Fachada da escola momentos depois do crime
O Massacre de Realengo refere-se à chacina ocorrida em 7 de abril de 2011, por volta das 08.30 horas da manhã (UTC-3), na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres
e começou a disparar contra os alunos presentes, tendo matado doze
deles, com idade entre 13 e 15 anos, deixando mais 22 feridos. O
assassino foi intercetado por polícias, mas cometeu suicídio antes de ser detido.
A motivação do crime figura incerta, porém a
nota de suicídio de Wellington e o testemunho público da sua irmã adotiva e o de um colega próximo apontam que o atirador era reservado, sofria
bullying e pesquisava muito sobre assuntos ligados a
atentados terroristas e a grupos
religiosos fundamentalistas. O crime causou comoção no país e teve ampla repercussão em noticiários internacionais.
Wellington Menezes de Oliveira matou a tiros doze adolescentes na Escola Municipal Tasso da Silveira
Conforme a lista divulgada pela polícia do Rio de Janeiro, as vítimas foram:
- Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos
- Bianca Rocha Tavares, 14 anos
- Géssica Guedes Pereira, 15 anos
- Igor Moraes, 13 anos
- Karine Chagas de Oliveira, 14 anos
- Larissa dos Santos Atanásio, 13 anos
- Laryssa Silva Martins, 13 anos
- Luiza Paula da Silveira Machado, 15 anos
- Mariana Rocha de Souza, 13 anos
- Milena dos Santos Nascimento, 15 anos
-
Rafael Pereira da Silva, 14 anos
- Samira Pires Ribeiro, 14 anos
Famílias de quatro das vítimas decidiram
doar os órgãos dos
adolescentes. A prefeitura homenageou as vítimas dando seus nomes a doze creches da cidade.
A primeira a receber esta homenagem foi Samira Pires Ribeiro, cujo nome
foi dado a uma creche (Espaço de Desenvolvimento Infantil) no bairro de
Guaratiba.
(...)
Wellington Menezes de Oliveira (Rio de Janeiro, 13 de julho de 1987 - Rio de Janeiro, 7 de abril de 2011), de 23 anos, foi aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira até a 8.ª série (9.º ano atualmente). Wellington era filho adotivo
de Dicéa Menezes de Oliveira, o mais novo de cinco irmãos e foi adotado
ainda bebé. A sua mãe biológica sofria de problemas mentais e chegou a
tentar se matar.
É descrito por familiares e conhecidos como um rapaz calado, tímido,
introspetivo, que não se metia em problemas nem desrespeitava regras. A sua mãe adotiva, que morreu em 2010, era Testemunha de Jeová;
Wellington também chegou a frequentar a religião, mas nunca havia se
tornado membro. Era uma pessoa calada, tímida e passava boa parte de seu
tempo navegando na Internet.
Em entrevista concedida no dia 13 de abril, os familiares
confirmaram que Wellington era muito fechado e introspetivo, que só se
relacionava com as pessoas pela Internet, tinha poucos amigos e não
participava da vida familiar, passando quase todo o tempo diante do
computador. Sendo adotado por uma mulher já com mais de cinquenta anos e
tendo irmãos já casados, foi tratado de modo distinto pela mãe, que
imaginava ter que deixá-lo muito cedo devido à idade. Ela é descrita
como um porto seguro para Wellington e a morte dela agravou sua doença
psiquiátrica, já conhecida da família e com uma tentativa de tratamento
com psicólogo, que foi abandonada pelo rapaz. Ele acompanhava reuniões
das Testemunha de Jeová com a mãe, muito religiosa, não tendo se tornado
adepto da religião e também não tinha ligação com grupos islâmicos,
como os media inicialmente informaram, embora tenha procurado
outras
religiões quando se desligou das Testemunhas de Jeová. Os parentes
diziam-se surpreendidos com o crime e com medo de se exporem publicamente.
Wellington se refere desta forma, em uma carta, ao bullying
sofrido na escola: "Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por
um grupo, e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com
as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos". E,
conforme o depoimento de um ex-colega: "Certa vez no colégio pegaram
Wellington de cabeça para baixo, botaram dentro da privada e deram
descarga. Algumas pessoas instigavam as meninas: 'Vai lá, mexe com ele'.
Ou até o incentivo delas mesmo: 'Vamos brincar com ele, vamos
sacanear'. As meninas passavam a mão nele (...). Esses maus-tratos
aconteceram em 2001. Naquele ano, em 11 de setembro, o maior ataque
terrorista de todos os tempos virou obsessão para Wellington".
Após a morte de Dona Dicéa, os irmãos vasculharam o computador do
jovem e descobriram que ele fazia muitas pesquisas sobre armamentos.
Descobriu-se que ele comprou dois revólveres e um carregador rápido, bem
como tomou aulas de tiro, havendo evidência de que planeava a ação
desde o ano anterior, sempre com intenção de vingança e com admiração
por atos terroristas. Durante a execução da chacina, cometeu
suicídio após ser baleado na barriga. Seu corpo foi enterrado no
Cemitério do Caju em 22 de abril, após quinze dias no
IML,
sem a presença de nenhum parente, somente dos coveiros, numa cova rasa e
sem lápide. Não se fez nenhum dos procedimentos que ele havia pedido na
carta de suicídio.