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quarta-feira, dezembro 17, 2025

Fernando Lopes-Graça nasceu há 119 anos...

https://www.musicweb-international.com/classrev/2000/mar00/lopestravels.jpg

 

Fernando Lopes-Graça (Tomar, 17 de dezembro de 1906 - Parede, Cascais, 27 de novembro de 1994) é considerado um dos maiores maestros e compositores portugueses do século XX.

   
 

terça-feira, dezembro 16, 2025

Música para a gente da minha Terra...

Música e poema para recordar um Herói...

 

Afonso de Albuquerque

  
  
Quando esta escrevo a Vossa Alteza
Estou com um soluço que é sinal de morte.
Morro à vista de Goa, a fortaleza
Que deixo à Índia a defender-lhe a sorte.
   
Morro de mal com todos que servi,
Porque eu servi o Rei e o povo todo.
Morro quase sem mancha, que não vi
Alma sem mancha à tona deste lodo.
   
De Oeste a Leste a Índia fica vossa;
De Oeste a Leste o vento da traição
Sopra com força para que não possa
O Rei de Portugal tê-la na mão.
   
Em Deus e em mim o império tem raízes
Que nem um furacão pode arrancar...
Em Deus e em mim, que temos cicatrizes
Da mesma lança que nos fez lutar.
   
Em mais alguém, Senhor, em mais ninguém
O meu sonho cresceu e avassalou
A semente daninha que de além
A tua mão, Senhor, lhe semeou.
   
Por isso a Índia há de acabar em fumo
Nesses doirados paços de Lisboa;
Por isso a pátria há de perder o rumo
Das muralhas de Goa.
   
Por isso o Nilo há de correr no Egito
E Meca há de guardar o muçulmano
Corpo dum moiro que gerou meu grito
De cristão lusitano.
      
Por isso melhor é que chegue a hora
E outra vida comece neste fim...
Do que fiz não cuido agora:
A Índia inteira falará por mim.

    
    
  

in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga

Mariza celebra hoje 52 anos

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Marisa dos Reis Nunes (Lourenço Marques, atual Maputo, Moçambique, 16 de dezembro de 1973) é o nome de nascimento da fadista portuguesa Mariza, segundo ela própria corrige na TSF à conversa com Carlos Vaz Marques em 2003, «cantadeira de fados».
Tem sido presença regular em palcos como o Carnegie Hall, em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, o Lobero Theater, em Santa Bárbara, a Salle Pleyel, em Paris, a Ópera de Sydney ou o Royal Albert Hall. O jornal britânico The Guardian considerou-a «uma diva da música do mundo».
 
         
in Wikipédia

quinta-feira, dezembro 11, 2025

Maria Leopoldina, Imperatriz do Brasil e (breve) Rainha de Portugal, morreu há 199 anos...

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D. Maria Leopoldina e seus filhos (ao colo, o futuro Imperador D. Pedro II do Brasil e, do lado esquerdo, de caracóis castanhos, a futura Rainha D. Maria II de Portugal)

Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, em alemão: Caroline Josepha Leopoldine Franziska Ferdinanda von Habsburg-Lothringen (Viena, 22 de janeiro de 1797 - Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1826) que, no Brasil, passou a assinar Maria Leopoldina e Leopoldina, foi arquiduquesa da Áustria, primeira imperatriz-consorte do Brasil, regente do Brasil em setembro de 1821, e, durante oito dias, em 1826, rainha consorte de Portugal.
  
   
in Wikipédia

terça-feira, dezembro 09, 2025

José Rodrigues Miguéis nasceu há 124 anos...

    
José Claudino Rodrigues Miguéis
(Lisboa, 9 de dezembro de 1901 - Nova Iorque, 27 de outubro de 1980) foi um escritor português.
 

Nascido no número 12 da Rua da Saudade, no bairro típico de Alfama, passou a sua infância e juventude em Lisboa, recordações que marcarão a sua futura obra. Nasceu a 9 de dezembro de 1901 e foi batizado, na igreja de Santiago, a 21 de setembro de 1902, como filho de D. Manuel Migueis Pombo, um empregado galego natural de Borbén, província de Pontevedra, e D. Adelaide Rodrigues Migueis, doméstica, natural da freguesia e concelho de Góis.

Ainda em Lisboa viria a formar-se em Direito, em 1924. Em 1925, foi delegado do procurador da República em Setúbal. De novo em Lisboa, foi professor de História e Geografia no Liceu Gil Vicente. Consagrou a sua vida à Literatura e à Pedagogia. Em 1929, vai para Bruxelas, onde vem a licenciar-se, em 1933, em Ciências Pedagógicas na Universidade Livre de Bruxelas com uma bolsa da Junta de Educação Nacional, tendo posteriormente dirigido, com Raul Brandão, um conjunto inacabado de Leituras Primárias, obra que nunca viria a ser aprovada pelo governo. Em Bruxelas, conheceu a primeira mulher, a professora Pesea Cogan Portnoi (Chisinau, circa 1909), filha de Silinna Cogan Portnoi e de Risca Lura, naturais de Quixinau, com quem casou civilmente, em Lisboa, a 22 de setembro de 1932. Por sentença de 24 de fevereiro de 1940, os dois divorciaram-se litigiosamente, a requerimento de José Rodrigues Miguéis.

José Rodrigues Miguéis pertenceu ao chamado grupo Seara Nova, ao lado de grandes autores como Jaime Cortesão, António Sérgio, José Gomes Ferreira, Irene Lisboa ou Raul Proença. Colaborou em diversos jornais como O Diabo, Diário Popular, Diário de Lisboa e República. Em 1931, após polémica interna, afasta-se do grupo Seara Nova. Em 1932, estreou-se como escritor com a novela Páscoa Feliz, que recebeu o Prémio Literário da Casa da Imprensa. Novamente em Lisboa vindo de Bruxelas, foi, juntamente com Bento de Jesus Caraça, diretor de O Globo, semanário que viria a ser proibido pela censura em 1933. Segundo os linguistas Óscar Lopes e António José Saraiva, a sua obra pode ser considerada como realismo ético, sendo claras as influências de autores como Dostoiévsky ou o seu amigo Raul Brandão. De resto, parecem claras nas suas primeiras obras as influências estéticas da Presença, podendo ler-se nas entrelinhas das suas obras simpatias com as temáticas neo-realistas portuguesas. Segundo António Ventura, José Rodrigues Miguéis tinha aderido ao Partido Comunista Português nos anos trinta, antes de emigrar para os EUA, em 1935, e viria a ser nomeado representante do PCP junto do PCEUA.  Tem obras traduzidas em inglês, italiano, alemão, russo, checo, francês e polaco. Herdando do pai as ideias republicanas e progressistas, cedo entrou em conflito com o Estado Novo, o que acabaria por levá-lo ao exílio para os Estados Unidos a partir de 1935, onde fundou, em Nova Iorque, o Clube Operário Português. Nos Estados Unidos, trabalhou como tradutor e redator das Selecções do Reader's Digest. A 6 de junho de 1940, casou segunda vez, em Nova Iorque, com Camilla Pitta Campanella, uma cidadã luso-americana.

Desde essa altura até à sua morte apenas voltaria pontualmente a Portugal, não passando no seu país natal períodos superiores a três anos. Em 1942, viria a adquirir a nacionalidade americana. Entre 1949 e 1950, viveu no Rio de Janeiro. Em 1960, estando em Portugal desde 1957, recebeu o Prémio Camilo Castelo Branco, da Sociedade Portuguesa de Escritores, pela sua obra Léah e Outras Histórias. Em 1961 foi eleito membro da Hispanic Society of America e, em 1976, tornou-se membro da Academia das Ciências de Lisboa. Um ano antes do seu falecimento foi agraciado, a 3 de setembro de 1979, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.  Morreu em Nova Iorque, a 27 de outubro de 1980, vítima de ataque cardíaco, tendo o seu corpo sido cremado em Manhattan. Em 1982, a sua viúva traz as cinzas para Lisboa, onde as depositou num monumento fúnebre em honra de José Rodrigues Miguéis, no Cemitério do Alto de São João. Mário Neves publicou uma biografia sua em 1990.

        
Obras
  • Páscoa feliz (Novela), 1932;
  • Onde a noite se acaba (Contos e Novelas), 1946;
  • Saudades para Dona Genciana (Conto), 1956;
  • O Natal do clandestino (Conto), 1957;
  • Uma aventura inquietante (Romance), 1958;
  • Léah e outras histórias (Contos e Novelas), 1958;
  • Um homem sorri à morte com meia cara (Narrativa), 1959;
  • A escola do paraíso (Romance), 1960;
  • O passageiro do Expresso (Teatro), 1960;
  • Gente da terceira classe (Contos e Novelas), 1962;
  • É proibido apontar. Reflexões de um burguês - I (Crónicas), 1964;
  • A Múmia, 1971;
  • Nikalai! Nikalai! (Romance), 1971;
  • O espelho poliédrico (Crónicas), 1972;
  • Comércio com o inimigo (Contos), 1973;
  • As harmonias do "Canelão". Reflexões de um burguês - II (Crónicas), 1974;
  • O milagre segundo Salomé, 2 vols. (Romance), 1975;
  • O pão não cai do céu (Romance), 1981;
  • Passos confusos (Contos), 1982;
  • Arroz do céu (Conto), 1983;
  • O Anel de Contrabando, 1984;
  • Uma flor na campa de Raul Proença, 1985;
  • Idealista no mundo real, 1991;
  • Aforismos & desaforismos de Aparício, 1996.
    

domingo, dezembro 07, 2025

Suharto, o ditador da Indonésia, iniciou um genocídio em Timor-Leste há cinquenta anos...

       

A invasão indonésia de Timor-Leste, conhecida na Indonésia como Operação Lotus (em indonésio: Operasi Seroja), começou em 7 de dezembro de 1975, quando os militares indonésios, com o apoio político e militar dos EUA, invadiram Timor-Leste sob o pretexto de anticolonialismo e anticomunismo. O derrube de um breve governo popular, liderado pela Fretilin, provocou uma ocupação violenta durante um quarto de século em que entre aproximadamente 80.000 a 200.000 soldados e civis se estima terem sido mortos, tendo sido exterminado um quinto da população. A maioria das fontes considera que a invasão Indonésia em Timor -Leste constituiu um genocídio.

Durante os primeiros anos da ocupação, os militares indonésios enfrentaram forte resistência no interior montanhoso da ilha, mas a partir de 1977-1978, os militares adquiriram armamento moderno dos Estados Unidos, Austrália e outros países, para destruir o grupo rebelde.  No entanto, nas duas últimas décadas do século XX viu-se contínuos embates entre grupos indonésios e timorenses sobre o estatuto de Timor- Leste; até que, os violentos confrontos em 1999, levariam à intervenção da ONU pela Missão das Nações Unidas em Timor-Leste e a realização de um referendo em que os timorenses votaram pela independência, ocorrida em 2002.

   

sábado, dezembro 06, 2025

El-Rei D. Afonso Henriques morreu há 840 anos...

Monumento a D. Afonso Henriques, bronze, Guimarães
   
El-Rei D. Afonso I de Portugal, mais conhecido por D. Afonso Henriques (Guimarães, Coimbra ou Viseu, circa 1109 - Coimbra, 6 de dezembro de 1185) foi o fundador do Reino de Portugal e o seu primeiro rei, com o cognome de O Conquistador, O Fundador ou O Grande, pela fundação do reino e pelas muitas conquistas. Era filho de D. Henrique de Borgonha e de D.ª Teresa de Leão, condes de Portucale, um condado vassalo do reino de Leão.
   

 

in Wikipédia

 

 (imagem daqui)

 

D. Afonso Henriques 

 

Pai, foste cavaleiro. 

Hoje a vigília é nossa. 

Dá-nos o exemplo inteiro 

E a tua inteira força! 

 

Dá, contra a hora em que, errada, 

Novos infiéis vençam, 

A bênção como espada, 

A espada como bênção! 

 

   

in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Fernando Pessoa publicou há 91 anos a Mensagem...

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ac/Mensagem_1934.jpg

Mensagem é o mais célebre dos livros do poeta português Fernando Pessoa, e o único que ele publicou em vida, se descontarmos os livros de poemas em inglês. Composto por 44 poemas, foi chamado pelo poeta de "livro pequeno de poemas". Publicado em 1934 pela Parceria António Maria Pereira, o livro foi contemplado no mesmo ano com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, o jovem editor de Orpheu, revista trimestral de literatura, de que saíram 2 números em 1915.

Publicada apenas um ano antes da morte do autor, a obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apológica e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os descobrimentos portugueses. É apontando as virtudes portuguesas que Fernando Pessoa acredita que o país deva se "regenerar", ou seja, tornar-se grande como foi no passado através da valorização cultural da nação. O poema mais famoso do livro é Mar Português.

O título original do livro era Portugal. Influenciado por um amigo, Pessoa considera "Mensagem" um título mais apropriado, pelo nome "Portugal" se encontrar "prostituído" no mais comum dos produtos. Pessoa constrói a palavra "mensagem" a partir da expressão latina: Mens agitat molem, isto é, "A mente move a matéria", frase da história de Eneida, de Virgílio, dita pela personagem Anquises quando explica a Enéias o sistema do Universo. Pessoa não utiliza o sentido original da frase, que denotava a existência de um princípio universal de onde emanavam todos os seres.

Segundo uma carta datada de 13 de janeiro de 1935 a Adolfo Casais Monteiro, Mensagem foi o primeiro livro que o poeta conseguiu completar. Pessoa mesmo explica que esse facto demonstra o porquê de não ter publicado outro livro como a prosa de um de seus heterónimos ou a poesia em seu próprio nome.

Numa carta de 1932 de Pessoa a João Gaspar Simões, o seu primeiro biógrafo, vemos que a intenção do poeta era publicar primeiramente a Mensagem para somente mais tarde divulgar outras obras como o Livro do Desassossego, do semi-heterónimo Bernardo Soares, e a poesia dos heterónimos.

Foi publicado primeiramente a 1 de dezembro de 1934, com edição da Parceria António Maria Pereira, em Lisboa. A segunda edição, de 1941, possui correções feitas por Pessoa à primeira edição e foi editada pela Agência Geral das Colónias.

Um mês após a sua primeira publicação, ganhou o prémio na segunda categoria do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) que o premiou com o mesmo valor em dinheiro da primeira categoria.



NOTA: para uma melhor compreensão desta Opus Magna da literatura portuguesa, três sugestões:

 

NEVOEIRO

 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,

Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra

Que é Portugal a entristecer —

Brilho sem luz e sem arder

Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

                                 Valete, Fratres.

 

domingo, novembro 30, 2025

Porque hoje é preciso recordar um Poeta...

Retrato de Fernando Pessoa, 1954, óleo sobre tela de Almada Negreiros

 

Deus 

    

Às vezes sou o Deus que trago em mim 

E então eu sou o Deus e o crente e a prece 

E a imagem de marfim 

Em que esse deus se esquece. 

 

Às vezes não sou mais do que um ateu 

Desse deus meu que eu sou quando me exalto. 

Olho em mim todo um céu 

E é um mero oco céu alto. 

 

 

Fernando Pessoa

Hoje é dia de recordar um dia triste para a Poesia...

 

A ÚLTIMA NAU

 

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

E erguendo, como um nome, alto o pendão

Do Império,

Foi-se a última nau, ao sol aziago

Erma, e entre choros de ânsia e de pressago

Mistério.

    

Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Voltará da sorte incerta

Que teve?

Deus guarda o corpo e a forma do futuro,

Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro

E breve.

     

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minha alma atlântica se exalta

E entorna,

E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço.

Vejo entre a cerração teu vulto baço

Que torna.

       

Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora

Mistério.

Surges ao sol em mim, e a névoa finda:

A mesma, e trazes o pendão ainda

Do Império.

 

 

in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

quinta-feira, novembro 27, 2025

Roberto Leal nasceu há 74 anos...

       
Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes (Vale da Porca, 27 de novembro de 1951São Paulo, 15 de setembro de 2019) foi um cantor, compositor e ator português radicado no Brasil. Era considerado embaixador da cultura portuguesa no Brasil. Ao longo da carreira de mais de 45 anos, ganhou trinta discos de ouro, além de cinco de platina e quinhentos troféus e de acordo com diferentes fontes suas vendas totais somam 15 milhões ou até 25 milhões, é um cantor, compositor e ator português radicado no Brasil.
Devido a seu sucesso, alcançado na década de 70, apresentava-se como um embaixador da cultura portuguesa no Brasil.
Roberto Leal vendeu mais de 17 milhões de discos e ganhou cerca de 30 discos de ouro e 5 de platina.
  

quarta-feira, novembro 26, 2025

Luís de Freitas Branco morreu há setenta anos...

(imagem daqui)
     
Luís Maria da Costa de Freitas Branco (Lisboa, 12 de outubro de 1890 - Lisboa, 27 de novembro de 1955) foi um compositor português e uma das mais importantes figuras da cultura portuguesa do século XX.
      
Biografia

Educado no meio do bairro, cedo tomou contacto com a música, aprendendo violino e piano. Aos 14 anos compôs canções que atingiram grande popularidade. Aos 17 anos iniciou a crítica musical no "Diário Ilustrado". Estudou também órgão.

Em 1910 viajou até Berlim para estudar composição, música antiga e metodologia da história da música. Em Maio de 1911 foi para Paris, onde conheceu Claude Debussy e a estética do Impressionismo. Em 1915 participou nas Conferências da Liga Naval sobre a "Questão Ibérica", promovidas pelo Integralismo Lusitano. Em 1916, foi nomeado professor no Conservatório de Lisboa, de que foi subdiretor entre 1919 e 1924; foi professor de, entre outros, Joly Braga Santos e Maria Campina. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas A Arte Musical (1898-1915), Música (1924-1925), nomeadamente o artigo "Guitarras Portuguesas" publicado no nº 2, de 1 de Setembro de 1924, e nos Anais das bibliotecas, arquivo e museus municipais (1931-1936).

Desenvolveu atividade em diversos domínios da vida cultural.

Manteve estreitas relações com diversas figuras, como Alberto Monsaraz, António Sardinha, Hipólito Raposo, Bento de Jesus Caraça e António Sérgio.

A 5 de outubro de 1930 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

A partir de 1940 foi acusado de "irreverente" por se comportar de maneira "imprópria" nas aulas e por factos da vida familiar, sendo constituído arguido num processo do qual resultaria a sua suspensão como docente no Conservatório. Realizou então palestras na Emissora Nacional e manteve tertúlias com um grupo de discípulos.

Foi demitido da Emissora Nacional em 4 maio de 1951 acusado de ter usado uma gravata vermelha no dia seguinte à morte do presidente Óscar Carmona, mas segundo o testemunho de Nuno Barreiros e Maria Helena de Freitas, a gravata que usara não era vermelha, mas sim de xadrez com um padrão em que o vermelho não era a cor preponderante.

Está sepultado no cemitério dos Prazeres em Lisboa.

Era irmão do maestro português Pedro de Freitas Branco.

Desposou Estela Diniz de Ávila e Sousa, não tendo havido descendentes deste casamento.

Teve um filho de Maria Clara Dambert Filgueiras, de ascendência franco-belga: João de Freitas Branco.

 

segunda-feira, novembro 24, 2025

Saudades de Michel Giacometti...

Michel Giacometti morreu há trinta e cinco anos...

  
Michel Giacometti (Ajaccio, Córsega, 8 de janeiro de 1929 - Faro, 24 de novembro de 1990) foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal.

(...)
 
Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa após visitar o Museu do Homem em Paris. Veio viver para Portugal em 1959 quando soube que tinha tuberculose.
Acaba por se fixar em Bragança. Fundou os Arquivos Sonoros Portugueses em 1960. Percorreu o país nas décadas seguintes, até 1982, tendo gravado cantores e músicas tradicionais que o povo cantava no seu quotidiano.
Com Fernando Lopes Graça lançou a "Antologia da Música Regional Portuguesa", os conhecidos discos de sarapilheira, editados pela Arquivos Sonoros Portugueses em cinco volumes.
A partir de 1970 apresentou na RTP, durante três anos, o programa "Povo que Canta", realizado por Alfredo Tropa.
Em 1981 foi editado, pelo Círculo de Leitores, o "Cancioneiro Popular Português" que contou com a colaboração de Fernando Lopes Graça.
Em 1987 foi inaugurado em Setúbal o Museu do Trabalho. O museu teve importante colaboração de Giacometti na elaboração da exposição "O Trabalho faz o Homem".
Morreu em Faro no dia 24 de novembro de 1990. Está sepultado na pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo.
Em 1991, o Museu do Trabalho de Setúbal, com uma vasta coleção de instrumentos agrícolas e objectos do quotidiano recolhidos por Giacometti, passou a denominar-se Museu do Trabalho Michel Giacometti. A reabertura foi em 18 de Maio de 1995. O seu espólio encontra-se também noutros museus, como o Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, o Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda o Museu Nacional de Etnologia. 

Giacometti, «o andarilho», o «senhor de cabelo e barbas brancas que chegava de burro», morre em Faro no dia 24 de novembro de 1990. Está sepultado, por vontade sua, transmitida ao dirigente do Partido Comunista Português Octávio Pato, na terra seca da pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo. Algum do espólio de Giacometti pode encontrar-se também noutros locais, como no Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, no Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda no Museu Nacional de Etnologia.

Ilustrando noutra perspetiva os méritos do seu trabalho, é realizado em 1997 o documentário Polifonias - Pace é Saluta, Michel Giacometti, de Pierre-Marie Goulet. A 9 de junho de 2002, foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2004 é lançado o livro "Michel Giacometti - caminho para um museu", aquando de uma exposição organizada pela Câmara Municipal de Cascais. Em 2005 tem lugar na Córsega, no Festival Cantares de Mulheres e Instrumentos do Mundo, uma homenagem a Michel Giacometti, que conta com a participação de Amélia Muge, Gaiteiros de Lisboa e Mafalda Arnauth. Ilustrando ainda tal trabalho, é inaugurada a exposição "O Campo e o Canto" com fotografias de António Cunha. O setor intelectual de Coimbra do Partido Comunista Português organiza um "Reencontro com Giacometti", num ciclo de comemorações, entre janeiro e outubro de 2009, cinquenta anos após a sua chegada a Portugal e oitenta depois do seu nascimento. É iniciado em 2016 o Projeto Michel Giacometti, homenagem prestada pelo grupo português Quarteto ARTEMSAX.
 

 

sexta-feira, novembro 21, 2025

João Ricardo, músico luso-brasileiro dos Secos e Molhados, faz hoje 76 anos

        
João Ricardo (Arcozelo, 21 de novembro de 1949) é um cantor e compositor nascido em Portugal e radicado no Brasil. É filho do poeta e jornalista João Apolinário Teixeira Pinto, nascido em Belas, a 18 de janeiro de 1924 e falecido em 22 de outubro de 1988, e da esteticista Maria Fernanda Gonçalves Talline Carneiro Teixeira Pinto, nascida em 16 de julho de 1924.
Gémeo, a sua irmã Maria João morre três dias após o nascimento, mas, dois anos depois, ganha outra irmã, Maria Gabriela. Na infância foi fortemente influenciado pelo rock desde cedo, em especial o francês, através do grupo Les Chats Sauvages e Johnny Halliday, além do maior de todos, Elvis Presley. Conhece a música brasileira através de Miltinho e Doris Monteiro, discos que seu pai tinha em casa. Em 1963 toma contacto com o que viria a determinar a sua opção pela música: The Beatles.
Tinha catorze anos na época e viu-se envolvido com a música brasileira de imediato. Cedo começou a escrever letras para músicas de um vizinho, que o levou a aprender viola para fazer as suas próprias. A partir dos dezassete ou dezoito anos compôs algumas das que viriam a se tornar clássicos da banda seminal que fundou, os Secos & Molhados.
  
 

sábado, novembro 15, 2025

Frederico de Freitas nasceu há 123 anos...

(imagem daqui)

Frederico Guedes de Freitas (Lisboa, 15 de novembro de 1902 - Lisboa, 12 de janeiro de 1980) foi um compositor, chefe de orquestra, musicólogo e pedagogo. 
    
 

terça-feira, novembro 11, 2025

A mãe de Afonso Henriques morreu há 895 anos...

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Teresa de Leão, condessa de Portugal, em galaico-português: Tarasia ou Tareja de Portucale, mais conhecida em Portugal apenas por Dona Teresa (1080 - 11 de novembro de 1130, na Póvoa do Lanhoso ou Mosteiro de Montederramo).
   

segunda-feira, novembro 10, 2025

Poema para recordar Álvaro Cunhal...

(imagem daqui)

 
Os presídios - III
 

Mas,
português da rua,
entre nós,
que ninguém nos escuta,
sabes
onde
está Álvaro Cunhal?
Sabes a ausência,
ou alguém o sabe,
do valente
Militão?
Moça portuguesa,
passas como que bailando
pelas ruas
rosadas de Lisboa,
mas,
sabes onde caiu Bento Gonçalves,
o português mais puro,
honra de teu mar e de tua areia?
Sabes
que existe uma ilha,
a Ilha do Sal
e que nela o Tarrafal
verte sombra?
Sim, tu sabes, moça,
rapaz, sim, tu bem o sabes.
Em silêncio
a palavra
anda com lentidão mas percorre
não só Portugal mas toda Terra.
Sim, sabemos,
em remotos países,
que há trinta anos
uma lápide
espessa como túmulo ou como túnica,
de clerical morcego,
afoga Portugal, teu triste canto,
salpica tua doçura,
com gotas de martírio
e mantém as suas cúpulas de sombra.


in
Las uvas y el viento (1954) - Pablo Neruda

Álvaro Cunhal nasceu há cento e doze anos...

    
Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de novembro de 1913 - Lisboa, 13 de junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um resistente ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido, o Partido Comunista Português.

Devido aos seus ideais comunistas e à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo, esteve preso em 1937, 1940 e 1949-1960, num total de 13 anos, 8 dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare. A 3 de janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da influência que já nessa altura detinha no movimento comunista internacional. Neste encontro, mostrou-se um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou, de braço dado, com Mário Soares, por Lisboa, como forma de ambos comemorarem o início da Democracia em Portugal, pois mesmo que divergissem ideologicamente, apoiavam um Portugal livre e democrático.
Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral, a 15 de junho, participaram mais de 250.000 pessoas, segundo o PCP. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de dezembro de 1960.
Álvaro Cunhal ficou na memória de todos como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.