Biografia
Único filho de três de Eduardo Saraiva de Carvalho (Lisboa, 9 de agosto de 1912 - 29 de setembro de 1969), funcionário dos CTT em Lourenço Marques, e de sua mulher (com quem casou em Lourenço Marques, a 7 de julho de 1934) Fernanda Áurea Pegado Romão (Goa, 30 de novembro de 1917 - Lisboa, 1981), ainda com alguma ascendência goesa católica.
Foi Capitão de Artilharia em Angola, de 1961 a 1963.
Em 1963 foi nomeado instrutor da Legião Portuguesa, milícia marcadamente fascista e conhecida pelo apoio que prestava à PIDE.
Entre 1964 até cerca de 1968 foi professor na "Escola Central de Sargentos", em Águeda.
Voltou à África para combater na Guiné, entre 1970 e 1973, sendo um dos principais dinamizadores do movimento de contestação ao Decreto Lei nº 353/73, que deu origem ao Movimento dos Capitães e ao MFA.
Apesar do seu passado de colaborador com o regime, viria a ser um dos Comandantes Militares da Revolução de 25 de abril de 1974, era o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do MFA e foi ele quem dirigiu as operações do 25 de abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha, após o que foi graduado em Brigadeiro, e nomeado Comandante-Adjunto do COPCON (Comando Operacional do Continente), sob a dependência directa do General Francisco da Costa Gomes, então Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e Comandante da Região Militar de Lisboa a 13 de julho de 1974; em março de 1975 foi graduado em General de Divisão e passou a exercer na prática o comando efectivo do COPCON desde setembro de 1974, tendo passado a ser comandante do COPCON a 23 de junho de 1975. Foi afastado destes cargos após os acontecimentos de 25 de novembro de 1975, no dia seguinte, por realizar de ânimo leve uma série de ordens de prisão e de maus tratos de elementos moderados.
Fez parte do Conselho da Revolução desde que este foi criado, a 14 de março de 1975, até dezembro de 1975. A partir de 30 de julho do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o V Governos Provisório na qual os restantes membros do Conselho da Revolução delegaram temporariamente os seus poderes (mas sem abandonarem o exercício das suas funções).
Conotado com a ala mais radical do MFA, viria a ser preso em consequência dos acontecimentos do 25 de novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições presidenciais de 1976, onde obteve 16,5% dos votos, obtendo a maior votação no Distrito de Setúbal, com 41,8%.
Em 1980 cria o partido Força de Unidade Popular (FUP) e volta a concorrer às eleições presidenciais de 1980.
Foi Medalha de 2.ª Classe de Mérito Militar e Medalha de Prata de Comportamento Exemplar. A 25 de novembro de 1983 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Na década de 1980 foi acusado de liderar a organização terrorista FP-25, responsável pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80. Foi detido em 1984.
Em 1985 foi julgado e condenado em tribunal pelo seu papel na liderança das FP-25 de abril. Após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficou em prisão preventiva cinco anos, passando a aguardar julgamento em liberdade provisória. Foi despromovido a Tenente-Coronel.
Mais tarde acusou o PCP de ter estado por trás da sua detenção e de ter feito com que ficasse em prisão preventiva tanto tempo. Acusou ainda alguns nomes então na Polícia Judiciária, como a Directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, então na PJ, de, devido à militância no PCP, ter estado por trás da sua detenção.
Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do caso FP-25.
Publicou o livro Alvorada em Abril, em edição da Livraria Bertrand.
Com Julie Sergeant protagoniza um clip erótico, no programa Sex Appeal da SIC.
Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 05:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado? |
- Otelo Saraiva de Carvalho
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questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas. |
- Otelo Saraiva de Carvalho
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a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura. Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza." |
- Otelo Saraiva de Carvalho
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Quando esteve preso na cadeia de Caxias, no início dos anos 80, iniciou um relacionamento (que ainda mantém, em conjunto com o casamento anteriormente citado) com Maria Filomena Morais, uma funcionária prisional divorciada.
Ideologicamente, Otelo é marxista e defensor da chamada democracia directa.