John Rowlands era o seu nome de registo e foi criado num
orfanato. Com 18 anos, partiu para os
Estados Unidos da América
onde se tornou amigo de um rico comerciantes chamado Stanley, que mais
tarde o adoptou, dando-lhe o seu nome. Depois de servir como soldado dos
dois lados da
Guerra Civil Americana, Stanley foi recrutado pelo
coronel Samuel Forster Tappan como correspondente para vários jornais. Em breve, ele passou a trabalhar exclusivamente para
James Gordon Bennett, fundador do
New York Herald e, mais tarde, Stanley descreveu esta primeira fase da sua vida profissional no primeiro volume do seu livro
My Early Travels and Adventures in America and Asia (“As Minhas Primeiras Viagens e Aventuras na América e na Ásia”, publicado em 1895).
Como correspondente do Herald, Stanley foi instruído em 1869 pelo
filho de Bennett (que tinha substituído o pai na gestão do jornal) para
descobrir o
missionário e explorador
David Livingstone, que tinha chegado a
África à procura da nascente do
rio Nilo
e de quem não havia notícias havia algum tempo. Stanley perguntou
quanto poderia gastar e a resposta foi "Levante £1,000 agora e, quando
as gastar, levante mais mil e quando as terminar, mais mil e continue a
gastar — MAS ENCONTRE LIVINGSTONE!"
Partindo de
Zanzibar com 200 carregadores e tudo o que havia de melhor para uma expedição, o jornalista encontrou Livingstone no dia
10 de novembro de
1871 em
Ujiji, perto do
Lago Tanganyika, presentemente na
Tanzânia, e saudou-o (de acordo com os seus próprios escritos) com a famosa frase "
Dr. Livingstone, I presume?".
A frase é famosa por parecer irónica: poderia traduzir-se como “Creio
que seja o Dr. Livigston, não é?” Evidentemente, não poderia ser mais
ninguém, uma vez que ele era o único
branco que Stanley tinha visto desde deixar Zanzibar.
Stanley juntou-se-lhe para explorar a região, até ficarem seguros que
não havia ligação entre o Lago Tanganica e o Nilo. Livingston estava na
verdade explorando a parte superior de um grande rio do interior
chamado
Rio Lualaba que se revelou como sendo o alto
rio Congo. Quando regressou, Stanley escreveu um livro com as suas experiências e o
New York Herald, em parceria com o
Daily Telegraph da
Grã-Bretanha,
decidiram financiar uma nova expedição de Stanley a África, com o
principal objectivo de resolver o último grande mistério do continente
negro, o curso do rio Congo até ao mar.
Nesta segunda expedição (1874-1877), Stanley chegou ao Lago Tanganica
onde ele já sabia existir uma das nascentes do Congo e daí navegou por
1600 km Lualaba abaixo (alto Congo) até ao grande lago no rio que ele
chamou de
Stanley Pool (agora chamado de
Pool Malebo, junto do qual se encontram as cidades de
Brazzaville e
Kinshasa). Então, ao invés de continuar pelas impenetráveis
cataratas Livingston, Stanley optou por um longo desvio através da região para se aproximar da feitoria portuguesa em
Boma no estuário do Congo.
Stanley foi consagrado em toda a
Europa. Ele escreveu artigos, apareceu em reuniões públicas, fez
lobby
junto dos ricos e poderosos, e sempre seu tema era a oportunidade para
exploração comercial das terras que ele descobriu ou, em suas palavras,
"despejar a civilização europeia no barbarismo africano."
"Há 40 000 000 de pessoas nuas do outro lado das cataratas", escreveu Stanley, "e os industriais têxteis de
Manchester estão à espera de os vestir... as fábricas de
Birmingham
estão a fulgurar com o metal vermelho que será transformado em objectos
metálicos de todos os tipos e aspectos que os irão decorar... e os
ministros de
Cristo estão zelosos de trazer as suas pobres almas para a fé cristã."
A sua última missão em África foi uma expedição iniciada em 1886 para "salvar"
Emin Paxá, governador de
Equatória no sul do Sudão, hoje no
Sudão do Sul. Depois de muitas dificuldades e mortes, Stanley encontrou Emin em 1888, descobriu o maciço
Ruwenzori e o
lago Edward
e emergiu do interior de África com Emin e os seus seguidores
sobreviventes nos finais de 1890. Esta façanha permitiu à Grã-Bretanha
assegurar a posse do
Uganda.
Stanley, que se tinha naturalizado americano, voltou a adoptar a nacionalidade britânica, conseguiu ser eleito para o
parlamento, onde serviu entre 1895-1900 e foi galardoado com o título de
cavaleiro pela rainha
Vitória em 1899.
No entanto, estas aparentes vitórias não pouparam Stanley de muita controvérsia sobre
violência
e brutalidade durante as suas expedições a África. Apesar dos seus
esforços para se defender, ficou patente sua opinião de que "o
selvagem
só respeita a força, a intrepidez e o poder de decisão." Esta opinião
pode ter sido a causa de Stanley ser conhecido no Congo como Bula
Matari, ou “O Destruidor de Rochas”).
Stanley morreu em
Londres a
10 de maio de
1904 e o seu túmulo, no cemitério da igreja de São Miguel, em Pirbright, (
Surrey) está marcada por uma gigantesca pedra de
granito.