O
pogrom de Sumgait (também conhecido como
massacre de Sumgait) teve lugar no final de fevereiro de 1988, no subúrbio industrial homónimo situado ao norte da capital do
Azerbaijão,
Baku, e está intimamente ligado com o movimento
secessionista do
Nagorno-Karabakh - que acabaria por levar à
guerra, entre
arménios e
azeris, em 1992.
A 22 de fevereiro de 1988 nas proximidades da vila de Askeran (em Nagorno-Karabakh, na estrada que liga Agdam a Stepanakert),
um confronto entre membros destes grupos terminou em violentos
incidentes que deixaram cerca de 50 arménios feridos. Durante os
combates, um polícia local, supostamente arménio, alvejou mortalmente dois jovens azeris. Dias depois, a 27 do mesmo mês, enquanto falava na televisão central de Baku, o delegado do ministério público soviético Alexander Katusev mencionou a nacionalidade dos feridos.
O conflito de Askeran foi o prelúdio para os pogroms
de Sumgait, onde os ânimos, já exaltados pelas notícias acerca da crise
em Karabakh, exaltaram-se ainda mais numa série de protestos iniciados
a 27 de fevereiro. Falando em comício, refugiados azeris da vila
arménia de Ghapan acusaram os arménios de "assassínios e atrocidades incluindo o rapto de mulheres a quem cortaram os seios". Posteriormente provou-se que estas alegações eram falsas e que muitos dos oradores eram afinal agentes provocadores. Poucas horas depois da intervenção, iniciou-se um pogrom dirigido contra os residentes arménios na cidade de Sumgait, situada a 25 quilómetros a norte
de Baku, onde residia uma comunidade de aproximadamente 2.000
refugiados azeris provenientes da Arménia. Gangues azeris armadas
atacaram os bairros arménios, desencadeando uma caçada humana que durou
dois dias e só esmoreceu após a chegada das forças de segurança, no dia
28 de fevereiro, à noite. O resultado do pogrom foi a morte de 32 pessoas, de acordo com as pobres estatísticas
soviéticas oficiais. Os arménios foram espancados, violados e
assassinados nas ruas e apartamentos em que viviam, durante três dias de
violência que só terminaram quando as forças armadas da União Soviética entraram na cidade e, a 1 de março, conseguiram controlar a situação.
A forma como os arménios foram assassinados causou grande
indignação aos seus compatriotas, que consideraram que o pogrom tinha
sido avalizado pelas autoridades soviéticas, visando intimidar os
membros do movimento de Nagorno-Karabakh. A violência tornou a aumentar
depois dos acontecimentos de Sumgait, até que Gorbachev decidiu
finalmente intervir, enviando à Arménia tropas do Ministério do Interior,
em setembro de 1988. Em outubro do ano seguinte, estimavam-se em mais
de 100 as pessoas assassinadas desde que a ideia da unificação tinha
nascido, em fevereiro de 1988. Todos estes eventos foram esquecidos temporariamente depois de um grande sismo - o terramoto de Spitak - ter assolado as cidades de Leninakan (atualmente Gyumri) e Spitak, a 7 de dezembro de 1989, provocando a morte de mais de 25.000 pessoas.
As tentativas de Gorbachev para estabilizar a região revelaram-se
infrutíferas, dada a intransigência de ambos os lados. Os arménios não
se conformaram com a promessa do governo central de destinar 400 milhões
de rublos para revitalizar a língua arménia,
criando livros escolares e um canal de televisão para Karabakh,
enquanto os azeris não estavam dispostos a ceder qualquer território à
Arménia. Além do mais, os onze membros que compunham o recém-formado Comité de Karabakh (do qual participava o futuro presidente da Arménia, Levon Ter-Petrosian) foram detidos por ordem do Kremlin durante o caos que seguiu ao terramoto. Essas ações polarizaram as relações entre Moscovo
e os arménios, visto estes últimos terem perdido a sua fé em Gorbachev,
condenando-o ainda mais pela má condução da ajuda às vítimas do
terramoto e por sua falta de empenho em tratar a questão do
Nagorno-Karabakh.
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