O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
A Associação Académica de Coimbra (sigla: AAC), fundada a 3 de novembro de 1887, é a mais antiga associação de estudantes de Portugal. Representa os mais de trinta mil estudantes da Universidade de Coimbra, que são automaticamente considerados seus sócios enquanto se encontrem inscritos nesta Universidade.
Existem também três mil associados seccionistas, 90 associados extraordinários e 25 associados honorários.
A AAC alberga uma série de secções culturais e desportivas. Entre as secções culturais pontificam, o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) que realiza anualmente o Festival "Caminhos do Cinema Português", a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), a Secção de Jornalismo (que edita o jornal universitário "A Cabra"), a Televisão da Associação Académica de Coimbra,
a secção de fado, o Grupo de folclore e etnografia (GEFAC) e os grupos
de teatro (TEUC e CITAC). As secções desportivas abrangem um vasto
leque de desportos, tais como o hóquei em patins, futebol, andebol,
basquetebol, rugby, canoagem, natação, voleibol, ténis, artes marciais e
xadrez, entre muitos outros. A "Académica" é assim o "clube" mais
eclético do pais, uma vez que "pratica" o maior número de modalidades.
Também referido como "Académica", o clube de futebol profissional mais conhecido de Coimbra, de seu verdadeiro nome Associação Académica de Coimbra (AAC), é legalmente o herdeiro da secção de futebol da AAC. Em 1977 foi criada a Académica SF (que se mantém na prática amadora), mas é hoje um organismo autónomo dentro da AAC, mas com número de pessoa coletiva próprio.
A AAC é dirigida pela Direção Geral (DG), composta por
estudantes, e eleita anualmente entre novembro e dezembro, em eleições
abertas a todos os sócios, tanto estudantes como os sócios seccionistas.
À DG compete a administração da AAC bem como a representação política
dos estudantes. Em termos políticos, é ainda de referir a importância
das Assembleias Magnas, assembleias sobretudo de discussão da
política da Academia, abertas a todos os sócios, cujas decisões têm de
ser obrigatoriamente cumpridas, independentemente da opinião da DG. Este
poder decisório da Assembleia Magna torna-a no palco de discussões
acesas, sobretudo entre os estudantes politizados. O atual edifício da
AAC foi inaugurado em 1961 e alberga praticamente todas as secções da AAC, estando integrado num quarteirão que inclui ainda uma sala de espetáculos (Teatro Académico de Gil Vicente) e um complexo de cantinas.
Nota:
a maior associação de estudantes da Europa (e um dos clubes com mais
modalidade e secções, além de ser o clube mais antigo ainda em atividade em Portugal) faz hoje anos, sem necessitar, como outros clubes
fizeram, de falsificar a data de nascimento (até porque é a
continuidade de outros clubes e associações que a antecederam). A nossa eterna associação de
estudantes, enquanto alunos da vetusta Universidade de Coimbra, merece
tudo - Efe-Erre-Á...!
Chega-nos a notícia do falecimento do Eng. Napoleão
Ferreira Amorim (30.03.1924 - 30.10.2023), cantor, que teve passagens pelas Faculdade de Ciências
da Universidade de Coimbra e da Universidade do Porto, tendo feito na última a sua formatura. O tenor
Napoleão Amorim, natural de Espinho, era o mais antigo cantor da escola
clássica em atividade. Deixou alguns registos fonográficos, gravados no
outono da vida.
António Moreira Portugal teve como professores dois guitarristas “futricas”, barbeiros de profissão e irmãos (o Flávio e o Fernando).
Nasceu em 23 de outubro de 1931, na República Centro-Africana, e morreu em Coimbra, a 26 de junho de 1994, com 63 anos.
Com um ano de idade foi viver para Coimbra (a sua família era de
Penacova) e aí fez a escola primária, os estudos secundários e se
licenciou em Direito.
Foi no Liceu D. João III que conheceu Luiz Goes e José Afonso e que
os começou a acompanhar, em 1949, com um grupo constituído por Manuel
Mora (2º guitarra) e Manuel Costa Brás (militar de Abril e ex-ministro) e
António Serrão, à viola.
Em 1951 matriculou-se na Faculdade de Direito e ingressou na tuna
e Orfeon Académico. Em 1952 conheceu António Brojo, que o convidou para
integrar o histórico grupo de fados e guitarradas do qual faziam parte
os cantores Luiz Goes, José Afonso, Florêncio de Carvalho, Fernando
Rolim e, um pouco mais tarde, Fernando Machado Soares.
Para além de António Brojo e de António Portugal, nas guitarras,
faziam ainda parte do grupo os violas Aurélio Reis e Mário de Castro. Em
1953 – e depois de muitos anos em que não se gravaram discos de Fado de
Coimbra – o grupo liderado por António Brojo registou uma série de 8
discos de 78 rotações por minuto.
António Portugal, durante mais de 45 anos, esteve omnipresente em tudo o que se relaciona com a “Canção de Coimbra”.
De 1949 a 1994, criou uma obra ímpar, quer pela qualidade e inovação
das suas composições e arranjos, quer pela forma como sabia ensaiar os
cantores, e com eles criar uma dinâmica de acompanhamento que o
distingue de todos os outros guitarristas do seu tempo.
António Portugal deixou, de longe, a mais ampla e completa discografia do Fado e da Guitarra de Coimbra.
Embora de forma esquemática e muito resumida, o percurso musical de António Portugal poderá ser dividido em quatro fases.
A primeira, iniciática, em que António Portugal se aplica na execução
e pesquisa da guitarra, e na sua colaboração, já referida, com os
maiores e mais importantes nomes da geração de 50.
A segunda, que inicia com a formação do grupo do “Coimbra Quintet”
(Luiz Goes, Jorge Godinho – 2º guitarra, também já falecido e Manuel
Pepe e Levy Batista), corresponde à transição para a renovação do fado e
da guitarra de Coimbra, que culminou com a gravação da “Balada de
Outono”, de José Afonso e onde, pela primeira vez ao lado de António
Portugal, surge a viola de Rui Pato.
A terceira fase – início dos anos 60 – é fundamentalmente marcada pela canção de intervenção
e pelos nomes de Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre. A “Trova
do vento que passa”, de que António Portugal é autor da música em conjunto com Adriano Correia de Oliveira, é o hino e o emblema da resistência ao regime e à guerra colonial.
A quarta e última fase, é também a mais longa: é o período da maturidade e da consagração.
Depois do 25 de Abril, António Portugal, que ao longo dos anos tinha
sido um ativista político persistente e eficaz na luta contra o
fascismo, “trocou” temporariamente a guitarra pela política activa, quer
na Assembleia Municipal de Coimbra (onde foi, até à sua morte, líder da
bancada do PS), quer na Assembleia da República, como deputado.
Ultrapassado o período revolucionário de 1975 – em que a onda de
contestação não poupou também as tradições coimbrãs – e com o “regresso”
de António Brojo ao gosto e ao gozo da guitarra, reconstituiu-se o
grupo dos anos 50 e foi reiniciada uma atividade de intensa
participação, quer em espetáculos em Portugal e por todo o mundo, quer
numa série de programas para a RTP, quer ainda a gravação de uma
coletânea de 6 LP, “Tempos de Coimbra – oito décadas no canto e na
guitarra”, onde se registam, para a história – desde Augusto Hilário à
atualidade – dezenas de fados e guitarradas, fruto de laboriosa e
cuidada recolha.
A sua morte interrompeu o seu último projeto, que vinha realizando
com António Brojo, sobre a guitarra de Coimbra: ambos os solistas
preparavam um duplo álbum de guitarradas, em que alternadamente se
acompanhavam um ao outro, e que já ia a caminho da finalização.
No dia 10 de junho de 1994, quando se encontrava no Oriente para
atuar com o seu grupo nas Comemorações do Dia de Portugal, o Presidente
da República, Dr. Mário Soares, atribui-lhe, em Coimbra, a Ordem da
Liberdade.
António Portugal não teve a alegria de ver, e ostentar, essa
justíssima condecoração porque, à chegada ao aeroporto de Pedras Rubras,
foi vitimado por acidente vascular cerebral, morrendo dias depois, em
Coimbra.
Como escreveu o conceituado Rui Vieira Nery, na Revista do jornal “Expresso”,
“A morte de António Portugal, encarnação modelar da guitarra
coimbrã e de toda a tradição que nela se foi condensando ao longo destes
dois últimos séculos, deixa-nos aquela espécie de vazio doloroso que é a
de uma perda simultaneamente individual e geral. Perdemos um músico
excelente que marcou decisivamente a nossa música popular urbana dos
anos 60 e 70, mas perdemos também uma trave-mestra desse universo cada
vez mais frágil e mais difuso que é o da guitarra portuguesa e,
especificamente, o da guitarra de Coimbra”.
Filho de Joaquim Gomes de Oliveira e de sua mulher, Laura Correia, Adriano foi um intérprete do Fado de Coimbra e cantor de intervenção. A sua família era marcadamente católica,
crescendo num ambiente que descreveu como «marcadamente rural, entre
videiras, cães domésticos e belas alamedas arborizadas com vista para o
rio». Depois de frequentar o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. Viveu na Real República Ras-Teparta, foi solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, ator no CITAC, guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa. Na década de 60 adere ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 62, contra o salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo MUD.
Data de 1963 o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato, o álbum continha a interpretação de Trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornaria uma espécie de hino da resistência dos estudantes à ditadura. Em 1967 gravou o álbumAdriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com lágrimas.
Em 1966 casa-se com Maria Matilde de Lemos de Figueiredo Leite, filha do médico António Manuel Vieira de Figueiredo Leite (Coimbra, Taveiro, 11 de outubro de 1917 - Coimbra, 22 de março de 2000) e de sua mulher Maria Margarida de Seixas Nogueira de Lemos (Salsete,
São Tomé, 13 de junho de 1923), depois casada com Carlos Acosta. O
casal, que mais tarde se separaria, veio a ter dois filhos: Isabel,
nascida em 1967 e José Manuel, nascido em 1971. Chamado a cumprir o Serviço Militar, em 1967, ficaria apenas a uma disciplina de se formar em Direito.
Lança Cantaremos, em 1970, e Gente d' aqui e de agora, em 1971, este último com o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, e composição de José Niza. Em 1973 lança Fados de Coimbra, em disco, e funda a Editora Edicta, com Carlos Vargas, para se tornar produtor na Orfeu, em 1974. Participa na fundação da Cooperativa Cantabril, logo após a Revolução dos Cravos e lança, em 1975, Que nunca mais, onde se inclui o tema Tejo que levas as águas. A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Em 1980 lança o seu último álbum, Cantigas Portuguesas, ingressando no ano seguinte na Cooperativa Era Nova, em rutura com a Cantabril.
Vítima de uma hemorragia esofágica, morreu na quinta da família, em Avintes, nos braços da sua mãe.
Às 24.00 horas de 30 de setembro, com as badaladas da velha cabra, começa mais uma Festa das Latas e Imposição de Insígnias da Associação Académica de Coimbra, com a tradicional Serenata, desta vez na praça da Sé Nova.
Programa curto, com dois Grupos da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra: Honoris Causa e Última Luz, com a particularidade de o primeiro contar com um cantor e música cá de casa, que vai cantar duas vezes e apresentar em público um tema original, com letra e música dele.
Infelizmente esta histórica serenata não será transmitida pela televisão e merecia - será a primeira vez que mulheres cantam (e bem...!) Fado e Canção de Coimbra numa serenata - e podem assistir, via Internet, no Youtube ou Facebook da tvAAC ou de alguns jornais locais.
Filho de Luís do Carmo Goes e de D. Leopoldina da Soledade Valente
d'Eça e Leyva Cabral de Sousa Pires, nasceu em Coimbra, em 1933, e, por
influência de seu tio paterno Armando do Carmo Goes, figura destacada da Canção de Coimbra, cedo começou a interpretá-la, tendo aos 19 anos, a convite de António Brojo, gravado o seu primeiro disco.
No final da década de 50, formou o Coimbra Quintet, com os músicos António Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levi Baptista, gravando o álbum Serenata de Coimbra, que "é ainda hoje o disco português mais vendido", segundo Manuel Alegre Portugal. Em 1958 licencia-se em Medicina, na Universidade de Coimbra e exerceu a profissão de médico estomatologista até à sua reforma, em 2003. De 1963 a 1965 prestou serviço militar na Guiné como Alferes Miliciano Médico.
Foi autor de 25 canções estróficas e 18 baladas. Do seu reportório
fazem parte canções como "Balada do mar", "É preciso acreditar",
"Cantiga para quem sonha", "Só" ou "Toada beirã".
Foi condecorado com a Ordem do Infante Dom Henrique, no grau de Grande Oficial (9 de junho de 1994),
com a Medalha de Ouro da cidade de Coimbra (4 de julho de 1998), com a
Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Cascais e com o
Prémio Amália Rodrigues 2005, na categoria Fado de Coimbra.
Música: José
Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Letra: José
Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Incipit: Meu
amor/Anda perdido no mar
Origem: Coimbra
Género: Canção
de Coimbra
Arranjo: José
Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1965)
Data: 1964-1965
(SPA: 4.05.1965)
Meu amor
Anda perdido no mar
Dizei, ó guitarras,
Que ele há de voltar
Dizei, verdes algas,
Que ele há de voltar
Meu amor que foi para o mar.
Ó ondas brancas de espuma,
Ondas brancas de luar,
Quero morrer no mar alto
Quero morrer a cantar.
Cai a noite, rosa brava,
Fecha os teus olhos à luz do poente
O barco voltou sem gente
Rosa brava
Ao sol poente…
Informação complementar:
A primeira
gravação desta obra foi vocalizada pelo tenor José Manuel dos Santos,
acompanhado em 1.ª guitarra de Coimbra por Nuno Guimarães, em 2.ª guitarra por
Manuel Borralho, e pelos executantes de viola de seis ordens (nylon) Rui
Pato/Jorge Ferraz: EP Serenata de Coimbra,
Porto, Ofir AM 4.039, ano de 1965, reeditado no CD Fados e Baladas de Coimbra. Recordando Nuno Guimarães. Solfa e letra
em Recordando Nuno Guimarães, O Poeta, o
Músico (1942-1973), VNGaia, Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, 1997. O
arranjo de acompanhamento é da autoria de Nuno Guimarães.