Pier Paolo Pasolini (
Bolonha,
5 de março de
1922 -
Óstia,
2 de novembro de
1975) foi um
cineasta,
poeta e
escritor italiano.
Em seus trabalhos, Pasolini demonstrou uma versatilidade cultural
única e extraordinária, que serviu para transformá-lo numa figura
controversa. Embora o seu trabalho continue a gerar polémica e
controvérsia até hoje, enquanto Pasolini ainda era vivo, os seus
trabalhos foram tidos como brilhantes obras de arte segundo muitos
pensadores da
cultura italiana.
Biografia
Era filho de Carlo Alberto Pasolini, militar de carreira, e de Susanna Colussi, professora primária, natural de
Casarsa della Delizia (
Friul), ao norte da
Itália.
Teve um irmão, chamado Guidalberto Pasolini (1925 - 1945), que faleceu
numa emboscad,a lutando na Segunda Guerra Mundial. Em 1926, o pai de
Pasolini foi preso por dívidas de jogo e a sua mãe mudou-se para a casa
da família em
Casarsa della Delizia, na região de
Friuli.
Vida pessoal
Adesão ao PCI
Em 26 de janeiro de 1947, Pasolini escreveu uma declaração polémica para a primeira página do jornal
Libertà:
"Na nossa opinião, pensamos que, atualmente, só o comunismo é capaz de
fornecer uma nova cultura." A controvérsia foi parcialmente devido ao
facto de ele ainda não ser um membro do Partido Comunista Italiano,
PCI.
Após a sua adesão ao PCI, participou em várias manifestações, e, em
meados de 1949, participou no Congresso da Paz, em Paris. Observando as
lutas dos trabalhadores e camponeses, e vendo os confrontos dos
manifestantes com a polícia italiana, ele começou a criar o seu primeiro
romance. No entanto, em outubro do mesmo ano, Pasolini foi acusado de
corrupção de menores e atos obscenos em lugares públicos. Como
resultado, foi expulso pela seção de Udine do Partido Comunista e perdeu
o seu emprego de professor, que tinha obtido no ano anterior em
Valvasone, ficando numa situação difícil.
Em janeiro de 1950, Pier Paolo Pasolini mudou-se para
Roma, com a sua mãe.
Cinema
Realizou estudos para filmes sobre a
Índia, a
Palestina e sobre
Oréstia, de
Ésquilo, que pretendia filmar na África (
Apontamento para uma Oréstia Africana).
Os seus filmes são muito conhecidos por criticarem a estrutura do
governo italiano (na época fortemente ligado à igreja católica), que
promovia a alienação e hábitos conservadores na sociedade. Além disso, o
seu cinema foi marcado por uma constante ligação com o arcaísmo
prevalecente no homem moderno. Prova disso é a obra
Teorema,
em que um indivíduo entra na vida de uma família e a desestrutura por
inteiro (cada membro da família representa uma instituição da
sociedade).
Essa trilogia foi filmada na
Etiópia,
Índia,
Irão,
Nepal e
Iémen. Os filmes eram dobrados em italiano. Pelo conteúdo, pretensamente classificado como erótico, foi proibido nos
Estados Unidos e só chegou a ser exibido já na década de 80. No
Brasil, só foi exibido após a abertura política. Em
Accattone,
de 1961, Pasolini pôs em prática sua visão sobre a classe do
proletariado na sociedade italiana da época. Gostava de trabalhar com
atores amadores e do povo.
Morte
Pier Paolo Pasolini foi brutalmente assassinado em novembro de 1975.
Ele tinha o rosto desfigurado e várias lesões no corpo. Foi encontrado
no hidro-aeródromo de
Ostia. Os motivos de seu assassinato continuam gerando polémica até hoje, sendo associados a um
crime político ou um mero
latrocínio.
Um processo judicial concluiu que o cineasta foi assassinado por um
prostituto, que teria como intuito assaltá-lo. Tal versão, porém, é
muito duvidosa.
Existem estudos, filmes e programas de TV que põem em terra a versão
acatada pela justiça italiana. No ano de 2005, Pino Pelosi declarou não
ter sido ele o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido pena como
assassino confesso.
Supplica a mia madre
E' difficile dire con parole di figlio
ciò a cui nel cuore ben poco assomiglio.
Tu sei la sola al mondo che sa, del mio cuore,
ciò che è stato sempre, prima d'ogni altro amore.
Per questo devo dirti ciò ch'è orrendo conoscere:
è dentro la tua grazia che nasce la mia angoscia.
Sei insostituibile. Per questo è dannata
alla solitudine la vita che mi hai data.
E non voglio esser solo. Ho un'infinita fame
d'amore, dell'amore di corpi senza anima.
Perché l'anima è in te, sei tu, ma tu
sei mia madre e il tuo amore è la mia schiavitù:
ho passato l'infanzia schiavo di questo senso
alto, irrimediabile, di un impegno immenso.
Era l'unico modo per sentire la vita,
l'unica tinta, l'unica forma: ora è finita.
Sopravviviamo: ed è la confusione
di una vita rinata fuori dalla ragione.
Ti supplico, ah, ti supplico: non voler morire.
Sono qui, solo, con te, in un futuro aprile…
in Poesia in forma di rosa (1964) - Pier Paolo Pasolini