atenas, convertendo-se ao catolicismo.
Em 1969, o Príncipe Juan Carlos foi indicado como sucessor do generalíssimo Francisco Franco. Em 1975, quando da morte de Franco, o casal foi proclamado rei e rainha, respetivamente.

 

ADENDA:este é post 60.000 do blog Geopedrados...!

Maxine Nightingale faz hoje setenta e três anos

   
Maxine Nightingale (Wembley, London, 2 November 1952) is a British R&B and soul music singer. She is best known for her hits in the 1970s, with the million seller "Right Back Where We Started From" (1975, U.K. & 1976, U.S.), "Love Hit Me" (1977), and "Lead Me On" (1979).

k. d. lang celebra hoje sessenta e quatro anos

   
k. d. lang (Edmonton, Alberta, 2 de novembro de 1961) é uma cantora canadiana, vencedora de vários prémios Grammy. Embora tenha tido considerável êxito ao longo da sua carreira com temas como "Constant Craving" ou "Miss Chatelaine", foi o dueto com Roy Orbison, "Crying", que tornou a sua voz conhecida mundialmente.

 

Carter Beauford, percursionista da Dave Matthews Band, faz hoje 67 anos

   
Carter Beauford (Charlottesville, November 2, 1958) is an American drummer, percussionist, and founding member of Dave Matthews Band. He is known for his ability to adapt to a variety of genres, and both his ambidextrous and his open-handed drumming styles. He plays the drums and sings backing vocals in the band. Beauford was ranked number 10 by a Rolling Stone magazine reader's poll in 2010 for greatest drummers of all-time.

Para recordar um estúpido e triste assassinato...

(imagem daqui)

  
  

Caro diário

 

quando o cinema me mostrou o lugar
- um marco em sarça arcando sombria notícia -
onde mataram Pier Paolo Pasolini
creio ter reconhecido o espaço

em tudo idêntico a alguns ermos da infância
esses adiados quinhões por trás da igreja
decerto povoados hoje de vivendas geminadas
dissipando um acesso possível (embora

longínquo) ao rio

o lugar onde morreu Pier Paolo Pasolini
se parece com a desolação clareada e secreta que tinham
os lugares acessórios dos tempos primários
onde andei aspirando a desentender o mundo

de bicicleta, sem concerto (de Colónia)

  

 

in Ensinar o Caminho ao Diabo (2012) - Miguel-Manso

¡Musica para Día de los Muertos...!

 

La Llorona - Coco

 

Ay, de mí, llorona, llorona de azul celeste
Ay, de mí, llorona, llorona de azul celeste
Y aunque la vida me cueste, llorona, no dejaré de quererte
No dejaré de quererte


Me subí al pino más alto, llorona, a ver si te divisaba
Como el pino era tierno, llorona, al verme llorar, lloraba


Ay, de mí, llorona, llorona, llorona de azul celeste


Ay, de mí, llorona, llorona, llorona de azul celeste
Y aunquе la vida me cueste, llorona, no dеjaré de quererte


Y aunque la vida me cueste, llorona, no dejaré de quererte
No dejaré de quererte
No dejaré de quererte
Ay, ay, ay

Teixeira de Pascoaes nasceu há 148 anos...

   
Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, (Amarante, 8 de novembro de 1877 - Gatão, Amarante, 14 de dezembro de 1952) foi um poeta e escritor português, principal representante do saudosismo.  
Todas as fontes bibliográficas indicam 2 de novembro de 1877 como a sua data de nascimento. Contudo, o assento de nascimento/batismo refere, indubitavelmente, que ele nasceu às cinco horas da tarde de 8 de novembro de 1877, em Amarante. Segundo Luísa Borges, em O Lugar de Pascoais, Pascoais terá adotado 2 de novembro, como data do seu aniversário, por razões puramente simbólicas, por ser o Dia dos Mortos, uma "porta" para o "Mais Além".

 

Nas Trevas

Como estou só no mundo! Como tudo
É lágrima e silêncio!

Ó tristeza das Coisas, quando é noite
Na terra e em nosso espírito!... Tristeza
Que se anuncia em vultos de arvoredos,
Em rochas diluídas na penumbra
E soluços de vento perpassando
Na tenebrosa lividez do céu...

Ó tristeza das Coisas! Noite morta!
Pavor! Desolação! Escura noite!
Fantástica Paisagem,
Desde o soturno espaço à fria terra
Toda vestida em sombra de amargura!

Erma noite fechada! Nem um leve
Riso vago de estrela se adivinha...
Somente as grossas lágrimas da chuva
Escorrem pela face do Silencio...

Piedade, noite negra! Não me beijes
Com esses lábios mortos de Fantasma!

Ó Sol, vem alumiar a minha dor
Que, perdida na sombra, se dilata
E mais profundamente se enraíza
Nesta carne a sangrar que é a minha alma!

Ilumina-te, ó Noite! Ó Vento, cala-te!
Negras nuvens do sul, limpai os olhos,
Desanuviai a brônzea face morta!

Oh, mas que noite amarga, toda cheia
Do teu Fantasma angélico e divino;
Espírito que, um dia, em minha irmã,
Tomou corpo infantil, figura de Anjo...
E para que, meu Deus? Para partir,
Com seis anos apenas, no primeiro
Riso da vida, em lágrimas, levando
Toda a luz de esperança que floria
Este ermo, este remoto em que divago...

Como estou só no mundo! Como é triste
A solidão que faz a tua Ausência,
E o terrível e trágico silêncio
Da tua alegre Voz emudecida!

Ó noite, ó noite triste! Ó minha alma!
Tu, que o viste e beijaste tantas vezes,
Tu, que sentiste bem o que ele tinha
De angélica Criança sobre humana,
Não vês as próprias coisas como sofrem,
E como as grandes árvores agitam
As ramagens de lágrimas e sombras?

Repara bem na lúgubre tristeza
Da nossa velha casa abandonada
Da divina Presença da Criança!

Ah, como as portas gemem e o beirais
Têm soluços de vento...

Lá fora, no terreiro onde brincavas,
A noite escura chora...

................................Ó minha alma,
Embebe-te na dor das Coisas ermas;
Chora também, consome-te, soluça,
Junto à Mãe dolorosa, de joelhos...
   


in Elegias (1912) - Teixeira de Pascoaes

Jorge de Sena nasceu há 106 anos...

(imagem daqui)
   
Jorge Cândido Alves Rodrigues Telles Grilo Raposo de Abreu de Sena (Lisboa, 2 de novembro de 1919 - Santa Barbara, Califórnia, 4 de junho de 1978) foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português.
 
Obra
Foi um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia, além de importante epistolografia com figuras tutelares da literatura portuguesa e brasileira. A sua obra de ficção mais famosa é o romance autobiográfico Sinais de Fogo, adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha. Grande parte da sua obra foi publicada postumamente pelos cuidados da viúva, Mécia de Sena.
     
Prémios
Recebeu o Prémio Internacional de Poesia Etna-Taormina, pelo conjunto da sua obra poética, e foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique, por serviços prestados à comunidade portuguesa. Recebeu, postumamente, a Grã-Cruz da Ordem de Sant'iago. Em 1980, foi inaugurado o Jorge de Sena Center for Portuguese Studies, na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara.
 

 

FIDELIDADE

 

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?

  

Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.

 

Jorge de Sena

Reginald Arvizu, baixista dos Korn, nasceu há 56 anos

  
Reginald Quincy Arvizu (Bakersfield, November 2, 1969), also known as "Fieldy", is an American musician, best known as the bassist for nu metal band Korn. He is also the guitarist/bassist for rock band StillWell
 
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Pier Paolo Pasolini foi assassinado há cinquenta anos...

     
Pier Paolo Pasolini (Bolonha, 5 de março de 1922 - Óstia, 2 de novembro de 1975) foi um cineasta, poeta e escritor italiano. Em seus trabalhos, Pasolini demonstrou uma versatilidade cultural única e extraordinária, que serviu para transformá-lo numa figura controversa. Embora o seu trabalho continue a gerar polémica e controvérsia até hoje, enquanto Pasolini ainda era vivo, os seus trabalhos foram tidos como obras de arte segundo muitos pensadores da cultura italiana.
O crítico literário dos Estados Unidos da América, Harold Bloom, considera Pasolini o maior poeta europeu e a maior voz da poesia do século XX.
   
(...)
    
Morte
Pier Paolo Pasolini foi brutalmente assassinado em novembro de 1975. Ele tinha o rosto desfigurado e várias lesões no corpo. Foi encontrado no hidro-aeródromo de Óstia. Os motivos de seu assassinato continuam gerando polémica, até hoje, sendo associados a crime político ou um mero latrocínio. Um processo judicial concluiu que o cineasta foi assassinado por um prostituto, que teria o intuito de assaltá-lo. Tal versão, porém, não é sustentável.
Existem estudos, filmes e programas de TV que põem por terra a versão decidida pela justiça italiana. No ano de 2005, Pino Pelosi declarou não ter sido ele o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido pena como assassino confesso.

Os The Police lançaram o seu álbum de estreia (Outlandos d'Amour) há 47 anos

  
Outlandos d'Amour (Outlands of Love) is the debut studio album by British rock band the Police, released on 2 November 1978 by A&M Records. Elevated by the success of its lead single, "Roxanne", Outlandos d'Amour peaked at No. 6 on the UK Albums Chart and at No. 23 on the Billboard 200. The album spawned two additional hit singles: "Can't Stand Losing You" and "So Lonely".

Although Outlandos d'Amour received mixed reviews upon its release, it has since been regarded as one of the strongest debut albums. Rolling Stone ranked it as the 38th best debut album of all time and the 428th greatest album of all time

 

Background and recording

With a budget of £1,500 borrowed from their manager, Miles Copeland (brother of drummer Stewart), the Police recorded Outlandos d'Amour at Surrey Sound Studios in an intermittent fashion over six months, with the band recording whenever the studio had free time or another band's sessions were cancelled. Miles Copeland had promised to pay Surrey Sound £2,000 upon completion of the recording, but did not give them the full amount until much later.

Miles occasionally visited the studio during recording, and he reacted to what he heard from the band with vehement derision. However, upon hearing "Roxanne" he had the opposite reaction and took the recording to A&M Records the following day, where he persuaded the record label to release it as a one-off single. Although the single failed to chart, A&M agreed to give the band a second chance with "Can't Stand Losing You". At first, A&M proposed the band create an improved mix of the song, but after five attempts admitted that it could not improve upon the band's mix, and released the original mix for the single. When it became the band's first hit, the label quickly approved the release of the by-then finished album.

Miles had originally wanted to name the album Police Brutality. However, after hearing "Roxanne" and then envisioning a more romantic image for the band, he proposed Outlandos d'Amour instead. This title is a loose French translation of "Outlaws of Love", with the first word being a combination of the words "outlaws" and "commandos", and "d'Amour" meaning "of love".

 

Music and lyrics

Outlandos d'Amour, while at times incorporating reggae, pop and other elements of what would eventually become the band's definitive sound, is dominated by punk influences. This is evident on the opening track "Next to You", despite it essentially being a love song. Stewart Copeland and guitarist Andy Summers initially felt the lyrics were neither aggressive nor political enough for their style at the time, but bassist and vocalist Sting was adamant about keeping the song as it was. "Next to You" includes a slide guitar solo by Summers, which Copeland initially dismissed as "old wave".

The second track is the reggae-influenced "So Lonely". Sting has said he used Bob Marley's "No Woman, No Cry" as the musical basis for the song, while the lyrics in its verses were recycled from "Fool in Love", a song he originally wrote for his earlier band Last Exit. The song itself, about someone who is lonely after suffering a broken heart, was seen as ironic by a large segment of the band's listeners. Sting disagreed with this sentiment, saying, "No, there's no irony whatsoever. From the outside it might look a bit strange, being surrounded by all this attention and yet experiencing the worst lonely feeling ... but I do. And then suddenly the attention is withdrawn a half an hour later. You're so isolated ..."

"Roxanne" was written by Sting after visiting a red-light district near the band's hotel in Paris. The Police had been staying there in October 1977 to perform at the nearby Nashville Club. The song's title comes from the name of the character in the play Cyrano de Bergerac, an old poster of which was hanging in the hotel foyer. Sting had originally conceived the song as a bossa nova, although Stewart Copeland has been credited for suggesting its final rhythmic form as a tango. During recording, Sting accidentally sat down on a piano keyboard in the studio, resulting in the atonal chord and laughter preserved at the beginning of the track. The Police were initially reluctant about the song, but Miles Copeland was immediately enthusiastic after hearing it.

The remaining two tracks on the first side of the album are "Hole in My Life", another reggae-influenced song by Sting, and "Peanuts", a composition written by Stewart Copeland and Sting about Rod Stewart. The lyrics were meant as an expression of disappointment on Sting's part towards his former idol, of whom he said: "I used to be a great fan of his but something happened to him. I hope I don't end up like that." Having since experienced the celebrity lifestyle himself, he has said he no longer identifies with the song's lyrical content and has come to view Stewart in a different light.

"Can't Stand Losing You" begins side two of the original LP. Written and composed by Sting, the song is about a young lover being driven to suicide following a breakup. In a 1993 interview with The Independent, he described the lyrics as "juvenile", saying that "teenage suicide ... is always a bit of a joke"; he also claimed to have written the lyrics in only five minutes.

The following track, "Truth Hits Everybody", is a punk-influenced song. After that is "Born in the 50's", which details life as a teenager during the 1960s. "Be My Girl—Sally" is a medley of a half-finished song by Sting and an Andy Summers poem about a blow-up doll. This leads into the semi-instrumental closer, "Masoko Tanga", the only song on the album to not become a staple of the band's live performances.

Two other songs from these sessions were excluded from Outlandos d'Amour but released as B-sides for two of its singles: "Dead-End Job", a song credited to Sting and Copeland, on the B-side of "Can't Stand Losing You"; and "No Time This Time" by Sting, on the B-side of "So Lonely". The latter was subsequently included on the band's second album Reggatta de Blanc

 

in Wikipédia

 

Mort Shuman morreu há 44 anos...

 
Mort Shuman (Brooklyn, New York, November 12, 1936 – London, November 2, 1991) was an American singer, pianist and songwriter, best known as co-writer of many 60s rock and roll hits, including "Viva Las Vegas". He also wrote and sang many songs in French, such as "Le Lac Majeur", "Allo Papa Tango Charlie", "Sha Mi Sha", "Un Eté de Porcelaine", and "Brooklyn by the Sea" which became hits in France and several other European countries. 
     
(...)
    
 

Shuman was elected to the Songwriters Hall of Fame in 1992. He also worked occasionally as an actor, notably appearing with Jodie Foster in The Little Girl Who Lives Down the Lane (for which he was also musical supervisor).

He died of cancer on 2 November 1991, leaving his wife, Maria-Pia and their four daughters, Maria-Cella, Barbara, Maria-Pia and Eva-Maria.

 

Eva Cassidy morreu há 29 anos...


Eva Marie Cassidy (Washington, D.C., February 2, 1963 – Bowie, Maryland, November 2, 1996) was an American singer and guitarist known for her interpretations of jazz, folk, and blues music, born with a powerful, emotive soprano voice. In 1992, she released her first album, The Other Side, a set of duets with go-go musician Chuck Brown, followed by the 1996 live solo album titled Live at Blues Alley. Although she had been honored by the Washington Area Music Association, she was virtually unknown outside her native Washington, D.C. She died of melanoma in 1996 at the age of 33.
Two years after her death, Cassidy's music was brought to the attention of British audiences, when her versions of "Fields of Gold" and "Over the Rainbow" were played by Mike Harding and Terry Wogan on BBC Radio 2. Following the overwhelming response, a camcorder recording of "Over the Rainbow", taken at Blues Alley in Washington by her friend Bryan McCulley, was shown on BBC Two's Top of the Pops 2. Shortly afterwards, the compilation album Songbird climbed to the top of the UK Albums Chart, almost three years after its initial release. The chart success in the United Kingdom and Ireland led to increased recognition worldwide. Her posthumously released recordings, including three number-one albums and one number-one single in the UK, have sold more than ten million copies. Her music has also charted within the top 10 in Australia, Germany, Norway, Sweden and Switzerland.

 

 

Jovelina Pérola Negra morreu há vinte e sete anos...

  
Jovelina Pérola Negra (Rio de Janeiro, 21 de julho de 1944 - Rio de Janeiro, 2 de novembro de 1998), cujo nome de batismo era Jovelina Farias Delford, foi uma cantora brasileira e uma das grandes damas do samba e do pagode. Voz rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e força batente. Herdeira do estilo de Clementina de Jesus, foi, como ela, empregada doméstica, antes de fazer sucesso no mundo artístico.

Nascida em Botafogo (zona sul do Rio de Janeiro), Jovelina logo fincou pé na Baixada Fluminense. Apareceu para o grande público do Raça Brasileira. Pastora do Império Serrano, ajudou a consolidar o pagode.

Verdadeira tiete do partideiro Bezerra da Silva, Jovelina começou a dizer seus pagodinhos no Vegas Sport Clube, em Coelho Neto, levada pelo amigo Dejalmir, que também lançou o nome Jovelina Pérola Negra, homenagem à sua cor reluzente.

Gravou cinco discos individuais conquistando um Disco de Platina. Atualmente são encontradas apenas as coletâneas com os grandes sucessos como "Feirinha da Pavuna", "Bagaço da Laranja" (gravada com Zeca Pagodinho), "Luz do Repente", "No Mesmo Manto" e "Garota Zona Sul", entre outros. O sucesso chegou tardiamente e ela não realizou o sonho de "ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve".

Faleceu no dia 2 de novembro de 1998, aos 54 anos, de enfarte, no bairro do Pechincha. Deixou três filhos - José Renato (30), Cassiana (25) e Cleyton (10) -, que teve com Nilton dos Santos, de quem era separada. O enterro foi realizado no Cemitério da Pechincha, em Jacarepaguá.

      
 

Música de aniversariante de hoje, já desaparecido...

Hoje é o Dia dos Fiéis Defuntos...

Dia de Defuntos - Jakub Schikaneder, 1888
   
O Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados, (conhecido ainda como Día de Muertos no México), é celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de novembro.
Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires, para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade de Cluny, Santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Desde o século XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual passa a ser comemorado a 2 de novembro, porque o dia 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos. A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar a sua posição (cf. Tobias 12,12; Job 1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46) e apoia-se numa prática de quase dois mil anos.
    

sábado, novembro 01, 2025

Foi o amor que encheu de flores os cemitérios...

Música para recordar um grande Português...

 

Santo Condestável - António de Noronha

João Bettencourt / Pedro Rodrigues-Henrique Lourenço

 


Estava o reino dividido
E o povo já rendido
À voragem do assalto
Sentiam-se as ameaças
E no coração das praças
A traição falava alto

Nun’Álvares o cavaleiro
Do Alentejo fronteiro
Com prontidão e ardor
Prepara os da sua guarda
Para a batalha que tarda
Nas hostes do seu senhor

Ele é a força que arrasa
O sentimento que abrasa
A coragem que inebria
Viessem nações inteiras
Desvairadas e guerreiras
Nada e ninguém o vencia

Conhece a voz que o chama
E responde, porque ama
A nobreza do seu estado
Reza entre espadas e adagas
Comanda mas cura as chagas
Dos que sofrem a seu lado
À Virgem pede um abrigo
Como se fosse um mendigo
Ou um pobre de pedir
A alma é o seu tesouro
Reparte terras e ouro
Como alguém que vai partir

E parte para o convento
A ouvir na voz do vento
O que Deus lhe quer dizer
No Carmo guarda portão
Com o burel da oração
É assim que vai viver

E é assim que o vemos
E é assim que o temos
No altar da Santidade
Condestável do que fomos
Condestável do que somos
À porta da eternidade

Poema para celebrar um dia triste...

(imagem daqui)

  
Botânica: o cipreste

   
  
No canto de terra onde o plantaram,
procura o sentido da linha recta. Não pretende
o círculo, a roda das estações, a fuga ao
eixo que a gravidade lhe impõe. Aceita
que o céu é o seu destino; e por isso
as suas raízes que se alimentam dos mortos,
que lhes cedem as almas para
que o tronco as liberte, no inverno,
quando o frio faz vibrar a luz que
o envolve. Não oferece a sombra
a quem passa; não pede a companhia
dos amantes que o evitam, em busca
de um abrigo de flores. O seu destino
é o ponto que o olhar fixa, para além
do azul, num infinito em que outras
raízes crescem, bebendo o leite negro
das mitologias.
   

  
 

in As coisas mais simples (2006) - Nuno Júdice

A Mensagem, de Fernando Pessoa, foi publicada há noventa e um anos...



Mensagem é o mais célebre dos livros do poeta português Fernando Pessoa, e o único que ele publicou em vida, se descontarmos os livros de poemas em inglês. Composto por 44 poemas, foi chamado pelo poeta de "livro pequeno de poemas". Publicado em 1934 pela Parceria António Maria Pereira, o livro foi contemplado, no mesmo ano, com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, o jovem editor de Orpheu, revista trimestral de literatura, de que saíram 2 números em 1915.

Publicada apenas um ano antes da morte do autor, a obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apológica e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses. É apontando as virtudes portuguesas que Fernando Pessoa acredita que o país deva se "regenerar", ou seja, tornar-se grande como foi no passado através da valorização cultural da nação. O poema mais famoso do livro é Mar Português.

O título original do livro era Portugal. Influenciado por um amigo, Pessoa considera "Mensagem" um título mais apropriado, pelo nome "Portugal" se encontrar "prostituído" no mais comum dos produtos. Pessoa constrói a palavra "mensagem" a partir da expressão latina: Mens agitat molem, isto é, "A mente move a matéria", frase da história de Eneida, de Virgílio, dita pela personagem Anquises quando explica a Enéias o sistema do Universo. Pessoa não utiliza o sentido original da frase, que denotava a existência de um princípio universal de onde emanavam todos os seres.

Segundo uma carta datada de 13 de janeiro de 1935 a Adolfo Casais Monteiro, Mensagem foi o primeiro livro que o poeta conseguiu completar. Pessoa mesmo explica que esse facto demonstra o porquê de não ter publicado outro livro como a prosa de um de seus heterónimos ou a poesia em seu próprio nome.

Numa carta de 1932 de Pessoa a João Gaspar Simões, o seu primeiro biógrafo, vemos que a intenção do poeta era publicar primeiramente a Mensagem para somente mais tarde divulgar outras obras como o Livro do Desassossego, do semi-heterónimo Bernardo Soares, e a poesia dos heterónimos.

Foi publicado primeiramente a 1 de dezembro de 1934, com edição da Parceria António Maria Pereira, em Lisboa. A segunda edição, de 1941, possui correções feitas por Pessoa à primeira edição e foi editada pela Agência Geral das Colónias.

Um mês após a sua primeira publicação, ganhou o prémio na segunda categoria do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) que o premiou com o mesmo valor em dinheiro da primeira categoria.



NOTA: para uma melhor leitura on-line desta Opus Magna da literatura portuguesa, aqui fica um link:

 

 

 

A ÚLTIMA NAU

 

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

E erguendo, como um nome, alto o pendão

Do Império,

Foi-se a última nau, ao sol aziago

Erma, e entre choros de ânsia e de pressago

Mistério.

    

Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Voltará da sorte incerta

Que teve?

Deus guarda o corpo e a forma do futuro,

Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro

E breve.

     

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minha alma atlântica se exalta

E entorna,

E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço.

Vejo entre a cerração teu vulto baço

Que torna.

       

Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora

Mistério.

Surges ao sol em mim, e a névoa finda:

A mesma, e trazes o pendão ainda

Do Império.

 

 

in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa