Considerado como o maior guerreiro português de sempre e um génio
militar. Comandou forças em número inferior ao inimigo e venceu todas as
batalhas que travou. É o patrono da infantaria portuguesa.
Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «
Os Lusíadas», chamando-lhe o
"forte Nuno" e logo no primeiro canto (12ª estrofe) é evocada a figura de São Nuno, ao dizer
"por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço" e no canto oitavo, estrofe 32, 5.º verso:
"Ditosa Pátria que tal filho teve".
(...)
Em 1401 dá-se o casamento entre o futuro duque de Bragança, D.
Afonso, com a filha de D. Nuno, D.
Beatriz.
Participou na conquista de
Ceuta
em 1415 e foi convidado pelo rei a comandar a guarnição que lá ia
ficar. O condestável recusou, pois desejava abandonar a vida militar e
abraçar a religiosa.
Antes de entrar no convento, distribuiu os bens pelos netos. A sua neta D.
Isabel, casou-se com o infante
D. João, futuro Condestável.
O convento do Carmo deu aos frades carmelitas, assim como os bens que
lhe restavam. Ao tornar-se frei Nuno, abdicou do título de conde e de
Condestável e pretendeu ir pelas ruas pedir esmola, o que assustou o rei
e este pediu ao infante
D. Duarte
que tinha muita admiração por Nuno, convencê-lo a não fazer tal coisa.
O infante convenceu frei Nuno a apenas aceitar esmola do rei, o que
foi aceite.
Do seu casamento com Leonor de
Alvim,
o Condestável teve três filhos, dois rapazes que morreram jovens, mas
apenas uma filha chegou à idade adulta e teve descendência,
Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de
D. Afonso, o 1.º
Duque de Bragança, dando origem à
Casa de Bragança,
que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde. Não obstante, a
primogenitura, a descendência direta e a representação genealógica do
Condestável pertence aos
Marqueses de Valença, por o 1.º Marquês de Valença e 4.º
Conde de Ourém (por doação direta de seu avô materno),
Afonso de Bragança, ser o filho primogénito de sua mãe, Beatriz Pereira de Alvim, primeira esposa do 1.º Duque de Bragança, D. Afonso.
(...)
Após a morte da sua mulher, tornou-se
carmelita (entrou na Ordem em 1423, no
Convento do Carmo,
que mandara construir como cumprimento de um voto). Toma o nome de
Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de
Novembro de 1431, com 71 anos, rodeado pelo rei e os infantes.
Percorria as ruas de Lisboa e distribuía esmolas a quem precisava. No
convento tinha um grande caldeirão usado pelos seus homens nas
campanhas militares, onde se faziam refeições para os pobres. Estas
acções levaram o povo a chamá-lo de
Santo Condestável.
Durante o seu último ano de vida, o Rei
D. João I
fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno
Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e
salvara a independência de Portugal.
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no
Terramoto de 1755. O seu epitáfio era:
Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima
Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua
vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da
morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas
foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe,
mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde
descansa o seu corpo.
Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao
Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado
qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno
terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua
cota de malha,
indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que
necessário e declarando que "se el-rei de Castela outra vez movesse
guerra a Portugal, serviria ao mesmo tempo a religião que professava e a
terra que lhe dera o ser".
Conta-se também que no inicio da sua vida monástica, em 1425 correra em
Lisboa o boato de que Ceuta estaria em risco de ser apresada pelos
Mouros. De imediato Frei Nuno manifesta a sua vontade em fazer parte da
expedição que iria acudir a Ceuta. Quando o tentaram dissuadir,
apontando a sua figura alquebrada pelos anos e por tantas canseiras,
pegou numa lança e disse:
"Em África a poderei meter, se tanto for mister!"
(daqui nasceu a expressão "meter uma lança em África", no sentido de
se vencer uma grande dificuldade). Atirou a lança do varandim do
convento, que atravessou todo o Vale da Baixa de Lisboa, indo cravar-se
numa porta do outro lado do Rossio.