sábado, novembro 09, 2024
Gal Costa morreu há dois anos...
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Gal Costa morreu em 9 de novembro de 2022, aos 77 anos. A assessoria da artista não esclareceu o motivo concreto do óbito. A cantora havia completado 57 anos de carreira e era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no fim de semana anterior ao falecimento. A participação de Gal foi cancelada de última hora em razão da necessidade de recuperação da cantora após ter sido submetida a uma cirurgia para retirada de um nódulo na fossa nasal direita.
Gal encontrava-se em plena atividade antes do procedimento e viajava o Brasil com a turnê "As várias pontas de uma estrela", na qual interpretava sucessos da MPB dos anos 80. Além de espetáculos próprios, Gal estava na lista de diversos festivais de música nacionais e programava-se para uma turnê na Europa, que se iniciaria em novembro.
in Wikipédia
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segunda-feira, novembro 04, 2024
Morreu Quincy Jones...
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domingo, outubro 27, 2024
Pery Ribeiro nasceu há 87 anos...
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sexta-feira, outubro 25, 2024
Roberto Menescal, um dos criadores da Bossa Nova, comemora hoje 87 anos
Foi incluído na lista 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão (Categoria: "Mestres Acústicos") da revista Rolling Stone Brasil, em 2012.
Participava das reuniões no apartamento da cantora Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana, onde o movimento começou. Menescal é um dos mais importantes compositores da bossa nova, ao lado de Tom Jobim, Carlos Lyra e Vinícius de Moraes. Criou canções que hoje são consideradas hinos do movimento e da própria música popular, como O Barquinho, Você, Nós e o mar, Ah se eu pudesse, Rio, entre outras. Ronaldo Bôscoli é um dos parceiros mais constantes.
As canções quase sempre apresentam o mar como temática.
Como músico, acompanhou em apresentações e gravações, Nara Leão, Wanda Sá, Sylvia Telles, Lúcio Alves, Maysa, Aracy de Almeida, Dorival Caymmi, Elis Regina, entre outros, sendo dele o arranjo para a canção "Bala com Bala" de João Bosco e Aldir Blanc, interpretado por Elis em 1972. A cantora Zizi Possi deve a Menescal a oportunidade de gravar o primeiro disco da carreira, em 1978 intitulado Flor do Mal.
Tocou ao lados dos músicos Luiz Eça, Luiz Carlos Vinhas, Bebeto Castilho, Hélcio Milito, Eumir Deodato, Ugo Marotta, Sérgio Barrozo, Oscar Castro Neves, João Palma, Edison Machado, Wilson das Neves, Antônio Adolfo, Hermes Contesini, José Roberto Bertrami, João Donato e tantos outros.
Além de músico, é produtor musical, tendo iniciado esse trabalho em 1964, com o LP Vagamente, disco de estreia da cantora Wanda Sá. Tempos depois, passou a produzir discos para a gravadora Polygram (atualmente Universal Music), onde também foi diretor artístico entre 1970 e 1986. Como diretor artístico da gravadora, foi o responsável pela produção de Loki?, álbum do ex-Mutante Arnaldo Baptista lançado em 1974 e considerado referência do rock brasileiro e MPB.
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sábado, outubro 19, 2024
Vinicius de Moraes nasceu há cento e onze anos...
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
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quinta-feira, outubro 03, 2024
Adriana Calcanhotto nasceu há 59 anos
A artista iniciou a trajetória artística em meados dos anos 1980, com apresentações em bares e casas noturnas de Porto Alegre. Em 1990, lançou o seu primeiro álbum de estúdio, Enguiço, que lhe rendeu o Prémio Sharp de Revelação Feminina. O álbum seguinte, Senhas (1992), foi o primeiro concebido e produzido totalmente pela cantora. O seu trabalho de estúdio posterior, “A Fábrica do Poema” (1994), que foi considerado pela imprensa “o disco do ano”.
Em seu primeiro disco ao vivo, Adriana se voltou para o formato de voz e violão, presente no início da carreira. “Público” (2000) deu origem a um DVD e centenas de shows pelo Brasil em uma turnê que durou dois anos. “Cantada” (2002) foi o novo álbum de estúdio e estabeleceu parcerias com músicos da nova geração.
Em 2004, surge o heterónimo infantil Adriana Partimpim, que estreou em disco homónimo e rendeu um show teatral registado em DVD. Com o projeto recebeu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum Infantil. Partimpim voltaria a aparecer em outros dois trabalhos de estúdio: “Dois” (2009) e “Tlês” (2012). E rendeu mais um DVD ao vivo Partimpim Dois é Show.
O sexto álbum de estúdio, “Maré” (2008), o segundo da trilogia marítima. Durante a excursão portuguesa de lançamento do disco escreve “Saga Lusa – O Relato de Uma Viagem”, lançado nesse ano ainda. Em 2011, produz o seu primeiro disco inteiramente autoral: “O Micróbio do Samba”, cujo título faz alusão a uma expressão do conterrâneo Lupicínio Rodrigues. A safra de composições era contaminada pelo ritmo e rendeu um aclamado show, eternizado em DVD no ano seguinte.
“Loucura”, lançado em julho de 2015, ganhou no ano seguinte o Prémio da Música Brasileira na categoria Melhor DVD. Em dezembro de 2015 faz recital de poesia portuguesa e brasileira na Biblioteca Joanina, em Coimbra, com o violonista Arthur Nestrovski como convidado, ocasião em que foi nomeada Embaixadora da Universidade de Coimbra. Em 2017 fez residência artística e deu aulas na Universidade de Coimbra sobre poesia portuguesa e brasileira, trovadores provençais e galegos, sobre a invenção da língua portuguesa e a canção popular do Brasil. Nos anos 2018 e 2019 ministrou o curso de composição “Como escrever canções” a convite da Universidade de Coimbra. Em 2019 lançou o terceiro álbum da sua trilogia marítima, Margem, com turnê de shows no Brasil, Europa e EUA. Em 2020 a turnê Margem seguiria por Portugal e Europa no primeiro semestre.
(...)
Adriana Calcanhoto teve como cônjuge a cineasta Suzana de Moraes (falecida em 2015), filha do poeta e compositor Vinícius de Moraes, por mais de 25 anos. O casal, que já morava junto há muitos anos, declarou a união civil na Justiça (já que na época o casamento homossexual não era permitido, e só veio a ser regulamentado pelo STF em 2011) e depois comemorou a decisão com cerimónia e uma festa íntima apenas para amigos e familiares, oficializando a união em 2010, levando a uma grande divulgação nos media de sua relação por diversos meios de comunicação, tanto brasileiros como portugueses.
Embaixadora da Universidade de Coimbra, em Portugal, desde 2015, a brasileira foi professora da Faculdade de Letras dessa mesma universidade durante dois anos, tendo ministrado o curso "Como Escrever Canções" e também cursado Arqueologia.
Em novembro de 2021, foi revelado que Calcanhotto estava namorando a atriz e escritora Maitê Proença. O término ocorreu no ano seguinte devido a declarações de Maitê sobre o relacionamento.
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quinta-feira, setembro 26, 2024
Hoje é dia de recordar Gal Costa...
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Música adequada à data...
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Baden Powell de Aquino morreu há 24 anos...
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segunda-feira, setembro 16, 2024
Charlie Byrd nasceu há 99 anos...
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sábado, setembro 14, 2024
Marcos Valle celebra hoje oitenta e um anos
Escreveu muitos temas para telenovelas, dentre elas Pigmalião 70 e Os Ossos do Barão. Nos anos 70, a TV Globo solicitou aos irmãos Valle e Nelson Motta que fizessem uma canção de natal para o fim do ano, com os atores das telenovelas e artistas da Rede Globo cantando. A canção "Um novo tempo" (a dos versos "Hoje é um novo dia / de um novo tempo / que começou...") tornou-se um sucesso tão grande que nunca mais saiu do ar, sendo presença obrigatória no Natal da Rede Globo até hoje.
Jet-Samba foi o primeiro disco lançado por um selo brasileiro após dezanove anos, e o primeiro totalmente instrumental em 38 anos, com Valle comandando toda a produção e também assinando os arranjos. Seu último trabalho é o CD e DVD Estática, lançado em 2010.
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segunda-feira, setembro 09, 2024
Maria Rita nasceu há 47 anos
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quinta-feira, agosto 29, 2024
Edu Lobo nasceu há oitenta e um anos
Mallu Magalhães comemora hoje trinta e dois anos
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segunda-feira, agosto 26, 2024
Cláudia Telles nasceu há 67 anos...
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sábado, agosto 24, 2024
Poema e música de aniversariante de hoje...
Letra e música de Paulo Leminski
De repente me lembro do verde
Da cor verde a mais verde que existe
A cor mais alegre, a cor mais triste
Verde que veste, verde que vestiste
No dia em que te vi
No dia em que me viste
De repente vendi meus filhos
Pra uma família americana
Eles tem carro, eles tem grana
Eles tem casa e a grama é bacana
Só assim eles podem voltar
E pegar um sol em Copacabana
Pegar um sol em Copacabana
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Paulo Leminski nasceu há oitenta anos...
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra
Paulo Leminski
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sábado, agosto 17, 2024
Hoje é dia de ouvir bossa nova...
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João Donato nasceu há noventa anos...
João Donato nasceu numa família musical, o seu pai, que era piloto de avião, nas horas vagas tocava bandolim. A mãe cantava e a irmã mais velha, Eneyda, pretendia ser concertista de piano. O mais novo, Lysias, pendeu para as letras e tornar-se-ia no principal parceiro nas composições com Donato.
O primeiro instrumento de João foi o acordeão, no qual, aos oito anos, compôs a sua primeira música, a valsa "Nini". Antes de completar 12 anos, o pai presenteou-lhe com acordeões de 24 e 120 baixos. Em 1945, Donato pai é transferido, e a família tem de deixar Rio Branco rumo ao Rio de Janeiro.
Em pouco tempo, passou a frequentar o circuito musical das festas de colégios da Tijuca e adjacências. Tentou a sorte no programa de Ary Barroso. Intransigente, Ary rodou o tabuleiro da baiana e nem sequer quis escutá-lo, sob a alegação de que "não gostava de meninos-prodígio".
Ao profissionalizar-se, em 1949, aos 15 anos, Donato já havia participado das jam sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra-Farney Fã Club, do qual era membro. Johnny Alf, Nora Ney, Dóris Monteiro, Paulo Moura e até Jô Soares, no bongô, estavam entre os componentes destas jams.
Na primeira gravação em que participa, como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho, Donato toca acordeão nas duas faixas do 78 RPM: "Brejeiro", de Ernesto Nazareth, e "Feliz aniversário", do próprio Altamiro. Pouco depois, migra para o grupo do violinista Fafá Lemos, como suplente de Chiquinho do Acordeão.
Década de 50
Durante este período frequentou o Sinatra-Farney Fan Clube, na Tijuca, zona norte carioca, que durou apenas 17 meses, considerado por muitos estudiosos como uma escola para toda a geração que mais tarde criaria a Bossa Nova.
Em 1951, com apenas 17 anos, namorou Dolores Duran, que tinha 21. O romance gerou polémicas e preconceitos a época, por ela ser mais velha que ele. Após um tempo, João resolveu se separar dela por causa das brigas da família do casal. Assim, ele a deixou e foi morar no México.
A partir de 1953, agora como pianista, Donato passa a comandar suas próprias formações instrumentais,– Donato e seu Conjunto, Donato Trio, o grupo Os Namorados – com quem lança, em 78 RPM, versões instrumentais para standards da música americana (como "Tenderly", sucesso de Nat King Cole) e brasileira (como "Se acaso você chegasse, do sambista gaúcho Lupicinio Rodrigues).
Três anos depois, a Odeon escala um iniciante para fazer a direção musical de "Chá Dançante" (1956), primeiro LP de Donato e seu conjunto. Antônio Carlos Jobim fez a seleção musical do disco de João Donato. O repertório escolhido por Tom Jobim foi: "No rancho fundo" (Lamartine Babo – Ary Barroso), "Carinhoso" (Pixinguinha – João de Barro), "Baião" (Luiz Gonzaga – Humberto), "Peguei um ita no norte" (Dorival Caymmi).
Em seguida, Donato passa uma temporada de dois anos em São Paulo. Quando volta ao Rio, a Bossa Nova estava no ar. Ainda em 1958, grava "Minha saudade" e "Mambinho", em parceria com João Gilberto.
A convite de Nanai (ex-integrante do grupo Os Namorados) parte para uma temporada de seis semanas no Casino Lake Tahoe (Nevada), onde Donato adaptou as influências do jazz com a música do Caribe, como integrante das orquestras de Mongo Santamaría, Johnny Martinez, Cal Tjader e Tito Puente, e ainda excursionou com João Gilberto pela Europa.
Em 1962 regressa ao Brasil e concebe dois clássicos da música instrumental brasileira – "Muito à vontade" (1962) e "A Bossa muito moderna de João Donato" (1963), ambos pela Polydor. As canções foram relançadas no começo dos anos 2000 em CD pela Dubas. com Donato ao piano, Milton Banana na bateria, Tião Neto no baixo e Amaury Rodrigues, na percussão.
Sobre "Muito à vontade", o jornalista Ruy Castro escreveu, por ocasião de seu relançamento em CD: "foi o seu primeiro disco ao piano e o primeiro mesmo para valer, com nove de suas composições entre as 12 faixas (...). Donato, que estava morando nos Estados Unidos durante a explosão da Bossa Nova, era uma lenda entre os músicos mais novos - para alguns, pelas histórias que ouviam, ele devia ser algo assim como o curupira ou a cobra d'água. Este disco abriu-lhes novos horizontes e devolveu Donato a um movimento que ele, sem saber, ajudara a construir". Estão lá "Muito à vontade", "Minha saudade", "Sambou, sambou", "Jodel".
"A Bossa muito moderna" introduz mais alguns temas originalmente instrumentais que, muitos anos depois, se tornariam obrigatórios em qualquer cancioneiro da MPB. Entre elas "Índio perdido", que viraria "Lugar comum", ao receber letra de Gilberto Gil. Gil também é parceiro nos versos que transformariam "Villa Grazia" em "Bananeira". Já "Silk Stop" é o tema original sobre o qual Martinho da Vila escreveria "Gaiolas Abertas". A influência da música cubana é evidente em "Bluchanga", dos tempos em que Donato tocava com Mongo Santamaría.
Donato muda-se mais uma vez para os Estados Unidos e lá permaneceria durante quase uma década. Trabalhou com Nelson Riddle, Herbie Mann, Chet Baker, Cal Tjader, Bud Shank, Armando Peraza, etc. Formou, ao lado de João Gilberto, Jobim, Moacir Santos, Eumir Deodato, Sergio Mendes e Astrud Gilberto, o grupo dos que tornaram o Brasil de facto reconhecido internacionalmente pela sua música.
"Piano of João Donato: The new sound of Brazil" (1965) e "Donato/Deodato" (1973) saíram respectivamente pela RCA e Muse Records, mas permanecem fora do catálogo no Brasil. Mas o disco que melhor representa a segunda temporada americana é "A Bad Donato" (1970), feito para o selo Blue Thumb, da California, e relançado em CD pela Dubas. Gravado em Los Angeles, "A Bad Donato" condensa funk, psicodelia, soul music, sons afro-cubanos, jazz fusion. Um Donato dançante, repleto de groove e veneno sonoro – antenadíssimo com o experimentalismo do sonho californiano - , considerado um dos 100 maiores discos da música brasileira pela Revista Rolling Stone.
Década de 70
No Natal de 1972, Donato foi ao Rio e à casa do compositor Marcos Valle, onde encontrou o cantor Agostinho dos Santos, que sugeriu a Donato dar letras a suas criações instrumentais. Sendo assim, alguns temas de Donato ganharam letras e ganharam contornos de canção popular. Valle convidou-o a gravar um novo disco no Brasil, com o reportório formado a partir deste novo cancioneiro. O episódio é contado por Donato: "Eu ia gravar instrumental dentro de alguns dias e o Agostinho dos Santos falou: ‘Vai gravar tocando piano de novo? Todo mundo já ouviu isso. Se fosse você, eu gravaria cantando". A partir deste momento Donato deixa de ser integrante exclusivo da seara instrumental e entra para a MPB. Além de Gil, Martinho e Lysias, Chico Buarque, Caetano Veloso, Cazuza, Arnaldo Antunes, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Geraldo Carneiro e até o poeta Haroldo de Campos e o fonoaudiólogo e escritor Pedro Bloch tornaram-se parceiros de João.
O disco "Quem é quem", lançado pela Odeon, em 1973 traz as músicas "Terremoto", "Chorou, chorou" (ambas com letra de Paulo César Pinheiro"), "Até quem sabe" (com Lysias), "Cadê Jodel?" (com Marcos Valle). Até Dorival Caymmi manda uma música inédita, "Cala a boca, Menino". Em carta enviada a João Gilberto, em 13 de setembro de 1973, Donato não esconde o entusiasmo: "É o meu melhor trabalho em discos até o momento, tendo-se em conta o tempo que demorou, o que demonstra o máximo cuidado com que tudo aconteceu. E o resultado é um disco que eu simplesmente acho adorável". Também foi considerado um dos 100 melhores discos de todos os tempos pela Revista Rolling Stone. Em 2008 "Quem é Quem" foi tema de programa inteiramente dedicado a ele, pelo Canal Brasil, apresentado por Charles Gavin; e de livro escrito pelo produtor e músico Kassim.
O álbum seguinte, "Lugar comum" (1975), pela Philips, dá sequência ao Donato vocalista, com a maior parte do repertório formado por ex-temas instrumentais. Há parcerias com Caetano Veloso ("Naturalmente"), Gutemberg Guarabyra ("Ê menina"), Rubens Confete ("Xangô é de Baê"). Só com Gilberto Gil são oito, entre elas "Tudo tem", "A bruxa de mentira", "Deixei recado", "Que besteira", "Emoriô" e pelo menos dois standards para qualquer antologia da canção popular: a faixa-título e "Bananeira".
No texto que preparou para o lançamento em CD de "Lugar comum", pela Dubas, Donato revisita um certo dia de verão nos anos 1970, na casa de Caetano. Ele se aproximara dos baianos a ponto de fazer a direção musical do show "Cantar", de Gal Costa, registado em disco no ano anterior: "Estava todo mundo: Maria Bethânia, Gal, Caetano com Dedé e Moreno (...). Eles tinham meus dois discos "Muito à vontade" e "A bossa muito moderna" e eu sempre provocava, desafiando eles a fazer as letras. Quando surgiu essa melodia, o Gil inventou que era "bananeira não sei / bananeira sei lá (...)". Daí eu disse: "quintal do seu olhar". E ele: "olhar do coração. Como se fosse um ping-pong na segunda parte".
Lembram daquela excursão que Donato fez à Europa com João Gilberto, logo depois da primeira temporada americana? Pois foi num vilarejo italiano que a bananeira foi plantada. Donato explica: "As minhas primeiras letras surgiram a partir desses temas instrumentais já gravados, que eu pensava que não iam ter letra nunca. "Bananeira" era "Villa Grazia", o nome da pousadinha onde a gente ficou em Lucca, na Itália, acompanhando o João Gilberto numa temporada (...). Noventa e nove por cento das minhas músicas instrumentais trocaram de nome, por causa da letra".
Depois desse período, Donato ficou quase vinte anos sem gravar. O mainstream da época parecia não absorver o que a turma pop começou a enxergar a partir dos anos 1990. A volta de João ao mundo do disco acontece em 1996 (ele lançara apenas o instrumental e ao vivo "Leilíadas", pela WEA, em 1986), com o álbum "Coisas tão simples", produzido por João Augusto, para a EMI. O disco traz "Doralinda", parceria com Cazuza, além de novas colaborações com Lysias ("Fonte da saudade"), Norman Gimbel ("Everyday"), Toshiro Ono ("Summer of tentation").
De lá para cá, Donato tem lançado seus álbuns sobretudo por três gravadoras independentes: Pela Lumiar, de Almir Chediak: "Café com pão" (com o baterista Eloir de Moraes, 1997); "Só danço samba" (1999); os três volumes da coleção Songbook (1999), além de "Remando na raia" (2001), encontro com Emilio Santiago (2003) e o reencontro com Maria Tita (2006). Na Deckdisc, faz "Ê Lalá Lay-Ê" (2001), "Managarroba" (2002) e o instrumental "O piano de João Donato", produzidos pelo roqueiro Rafael Ramos, além do disco gravado com Wanda Sá (2003).
Pela Biscoito Fino, saíram os encontros instrumentais com Paulo Moura ("Dois panos pra manga", 2006) e Bud Shank ("Uma tarde com", este também em DVD). Pela Biscoito, Donato fez ainda o DVD "Donatural" (2005), onde recebe – em gravação ao vivo no Espaço Sérgio Porto, no Rio – diversas gerações de parceiros: de Gilberto Gil ao DJ Marcelinho da Lua; de Emilio Santiago a Marcelo D2; de Leila Pinheiro a Joyce, com direito a Ângela Rô Rô e o filho Donatinho, fera nos teclados e dos samplers.
João Donato vivia no bairro da Urca, no Rio. Ele era casado com a jornalista Ivone Belem, desde 2001 e era pai de Jodel, Joana e Donatinho.
Morreu em 17 de julho de 2023, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. O artista enfrentava uma série de problemas de saúde e, recentemente, tratou uma infeção nos pulmões. Em junho, conforme publicado pelo filho Donatinho, ele esteve internado na Casa de Saúde São José no Rio.
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