quinta-feira, março 20, 2025
Música para celebrar a chegada de mais uma estação...
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domingo, fevereiro 23, 2025
Saudades do Zeca...
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Zeca Afonso morreu há 38 anos...
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quinta-feira, fevereiro 13, 2025
Chamava-se Catarina...
Cantar Alentejano - Zeca Afonso
Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manha fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si
O Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar
O Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
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quarta-feira, janeiro 29, 2025
O último grande concerto de Zeca Afonso foi há quarenta e dois anos...
(imagem daqui)
Foi no dia 29 de janeiro de 1983 - passam hoje exatamente quarenta e dois anos sobre o último grande concerto de Zeca Afonso, já fortemente debilitado pela doença degenerativa que o matou, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Com todos os amigos a ajudar (os manos Salomé, Fausto, Júlio Pereira, Sérgio Godinho e muitos outros...) fez história nessa noite.
Balada do Outono - José Afonso
Meu sono vazio
Não vão acordar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas das fontes calai
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Óh, ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
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domingo, janeiro 19, 2025
Música adequada à data...
Não canto porque sonho
Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
o teu sorriso puro,
a tua graça animal.
Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
somente um bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinho.
Canto porque o amor apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
por vê-los nus e suados.
in As mãos e os frutos (1948) - Eugénio de Andrade
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quinta-feira, dezembro 19, 2024
Porque, enquanto for recordado, o Pintor nunca morre...
A Morte Saiu À Rua - Zeca Afonso
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
E um rio de sangue de um peito aberto sai
E a foice duma ceifeira de Portugal
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Só olho por olho e dente por dente vale
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
E em todas florirão rosas de uma nação
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sexta-feira, novembro 29, 2024
Música para recordar um político...
Os Fantoches de Kissinger - Zeca Afonso
Na ponta duma espingarda
Os povos da Indochina
Varrem da terra sangrenta
Os fantoches de Kissinger
Mas aqui também semeias
No pátio da tua fábrica
No largo da tua aldeia
A fome, a prostituição
São filhas da mesma besta
Que Kissinger tem na mão
Valor à Mulher Primeira
Na luta que nos espera
Só não há vida possível
Na liberdade comprada na liberdade vendida
A morte é mais desejada
A NATO não chega a netos abaixo o hidrovião
Na ponta duma espingarda o Povo da Palestina
Mandou a Golda Meir uma mensagem divina
Da CIA não tenhas pena
Tem carne viva nas garras
É a pomba de Kissinger toda a América Latina
Se lembra das suas farras
A mesma tropa domina a mesma tropa domina
Só um é embaixador mas nada nos abalança
A dormir sobre a calçada
Faz como o trabalhador
Dorme sobre a tua enxada faz como o atirador
Dorme sobre a espingarda
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sábado, novembro 02, 2024
Hoje é dia de cantar Jorge de Sena...
Epígrafe para a arte de furtar
Roubam-me Deus
outros o diabo
– quem cantarei?
roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
– quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
– quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
– aqui d'El-Rei!
Jorge de Sena
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segunda-feira, outubro 07, 2024
Música para recordar que hoje é o Dia Nacional dos Castelos...!
Altos Castelos - Zeca Afonso
Linda menina que vai casar
Torres cinzentas que dão para o vento
Dentro do meu pensamento
Eu lá na serra não sou ninguém
Se fores prá guerra eu irei também
Irei também numa barca bela
Cinta vermelha e saia amarela
Eu lá na serra não sou ninguém
Se fores prá guerra eu irei também
Irei também numa barca bela
Cinta vermelha e saia amarela
Na praia nova caiu uma estrela
Moças trigueiras ide atrás dela
Rola rolinha garganta de prata
Canta-me uma serenata
Eu lá na serra não sou ninguém
Se fores prá guerra eu irei também
Irei também numa barca bela
Cinta vermelha e saia amarela
Eu lá na serra não sou ninguém
Se fores prá guerra eu irei também
Irei também numa barca bela
Cinta vermelha e saia amarela
Um cavalinho de crina na ponta
Leva à garupa uma bruxa tonta
Duas meninas a viram passar
Mesmo à beirinha do mar
Eu lá na serra não sou ninguém
Se fores prá guerra eu irei também
Irei também numa barca bela
Cinta vermelha e saia amarela
Eu lá na serra não sou ninguém
Se fores prá guerra eu irei também
Irei também numa barca bela
Cinta vermelha e saia amarela
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domingo, setembro 22, 2024
Música para celebrar a chegada de mais uma estação...
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sexta-feira, agosto 02, 2024
Música adequada à data...
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Saudades do Zeca...
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Zeca Afonso nasceu há 95 anos...
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segunda-feira, julho 22, 2024
Alfredo Rodrigues de Matos, o homenageado por Zeca Afonso na música Por trás daquela janela, nasceu há noventa anos...
Alfredo Rodrigues de Matos
Militante ativo na Resistência contra o fascismo, sofreu a repressão do regime sem nunca vacilar na determinação com que o enfrentou. Em democracia tem-se mantido um cidadão ativo e interveniente no campo autárquico, sindical e político.
Alfredo Rodrigues de Matos nasceu em S. Pedro do Sul, a 22 de julho de
1934, mas foi para o Barreiro em 1939 e aí fez o curso industrial, o
curso de guarda-livros e completou o 3º ciclo do liceu. Aderiu então ao
MUD Juvenil e, em 1952, começou a trabalhar na CUF, primeiro como
operário, depois como empregado de escritório. Em janeiro de 1957, foi
preso pela PIDE e julgado no Tribunal Plenário, tendo sido condenado a
18 meses de prisão correcional a que se juntaram 3 anos de medidas de
segurança, pelo que cumpriu 4 anos e seis meses de prisão (no Aljube, no
Forte de Caxias e na cadeia da PIDE no Porto).
Em 1961, na cadeia, aderiu ao Partido Comunista Português. Libertado em
janeiro de 1962, passou a desenvolver atividades políticas na margem
sul, com funções específicas na CUF, aonde regressara. Colaborava então
na redação do Boletim dos Trabalhadores.
Em 1969 fez parte da Comissão Distrital de Setúbal da CDE, integrando a
comissão de recenseamento eleitoral e participando nas ações da campanha
eleitoral, com vista às legislativas desse ano. Depois, participou na
criação do Movimento MDP/CDE, de cujo secretariado nacional fez parte.
Voltou a ser preso após as comemorações do 1º de Maio de 1970 e, após um
mês na cadeia da PIDE no Porto a ser interrogado e torturado, foi
transferido para Caxias, onde esteve até ser julgado, em dezembro, no
Tribunal Plenário de Lisboa. Foi absolvido, mas nesse mesmo mês foi
despedido do Hospital da CUF, no qual era chefe do economato.
A 22 de julho de 1970, José Afonso dedicou-lhe «Por Trás Daquela
Janela», um poema que posteriormente seria editado em disco sob o título
Eu Vou Ser Como a Toupeira.
Trabalhou depois noutras empresas e, em 1973, entrou no Sindicato dos
Bancários do Sul e Ilhas, como adjunto do secretário-geral. Nesse mesmo
ano, esteve na preparação do III Congresso da Oposição Democrática,
realizado em Aveiro, fazendo parte das comissões nacional e
coordenadora. Nesse congresso apresentou a tese «Situação e Perspetivas
dos Trabalhadores do Distrito de Setúbal». Ainda em 1973 desenvolveu
intensa atividade política em todo o distrito de Setúbal, pelo qual foi
candidato a deputado nas eleições para a Assembleia Nacional, na lista
da Oposição Democrática.
Em março de 1974, participou em reuniões das secções sindicais da CGTP
Intersindical e nas sedes dos principais bancos, em Paris, deu a
conhecer a situação política e social de Portugal.
Em 27 de abril de 1974, foi designado para discursar no Barreiro, em
nome do MDP/CDE, e logo em maio passou a fazer parte da comissão
administrativa que dirigiu a Câmara Municipal do Barreiro até às
eleições de 1976, ano em que foi eleito para a Assembleia Municipal
dessa autarquia. Em 1975, fora escolhido para adjunto do secretariado da
Intersindical, funções que desempenhou até 1979, quando foi eleito
vereador (iria substituir o presidente da CMB). Foi presidente dos
Serviços Municipalizados da Câmara Municipal do Barreiro, cargo este que
desempenhou em sucessivos mandatos, até dezembro de 1985. Em 1986
voltou à CGTP.
De fevereiro a setembro de 2002, foi colunista do semanário Voz do
Barreiro (de que viria a ser director entre setembro de 2006 e junho de
2007) e, entre outubro de 2002 e junho de 2004, foi diretor do jornal
Concelho de Palmela. Como dirigente associativo, fez parte dos corpos
gerentes do Cineclube do Barreiro, nos anos de 1971 e 1972.
Em 1993, Alfredo Matos recebeu a Medalha de Ouro da Cidade «Barreiro Reconhecido».
A 22 de julho de 1970, José Afonso dedicou-lhe Por Trás Daquela Janela, um poema que posteriormente lhe entregou manuscrito. Pelo Natal de 1972, este poema, também com música de Zeca Afonso, foi editado em disco, sob o título, Eu Vou Ser Como a Toupeira, que incluiu igualmente a canção A Morte Saiu à Rua, dedicada ao escultor José Dias Coelho, dirigente do PCP, assassinado pela PIDE em 19 de dezembro de 1961.
in Memória Comum - Memorial aos Presos e Perseguidos Políticos
Por trás daquela janela - Zeca Afonso
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Faz anos o meu amigo
E irmão
Não pôs cravos na lapela
Por trás daquela janela
Nem se ouve nenhuma estrela
Por trás daquele portão
Se aquela parede andasse
Se aquela parede andasse
Eu não sei o que faria
Não sei
Se o mundo agora acordasse
Se aquela parede andasse
Se um grito enorme se ouvisse
Duma criança ao nascer
Talvez o tempo corresse
Talvez o tempo corresse
E a tua voz me ajudasse
A cantar
Mais dura a pedra moleira
E a fé, tua companheira
Mais pode a flecha certeira
E os rios que vão pró mar
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Faz anos o meu amigo
E irmão
Na noite que segue ao dia
Na noite que segue ao dia
O meu amigo lá dorme
De pé
E o seu perfil anuncia
Naquela parede fria
Uma canção de alegria
No vai e vem da maré
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terça-feira, julho 09, 2024
Poema de aniversariante de hoje, cantado...
Ronda das Mafarricas
Letra de António Quadros (pintor) e música de de Zeca Afonso
Estavam todas juntas
Quatrocentas bruxas
À espera À espera
À espera da lua cheia
Estavam todas juntas
Veio um chibo velho
Dançar no adro
Alguém morreu
Arlindo coveiro
Com a tua marreca
Leva-me primeiro
Para a cova aberta
Arlindo Arlindo
Bailador das fadas
Vai ao pé coxinho
Cava-me a morada
Arlindo coveiro
Cava-me a morada
Fecha-me o jazigo
Quero campa rasa
Arlindo Arlindo
Bailador das fadas
Vai ao pé coxinho
Cava-me a morada
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terça-feira, julho 02, 2024
Hoje é dia de recordar um Pintor que era Poeta...
Ronda das mafarricas
LETRA António Quadros (pintor)
MÚSICA José Afonso
Estavam todas juntas
Quatrocentas bruxas
À espera À espera
À espera da lua cheia
Estavam todas juntas
Veio um chibo velho
Dançar no adro
Alguém morreu
Arlindo coveiro
Com a tua marreca
Leva-me primeiro
Para a cova aberta
Arlindo Arlindo
Bailador das fadas
Vai ao pé coxinho
Cava-me a morada
Arlindo coveiro
Cava-me a morada
Fecha-me o jazigo
Quero campa rasa
Arlindo Arlindo
Bailador das fadas
Vai ao pé coxinho
Cava-me a morada
NOTA: passam hoje trinta anos que António Quadros (pintor) nos deixou... Aqui fica uma excelente versão da música do Zeca, da Estudantina, enriquecida pela presença ativa de um filho de um amigo:
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Pedro Luna
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quinta-feira, junho 20, 2024
Porque chegou a minha estação favorita...
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quarta-feira, junho 19, 2024
José Dias Coelho nasceu há cento e um anos...

Biografia
Natural de Pinhel, cidade próxima da Guarda, foi o quinto de nove irmãos e irmãs.
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitetura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.
Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.
José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitetos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.
Em 1955 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP, com o objetivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para dar cobertura às atividades dos militantes clandestinos. Exercia esta atividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A Morte Saiu à Rua. O mesmo fez o grupo Trovante com a música Flor da Vida. Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com Margarida Tengarinha, também artista plástica. O casal teve três filhas.
Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (secções feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil.
Já estava na clandestinidade quando, em junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas; José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição devido ao facto de estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para garantir que o seu nome consta do catálogo.
Com uma intensa atividade social e intelectual a par da política, travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade portuguesa de então, tais como os arquitetos Keil do Amaral e João Abel Manta, com Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência em África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
Em março de 1975, quase um ano depois do 25 de Abril, foi finalmente organizada uma exposição em sua homenagem, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
A Morte saiu à Rua
Naquele lugar sem nome p'ra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação.
Zeca Afonso (Letra e Música), Eu Vou Ser Como a Toupeira, 1972
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sexta-feira, junho 14, 2024
Música para recordar que chegou ao fim mais um ano letivo...
Coro dos caídos - Zeca Afonso
Canta bichos da treva e da aparência
Na absolvição por incontinência
Cantai cantai no pino do inferno
Em janeiro ou em maio é sempre cedo
Cantai cardumes da guerra e da agonia
Neste areal onde não nasce o dia
Cantai cantai melancolias serenas
Como o trigo da moda nas verbenas
Cantai cantai guizos doidos dos sinos
Os vossos salmos de embalar meninos
Cantai bichos da treva e da opulência
A vossa vil e vã magnificência
Cantai os vossos tronos e impérios
Sobre os degredos sobre os cemitérios
Cantai cantai ó torpes madrugadas
As clavas os clarins e as espadas
Cantai nos matadouros nas trincheiras
As armas os pendões e as bandeiras
Cantai cantai que o ódio já não cansa
Com palavras de amor e de bonança
Dançai ó parcas vossa negra festa
Sobre a planície em redor que o ar empesta
Cantai ó corvos pela noite fora
Neste areal onde não nasce a aurora
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