Lucrécia Bórgia (
Subiaco,
18 de abril de
1480 -
Ferrara,
24 de junho de
1519) foi a
filha ilegítima de
Rodrigo Bórgia, importante personagem italiano do
Renascimento, que viria a se tornar o
papa Alexandre VI. O irmão de Lucrécia foi o conhecido
déspota César Bórgia. Esta foi tia-avó do jesuíta
São Francisco de Borja, neto do seu irmão
Giovanni Bórgia, duque de Gandía, nascido em
1474, e o 3º
Superior Geral da
Companhia de Jesus.
(...)
oltando a Lucrécia, ela engravidou em
1503.
Mas acabou por contrair malária, e seu médico teve de abortar a criança
para não pôr a vida de Lucrécia em perigo. Com a morte do sogro em
1505, ela e marido foram nomeados
duques de Ferrara.
No mesmo ano, deu à luz o primeiro rebento do casal, Afonso. A criança
morreu semanas depois, mas três anos depois o casal ducal foi
presenteado com outro menino, Hércules. Depois deste, vieram outros
filhos: Hipólito (
1509), Francesco (
1516), Alexandre (
1514), Eleanora (
1515), e Isabel Maria (
1519).
Ela foi boa mãe para todos os seus filhos, inclusive para os que
estavam longe dela, como Rodrigo e o misterioso Giovanni, "O Infante
Romano". Sabe-se que Rodrigo morreu em
1512,
aos treze anos de idade, fazendo Lucrécia Bórgia sofrer e se recolher
em um convento por algum tempo; mas quanto ao "Infante Romano", apenas
se sabe que ele morreu em
1548, tornou-se
duque de Espoleto,
mas morreu relativamente esquecido e com pouco status de neto de papa,
ou filho de Lucrécia Bórgia. Sua linhagem é totalmente desconhecida.
A primeira vez que Lucrécia ficou como regente em
Ferrara
foi um ano após sua nomeação como duquesa. Ela aproveitou a
oportunidade para mostrar outra simpatia comum de sua família: a vontade
de ajudar o povo judeu, ao criar um édito proibindo terminantemente
qualquer tipo de discriminação contra eles. Lucrécia em Ferrara formou a
chamada "Corte das Letras": incluía escritores como
Ludovico Ariosto (que dedicou-lhe "Orlando Furioso"),
Pedro Bembo (que definiu o seu amor por Lucrécia Bórgia como ´platônico´) e
Hércules Strozzi, da poderosa família
Strozzi, assassinado por Afonso d´Este pelo ciúme que ele sentia do literato com Lucrécia. Sua corte também reunia pintores como
Ticiano e
Venetto, entre outros. Em
1508, Lucrécia recebe o humanista
Erasmo de Roterdã em sua corte. Em
1506,
ficou como regente de Ferrara durante a ausência do marido, embora
estivesse sob a vigilância de seu cunhado, o cardeal Hipólito. Apesar
das constantes infidelidades do marido, - ele, após a morte de Lucrecia
Bórgia, juntou-se a
Laura Dianti,
uma de suas amantes, que viveu como Duquesa de Ferrara apesar de nunca
terem se casado formalmente - Lucrécia foi feliz com Afonso d`Este.
Como uma Bórgia, Lucrécia guardava algum rancor ao
Papa Júlio II
(Giuliano della Rovere). Afinal, ele havia sido inimigo ferrenho de seu
pai e traído o seu irmão. Então, ela rejubilou-se quando Ferrara entrou em
guerra contra o papa em
1511,
e mais ainda quando a venceu. Comemorou mais ainda quando o papa Júlio
morreu, e quem assumiu o trono papal foi Giovanni de Médici, que adotou o
nome de
Leão X. Afinal, a
Médici
sempre foi aliada dos Bórgias. Inclusive o novo papa havia sido muito
amigo de seu irmão César nos tempos em que ambos estudavam na
Universidade de Pisa.
Aos 39 anos de idade, Lucrécia estava prestes a enfrentar outro parto. Prevendo a sua morte, ela enviou uma carta ao papa
Leão X pedindo uma bênção especial. Em
24 de junho de
1519, morreu Lucrécia Bórgia em
Ferrara,
devido a complicações, após dar à luz o seu oitavo filho, depois de ter
tido uma história ao longo da vida de gestações e de abortos
complicados. A bênção papal não veio a tempo, mas Leão X escreveu ao
viúvo a dizer que lamentava muito a morte da "boa duquesa", de quem o
"inesquecível amigo César falava com tanto carinho". Foi sepultada no
convento de
Corpus Domini (do qual ela foi protetora em vida), em Ferrara, num hábito de freira.