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terça-feira, novembro 25, 2025

Yukio Mishima suicidou-se há cinquenta e cinco anos...

   

Yukio Mishima (Tóquio, 14 de janeiro de 1925 - Tóquio, 25 de novembro de 1970) é o nome artístico utilizado por Kimitake Hiraoka, novelista e dramaturgo japonês mundialmente conhecido por romances como O Templo do Pavilhão Dourado e Cores Proibidas. Escreveu mais de 40 novelas, poemas, ensaios e peças modernas de teatro Kabuki e Nô.

  

Origens
Kimitake Hiraoka nasceu no dia 14 de janeiro de 1925, em Tóquio. Teve uma infância problemática marcada por eventos que mais tarde influenciariam fortemente a sua literatura. Ainda criança foi separado dos seus pais e passou a viver com a avó paterna, uma aristocrata ainda ligada à Era Tokugawa. A avó mal deixava a criança sair de sua vista, de forma que Kimitake teve uma infância isolada. Muitos biógrafos de Mishima acreditam emergir desta época seu interesse pelo Kabuki e a sua obsessão pelo tema da morte.
Aos doze anos Kimitake voltou a viver com os pais e começou a escrever suas primeiras histórias. Matriculou-se num colégio de elite em Tóquio. Seis anos depois, publicou numa revista literária um conto que posteriormente foi editado em livro. O seu pai, um funcionário burocrático do governo, era totalmente contra as suas pretensões literárias. Nessa época adotou o pseudónimo Yukio Mishima, em parte para ocultar seus trabalhos literários do conhecimento paterno. Foi recrutado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, porém ficou fora das linhas de frente por motivos físicos e de saúde. Este facto tornou-se depois fator de grande remorso para Mishima que testemunhou a morte dos seus compatriotas e perdeu a oportunidade de ter uma morte heroica. Forçado pelo pai, matriculou-se na Universidade de Tóquio, onde se formou em Direito. Após a licenciatura conseguiu um emprego promissor no Ministério das Finanças. No entanto, tornou-se tão desgostoso que, por fim, convenceu o pai a aceitar a sua carreira literária. O seu pai, um sujeito rude e disciplinador, teria dito que, já que era para ser escritor, era melhor ele se tornar o melhor escritor que o Japão já viu.
  
Início da carreira literária  
Mishima tinha 24 anos quando publicou Confissões de Uma Máscara, uma história com sabores autobiográficos de um jovem talento homossexual que precisa se esconder atrás de uma máscara para evitar a sociedade. O romance acabou alcançando um tremendo sucesso literário, o que levou Mishima a tornar-se uma celebridade, seguindo-se-lhe outras publicações e traduções, de forma a ficar internacionalmente conhecido. Yukio Mishima concorreu a três Prémios Nobel de literatura, sendo o último deles concedido ao seu amigo, Yasunari Kawabata, que o introduziu nos círculos literários de Tóquio nos anos 40.
Depois da publicação de Confissões de Uma Máscara, Mishima adquire uma postura mais realista e ativa, tentando deixar para trás o jovem frágil e obsessivo. Começa a praticar artes marciais e alista-se no Exército de Auto-Defesa japonês, onde, um ano depois, forma o Tatenokai (Sociedade da Armadura), uma entidade de extrema direita, composta de jovens estudantes de artes marciais que estudavam o Bushido sob a disciplina e tutela de Mishima. Casou-se em 1958 com Yoko Sugiyama, tendo com ela um filho e uma filha. Nos últimos dez anos de sua vida, atuou como ator em filmes e co-dirigiu uma adaptação duma das suas histórias.
     
 
Tentativa de golpe de estado e seppuku
 
Em 25 de novembro de 1970, Yukio Mishima, acompanhado de 4 membros do Tatenokai tentaram forçar a  rendição do comandante do quartel general das Forças de Auto-Defesa japonesas em Tóquio. Ele realizou um discurso patriótico, na tentativa de persuadir os soldados do quartel a restituírem ao Imperador todos os seus poderes. Notando a indiferença dos soldados, Yukio Mishima cometeu seppuku, sendo assistido por Hiroyasu Koga, uma vez que Masakatsu Morita, o seu amante, falhou no momento final.
“A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.
Acredita-se que Mishima tenha preparado o seu suicídio  durante um ano. Segundo John Nathan, seu biógrafo, tradutor e amigo, ele teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever O Mar da Fertilidade.
           

sábado, novembro 22, 2025

Saudades de Michael Hutchence...

Michael Hutchence, o vocalista dos INXS, morreu há vinte e oito anos...

 
  
Michael Kelland John Hutchence (Sydney, 22 de janeiro de 1960 - Sydney, 22 de novembro de 1997) foi um músico australiano que ficou conhecido mundialmente como vocalista da banda de pop rock INXS.
   
(...)  

Michael falou com a ex-namorada Michelle Bennett, com quem combinou um almoço no dia seguinte. Michelle passou logo de manhã, no dia 22, no quarto de Michael, mas presumiu que este estava dormindo, já que não obteve resposta deste. Foi uma empregada que abriu a porta e encontrou Michael sem vida, logo após. Ele havia morrido enforcado com o próprio cinto, preso à maçaneta da porta. Apesar de suspeita de asfixia autoerótica, a versão oficial diz que se enforcou com um cinto. Segundo Rhett, irmão de Michael, o quarto estava todo revirado. O pai de Michael, Kelland Hutchence, ficou sabendo da morte do filho por um telefonema de uma rede de TV. Paula logo viajou para a Austrália com a filha Tiger.

A cerimónia ocorreu na igreja de Santo André, em Sydney, com transmissão nacional. Milhares de pessoas acompanharam do lado de fora da catedral. O caixão de Michael foi coberto por flores (Iris) e uma única tigerlily (lírio), representando a filha. Ele foi cremado e parte das cinzas foram espalhadas em Sydney.

   
 

segunda-feira, novembro 10, 2025

Torquato Neto morreu há cinquenta e três anos...

(imagem daqui)
 
 
 
Era um pacato cidadão de roupa clara

   

era um pacato cidadão de roupa clara

seu terno, sua gravata lhe caíam bem

seu nome, que eu me lembre, era ezequias

casado, vacinado e sem ninguém.

brasileiro e eleitor, seu ezequias

reservista de terceira e com família

três filhos, prestações e alguns livros

(enciclopédias e biografias).

era um pacato cidadão de roupa clara

era um homem de bem que eu conhecia

cumpria seus deveres, trabalhava

chegava cedo em casa de madrugava

lutando pelo pão de cada dia.

era um pacato cidadão de roupa clara

e todo dia passava e me dizia

que o mundo estava andando muito mal

eu perguntava por que, eu perguntava

seu ezequias nunca me explicava

apenas repetia

lá dentro do seu puro tropical

este mundo vai seguindo muito mal

este mundo, meu filho, vai seguindo muito mal.

ah, seu ezequias!

que pena, que desastre, que tragédia

que coisa aconteceu naquele dia

seu ezequias, ah, seu ezequias

saiu do emprego e foi tomar cachaça

e apenas de manhã voltou pra casa

batendo na mulher, xingando os filhos

seu ezequias, ah seu ezequias

era um pacato cidadão de roupa clara

era um homem de bem que eu conhecia

e agora é a vergonha da família.

 

Torquato Neto

domingo, novembro 02, 2025

Keith Emerson, o teclista dos Emerson, Lake & Palmer, nasceu há 81 anos...

      
Keith Emerson (Todmorden, 2 de novembro de 1944 - Santa Monica, 10 de março de 2016) foi um pianista e compositor britânico. Ex-membro das bandas The T-Bones, V.I.P.s e P.P. Arnold (que se acabou por tornar nos The Nice), ficou mais conhecido depois de fundar a banda Emerson, Lake & Palmer (ELP), um dos primeiros supergrupos, em 1970. Quando os ELP acabaram, por volta de 1979, Emerson teve sucesso modesto noutras bandas como Emerson Lake & Powell, 3 e algumas reuniões do ELP no começo da década de 90. Em 2002, ele reuniu os The Nice e foram em turnê e, em 2006, foi em turnê com a The Keith Emerson Band
    
(...)
    
Keith Emerson cometeu suicídio, com um tiro na cabeça, na sua casa em Santa Monica, no dia 10 de março de 2016, aos 71 anos. De acordo com sua namorada, Mari Kawaguchi, vinha apresentando um comportamento depressivo e ansioso em virtude de críticas que vinha recebendo pela Internet, uma vez que um problema no nervo da mão direita vinha limitando as suas performances musicais.

 

quarta-feira, outubro 29, 2025

A terça-feira negra do capitalismo norte-americano foi há 96 anos

29 de outubro de 1929: uma  multidão à porta da Bolsa de Valores de Nova Iorque 

 

A terça-feira negra, como é chamado o dia 29 de outubro de 1929, marcado pela série de suicídios ocorridos por causa do desespero dos acionistas que faliram, com a queda da New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova Iorque), em Wall Street, e que e marca o início da Grande Depressão.
  

A poetisa Ana Cristina Cesar morreu há 42 anos...


(imagem daqui)
   
Ana Cristina Cruz Cesar (Rio de Janeiro, 2 de junho de 1952 - Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1983) foi uma poetisa e tradutora brasileira, conhecida como Ana Cristina Cesar (ou Ana C.). É considerada um dos principais nomes da geração mimeógrafo da década de 70 e tem o seu nome muitas vezes vinculado ao movimento de Poesia Marginal.

Biografia
Filha do sociólogo e jornalista Waldo Aranha Lenz Cesar e de Maria Luiza Cruz, Ana Cristina nasceu numa família culta e protestante, de classe média. Tinha dois irmãos, Flávio e Filipe.
Antes mesmo de aprender a ler, aos seis anos de idade, já ditava poemas para a sua mãe. Em 1969, Ana Cristina Cesar viajou para a Inglaterra em intercâmbio e passou um período em Londres, onde travou contacto com a literatura em língua inglesa. Quando regressou ao Brasil, com livros de Emily Dickinson, Sylvia Plath e Katherine Mansfield nas malas, dedicou-se a escrever e a traduzir, entrando para a Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), aos dezanove anos.
Cesar começou a publicar poemas e textos de prosa poética na década de 70 em coletâneas, revistas e jornais alternativos. Os seus primeiros livros, Cenas de Abril e Correspondência Completa, foram lançados em edições independentes. As atividades de Ana Cristina não pararam: pesquisa literária, um mestrado em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), outra temporada na Inglaterra para um mestrado em tradução literária (na Universidade de Essex), em 1980, e a volta ao Rio, onde publicou Luvas de Pelica, escrito na Inglaterra. Em suas obras, Ana Cristina Cesar mantém uma fina linha entre o ficcional e o autobiográfico.
Cometeu suicídio aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no oitavo andar de um edifício da Rua Tonelero, em Copacabana.
Armando Freitas Filho, poeta brasileiro, que foi o seu melhor amigo, foi a quem deixou a responsabilidade de cuidar postumamente das suas publicações. O acervo pessoal da autora está sob tutela do Instituto Moreira Salles. A família fez a doação, mediante a promessa dos escritos ficarem no Rio de Janeiro. Contudo, sabe-se que muitas cartas de Ana Cristina Cesar foram censuradas pela família, principalmente as recebidas do escritor Caio Fernando Abreu.


 
Fagulha


Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.

Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando

Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.

Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.

Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.

Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio

Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las

Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.


 


Ana Cristina Cesar

quinta-feira, outubro 23, 2025

O poeta Antonio Cicero morreu há um ano...

 

Antônio Cícero Correia Lima (Rio de Janeiro, 6 de outubro de 1945Zurique, 23 de outubro de 2024) foi um compositor, poeta, crítico literário, filósofo e escritor brasileiro. Em 10 de agosto de 2017 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, tomando posse em 16 de março de 2018.

 

Biografia

É filho dos piauienses Amélia Correia Lima e Ewaldo Correia Lima. Seu pai foi um dos intelectuais fundadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), tendo sido também diretor do BNDE durante o governo JK. Em 1960, Ewaldo assume um cargo executivo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que então acabava de ser criado, e toda a família se transfere para Washington, D.C.. Lá, Antonio Cicero fará os seus estudos secundários.

De volta ao Brasil, Cicero começa a estuda Filosofia na PUC do Rio de Janeiro e, depois, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Em 1969, devido a problemas políticos, vai para Londres, onde conclui o curso de Filosofia na Universidade de Londres. Em 1976, Cicero vai fazer pós-graduação na Georgetown University, nos Estados Unidos, onde estuda grego e latim, o que lhe permitirá ler no original clássicos como Homero, Píndaro, Horácio e Ovídio. Posteriormente lecionará Filosofia e Lógica, em universidades do Rio de Janeiro.

Antonio Cicero escreve poesia desde jovem, mas seus poemas só apareceram para o grande público quando sua irmã, a cantora e compositora Marina Lima, passou a musicá-los. Antes, porém, já eram suas canções como Fullgás, Para Começar e À Francesa - as duas primeiras em parceria com sua irmã, e a última com Cláudio Zoli. A partir de então, Cicero tornar-se-ia um dos mais próximos parceiros de Marina. Entre outras parcerias, destacam-se aquelas com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais, Adriana Calcanhotto e Lulu Santos (co-autor, junto com Antonio Cicero e Sérgio Souza, do hit O Último Romântico, de 1984).

De 1991 a 1992, Antonio Cicero coordenou, em colaboração com o poeta e professor de Filosofia da Universidade Federal Fluminense Alex Varella os cursos de Estética e Teoria da Arte do Galpão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).

Em 1993, concebeu, em colaboração com o poeta Waly Salomão e com o patrocínio do Banco Nacional, o projeto "Banco Nacional de Ideias", através do qual, nesse ano e nos dois anos subsequentes, promoveu ciclos de conferências e discussões de artistas e intelectuais de importância mundial, como João Cabral de Melo Neto, Haroldo de Campos, John Ashbery, Derek Walcott, Caetano Veloso, Richard Rorty, Tzvetan Todorov, Hans Magnus Enzensberger, Peter Sloterdijk, Ernest Gellner, Bento Prado Júnior e Darcy Ribeiro, entre outros.

Em 1994, organizou, em parceria com Waly Salomão, o livro O relativismo enquanto visão do mundo, que reúne as conferências realizadas pelo projeto Banco Nacional de Ideias nesse ano.

Em 1995, publicou O Mundo Desde o Fim, uma reflexão filosófica sobre a modernidade.

Em 1996, lançou o livro de poemas Guardar, vencedor do Prémio Nestlé de Literatura Brasileira na categoria estreante. Lançou também um CD em 1996, Antonio Cicero por Antonio Cicero, onde recita seus poemas.

Em 2001, seu poema "Guardar" foi incluído na antologia Os cem melhores poemas brasileiros do século, organizada por Ítalo Moriconi.

Em 2002, lançou o livro de poemas A cidade e os livros. No mesmo ano participou, junto com outros artistas como Gabriel o Pensador, Chico Buarque, Ronaldo Bastos e Fernando Brant, entre outros, de uma coletânea de quatro CDs em homenagem ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Ainda em 2002, participou, junto a personalidades como José Saramago, Hermeto Pascoal e Wim Wenders, do documentário Janela da alma, de João Jardim e Walter Carvalho.

Em 2005, lançou o livro de ensaios filosóficos Finalidades sem fim, que foi finalista do Prémio Jabuti na categoria "Teoria / Crítica literária".

Em 2010, lançou, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, o Livro de sombras: pintura, cinema e poesia.

Em 2012, lançou o livro de poemas Porventura, o livro Poesia e filosofia (ensaio filosófico) e, como organizador, o livro de ensaios estéticos Forma e sentido contemporâneo: poesia. No mesmo ano, lançou o livro de entrevistas, organizado por Arthur Nogueira, Antonio Cicero por Antonio Cicero.

Antonio Cicero foi, de abril de 2007 a novembro de 2010, colunista do jornal Folha de S. Paulo.

Em junho de 2007, Antonio Cicero apresentou em Lisboa a palestra "Da atualidade do conceito de civilização", no encontro intitulado O Estado do Mundo, organizado pela Fundação Gulbenkian, publicada, em Portugal, no livro A urgência da teoria (Lisboa: Gulbenkian, 2007) e, na Inglaterra, traduzido por "On the concept of civilization", no livro The urgency of theory (Manchester: Carcanet, 2007). Em novembro de 2008, pronunciou a palestra de encerramento do Congresso Internacional Fernando Pessoa, em Lisboa, publicada, com o título de "Fernando Pessoa: poesia e razão", em Pessoa. Revista de ideias, em dezembro de 2010.

O escritor Antonio Cicero foi eleito no dia 10 de agosto 2017 para a cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo Eduardo Portella, morto no dia 3 de maio deste ano. "Antonio Cicero é um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea", declarou o presidente da ABL, acadêmico Domício Proença Filho. Cicero foi eleito por 30 votos. Concorreram na eleição 22 acadêmicos - 12 por cartas. Antes de Cicero, os ocupantes anteriores da cadeira 27 foram: Joaquim Nabuco – fundador da cadeira e que escolheu como patrono Maciel Monteiro, Dantas Barreto, Gregório da Fonseca, Levi Carneiro e Otávio de Faria.

Após ser diagnosticado com mal de Alzheimer, o poeta tomou a decisão de praticar morte assistida, por esse motivo transferindo-se para a Suíça, onde tal prática é legalizada. Lá, o procedimento foi realizado, sendo o falecimento do escritor anunciado em 23 de outubro de 2024.
 

in Wikipédia


 

O FIM DA VIDA



Conhece da humana lida
a sorte:
o único fim da vida
é a morte
e não há, depois da morte
mais nada.
Eis o que torna esta vida
sagrada:
ela é tudo e o resto, nada.



Antonio Cicero

terça-feira, outubro 14, 2025

Soares dos Reis nasceu há 178 anos...

Retrato de Soares dos Reis (1881), por Marques de Oliveira
   
António Manuel Soares dos Reis (Mafamude, Vila Nova de Gaia, 14 de outubro de 1847 - Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, 16 de fevereiro de 1889) foi um ilustre escultor portuense, considerado um dos maiores escultores portugueses do século XIX
 
O Desterrado
 

Rommel morreu há 81 anos...

  

Erwin Johannes Eugen Rommel (Heidenheim, 15 de novembro de 1891Herrlingen, 14 de outubro de 1944) (conhecido popularmente como A Raposa do Deserto) foi um marechal-de-campo do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
Rommel ficou mundialmente famoso pela sua intervenção na África do Norte entre 1941 e 1943, no comando do Afrika Korps, um destacamento do exército alemão destinado a auxiliar as forças italianas que então batiam em retirada frente ao exército britânico. Pela sua audácia e domínio das táticas de guerra com blindados, obteve a alcunha de A Raposa do Deserto e entre os árabes como O Libertador, sendo temido e respeitado tanto por seus comandados quanto por seus inimigos.
  
(...)
  
Em 17 de julho de 1944, 41 dias após o início dos desembarques aliados do Dia D, Rommel foi gravemente ferido por um caça Spitfire canadiano e permaneceu hospitalizado vários dias. Nesse período, Claus von Stauffenberg executou o atentado de 20 de julho de 1944 contra Hitler, que escapou por pouco, com ferimentos leves (a mesa da conferência acabou por lhe servir de escudo). Sem nunca ter feito parte do partido nazi, Rommel tornara-se cada vez mais crítico do governo do Führer.

Morte
Implicado no atentado, pelas suas ligações com os oficiais conspiradores membros da resistência alemã, Rommel, ainda em recuperação médica, recebe na sua casa a visita de dois oficiais generais, a 14 de outubro de 1944.
Devido ao seu prestígio nacional, estes oficiais, leais a Hitler, trazem os termos do Führer a Rommel: ir para Berlim, passar por um julgamento popular e inevitavelmente ser condenado à morte, condenando também a sua família a ser confinada num campo de concentração ou, sozinho, acompanhar os dois oficiais e ingerir veneno para suicidar-se, opção esta que garantiria a integridade dos seus familiares. Rommel, sem dúvidas, escolhe a segunda alternativa, despede-se da família e acompanha os dois oficiais, embarcando no seu automóvel.
Às 13.25 horas os Generais Burgdorf e Maisel fizeram a entrega do cadáver de Rommel ao Hospital de Ulm. O médico-chefe, que se dispunha a proceder a autópsia, foi prontamente interrompido por Burgdorf que lhe disse: "Não toque no corpo. Em Berlim já se tomaram todas as providências." Talvez jamais se venha a saber o que exatamente se passou no caminho de Ulm. Burgdorf pereceu com Hitler, no subterrâneo da Chancelaria do Reich. Maisel, que ao final da guerra foi condenado, juntamente com o motorista das SS, afirmam terem recebido ordens de abandonar o carro durante alguns momentos, quando regressaram, encontraram Rommel agonizando.
     

segunda-feira, outubro 13, 2025

Morreram dois grandes poetas da língua portuguesa há 57 anos...

     
Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 1922 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Clarice Lispector e Joaquim Nabuco, entre outros, representa o melhor da produção literária do estado de Pernambuco.
     
  
    
O Último Poema

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.


Manuel Bandeira

 

(imagem daqui)

 

Cristovam Pavia, ou Cristóvam Pavia, pseudónimo de Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho (Lisboa, 7 de outubro de 1933 - Lisboa, 13 de outubro de 1968) foi um poeta português, filho do também poeta Francisco Bugalho (da geração da revista Presença), oriundo de Castelo de Vide.

Além do pseudónimo Cristovam Pavia, António Flores Bugalho assinou composições com os pseudónimos Sisto Esfudo, Marcos Trigo e Dr. Geraldo Menezes da Cunha Ferreira.

Para José Bento, "A poesia de Cristovam Pavia é a revelação de si próprio, de uma personalidade em conflito com o mundo em que vive e que procura uma fuga pela recuperação da infância morta, pela aceitação do seu conhecer-se diferente e despojado do que lhe é mais caro (a infância, o amor, o espaço e o tempo em que ambos se situavam), a transformação do seu próprio ser pelo sofrimento, num movimento de ascese e de autodestruição, quando o poeta atinge a consciência de si próprio e da sua voz."

   

 


Requiem


(ao menino morto, eu próprio)

A tarde declina com uma luz ténue.
Estou grave e calmo.
E não preciso de ninguém
Nem a luz da tarde me comove: entendo-a.
Até as imagens me são inúteis porque contemplo tudo.

Os ventos rodam, rodam, gemem e cantam
E voltam. São os mesmos.
Como os conheço desde a infância!
E a terra húmida das tapadas da quinta...
O estrume da égua morta quando eu tinha seis anos
Gira transparente nesta brisa fria...
(Na noite gotas de orvalho sumiam-se sob as folhas das ervas)
Oh, não há solidão, nas neblinas de inverno
Pela erma planície...

E foi engano julgar-te morto e tão só nas tapadas em silêncio...

Agora sei que vives mais
Porque começo a sentir a tua presença, grande como o silêncio...
Já me não vem a vaga tristeza do teu chamamento longínquo
Já me confundo contigo. 
 


Cristovam Pavia

quarta-feira, outubro 01, 2025

Donny Hathaway nasceu há oitenta anos...

  

Donny Hathaway (Chicago, 1 de outubro de 1945 - Nova Iorque, 13 de janeiro de 1979) foi um cantor e compositor norte-americano de soul, gospel e jazz. Tem como maiores sucessos as músicas "A Song for You", "Jealous Guy", "For All We Know" e "The Closer I Get to You".

Hathaway teve seu primeiro contrato profissional com a gravadora Atlantic Records em 1969, gravando seu primeiro single "The Ghetto, Part I". No início dos anos 70, era considerado uma nova sensação na soul music. Na sua curta carreira lançou quatro álbuns de estúdio, sendo o primeiro "Everything is everything" em 1970.

No ano de 1973 foi-lhe diagnosticada esquizofrenia paranoica, sofrendo de fases de depressão desde os anos 60. Donny suicidou-se em 1979, perto do seu quarto de hotel, no Essex House Hotel, em Nova York.

Gravou com Roberta Flack a música "The Closer I Get to You e as ótimas "You Are My Heaven" e "Back Together Again".

Considerado um dos grandes nomes da soul music americana, foi homenageado com álbuns especiais após o seu falecimento, sendo influência artística e musical para as novas gerações. 

  

in Wikipédia

 

sábado, setembro 20, 2025

Pedro Alpiarça morreu há dezoito anos...

   
Pedro Francisco Antunes Alpiarça (1958 - Lisboa, 20 de setembro de 2007) foi um ator português.

Iniciou-se como ator nas cooperativas de produção teatral independente, que marcaram a atividade cultural underground na década de 80. Ao mesmo tempo experimentava o teatro amador nas peças do Grupo de Teatro do Marítimo Atlético Clube, além do teatro universitário, enquanto estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, no Curso de Pintura. Ao lado de Pedro Wilson e Rui Pisco passaria para o coletivo Máscara, dedicando-se ao teatro infanto-juvenil. Mais tarde, n' A Barraca, participou nas peças Liberdade em Bremen de Rainer Werner Fassbinder, O Avarento de Moliére, Floresta de Enganos de Gil Vicente ou A Cantora Careca de Ionesco. Nos últimos anos mantinha colaborações com O Nariz e com o Teatroesfera, além do Teatro Mínimo, de que foi um dos fundadores. A par disso desenvolveu diversas ações de animação teatral e formação de atores.
Foi ator regular na televisão, tendo participado num sem número de séries e sitcoms como Nico d' Obra (1997), Os Malucos do Riso (1998), Não és Homem Não és Nada (1999), Fábrica das Anedotas (2001), Maré Alta (2004) e O Prédio do Vasco (2006). No cinema teve participações nas longas-metragens Glória de Manuela Viegas (1999) e Dot.com de Luís Galvão Teles (2007).
Devido ao desemprego e tristeza, Pedro Alpiarça partiu uma janela do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, e suicidou-se, atirando-se do 5º andar, devido a uma depressão. Foi velado na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, em Lisboa, no dia 21 de setembro de 2007.

quinta-feira, setembro 11, 2025

Hoje é dia de celebrar Antero...

 

De pé (Saudação a Antero) - José Mário Branco

 

Força é reconhecerQue a morte, quando escolhidaÉ uma espécie de anteverA vida dentro da vidaÉ parecidaSó parecidaCom a vida por viver
 
Num jardim quadrangularÀ vista do oceanoPode perder-se o olharNa praia do desenganoÉ humanoSobre-humanoÉ ter um canto p'ra salvar
  
De pé meu canto não te rendasSaúda o mestre das oferendasCanta, canta, coraçãoQue o poeta só te dá o que lhe dão
   
De pé memória do futuroHá sempre luz ao fim do escuroNuma ilha só morre o que lá estáO que conta no que foi, é o que será
    
É bem pobre condiçãoRender-se ao desesperoE ver só morte na mãoDireita de AnteroO que eu queroPorque queroÉ negar a negação
    
Há uma ausência ferozQue veste a nossa mágoaE esquecemos que é por nósQue a fonte deita águaMas eu trago-aSim eu trago-aÉ a razão da minha voz
    De pé meu canto não te rendasSaúda o mestre das oferendasCanta, canta, coraçãoQue o poeta só te dá o que lhe dão
    
De pé memória do futuroHá sempre luz ao fim do escuroNuma ilha só morre o que lá estáO que conta no que foi, é o que será
   
Num jardim quadrangularÀ vista do oceanoPode perder-se o olharNa praia do desenganoÉ humanoSobre-humanoÉ ter um canto p'ra salvar
  
De pé meu canto não te rendasSaúda o mestre das oferendasCanta, canta, coraçãoQue o poeta só te dá o que lhe dão
   
De pé memória do futuroHá sempre luz ao fim do escuroNuma ilha só morre o que lá estáO que conta no que foi, é o que será

Antero suicidou-se há cento e trinta e quatro anos...

   
Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 - Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.
   
(...)
   
Em 1890, devido à reação nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de distúrbio bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, cometendo suicídio no dia 11 de setembro de 1891, com dois tiros, num banco de jardim junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde está na parede a palavra "Esperança", no Campo de São Francisco, cerca das vinte horas.
   
Local do suicídio de Antero, junto do Convento de Nossa Senhora da Esperança
    
  
Na Mão de Deus
  
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

 

Antero de Quental

terça-feira, setembro 09, 2025

Cesare Pavese nasceu há 117 anos...

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Cesare Pavese (Santo Stefano Belbo, 9 de setembro de 1908 - Turim, 26 de agosto de 1950) foi um escritor e poeta italiano.

Combatente antifascista, o que lhe rendeu três anos de prisão no sul da Itália, nessa época, iniciou o seu diário "O Ofício de Viver", título original "Il Mestiere di Vivere", uma autocrítica revelada em reflexões sobre a sua arte, seus processos criativos e sobre o sentido da existência.

 

Biografia

Cesare Pavese nasceu em Santo Stefano Belbo, nas Langhe (província de Cuneo), tendo-se mudado ainda em criança para Turim, donde se ausentou sempre apenas durante pouco tempo: passou um ano na prisão em Barcaleone (Reggio Calabria), comprometido por amigos políticos; passou algum tempo em Roma em trabalho para a editora Einaudi, da qual foi um dos mais eficazes conselheiros editoriais; suicidou-se em Turim em 1950.

A sua tese de licenciatura foi sobre Walt Whitman, e já não era um desconhecido quando, em 1936, publicou Lavorare stanca: tinha já publicado e continuaria a publicar estudos sobre literatura norte-americana clássica e contemporânea, reunidos num volume (La letteratura americana e altri saggi) publicado postumamente em 1951. Traduziu Daniel Defoe (Moll Flanders), Charles Dickens, Herman Melville (Moby Dick e Benito Cereno), James Joyce (Dedalus), Sinclair Lewis, John dos Passos, Gertrude Stein e William Faulkner.
 
 
 
 
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Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
 
 
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
questa morte che ci accompagna
dal mattino alla sera, insonne,
sorda, come un vecchio rimorso
o un vizio assurdo. I tuoi occhi
saranno una vana parola,
un grido taciuto, un silenzio.
Cosí li vedi ogni mattina
quando su te sola ti pieghi
nello specchio. O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noi
che sei la vita e sei il nulla.

Per tutti la morte ha uno sguardo.
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.
Sarà come smettere un vizio,
come vedere nello specchio
riemergere un viso morto,
come ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.
 
 
 
O mesmo poeta, traduzido para português:


Virá a morte e terá os teus olhos

Virá a morte e terá os teus olhos -
esta morte que nos acompanha
de manhã até à noite, insone,
surda, como um remorso antigo
ou um vício absurdo. Os teus olhos
serão uma palavra inútil,
um grito reprimido, um silêncio.
Assim os vês todas as manhãs
quando sozinha te inclinas
diante do espelho. Ó cara esperança,
nesse dia saberemos nós também
que és a vida e és o nada.

Para todos a morte tem um olhar.
Virá a morte e terá os teus olhos.
Será como abandonar um vício,
como ver no espelho
ressurgir um rosto morto,
como escutar lábios fechados.
Mudos, desceremos ao abismo.


Cesare Pavese

domingo, agosto 31, 2025

O músico Bob Welch nasceu há oitenta anos...

Bob Welch (esquerda) e o engenheiro de gravação Jimmy Robinson, na Record Plant, em Sausalito, Califórnia

 

Robert Lawrence "Bob" Welch, Jr. (Hollywood, 31 de agosto de 1945 – Antioch, Tennessee, 7 de junho de 2012) foi um cantor e compositor norte-americano de rock.

Bob tornou-se notável como vocalista e guitarrista dos Fleetwood Mac, de 1971 a 1974, na fase de transição do grupo entre a sua formação original de blues e a formação clássica, de orientação pop rock. Ao sair da banda, por problemas pessoais, foi substituído por Lindsey Buckingham e, com a colaboração de integrantes dos Mac como Buckingham e Christine McVie, teve uma carreira a solo bem-sucedida no fim dos anos 70, mas que declinou na década de 80. Os seus singles incluem "Hot Love, Cold World," "Ebony Eyes," "Precious Love" e a famosa faixa "Sentimental Lady."

Welch morreu em 2012, vítima de suicídio.

 

in Wikipédia

terça-feira, agosto 26, 2025

Cesare Pavese morreu há 75 anos...

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Cesare Pavese (Santo Stefano Belbo, 9 de setembro de 1908 - Turim, 26 de agosto de 1950) foi um escritor e poeta italiano.

Combatente antifascista, o que lhe rendeu três anos de prisão no sul da Itália. Nessa época, iniciou o seu diário "O Ofício de Viver", título original "Il Mestiere di Vivere", uma autocrítica revelada em reflexões sobre a sua arte, seus processos criativos e sobre o sentido da existência.

 

Biografia

Cesare Pavese nasceu em Santo Stefano Belbo, nas Langhe (província de Cuneo), tendo-se mudado ainda em criança para Turim, donde se ausentou sempre apenas durante pouco tempo: passou um ano na prisão em Barcaleone (Reggio Calabria), comprometido por amigos políticos; passou algum tempo em Roma em trabalho para a editora Einaudi, da qual foi um dos mais eficazes conselheiros editoriais; suicidou-se em Turim em 1950.

A sua tese de licenciatura foi sobre Walt Whitman, e já não era um desconhecido quando, em 1936, publicou Lavorare stanca: tinha já publicado e continuaria a publicar estudos sobre literatura norte-americana clássica e contemporânea, reunidos num volume (La letteratura americana e altri saggi) publicado postumamente em 1951. Traduziu Daniel Defoe (Moll Flanders), Charles Dickens, Herman Melville (Moby Dick e Benito Cereno), James Joyce (Dedalus), Sinclair Lewis, John dos Passos, Gertrude Stein e William Faulkner.
 
 
 
 
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After World War II Pavese joined the Italian Communist Party and worked on the party's newspaper, L'Unità. The bulk of his work was published during this time. Toward the end of his life, he would frequently visit Le Langhe, the area where he was born, where he found great solace. Depression, the failure of a brief love affair with the actress Constance Dowling, to whom his last novel and one of his last poems ("Death will come and she'll have your eyes") were dedicated, and political disillusionment led him to his suicide by an overdose of barbiturates in 1950. That year he had won the Strega Prize for La Bella Estate, comprising three novellas: 'La tenda', written in 1940, 'Il diavolo sulle colline' (1948) and 'Tra donne sole' (1949).

Leslie Fiedler wrote of Pavese's death "...for the Italians, his death has come to have a weight like that of Hart Crane for us, a meaning that penetrates back into his own work and functions as a symbol in the literature of an age." The circumstances of his suicide, which took place in a hotel room, mimic the last scene of Tra Donne Sole (Among Single Women), his penultimate book. His last book was 'La Luna e i Falò', published in Italy in 1950 and translated into English as The Moon and the Bonfires by Louise Sinclair in 1952. 

 

in Wikipédia 

 
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You, wind of March

 

És a vida e a morte.
Vieste de março
para a terra nua -
e dura ainda o teu arrepio.
Sangue de primavera
anémona ou nuvem-
o teu passo leve
violou a terra.
Recomeça a dor.

O teu passo leve
reabriu a dor.
Estava fria a terra
debaixo do triste céu,
imóvel e fechada
num sonho tórpido,
como quem já não sofre.
Também o gelo era doce
dentro do coração profundo.
Entre a vida e a morte
a esperança calava-se.

Agora tudo o que vive
tem voz e sangue.
Agora a terra e o céu
são um arrepio forte,
torce-os a esperança,
transtorna-os a manhã,
submerge-os o teu passo,
o teu hálito de aurora.
Sangue de primavera,
toda a terra treme
dum tremor antigo.

Reabriste a dor.
És a vida e a morte.
Sobre a terra nua
passaste leve
como andorinha ou nuvem,
e a torrente do coração
reanimou-se e jorra
e espelha-se no céu
e reflete as coisas -
e as coisas, no céu e no coração
sofrem e contorcem-se
à tua espera.
É a manhã, é a aurora,
sangue de primavera,
tu violaste a terra.

A esperança torce-se,
e espera-te e chama-te.
És a vida e a morte.
O teu passo é leve.

 

Cesare Pavese

Virá a morte e terá os teus olhos...

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Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
    
 
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi –

questa morte che ci accompagna

dal mattino alla sera, insonne,

sorda, come un vecchio rimorso

o un vizio assurdo. I tuoi occhi

saranno una vana parola,

un grido taciuto, un silenzio.

Cosí li vedi ogni mattina

nello specchio. O cara speranza,

quel giorno sapremo anche noi

che sei la vita e sei il nulla.

 

Per tutti la morte ha uno sguardo.

Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.

Sarà come smettere un vizio,

come vedere nello specchio

riemergere un viso morto,

come ascoltare un labbro chiuso.

Scenderemo nel gorgo muti.

 

22 marzo 1950

 

 Cesare Pavese

 

 

Tradução de Cláudia Alves:

 

Virá a morte e terá os teus olhos 

 

Virá a morte e terá os teus olhos – 

esta morte que nos acompanha

desde a manhã até a tarde, insone,

surda, como um remorso antigo

ou um vício absurdo. Os teus olhos

serão uma palavra vã,

um grito calado, um silêncio.

Assim tu os vês toda manhã

quando te inclinas sobre ti mesma

no espelho. Oh querida esperança,

naquele dia também viremos a saber

que és a vida e és o nada. 

 

Para cada um a morte tem um olhar.

Virá a morte e terá os teus olhos.

Será como abandonar um vício,

como ver no espelho

ressurgir uma face morta,

como escutar um lábio fechado.

Desceremos mudos ao turbilhão.