Mostrar mensagens com a etiqueta Portugal. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Portugal. Mostrar todas as mensagens

sábado, março 16, 2024

Manuel Cargaleiro faz hoje 97 anos

  
Manuel Alves Cargaleiro (Vila Velha de Ródão, 16 de março de 1927) é um pintor e ceramista português.

Pintor e ceramista português, é oriundo da Beira Baixa, onde nasceu em 1927. O seu pai, Manuel, era gestor agrícola, e a mãe, Ermelinda, uma especialista em mantas de retalhos coloridas com formas geométricas variadas (patchwork).

Inscreveu-se na Faculdade de Ciências de Lisboa e chegou a trabalhar num banco, mas frequentava as aulas livres da Academia de Belas-Artes e o atelier de olaria de José Trindade.

Em 1945, inicia as primeiras experiências de modelação de barro, na olaria de José Trindade, no Monte de Caparica.

Em 1946, inscreve-se na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que vem a abandonar para se dedicar às artes plásticas, iniciando-se como ceramista na Fábrica Sant'Anna, em Lisboa.

Em 1949, participa na Primeira Exposição de Cerâmica Moderna organizado por António Ferro, na Sala de Exposições do Secretariado Nacional da Informação. Cultura Popular e Turismo (SNI), no Palácio Foz, em Lisboa.

Em 1950, organiza, com a Comissão Municipal de Turismo do Concelho de Almada, o I Salão de Artes Plásticas da Caparica, em Almada.

Em 1951, participa na Segunda Exposição de Cerâmica Moderna, onde obtém uma menção honrosa.

Em 1952, tem a sua primeira exposição individual, realizada na Sala de Exposições do SNI. Nesse mesmo ano participa na Terceira Exposição de Cerâmica Moderna, onde obtém uma menção honrosa, e na exposição coletiva Mostruário da Arte e da Vida Metropolitana, no âmbito das Comemorações do IV Centenário da Morte de São Francisco Xavier, organizado pela Agência Geral do Ultramar, em Goa.

Em 1953, expõe pintura pela primeira vez no Salão da Jovem Pintura, na Galeria de Março, em Lisboa.

Em 1954, apresenta a exposição individual Cerâmicas de Manuel Cargaleiro, na 24.ª exposição da Galeria de Março, em Lisboa. Nesse mesmo, ano recebe o prémio de artes plásticas Sebastião de Almeida, para ceramistas, atribuído pelo SNI. É ainda em 1954 que inicia a sua atividade como professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa. É igualmente neste ano conhece Maria Helena Vieira da Silva, Árpád Szenes e Roger Bissière.

Em 1955, dirige os trabalhos de passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Fátima, da autoria de Lino António. Nesse mesmo ano, participa na exposição coletiva Fifth International Exhibition of Ceramic Art, no Kiln Club of Washington, em Washington, D.C., e recebe o Diplôme d’Honnneur de l’Académie Internationale de la Céramique (AIC), aquando da sua participação no I Festival International de Céramique, em Cannes. Participa igualmente numa exposição coletiva com Fernando Lemos e Marcelino Vespeira, na Galeria Pórtico, em Lisboa.

Em 1956, participa no Primeiro Salão dos Artistas de Hoje, na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em Lisboa. Nesse mesmo ano:

Em 1957, recebe uma bolsa do Governo Italiano, por intermédio do Instituto de Alta Cultura, que lhe permite visitar Itália e estudar a arte da cerâmica em Faença, com Giuseppe Liverani, Roma e Florença. Nesse mesmo ano, instala-se em Paris.

Em 1958, recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para a realização de um estágio na Faiencerie de Gien, sob a orientação de Roger Bernard. Nesse mesmo ano:

  • Participa no XVI Concorso nazionale della ceramica: Faenza no Museo Internazionale delle Ceramiche in Faenza (MIC). Oferece peças de cerâmica popular, dois painéis e um vaso de sua autoria para a reconstituição da secção portuguesa do MIC, muito danificado durante a Segunda Guerra Mundial.
  • Participa na III Exposição de Artes Plásticas, no Convento dos Capuchos, em Almada.

Em 1959, adquire um atelier na Rue des Grands-Augustins 19, em Paris, onde passa a residir. Nesse mesmo ano:

  • Participa numa exposição coletiva, com Camille Bryen, Jean Arp e Max Ernst, na Galerie Edouard Loeb, em Paris
  • Participa na exposição Céramiques Contemporaines, no Musée des Beaux-Arts em Ostende, na Bélgica.

Em 1960 participa na I Exposição de Poesia Ilustrada, no Café Dragão Vermelho, Almada. Participa na exposição coletiva Arte Moderna, no Café Dragão Vermelho, Almada. Participa na IV Exposição de Artes Plásticas, no Convento dos Capuchos, em Almada. Participa na exposição da AIC, no Musée Ariana, Genebra, Suíça. Exposição coletiva na Galerie Edouard Loeb, Paris.


  
Estação do Metro de Champs Elysées-Clémenceau
  

quarta-feira, março 06, 2024

O PCP faz hoje 103 anos

  
O Partido Comunista Português (PCP) é um partido político de índole comunista e marxista-leninista. É um dos partidos comunistas mais fortes da Europa Ocidental e o mais antigo partido político português com existência ininterrupta.

O PCP tem deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, onde integra o grupo Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. Depois da morte do secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves, no campo de concentração do Tarrafal, o Partido passou por um período, de 1942 até 1961, sem secretário-geral. Em 1961, é eleito o líder histórico Álvaro Cunhal. Em 1992, é sucedido por Carlos Carvalhas, e em 2004 é Jerónimo de Sousa o escolhido pelo Comité Central para Secretário-Geral do PCP, até 2022, quando é eleito Paulo Raimundo para o cargo.

O Partido foi fundado em 1921, e em 1922 estabeleceu contactos com a Internacional Comunista (Komintern), tornando-se em 1923 a secção Portuguesa do Komintern. Ilegalizado no fim dos anos 1920, o PCP teve um papel fundamental na oposição ao regime ditatorial conduzido por António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Durante as cinco décadas de ditadura, o PCP participou ativamente na oposição ao regime e era o Partido mais organizado e mais forte da oposição. Foi suprimido constantemente pela polícia política, a PIDE, que obrigou os seus membros a viver clandestinamente, sob a ameaça de serem presos, torturados ou assassinados. A capacidade de adaptar a sua organização à conjuntura política interna e externa, e a capacidade de recuperação de uma organização política sujeita à frequente repressão e violência política, foram importantes fatores que garantiram a sua continuidade. Após a revolução dos cravos, em 1974, os seus 36 membros do Comité Central de então já tinham, em conjunto, cumprido 308 anos de prisão.

Após o fim da ditadura, o Partido tornou-se numa principal força política do novo regime democrático, mantendo o seu «papel de vanguarda ao serviço dos interesses de classe dos trabalhadores, do processo de transformação social, para a superação revolucionária do capitalismo» a assumir o Marxismo-Leninismo como a sua base teórica, a concepção materialista e dialética do mundo como «instrumento de análise e guia para a acção, imprescindível para a interpretação do mundo e para a sua transformação revolucionária», a rutura com a política de direita, a concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda e a realização do seu programa de uma «Democracia Avançada com os valores [da revolução] de Abril no futuro de Portugal, o socialismo e o comunismo». O Partido é popular em vastos sectores da sociedade portuguesa, particularmente nas áreas rurais do Alentejo e Ribatejo e áreas industrializadas como Lisboa e Setúbal, onde lidera vários municípios.

O PCP publica o jornal semanário Avante!, fundado em 1931, e a revista bimensal O Militante. A sua ala jovem é a Juventude Comunista Portuguesa, membro da Federação Mundial da Juventude Democrática

 

(...)

 

A data de fundação do PCP, 6 de março de 1921, é data da última de várias reuniões. Pouco depois da fundação do Partido, criou-se também a Juventude Comunista (JC), que estabeleceu imediatamente contactos com a Internacional Comunista Juvenil.

 

domingo, março 03, 2024

António Silva morreu há cinquenta e três anos

   

António Maria da Silva (Lisboa, 15 de agosto de 1886 - Lisboa, 3 de março de 1971) foi um ator português.

De origens humildes, começou a trabalhar cedo, como marçano. Chegou, também, a ser Bombeiro, atingindo o posto de comandante. Concluiu o Curso Geral do Comércio.

Tem a sua formação teatral nos grupos amadores, estreando-se profissionalmente em 1910, no palco do Teatro da Rua dos Condes, em O Novo Cristo de Tolstoi. Contratado pela companhia Alves da Silva, aí participa em peças como O Conde de Monte Cristo ou O Rei Maldito. Vai para o Brasil em 1913, onde permanece até 1921, em digressão com a companhia teatral de António de Sousa. Casa-se com Josefina Silva em 1920. De volta a Portugal, trabalha vários anos consecutivos na Companhia de Teatro Santanella-Amarante, em peças de teatro ligeiro e de revista. Integra ainda as companhias de Lopo Lauer, António de Macedo, Comediantes de Lisboa e Vasco Morgado. É A Canção de Lisboa, de Cottinelli Telmo (1933) que o projeta no cinema e firma a sua popularidade e engenho como ator. Assegura personagens cómicas e dramáticas em mais de trinta películas — As Pupilas do Senhor Reitor (1935), O Pátio das Cantigas (1942), O Costa do Castelo (1943), Amor de Perdição (1943), Camões (1946), O Leão da Estrela (1947), Fado (1948), entre outras.

Foi distinguido, no dia 4 de novembro de 1966, como Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, uma das Antigas Ordens Militares que tem por fim distinguir o mérito literário, científico e artístico, pela Presidência da República Portuguesa.

in Wikipédia

segunda-feira, fevereiro 26, 2024

Novidades paleontológicas nacionais...

Nova espécie de pterossauro “de tamanho considerável” descoberta em Portugal

 

Reconstrução do Lusognathus almadrava e do seu habitat paleobiológico

 

Uma equipa internacional de investigadores liderada pelo português Octávio Mateus descobriu em Portugal um fóssil de uma nova espécie de pterossauro, a que foi dado o nome de Lusognathus almadrava.

O fóssil, composto por um crânio incompleto e vértebras parciais, foi descoberto em 2018, na Formação Lourinhã, na Praia do Caniçal, no centro-oeste de Portugal, e apresentado num artigo publicado na revista PeerJ.

A espécie, que pertence à subfamília Gnathosaurinae da família Ctenochasmatidae, remonta ao período Jurássico e é a primeira do seu género a ser encontrada em Portugal.

Com uma envergadura estimada superior a 3,6 metros, o Lusognathus almadrava é um dos maiores pterossauros conhecidos e o maior pterossauro gnatosaurino, desafiando conceções anteriores sobre o tamanho dos pterossauros do Jurássico.

O paleontólogo Octávio Mateus, investigador da Universidade Nova de Lisboa e fundador do Museu da Lourinhã, realça a riqueza e diversidade do Jurássico em Portugal, onde outros fósseis de vertebrados como plesiossauros, ictiossauros, mosassauros e dinossauros também foram encontrados.

“A distribuição global conhecida e diversidade dos pterossauros reforça o seu sucesso como grupo, uma vez que são encontrados em todos os continentes - incluindo a Antártida”, diz o paleontólogo português, citado pela Sci News.

No entanto, até agora, o registo fóssil de pterossauros em Portugal tinha sido limitado devido à sua estrutura óssea frágil, tornando esta descoberta notável. “A relativa escassez do seu registo fóssil levanta desafios na compreensão da sua paleobiologia, quando comparados com outros vertebrados”, explica Octávio Mateus.

O pterossauro recém-descoberto habitava um ambiente de lagoa flúvio-deltaica, e os seus robustos dentes sugerem que se alimentava provavelmente de peixe.

A descoberta acrescenta informações críticas à paleobiologia dos pterossauros do Jurássico, especialmente em relação ao seu tamanho.

Embora os pterossauros do Triássico e Jurássico fossem habitualmente considerados menores, com envergadura de cerca de 1,6 a 1,8 metros, novas evidências sugerem que poderiam ter sido maiores do que se pensava anteriormente.

A descobertas oferece mais evidências de que os pterossauros já tinham atingido tamanhos consideráveis no final do Jurássico, possivelmente como uma resposta evolutiva para competir com as aves. Este grande tamanho aponta para um ecossistema próspero e abundante em presas durante este período.

 

in ZAP

domingo, fevereiro 18, 2024

São Teotónio, o primeiro santo português, morreu há 862 anos

  

 São Teotónio (século XV), por Nuno Gonçalves

 

São Teotónio (Ganfei, Valença, 1082 - Coimbra, 18 de fevereiro de 1162) foi um religioso português do século XII, tendo sido canonizado pela Igreja Católica.

Reconhecido por todo o Ocidente, contava-se entre os seus amigos pessoais São Bernardo de Claraval.
 
Estátua de São Teotónio, Valença, Portugal
 
Formado em Teologia e Filosofia em Coimbra e Viseu, tornou-se prior da Sé desta última cidade em 1112. Foi em peregrinação a Jerusalém, e ao regressar quiseram-lhe oferecer o bispado de Viseu, o que recusou.
Tornou-se um dos aliados do jovem infante Afonso Henriques na sua luta contra a mãe, Teresa de Leão, dizendo a lenda que teria chegado a excomungá-la. Mais tarde, seria conselheiro do então já rei D. Afonso I de Portugal.
Entretanto, foi de novo em peregrinação à Terra Santa, onde quis ficar; regressou porém a Portugal (1132), desta feita a Coimbra, onde foi um dos co-fundadores, juntamente com outros onze religiosos, do Mosteiro de Santa Cruz (adotando a regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho), do qual se tornou prior. Esta viria a ser uma das mais importantes casas monásticas durante a Primeira Dinastia.
Em 1152, renunciou ao priorado de Santa Cruz; em 1153 Papa Adriano IV quis fazê-lo bispo de Coimbra, o que uma vez mais recusou.
Morreu em 18 de fevereiro de 1162, que é ainda hoje o dia em que é celebrado pela Igreja Católica. Foi sepultado numa capela da igreja monástica que ajudou a fundar, mesmo ao lado do local onde o primeiro rei de Portugal se fez sepultar.
Em 1163, um ano depois da sua morte, o Papa Alexandre III canonizou-o; São Teotónio tornava-se assim o primeiro santo português a subir ao altar, sendo recordado sobretudo por ter sido um reformador da vida religiosa nessa nação nascente que então era Portugal; o seu culto foi espalhado pelos agostinianos um pouco por todo o Mundo. É o santo padroeiro da cidade de Viseu e da respetiva diocese; é ainda padroeiro da vila de Valença, sua terra natal. É também o Santo que dá nome a um importante colégio situado na cidade de Coimbra, o Colégio de São Teotónio.
No concelho de Odemira, a mais extensa freguesia do país recebeu também o nome deste santo. Desta vila, São Teotónio é também o santo padroeiro, sendo as festividades religiosas realizadas anualmente no dia 18 de fevereiro.
 
  

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

O jornal Avante! faz hoje 93 anos


 

O Avante! é o jornal oficial do Partido Comunista Português, e iniciou, clandestinamente, a sua publicação a 15 de fevereiro de 1931. O seu lema é «Proletários de todos os países, UNI-VOS!» .

Só o primeiro número foi impresso numa tipografia legal, próxima do Largo de São Paulo, em Lisboa, graças a um estudante do liceu Gil Vicente que convenceu o tipógrafo a imprimir, além de um boletim estudantil, mais umas quantas folhas - o «Avante!». A partir daí e até ao 25 de abril, o jornal foi sempre impresso em tipografias clandestinas. Por altura da apanha da azeitona chegaram a cair jornais «Avante!» das oliveiras em terras alentejanas, uma das muitas formas encontradas para distribuir clandestinamente o órgão central do PCP. O trabalho era todo feito manualmente, por funcionários que pareciam ter uma vida normal. Algumas vezes a perseguição da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) resultou na morte dos tipógrafos. No dia 24 de janeiro de 1950, o corpo do funcionário José Moreira deu entrada na morgue com a indicação de que caíra de uma janela, no entanto, o operário vidreiro e responsável pelas tipografias do Jornal «Avante!», foi capturado durante assalto a uma casa clandestina do PCP em Vila do Paço e torturado pela PIDE, que o interrogou e espancou até à morte, acabando por o atirar da janela. Joaquim Barradas de Carvalho afirma que o operário "foi torturado pela PIDE e foi morto na tortura sem ter dito uma palavra acerca daquilo que era conveniente guardar acerca do trabalho do Partido Comunista Português na clandestinidade". Maria Machado, professora primária e militante do PCP do qual foi funcionária clandestina entre 1942 e 1945, trabalhava numa tipografia na povoação de Barqueiro, em Alvaiázere, quando a PIDE a assaltou. Tendo ficado para trás para permitir a fuga aos restantes tipógrafos, foi presa e torturada, e não prestou nenhuma declaração. Enquanto era arrastada pelos agentes da PIDE, gritou: «Se a liberdade de imprensa não fosse uma farsa, esta tipografia não precisava de ser clandestina. Isto aqui é a tipografia do jornal clandestino «Avante!». O «Avante!» defende os interesses do povo trabalhador de Portugal.». Joaquim Rafael teve uma vida de inteira abnegação dedicada à imprensa clandestina do Partido. Entre 1943 e 1945, Joaquim Rafael esteve ligado à distribuição do «Avante!», passando depois para as tipografias. Nos vinte e cinco anos que se seguiram, tornou-se num dos melhores tipógrafos clandestino e um mestre para novos camaradas que entravam para as tipografias. Referência maior na história da imprensa clandestina, morreu em 1974. José Dias Coelho, escultor e funcionário do PCP, foi assassinado a tiro pela PIDE em 1961, quando se dirigia para um encontro clandestino. Pondo os seus dotes de artista plástico ao serviço da sua causa e do seu Partido, deu um contributo decisivo para a melhoria do aspeto gráfico de vários órgãos de imprensa clandestina, nomeadamente do «Avante!». Das suas mãos saíram muitas das famosas gravuras – de linóleo ou de madeira – que se podem encontrar em numerosos exemplares do «Avante!» clandestino. Em 1972, o cantor Zeca Afonso homenageia-o com a música A Morte Saiu à Rua.

Segundo o jornal Público, as regras para quem trabalhava na clandestinidade eram rigorosas ao ponto de ter que se fazer as malas à mínima suspeita de se ter dado nas vistas.

Em 17 de maio de 1974 foi publicado o primeiro número fora da clandestinidade, tendo passado a semanário desde essa data.

 

terça-feira, fevereiro 06, 2024

O Padre António Vieira nasceu há 416 anos

      
António Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 - Salvador, 18 de julho de 1697), mais conhecido como Padre António Vieira, foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos na época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais) e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, os seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português.
     

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Recordemos com poesia um dia triste...

(imagem daqui)


O REGICÍDIO


Carruagem descoberta.
Ei-la, a Família Real.
Soa um tiro. A bala acerta
No Rei, traidora e mortal.

E outra, no mesmo instante,
Vara o Príncipe, que cai,
A sangrar, agonizante,
Depois de vingar o Pai.
Outra, ainda, fere o Infante.

Vulto de tragédia antiga,
A Rainha, em desatino,
Com flores de um ramo, fustiga
Este segundo assassino...

Foge o povo, apavorado,
Enquanto a polícia acorre
E o regicida, alvejado,
Morre.

Quadro horrendo, tal horror!
A Pátria a esvair-se, exangue!
Não pode vencer a dor
O português d'alma e sangue.

Traja luto Portugal
Cem anos que a sina traça,
Julgando ver, espectral,
Toda a Família Real
Sã e salva da desgraça.

Num novo tempo feliz,
Seja o sonho realidade!
E reverdeça a raiz!
E, inútil, murche a saudade!

   



António Manuel Couto Viana

Cabinda ficou sob proteção de Portugal há 139 anos

    
O Tratado de Simulambuco foi assinado, em 1 de fevereiro de 1885, pelo representante do governo português Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada e comandante da corveta Rainha de Portugal, e pelos príncipes, chefes e oficiais do reino de N'Goyo. O tratado colocou Cabinda sob protetorado português, por contraste com o estatuto colonial de Angola. O tratado foi feito antes da Conferência de Berlim, que dividiu África pelas potências europeias.
No tratado, Portugal compromete-se a:
  • Portugal obriga-se a fazer manter a integridade dos territórios colocados sob o seu protetorado.
  • Portugal respeitará e fará respeitar os usos e costumes do país.
A "colonização" de Cabinda foi assim pacífica por via do Tratado entre Portugal e Cabinda. Em 1885 o território de Cabinda já se encontrava separado do resto do território de Angola, tendo como separação natural o rio Congo. O território é um enclave de sempre com os dois Congos, Belga e Francês. Cabinda nunca foi parte integrante de Angola, antes, durante e após a colonização de Portugal.

   
in Wikipédia
 

 

domingo, janeiro 28, 2024

Fernando Carvalho Rodrigues, o pai do satélite português, faz hoje 77 anos

Retrato de Carvalho Rodrigues por Bottelho
     
Fernando Carvalho Rodrigues (Casal de Cinza, Guarda, 28 de janeiro de 1947) é um físico português, licenciado em física na Universidade de Lisboa e doutorado em engenharia eletrónica pela Universidade de Liverpool.
Foi Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico (1985), coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (1984) e diretor da Faculdade de Tecnologia da Universidade Independente (1995) em Lisboa, sendo conhecido como o «pai» do satélite português, sendo o responsável máximo pelo consórcio PoSAT que constituiu e lançou o primeiro satélite português, a 26 de setembro de 1993.
Carvalho Rodrigues recebeu diversos prémios e condecorações, dos quais se destacam o Pfizer (1977), a comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada (1995) e doutor Honoris Causa (1995) pela Universidade da Beira Interior.
É também autor de diversas obras publicadas em Portugal e nos Estados Unidos, encarregou-se da direção do Projeto Educativo DIDACTA, à frente de uma vasta equipa de especialistas, investigadores e pedagogos.

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Mia Rose - 36 anos

   
Mia Rose (Londres, 26 de janeiro do 1988), nome artístico de Maria Antónia Teixeira Rosa, é uma cantora-compositora e atriz luso-inglesa que atingiu o sucesso através do sítio de partilha de vídeos no YouTube, onde rapidamente chegou a uma das artistas mais visionadas.
    

 


terça-feira, janeiro 23, 2024

A Guerra na Guiné (Bissau) começou há sessenta e um anos...

Soldados do PAIGC hasteando a bandeira da Guiné-Bissau em 1974
      
A guerra de independência na Guiné começou em 23 de janeiro de 1963, com o início das ações de guerrilha na região de Tite. Ao contrário do que aconteceu em Angola, desde o início que as forças portuguesas constataram estar diante de um adversário bem organizado e militarmente eficiente. De facto, o PAIGC dispôs sempre de equipamento de qualidade e do apoio quase total do governo da Guiné-Conacri, que lhe conferia total liberdade de movimentos para empreender ações de guerrilha na fronteira sul do território.
Nos primeiros anos de guerra, a iniciativa pertenceu às forças do PAIGC, limitando-se as forças portuguesas a defender-se dentro dos seus aquartelamentos ou a responder às ações inimigas com operações de grande envergadura, mas de dúbia eficácia operacional.
Quando a Guerra começou, em janeiro de 1963, havia já quase dois anos que as forças portuguesas combatiam, com relativo sucesso, em Angola. Este facto permitiu às autoridades portuguesas prevenirem de certa forma a possível eclosão de ações de guerrilha em Moçambique e na Guiné. Assim, quando a guerra chegou à Guiné, a guerrilha deparou-se com um dispositivo militar português que abrangia todo o território. Este dispositivo baseava-se em 7-8 batalhões do Exército Português dispostos em quadrícula. Essencialmente, cada batalhão ocupava um sector, que se subdividia em zonas de ação (ZA). Essas ZA's eram ocupadas por companhias que, apesar de integradas em batalhões, atuavam com grande autonomia logística e operacional. O objetivo destas companhias era privar o inimigo do contacto com as populações, e manter "limpa" a sua ZA. A busca e destruição do inimigo estava a cargo de forças de intervenção especializadas nessas ações (golpes de mão, ações de limpeza, etc.) - Páraquedistas, Comandos, Fuzileiros, etc.
Em 1963, o efetivo das forças do Exército Português destacadas na Guiné ascendia a 10 mil homens, que eram apoiados por meios aéreos estacionados em Bissalanca (no AB 2, depois BA 12), que incluíam 8 caças-bombardeiros F-86F.
Foi nas Colinas de Boé que foi feita a proclamação da independência da Guiné-Bissau, realizada a 24 de setembro de 1973, em Lugadjol.
Em 1974 Portugal reconheceu a independência de Guiné Bissau.
   

As Cortes reuniram para criar a nossa primeira Constituição há 203 anos

As Cortes Constituintes de 1820 que aprovaram a primeira Constituição, por Óscar Pereira da Silva

   

As Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, também frequentemente designadas por Soberano Congresso e conhecidas na historiografia portuguesa como Cortes Constituintes de 1820 ou Cortes Constituintes Vintistas, foram o primeiro parlamento português no sentido moderno do conceito.

A sua base estava, em grande parte, idealizada nas antigas Cortes Gerais, só que o sistema de votação para designar os seus delegados agora e era diferente, e não estariam mais separados os três tradicionais estamentos feudais (clero, nobreza e povo).

Instituída na sequência da Revolução Liberal do Porto para elaborar e aprovar uma constituição para Portugal, os trabalhos parlamentares deste órgão decorreram entre 24 de janeiro de 1821 e 4 de novembro de 1822 no Palácio das Necessidades, em Lisboa. Das suas sessões saíram profundas alterações o regime político português e foram iniciadas reformas que teriam no século seguinte um enorme impacto político-social.

Os trabalhos das Cortes Constituintes culminaram com a aprovação da Constituição Portuguesa de 1822. A sessão de encerramento das cortes, presidida pelo rei D. João VI, ocorreu a 4 de novembro de 1822.
  
 Palácio das Necessidades, sede das Cortes Constituintes de 1820
    

A reunião instituidora das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, também designadas por Soberano Congresso, ocorreu a 24 de janeiro de 1821 no Palácio das Necessidades.

O Soberano Congresso aprovou, a 9 de março de 1821, menos de três meses após a sua reunião constitutiva, as "Bases da Constituição", documento que foi jurado por D. João VI de Portugal a 4 de julho, logo após o seu regresso do Brasil.

A partir das Bases da Constituição juradas pelo Rei, as Cortes elaboraram e aprovaram a primeira Constituição portuguesa, a qual foi aprovada a 30 de setembro de 1822, tendo as Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa reunido pela última vez a 4 de novembro de 1822. A Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822, apesar de ter vigorado por períodos curtos, transformou-se num documento inspirador do liberalismo português, com reflexos que percorreram todo o período da Monarquia Constitucional Portuguesa e influenciaram mesmo a primeira constituição republicana de Portugal, aprovada quase um século depois.

  

segunda-feira, janeiro 22, 2024

D.ª Maria Leopoldina, Imperatriz no Brasil e Rainha em Portugal, nasceu há 227 anos

D. Maria Leopoldina e os filhos (ao colo, o futuro Imperador, D. Pedro II do Brasil, e, do lado esquerdo, de caracóis castanhos, a futura Rainha D. Maria II de Portugal)
  
Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena (em alemão: Caroline Josepha Leopoldine von Österreich; Viena, 22 de janeiro de 1797Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1826), depois conhecida como Maria Leopoldina, foi a primeira esposa do imperador D. Pedro I e Imperatriz Consorte do Império do Brasil de 1822 até sua à morte e também, brevemente, Rainha Consorte do Reino de Portugal e Algarves, entre março e maio de 1826. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e da sua segunda esposa, Maria Teresa da Sicília.
  
  

quinta-feira, janeiro 18, 2024

O poeta João Apolinário nasceu há um século...

    

João Apolinário Teixeira Pinto (Belas, Sintra, 18 de janeiro de 1924 - Marvão, 22 de outubro de 1988) foi um poeta e jornalista português. Combateu o fascismo tanto em sua terra natal, quanto em seus anos de exílio no Brasil. Colaborou em inúmeras publicações importantes nos dois países. É, no entanto, mais conhecido por seus poemas, musicados pelo filho João Ricardo e apresentados pelo conjunto Secos & Molhados.

 

Infância e formação

Viveu parte da infância no Vale da Pomba, propriedade familiar em Lebução, Chaves, onde fez o curso primário. Depois estudou em Lisboa, no Colégio Valsassina e no Liceu Camões e cursou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Mas já surgira a poesia. 

 

Jornalista

Aos 21 anos, optando por não advogar, poeta já assíduo da Brasileira do Chiado e jornalista, foi para a França como correspondente da Agência Logos. Viver os terríveis últimos tempos da Segunda Guerra Mundial marcou-o definitiva e cruamente. Depois de alguns anos em Paris — frequentou Artes Gráficas na Sorbonne, conheceu Sartre, Simone de Beauvoir, os intelectuais do Café de Flore, Antonin Artaud, Jean Genet, Marcel Marceau, Édith Piaf, viu o teatro de rua de Henri Gheon — voltou a Portugal. Sequelas de um acidente ocorrido nos únicos quatro meses de prestação do serviço militar no Batalhão de Artilharia Um, de Lisboa, levaram-no a mudar radicalmente os planos, após meses de um tratamento severo em Genebra. Acabou a recuperação na casa da mãe, D. Helena Teixeira Pinto. Iniciou a carreira de jurista. Casou-se pela primeira vez, teve dois filhos, João Ricardo e Maria Gabriela. Integrou grupos de intelectuais, poetas e jornalistas. Foi cofundador do Teatro Experimental do Porto e com este o gênio e a modernidade de Marcel Marceau e de Jean Genet chegaram ao país. 

 

Exílio

A prática cultural, nunca partidária, de João Apolinário, na poesia, no teatro, no jornalismo, especialmente na crítica e na reportagem; a acutilância de suas ideias antifascistas e não colonialistas, mais ações de real proteção a quem delas necessitasse, resultaram em prisões, torturas e, pior, tempos dolorosos de afastamento dos filhos, João Ricardo e Maria Gabriela.

Publicou Morse de Sangue, livro memorizado numa cela subterrânea de Peniche, durante cinco dias e cinco noites; Primavera de Estrelas, O Guardador de Automóveis, A Arte de Dizer. Foi secretário, na delegação do Porto, da Associação Portuguesa de Escritores, durante a presidência de Aquilino Ribeiro. Recebeu companhias teatrais brasileiras, como a de Cacilda Becker, atriz maior em língua portuguesa. Como resultado disso, em 1963, começou a viver o exílio imposto pela polícia política do regime. Partiu para São Paulo em dezembro daquele ano.

Durante três meses, de Janeiro a Abril, na redação do jornal Última Hora, de São Paulo, usufruiu, pela primeira vez, do privilégio da liberdade de expressão e de uma vida diária sem pressões político-policiais. Em Abril de 1964 teve início um período longo de ditadura militar no Brasil. O poeta, jornalista a tempo inteiro agora, voltou a escrever nas entrelinhas. Para não ter seu pensamento alterado por um qualquer diretor de jornal, mesmo que amigo, suas críticas de teatro, na Última Hora e no jornal O Globo, não foram pagas. Ele assim o decidiu e fez. Assimilou a cultura brasileira. E por ela deixou-se assimilar. Tanto que sofreu ameaças de morte do CCC: Comando de Caça aos Comunistas. Era nacionalista num país em que foi crime, desde sempre, sê-lo.

Em São Paulo ainda foi editor de artes e chefe de redação de dois jornais, num período de doze anos. Casou-se pela segunda vez. Viajou pelo país e pela América Latina: Uruguai, Argentina, Colômbia. Conviveu com intelectuais e artistas num forte novo mundo. Teve amigos chilenos, intelectuais atuantes, mortos pelo regime de Pinochet.

Fundou, com outros jornalistas, a APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte. É uma referência incontornável na crítica teatral brasileira por ter o espetáculo como sujeito. Ensaiou uma ideia nova de teatro e não teve tempo de experimentá-la. 

 

Volta

Houve poesia. Muito do que está contido no Poeta Descalço. Viveu, no dia 25 de abril de 1974, a enorme alegria, por um tempo breve, sim, mas pode vivê-la, de ver Portugal livre do fascismo. Em Setembro visitou o país. E numa semana de Dezembro escreveu Apátridas, poema exultante e exaltante de sua obra, Integrada em diversas edições da História da Literatura Portuguesa. Em abril de 1975 voltou a Portugal. Por razões várias, inesperadas, não deixou de ser jurista, como pretendia. Dividiu-se novamente. No entanto, seu trabalho poético cresceu e publicou AmorfazerAmor, Poemas Cívicos, O Poeta Descalço e Eco Húmus Homem Lógico. De 1980 a 1988 escreveu Sonetos Populares Incompletos, ainda inédito. Ser poeta, não poeta bissexto, como dizia, não chegou a sê-lo. A morte surpreendeu-o a 22 de Outubro de 1988, justamente quando havia reencontrado, na vila de Marvão, o silêncio e o tempo para ver mudar a cor das flores

 

Livros publicados

Poesia

  • Morse de Sangue, Porto 1955
  • O Guardador de Automóveis , Porto 1956, capa e uma gravura de Gastão Seixas, ed do autor em 500 exemplares…
  • Primavera de Estrelas, Porto 1961
  • Apátridas , São Paulo, 1975
  • AmorfazerAmor , Lisboa 1978
  • O Poeta Descalço, Lisboa, 1978
  • Poemas Cívicos , Lisboa 1979
  • Eco Humus Homem Lógico , Lisboa 1981

 

Teatro

 

Reportagem

  • Ensaio para uma nova ideia de Teatro - Jornal Última Hora de São Paulo
  • Portugal - Revolução Modelo, Rio de Janeiro 1974


 Canções

Poemas de João Apolinário, música de João Ricardo gravadas originalmente pelo conjunto musical Secos e Molhados:

  • A Primavera nos Dentes - (Morse de Sangue):

E envolto em tempestade, decepado,
entre os dentes segura a primavera.

  • Urgente…Mais Flores ou A Luta Necessária – (Morse de Sangue);
  • Sei (Eu sei) - (Poeta Descalço);
  • Doce Doçura - (Poeta Descalço);
  • Os metálicos Senhores Satânicos - (Poeta Descalço);
  • Minha namorada - (Poeta Descalço);
  • Angústia - (Poeta Descalço);
  • Voo - (Primavera de Estrelas);
  • Flores Astrais - (Primavera de Estrelas);
  • Amor - (Poeta Descalço).

Poema de João Apolinário, música de João Ricardo, gravado por João Ricardo

  • Os Portugueses lançam o Império ao Mar

Poema de João Apolinário, música de Francisco Fanhais e outros:

  • Urgente…Mais Flores ou A Luta Necessária (Morse de Sangue).

Poema de João Apolinário, música de Luis Cília:

  • "É preciso avisar toda a gente" - (La poesie portugaise de nos jours et de toujours 1) - 1967
  • "Recuso-me" - (La poesie portugaise de nos jours et de toujours 1) - 1967
  • "Sei que me espera" - (contra a ideia da violência a violência da ideia) - 1973

Poema de João Apolinário, música de Luís Cília, interpretação de Avaruuslintu

  • "Tiëdan sä odotat" - na coletânea "Uusi laulu 2"


in Wikipédia


 

Os infinitos íntimos

 

 Não me cinjas
a voz
não me limites

não me queiras
assim
antecipado

Eu não existo
onde me pensas

Eu estou aqui
agora
é tudo
____

Esta causa
Que me retoma
Em cada dia

Age na esperança
Em que respira
Esta necessidade
De estar vivo
____

No círculo
em que se fecha
o que em mim
respira
há um suicídio
de memórias
que não cabem
no que em mim
existe
____

Já fui longe demais
matando-me nas pedras
que atiro contra mim
sentindo o que não sei
____

Há por aí alguém
que queira vir comigo
atrás do que seremos
quando tivermos sido?
____

O que resta de nós
Dorme a noite invisível
Que ainda nos sobra
____

O que me cansa
é o diabo da esperança
____

O que ficará de mim
nos restos digitais
do tempo
quando chegar
o fim
de que me ausento


João Apolinário

segunda-feira, janeiro 08, 2024

Michel Giacometti nasceu há 95 anos...

  
Michel Giacometti (Ajaccio, Córsega, 8 de janeiro de 1929 - Faro, 24 de novembro de 1990) foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal.

(...)
 
Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa após visitar o Museu do Homem em Paris. Veio viver para Portugal em 1959 quando soube que tinha tuberculose.
Acaba por se fixar em Bragança. Fundou os Arquivos Sonoros Portugueses em 1960. Percorreu o país nas décadas seguintes, até 1982, tendo gravado cantores e músicas tradicionais que o povo cantava no seu quotidiano.
Com Fernando Lopes Graça lançou a "Antologia da Música Regional Portuguesa", os conhecidos discos de sarapilheira, editados pela Arquivos Sonoros Portugueses em cinco volumes.
A partir de 1970 apresentou na RTP, durante três anos, o programa "Povo que Canta", realizado por Alfredo Tropa.
Em 1981 foi editado, pelo Círculo de Leitores, o "Cancioneiro Popular Português" que contou com a colaboração de Fernando Lopes Graça.
Em 1987 foi inaugurado em Setúbal o Museu do Trabalho. O museu teve importante colaboração de Giacometti na elaboração da exposição "O Trabalho faz o Homem".
Morreu em Faro no dia 24 de novembro de 1990. Está sepultado na pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo.
Em 1991, o Museu do Trabalho de Setúbal, com uma vasta coleção de instrumentos agrícolas e objectos do quotidiano recolhidos por Giacometti, passou a denominar-se Museu do Trabalho Michel Giacometti. A reabertura foi em 18 de Maio de 1995. O seu espólio encontra-se também noutros museus, como o Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, o Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda o Museu Nacional de Etnologia. 

Giacometti, «o andarilho», o «senhor de cabelo e barbas brancas que chegava de burro», morre em Faro no dia 24 de novembro de 1990. Está sepultado, por vontade sua, transmitida ao dirigente do Partido Comunista Português Octávio Pato, na terra seca da pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo. Algum do espólio de Giacometti pode encontrar-se também noutros locais, como no Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, no Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda no Museu Nacional de Etnologia.

Ilustrando noutra perspetiva os méritos do seu trabalho, é realizado em 1997 o documentário Polifonias - Pace é Saluta, Michel Giacometti, de Pierre-Marie Goulet. A 9 de junho de 2002, foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2004 é lançado o livro "Michel Giacometti - caminho para um museu", aquando de uma exposição organizada pela Câmara Municipal de Cascais. Em 2005 tem lugar na Córsega, no Festival Cantares de Mulheres e Instrumentos do Mundo, uma homenagem a Michel Giacometti, que conta com a participação de Amélia Muge, Gaiteiros de Lisboa e Mafalda Arnauth. Ilustrando ainda tal trabalho, é inaugurada a exposição "O Campo e o Canto" com fotografias de António Cunha. O setor intelectual de Coimbra do Partido Comunista Português organiza um "Reencontro com Giacometti", num ciclo de comemorações, entre janeiro e outubro de 2009, cinquenta anos após a sua chegada a Portugal e oitenta depois do seu nascimento. É iniciado em 2016 o Projeto Michel Giacometti, homenagem prestada pelo grupo português Quarteto ARTEMSAX.