A revolta começou como uma manifestação estudantil que atraiu milhares que marcharam pelo centro de
Budapeste até o
parlamento. Uma delegação de estudantes, entrando no
prédio da rádio numa tentativa de transmitir
as suas exigências, foi detida. Quando a libertação da delegação foi exigida pelo manifestantes do lado de fora, ele foram alvejados pela
Autoridade de Proteção de Estado (ÁVH) de dentro do prédio. As notícias espalharam-se rapidamente e desordem e violência irromperam por toda a capital.
A revolta espalhou-se rapidamente pela Hungria, e o governo caiu.
Milhares de pessoas organizaram-se em milícias, combatendo a Polícia de Segurança
do Estado (ÁVH) e as tropas soviéticas. Comunistas pro-soviéticos e
membros da ÁVH eram frequentemente executados ou aprisionados, enquanto
os antigos prisioneiros eram libertados e armados. Conselhos
improvisados tiraram o controle municipal do
Partido dos Trabalhadores Húngaros e exigiram mudanças políticas. O novo governo formalmente dissolveu a ÁVH, declarou a sua intenção de se retirar do
Pacto de Varsóvia
e prometeu restabelecer livres eleições. No final de outubro, as
lutas tinham quase parado e uma sensação de normalidade começava a retornar.
Depois de anunciar a boa vontade para negociar uma retirada das forças soviéticas, o
Politburo mudou de ideia e decidiu suprimir a revolução. Em
4 de novembro, um grande exército soviético invadiu Budapeste e outras regiões do país. A resistência húngara continuou até
10 de novembro.
Mais de 2.500 soldados húngaros e cerca de 700 soldados soviéticos
foram mortos no conflito, tendo 200.000 húngaros fugido, passando a ser
refugiados. Prisões em massa e denúncias continuaram durante meses. Em
janeiro de 1957, o novo governo soviético instalado suprimiu toda a
oposição pública. Estas ações soviéticas fizeram duvidar das suas
convicções muitos
marxistas ocidentais, ainda mais pelo brutal reforço do controle soviético na
Europa Central.
Discussões públicas sobre essa revolução foram reprimidas na Hungria
durante trinta anos, mas desde os anos 1980 ela tem sido objeto de
intenso
estudo e debate. No princípio da Terceira República da Hungria, em
1989, o dia
23 de outubro foi declarado feriado nacional.
Cronologia
O levantamento popular húngaro começou a
23 de outubro de
1956, com uma manifestação pacífica de estudantes em
Budapeste. Exigiam o fim da ocupação soviética e a implantação do "
socialismo verdadeiro". Quando os estudantes tentaram resgatar alguns colegas que haviam sido presos pela
polícia política, esta abriu fogo contra a multidão.
No dia seguinte, oficiais e soldados juntaram-se aos estudantes nas ruas da capital. A
estátua de
Estaline
foi derrubada por manifestantes que entoavam, "
Russos, voltem para
casa", "
Abaixo Gerő" e "
Viva Nagy". Em resposta, o Comité Central do
Partido Comunista Húngaro recomendou o nome de
Imre Nagy para a chefia de governo.
Em 25 de outubro,
tanques soviéticos dispararam contra manifestantes na
Praça do
Parlamento. Chocado com tais acontecimentos, o Comité Central do partido forçou a renúncia de Gerő e substituiu-o por Imre Nagy.
Nagy foi à Rádio Kossuth e anunciou a futura instalação das liberdades, como seja o
multipartidarismo,
a extinção da polícia política, a melhoria radical das condições de
vida do trabalhador e a busca do socialismo condizente com as
características nacionais da Hungria.
Em 28 de outubro, o primeiro-ministro Nagy vê as suas opções serem
aceites por todos os órgãos do Partido Comunista. Os populares desarmam a
polícia política.
Em 30 de outubro, Nagy comunicou a libertação do
cardeal Mindszenty e de outros
prisioneiros políticos. Reconstituíram-se os Partidos dos Pequenos Proprietários, Social-Democrata e Camponês Petőfi. O
Politburo Soviético decide, numa primeira fase (30 de outubro) mandar as
tropas
sair de Budapeste, e mesmo da Hungria se viesse essa a ser a vontade do
novo governo. Mas no dia seguinte volta a trás e decide-se pela
intervenção militar e instauração de um novo governo. A 1 de novembro, o
governo húngaro, ao tomar conhecimento das movimentações militares em
direção a Budapeste, comunica a intenção húngara de se retirar do
Pacto de Varsóvia e pede a proteção das
Nações Unidas.
A 3 de novembro, Budapeste está cercada por mais de mil tanques. Em
4 de novembro, o
Exército Vermelho invade Budapeste, com o apoio de ataques aéreos e bombardeamentos de
artilharia
a Hungria, derrotando rapidamente as forças húngaras.
Calcula-se que
20.000 pessoas foram mortas durante a intervenção soviética. Nagy foi
preso (e posteriormente executado) e substituído no poder pelo
traidor
e simpatizante soviético
János Kádár.
Mais de 2 mil processos políticos foram abertos, resultando em 350 enforcamentos.
Dezenas de milhares de húngaros fugiram do país e cerca de treze mil foram
presos. As tropas soviéticas apenas saíram da Hungria em
1991.
Cenas da revolução, em cinejornal da época