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sábado, novembro 09, 2024

O Muro de Berlim começou a abanar e cair há trinta e cinco anos...!

 Alemães em pé em cima do muro, em 1989
      
O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de novembro de 1989, depois de 28 anos de existência. O evento é conhecido como a queda do muro. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, era pedida liberdade para viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.
O impulso decisivo para a queda do muro foi um mal-entendido entre o governo da RDA. Na tarde do dia 9 de novembro houve uma conferência de imprensa, transmitida ao vivo na televisão alemã-oriental. Günter Schabowski, membro do Politburo do SED, anunciou uma decisão do conselho dos ministros de abolir imediatamente e completamente as restrições de viagens ao Oeste. Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, para anteriormente informar todas as agências governamentais.
  
  
Pouco depois deste anúncio houve notícias sobre a abertura do Muro na rádio e televisão ocidental. Milhares de pessoas marcharam aos postos fronteiriços e pediram a abertura da fronteira. Nesta altura, nem as unidades militares, nem as unidades de controle de passaportes haviam sido instruídas. Por causa da força da multidão, e porque os guardas da fronteira não sabiam o que fazer, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strasse, às 23.00 horas, e mais tarde em outras partes do centro de Berlim, e na fronteira ocidental. Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira se abriu, na manhã do dia 10 de novembro havia grandes multidões de pessoas querendo passar pela fronteira.
Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim Ocidental. Muitas discotecas perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais. O Bundestag interrompeu as discussões sobre o orçamento e os deputados, espontaneamente, cantaram o hino nacional da Alemanha.
     
 
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quarta-feira, outubro 09, 2024

Os alemães de leste fartaram-se (do socialismo, do comunismo ou lá do que era aquilo...) há 35 anos...

Mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig
    
Foi em Leipzig que a manifestação de 70 mil pessoas no dia 9 de outubro de 1989 deixou o regime da RDA sem resposta. Ninguém imaginava que um mês depois o muro caísse.
 

A polícia estava na rua, com escudos, bastões, e cães. O jornal oficial do partido avisara que o exército estava de armas na mão, pronto a esmagar qualquer ameaça à ordem socialista. Os hospitais de Leipzig tinham recebido sangue extra. A imagem na cabeça das pessoas da cidade do Leste da Alemanha era uma: Tiananmen.
  
Apesar disso, mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig, e é essa data que o Presidente alemão, Joachim Gauck, vai assinalar esta quinta-feira nas comemorações dos 25 anos da queda do Muro de Berlim. Não o 9 de novembro, o dia em que a barreira foi finalmente derrubada, mas sim um mês antes, quando se deu a manifestação que tudo mudou, em Leipzig.
 
No dia 9 de outubro de 1989, Irmtraut Hollitzer saiu de casa para ir, como ia sempre, à oração pela paz numa das igrejas de Leipzig. Nestes círculos de relativa liberdade que eram as igrejas e nestes encontros eram há alguns anos discutidas questões decisivas para o Estado – dos problemas ambientais à proibição de viajar. Estes encontros começaram a chamar a atenção e em setembro saíram do interior das igrejas. “Imagine, na RDA era tudo sempre sossegado, não se passava nada, e de repente todas as segundas-feiras acontecia alguma coisa na Igreja de S. Nicolau”, contou Irmtraut numa conversa telefónica com o PÚBLICO. Na segunda-feira, dia 2 de outubro, o regime achou que chegava e mandou a polícia reprimir uma manifestação no exterior da igreja à bastonada.
  
Na segunda-feira seguinte, dia 9, as quatro principais igrejas da cidade estavam cheias. Irmtraut estava na Igreja de S. Tomás. “Não cabia nem mais uma pessoa. Havia gente no pátio, cá fora.” Com todas as ameaças do regime, o ambiente era muito tenso. “Falou-se sobre quão difícil estava a situação. Os nossos sentimentos, as nossas emoções, estavam todas dominadas pelo medo”, lembra.
   
As portas da igreja abriram-se e Irmtraut teve de decidir: “Ou ia para a esquerda, para casa, ou para a direita.” Viu a polícia, “pronta para atacar, com escudos, com cães”. Lembrou-se dos avisos: “O exército estava com armas na mão para reprimir a manifestação.” O Presidente da RDA, Erich Honecker, tinha elogiado as autoridades chinesas pelo modo como acabaram com o protesto de Tiananmen. “Eu tinha quatro filhos. Estava cheia de medo.” Irmtraut decidiu e acelerou o passo: “Para casa, para casa.”
   
Muitas outras pessoas foram, apesar disso, para o lado oposto, “com incrível coragem”, sublinha Irmtraut. Juntaram-se a pessoas vindas das outras igrejas, incluindo a Igreja de S. Nicolau, onde havia orações pela paz desde 1982. Tinham velas na mão. Diziam “Somos o povo” ou “não à violência”.
    
Não sabiam se iam ser atacadas, espancadas, se ia haver tiros. Não sabiam se no dia a seguir iam ter emprego. “Para mim foi espantoso como foram”, resume Irmtraut. “Se tivessem sido menos, certamente a manifestação teria sido reprimida.”
  
A polícia, que na semana anterior tinha sido violenta, não soube reagir a tanta gente. Os agentes da Stasi infiltrados que tentaram causar problemas foram isolados pelos manifestantes. Na superordenada RDA, o trânsito estava caótico, condutores deixaram carros no meio da rua para se juntar à marcha, as forças do regime não sabiam o que fazer – então acabaram por não fazer nada. “Eles estavam prontos para tudo”, comentou Christian Führer, um dos padres da Igreja de S. Nicolau que liderou as orações pela paz desde 1982 (e que morreu este ano). “Exceto para orações e velas.”
   
Irmtraut chegou a casa e ligou a televisão num canal da Alemanha Ocidental. “Passado um bocado falou-se de Leipzig e de uma manifestação pacífica. E foi como uma libertação.”
  
Na segunda-feira seguinte, tudo era diferente. “Já não tínhamos medo”, conta Irmtraut. Não foi preciso decidir, se a seguir à oração, ia para a casa ou para a manifestação: “Lembro-me de um sentimento in-crí-vel, estar ligada a esta massa de pessoas e podermos fazer alguma coisa, demonstrar a nossa oposição a este sistema, dizer: ‘Basta de mentiras.’”
  
Imagens de Leipzig chegaram a outras cidades e as manifestações multiplicavam-se de cidade em cidade e cresciam. A pressão sobre o regime continuava.
  
Na altura, o máximo que Irmtraut imaginou foi que o regime da RDA mudasse. Até que umas semanas mais tarde alguém gritou numa manifestação: “Fora com o muro.” E eu pensei: ‘Oh meu Deus, será que é possível?’ Para mim o muro acabar era como um sonho.”
  
E a 9 de novembro, depois de 28 anos de existência, o muro caiu.
  
Irmtraut tinha 46 anos. “A reunificação foi a maior sorte da minha vida. Vinte e cinco anos em liberdade, não é nada mau!”, diz a rir.
  
Esta quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas vão reviver, levando velas, o percurso da manifestação. O Presidente Gauck convidou os chefes de Estado da Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria para a cerimónia.
  
A queda do Muro de Berlim foi tão inesperada como fruto de uma complexa teia de circunstâncias, desde em Moscovo ser Presidente Gorbatchov, ao surgimento do movimento Solidariedade na Polónia (na comemoração dos vinte anos da queda do muro, Lech Walesa, o líder do Solidariedade, deitou abaixo o primeiro dominó de uma cadeia simbolizando o Muro de Berlim), passando pela abertura das fronteiras da Hungria e Checoslováquia que levaram a uma saída em massa de alemães de leste para o oeste.
  
Como resumiu em 2009 o jornalista da BBC que era o correspondente em Moscovo, Brian Hanrahan (e que entretanto morreu): “Uma semana depois Honecker foi-se embora, um mês depois foi-se o Muro de Berlim, deitado abaixo pela coragem dos manifestantes de Leipzig.”
  
Para o padre Christian Führer, citado pela revista Spiegel, não há dúvidas: “Foi uma auto-libertação.” A queda do muro “foram as pessoas daqui que a fizeram”.
    

quinta-feira, outubro 03, 2024

A reunificação da Alemanha foi há trinta e quatro anos

  

A reunificação da Alemanha (Deutsche Wiedervereinigung, em alemão) ocorreu a 3 de outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado na República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental).
Após as primeiras eleições livres na RDA, a 18 de março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação (Einigungsvertrag, celebrado a 31 de agosto de 1990), enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação (Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética) resultaram no chamado "Tratado Dois Mais Quatro" (celebrado em 12 de setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
A Alemanha reunificada continuaria a integrar a Comunidade Europeia (que posteriormente, passaria a ser a União Europeia) e a NATO.
O termo "reunificação" é utilizado para designar este processo, que é distinto e diferente da unificação da Alemanha, em 1871.
A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo económico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental.
A União Democrata Cristã (CDU), de Helmut Kohl, venceu facilmente as primeiras eleições na nova Alemanha, em dezembro de 1990, mas o governo enfrentou graves problemas, como o aumento da dívida pública, o alto índice de desemprego e a atuação de grupos neonazis, cujos ataques visavam sobretudo o grande contingente de imigrantes do país.
    
  

quinta-feira, setembro 12, 2024

O tratado que permitiu a reunificação alemã foi assinado há trinta e quatro anos

     
O Tratado sobre a Regulamentação Definitiva referente à Alemanha (em inglês: Treaty on the Final Settlement with Respect to Germany, em francês: Traité portant Règlement Définitif concernant l'Allemagne), mais habitualmente conhecido como Tratado Dois-Mais-Quatro, é o tratado de paz definitivo negociado entre a República Federal da Alemanha, a República Democrática Alemã e as quatro potências que ocuparam a Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa: Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética.
O tratado, celebrado em Moscovo em 12 de setembro de 1990, permitiu a reunificação da Alemanha naquele mesmo ano, em 3 de outubro.
Nos termos do acordo, as Quatro Potências renunciam a todos os direitos que detinham na Alemanha, inclusive em Berlim. Dessa maneira, o país reunificado tornou-se plenamente soberano em 15 de março de 1991. As tropas soviéticas sairiam do país até o final de 1994. A Alemanha concordou em limitar as suas forças armadas a um máximo de 370 mil homens. O país também confirmou a sua renúncia à fabricação e posse de armas nucleares, biológicas e químicas, reiterando que o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares continuaria a vincular a Alemanha reunificada. Determinou-se, também, a proibição à presença de forças armadas estrangeiras e armas nucleares no território da antiga Alemanha Oriental.
Talvez a disposição mais significativa do tratado seja a renúncia, por parte da Alemanha, a todas as reivindicações referentes a territórios a leste da linha Oder-Neisse, o que implicou a aceitação, pelo país, das perdas territoriais sofridas no fim da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha concordou, ainda, em celebrar um tratado separado com a Polónia para confirmar a fronteira comum, o que ocorreu no ano seguinte.
Embora o tratado tenha sido assinado pelas duas Alemanhas independentemente, foi ratificado pela Alemanha reunificada. 

sábado, agosto 17, 2024

Peter Fechter, a mais famosa vítima do carrascos do Muro de Berlim, foi assassinado há 62 anos...

  
Peter Fechter (Berlim, 14 de janeiro de 1944 - Berlim, 17 de agosto de 1962) era um pedreiro da Alemanha Oriental que, aos dezoito anos, se tornou uma das primeiras e provavelmente a mais famosa vítima do Muro de Berlim. Ao tentar atravessar a fronteira entre as duas Alemanhas, na rua Zimmer, foi alvejado pelas costas e morreu de hemorragia, sem que os guardas de fronteira da parte ocidental pudessem socorrê-lo.
  
Morte
Em 1962, cerca de um ano após a construção do muro, Fechter tentou fugir da Alemanha Oriental juntamente com o seu amigo Helmut Kulbeik. O plano era esconder-se numa oficina de carpintaria próxima do muro em Zimmerstrasse, aguardar uma brecha na movimentação dos soldados da fronteira e saltar de uma janela para o "corredor da morte" (a zona desmilitarizada que ficava entre o muro erguido na parte oriental e o erguido na parte ocidental, que por sua vez corriam paralelos entre si para aumentar a segurança contra invasões e fugas), correr através dele e depois escalar uma parede de dois metros, coberta de arame farpado, para enfim cair em Kreuzberg, Berlim Ocidental, perto de Checkpoint Charlie.
Quando ambos chegavam até à segunda parede os guardas avistaram-nos e dispararam imediatamente contra os dois. Kulbeik conseguiu pular para o outro lado, mas Fechter acabou baleado na pelvis enquanto escalava e diante de centenas de testemunhas. Após ser alvejado, perdeu as forças e caiu de volta ao corredor da morte, controlado pelo lado oriental, diante de um grande número de espetadores ocidentais, incluindo jornalistas. Apesar de seus gritos, ele não recebeu assistência médica do lado do Oriente e não pôde ser atendido pelas equipas médicas do lado ocidental, que não podiam aceder ao corredor. Fechter agonizou até à morte cerca de uma hora, sem nenhum tipo de assistência. As pessoas do lado oeste que pararam para ver a cena imediatamente começaram a gritar contra os guardas da fronteira, fazendo coro chamando-os de assassinos.
A falta de assistência médica no caso pode ter sido reflexo do medo mútuo. De acordo com um relatório da revista Time, um segundo-tenente dos Estados Unidos que acompanhou a cena teria recebido ordens específicas do comandante dos EUA em Berlim Ocidental para se manter firme e não invadir a área oriental. De qualquer maneira, de acordo com um relatório do patologista forense Otto Prokop, "Fechter não tinha nenhuma chance de sobrevivência. O tiro no quadril direito havia causado ferimentos internos graves." O comandante do pelotão do lado oriental, por sua vez, declarou que ficou com medo de intervir, pois três dias antes o guarda de fronteira Rudi Arnstadt havia sido baleado por um polícia federal no lado ocidental e ele temia que qualquer ação que tomasse em relação ao corpo de Fechter resultasse numa reação ocidental. No entanto, uma hora após a morte de Peter Fechter,  o seu corpo foi recolhido pelo lado oriental.
Em março de 1997, dois ex-guardas da Alemanha Oriental, Rolf Friedrich e Erich Schreiber, responderam à acusação de homicídio culposo pela morte de Fechter e admitiram que dispararam contra ele. Ambos foram condenados e sentenciados a 20 e 21 meses de prisão, em liberdade condicional. Devido à falta de evidências conclusivas, o tribunal não conseguiu determinar qual dos três homens armados (um dos quais já havia morrido) tinha disparado a bala fatal. 

Ele queria liberdade...

terça-feira, agosto 13, 2024

O vergonhoso Muro de Berlim foi iniciado há sessenta e três anos...

Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era fazia parte dos países capitalistas, encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), fazia parte dos países países socialistas, simpatizantes do regime soviético. Construído a partir da madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas.
   
Mapa do traçado do Muro de Berlim
  
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.
Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante a sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.
Durante uma onda revolucionária que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou a 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.
   
     
Memorial em homenagem as vítimas do muro em Berlim (1982)
   

 

NOTA:  não perdoamos nem esquecemos os crimes cometidos pelos que defendiam o muro da vergonha e a ideologia por detrás dele - espero que alguns emigrem para a Venezuela e façam um novo, que lá bem precisam para reter os ainda lá vegetam.

domingo, junho 30, 2024

Walter Ulbricht, o camarada assassino que mandou construir o Muro de Berlim, nasceu há 131 anos


 Walter Ulbricht (Leipzig, 30 de junho de 1893Berlim Oriental, 1 de agosto de 1973) foi um político alemão, membro do Partido Comunista da Alemanha (KPD) e depois secretário-geral do Partido Socialista Unificado (SED), que resultou da fusão, forçada pelos soviéticos, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SDP) com o Partido Comunista da Alemanha (KDP), na República Democrática Alemã. Ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Estado da República Democrática Alemã entre 12 de setembro de 1960 e 1 de agosto de 1973. Foi o responsável por mandar fazer o Muro de Berlim, embora dois meses antes tivesse negado tal intenção. Apoiou a intervenção soviética na Checoslováquia, durante a Primavera de Praga, mandando inclusive tropas da RDA para pôr fim ao levantamento democrático na Checoslováquia.

 

Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986
      

quarta-feira, junho 26, 2024

JFK fez um importante discurso em Berlim há sessenta e um anos

    

"Ich bin ein Berliner" ("Eu sou um berlinense", em alemão) é uma citação de um discurso feito em 26 de junho de 1963 pelo presidente dos Estados Unidos à época, John F. Kennedy, em Berlim Ocidental. Na ocasião Kennedy estava enfatizando o apoio dos Estados Unidos à Alemanha Ocidental, 22 meses depois do Estado comunista da Alemanha Oriental, aliado da União Soviética, ter erguido o Muro de Berlim, como forma de impedir qualquer movimento entre as regiões orientais e ocidentais da cidade.
O discurso é considerado um dos melhores de Kennedy, e um dos momentos notáveis da Guerra Fria. Representou um grande impulso moral para os berlinenses ocidentais, que viviam num enclave situado dentro da Alemanha Oriental e temiam uma possível ocupação comunista. Falando a partir de uma plataforma erguida sobre os degraus da Rathaus Schöneberg, Kennedy disse,
Há dois mil anos, não havia frase que se dissesse com mais orgulho do que Civis Romanus sum ("Sou um cidadão romano"). Hoje, no mundo da liberdade, não há frase que se diga com mais orgulho que 'Ich bin ein Berliner'... Todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim, e, portanto, como um homem livre, eu orgulho-me das palavras 'Ich bin ein Berliner'!

 

 
Alguns relatos alegam que Kennedy teria inventado a frase na última hora, bem como a ideia de dizê-la em alemão, e que teria pedido ao seu intérprete, Robert H. Lochner, que traduzisse "eu sou um berlinense" apenas ao subir as escadas da Rathaus (Prefeitura). Com a ajuda de Lochner, Kennedy praticou a frase no gabinete do então presidente da Câmara da cidade, Willy Brandt, e teria anotado uma pronúncia fonética num cartão. Um professor do Departamento de Estado americano, no entanto, escreveu em 1997 um relato sobre a visita que teria feito a Kennedy na Casa Branca algumas semanas antes da viagem a Berlim para ajudá-lo a escrever o discurso e ensinar-lhe a pronúncia correta.
O Conselheiro de Segurança Nacional, McGeorge Bundy, acreditava que o discurso tinha "passado um pouco dos limites", e os dois fizeram uma revisão do texto até que atingisse uma forma mais subtil, antes de repeti-lo na Universidade Livre, mais tarde naquele mesmo dia.
Esta mensagem de rebeldia tinha como alvo tanto os soviéticos quanto os berlinenses, e representava uma clara afirmação da política americana em meio à construção do Muro de Berlim. A cidade estava oficialmente sob ocupação conjunta das quatro potências aliadas, cada uma responsável por determinada zona. O discurso de Kennedy marcou o primeiro momento em que as autoridades americanas reconheceram que Berlim Oriental fazia parte do bloco soviético, juntamente com a metade oriental do país.
Existem diversos locais que homenageiam Kennedy em Berlim, como a Escola Alemã-Americana John F. Kennedy, e o Instituto John F. Kennedy de Estudos Norte-Americanos, na Universidade Livre de Berlim. A praça em frente à prefeitura da cidade, de onde o discurso foi feito, passou a se chamar "John-F.-Kennedy-Platz". Uma grande placa dedicada a Kennedy foi montada sobre uma coluna, na entrada do edifício, e a sala sobre a sua entrada, que dá diretamente para a praça, é dedicada a Kennedy e à sua visita.
O manuscrito original do discurso está armazenado na National Archives and Records Administration.
   


Placa homenageando o discurso de Kennedy, ao lado da entrada principal da Rathaus Schöneberg
     
   in Wikipédia

segunda-feira, junho 24, 2024

O bloqueio de Estaline a Berlim-Ocidental começou há 76 anos...


(imagem daqui)

O Bloqueio de Berlim (de 24 de junho de 1948 a 11 de maio de 1949) tornou-se uma das maiores crises da Guerra Fria, desencadeada quando a União Soviética interrompeu o acesso ferroviário e rodoviário à cidade de Berlim Ocidental. A crise arrefeceu ao ficar claro que a URSS não agiria para impedir a ponte aérea de alimentos e outros géneros organizada e operada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, em 8 de maio de 1945, tropas soviéticas e ocidentais (americanas, britânicas e francesas) encontravam-se espalhadas pela Europa, aquelas a leste, estas a oeste, formando uma linha divisória arbitrária no centro do continente. Na Conferência de Potsdam, os aliados acordaram dividir a Alemanha derrotada em quatro zonas de ocupação (conforme os princípios previamente definidos na Conferência de Ialta), conceito também aplicado a Berlim, que foi então partilhada em quatro sectores. Como Berlim havia ficado bem no centro da zona de ocupação soviética da Alemanha (que viria a tornar-se a Alemanha Oriental), as zonas americana, britânica e francesa em Berlim encontravam-se cercadas por território ocupado pelo Exército Vermelho. Esta situação viria a ser um ponto focal das tensões que levariam à dissolução da aliança sovieto-ocidental formada na Segunda Guerra.
A URSS encerrou o bloqueio às 00.01 horas de 12 de maio de 1949. Contudo, a ponte aérea continuou a funcionar até 30 de setembro, pois os quatro países ocidentais preferiram criar um stock de suprimentos em Berlim Ocidental, para o caso de novo bloqueio soviético.
   
Berlinenses assistindo a um C-54 aterrando no Aeroporto de Tempelhof (1948)

 

domingo, junho 02, 2024

Benno Ohnesorg foi assassinado há 57 anos...

Relief Der Tod des Demonstranten (The Death of the Demonstrator) by Alfred Hrdlicka

Benno Ohnesorg (Hanôver, 15 de outubro de 1940 - Berlim, 2 de junho de 1967) foi um estudante alemão de Estudos Românicos e Germânicos, morto em frente à Ópera Alemã de Berlim, pelo polícia Karl-Heinz Hurras, com um tiro à queima-roupa, durante uma manifestação contra a visita do Reza Pahlavi à RFA. Benno Ohnesorg era casado e a sua mulher estava grávida quando ele foi alvejado.
A sua morte, que provocou um grande impacto no movimento estudantil alemão, teve grande influência sobre a radicalização política europeia do fim dos anos 60. Pode mesmo ser considerada como um dos motores das revoltas estudantis de 1968 e contribuiu, mais tarde, para a emergência da Fração do Exército Vermelho (Baader-Meinhof).
Uma organização de extrema esquerda denominada Bewegung 2. Juni (Movimento 2 de junho) foi assim denominada em memória de Benno Ohnesorg.
Existe um memorial em sua memória, ao pé da Ópera Alemã de Berlim, e uma ponte em Hanover com o seu nome.
Benno Ohnesorg era também amigo do escritor Uwe Timm que escreveu o livro "der Freund und der Fremde" sobre a amizade dos dois e o seu trágico fim.
Mais de quarenta anos depois, foi revelado que Karl-Heinz Hurras era um agente da polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi. Todavia o motivo da ação de Kurras não foi totalmente esclarecido. Os arquivos da Stasi não contêm evidência de que Hurras tivesse agido sob ordens da Alemanha Oriental quando atirou em Benno.
 

 

 

  
 

A Moment in June

She gave me a red tomato
I ate it instead of throwing it
I said now they’re shooting
But she laughed because she didn’t know
How soft pistol shots are
In a yard

I went along and set a
Newspaper on fire threatened
The people at their windows
Because they were throwing flower pots
Now something has changed
The apartment I thought and
The music in the radio

Later when I saw the picture with
The girl who was holding the head
Of the dead student
I thought you know her
You’ve seen
Her before.

Waking

It is night the stars are coming into the room
The city becoming calm. Taken back
The words
The gestures
The touching

Softly the transitions are accompanied by silent lightning
Ever earlier anaesthesia
Ever more forgetting
Ever closer the dead

River

Never do you escape me. Never do you turn
Away. Magical force of attraction wherever
I go. The dyke the flooded meadows
The fog, the warning calls the hand
That scoops the water as if to finally
See its ground. Always the same
Hanging trees. Cries of the birds, stones
The rotting wood of the ship, corpses
Also the view over to other countries
Church towers burning farms, fields
Restless motor-bike riders. River that through
Me flows syphonable anytime
Drinking water blood-red. Watch out for those
Who seek you
Throw them back onto a soft place
Where there’s sand, grass
River, I come out of you
No one will be able to distinguish us
On our way to the oceans

What is happiness exactly anyway

Yes what exactly
You think about it and can’t work it out
The water is boiling on the stove and the garbage
Is collected every Friday at seven
Yesterday
There was an argument with a woman (of course about nothing). She
Packed her bags, took the pictures from the wall
Even those that didn’t belong to her, for instance
That of Max that evenings
Smells of water.
You’ve got to think in colours
Everyone hears him saying and already there’s a problem
One you can grab and even go
To the woods with
To doze and wander.
Veg out, that’s it!
No longer think of the toxic taste in the
Soup of the stiff gestures
Of your neighbour who’d really love
To put on the uniform again.
Two three stops
Till Café Nitschmann where you can sink
Your thoughts and where you’re allowed to discreetly
Despair a little
And yet continue breathing
Audibly.

 

Rolf Haufs

sábado, fevereiro 10, 2024

Bertholt Brecht nasceu há 126 anos

   
Eugen Bertholt Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 - Berlim Leste, 15 de agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.Os seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia, Berliner Ensemble, realizadas em Paris durante os anos de 1954 e 1955.
Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. A sua praxis é uma síntese do experimentalismo teatral de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos de 1917-1926. O seu trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.

 

Perguntas de um Operário Letrado



Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
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quinta-feira, janeiro 04, 2024

Till Lindemann, o vocalista dos Rammstein, faz hoje 61 anos

   
Till Lindemann (Leipzig, 4 de janeiro de 1963) é o vocalista da banda alemã Rammstein. Ex-campeão da Europa de natação da antiga Alemanha Oriental (RDA) enquanto jovem, teve que abandonar o desporto devido a um rompimento muscular abdominal (cuja cicatriz pode ser vista no vídeo Live aus Berlin).
Após vários incidentes menos graves, como o ocorrido na Treptow Arena, em Berlim, a 27 de setembro de 1996, em que um objeto em chamas voou na direção da plateia, felizmente sem causar acidentes, Till dedicou-se ao estudo de técnicas de pirotecnia e formou-se como pirotécnico profissional, característica que marca os concertos do Rammstein.
As suas características mais marcantes são o timbre grave e os seus "R"s enrolados. Lindemann tem 1,92 metros de altura. O seu cabelo natural é castanho e os olhos, verdes-azulados.
Antes de ingressar nos Rammstein, Till trabalhou fazendo cestos quando morou em Schwerin e foi baterista da banda First Arsch.
Em 1986 começou a tocar bateria numa banda chamada First Arsch, também conhecida como "First Art": o jogo de palavras talvez servisse para enganar as autoridades comunistas e era uma banda punk com sede em Schwerin. Fizeram um álbum intitulado Saddle up. Till também tocou numa banda chamada Feeling B. Uma música chamada "Leid von der unruhevollen Jugend" ("Música da juventude incansável") encontra-se no álbum Hea Hoa Hoa Hoa Hea Hoa Hea (1990). Mais tarde, nos anos 90, Lindemann começou a escrever letras, possivelmente baseadas em poemas anteriores que começara a escrever.
Till é o vocalista do grupo, embora tenha sido baterista na sua banda anterior. Tem uma poderosa presença em palco. Um dos seus movimentos mais conhecidos é o de bater com o punho na sua perna ao ritmo dos riffs, da mesma maneira como fazem os ferreiros - ele também faz isso quando sente dor no joelho. Till tem um problema na rótula, que, às vezes, sai do lugar e só volta com um impacto na perna. Como Till disse numa entrevista, que pode ser vista no DVD Vídeos 1995-2012, no making-of de um dos vídeos, ele disse: "Eu tenho um problema no joelho e, quando piso mal o chão, a minha rótula sai do lugar. Quando era mais jovem, logo que eu sentia isso, batia no joelho, como faço nos shows, e esta voltava ao lugar e melhorava." Na banda é o que melhor fala inglês, apesar de ter um sotaque muito forte.
   

 


quinta-feira, novembro 09, 2023

O Muro de Berlim começou a cair há trinta e quatro anos...!

 Alemães em pé em cima do muro, em 1989
      
O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de novembro de 1989, depois de 28 anos de existência. O evento é conhecido como a queda do muro. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, era pedida liberdade para viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.
O impulso decisivo para a queda do muro foi um mal-entendido entre o governo da RDA. Na tarde do dia 9 de novembro houve uma conferência de imprensa, transmitida ao vivo na televisão alemã-oriental. Günter Schabowski, membro do Politburo do SED, anunciou uma decisão do conselho dos ministros de abolir imediatamente e completamente as restrições de viagens ao Oeste. Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, para anteriormente informar todas as agências governamentais.
  
  
Pouco depois deste anúncio houve notícias sobre a abertura do Muro na rádio e televisão ocidental. Milhares de pessoas marcharam aos postos fronteiriços e pediram a abertura da fronteira. Nesta altura, nem as unidades militares, nem as unidades de controle de passaportes haviam sido instruídas. Por causa da força da multidão, e porque os guardas da fronteira não sabiam o que fazer, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strasse, às 23.00 horas, e mais tarde em outras partes do centro de Berlim, e na fronteira ocidental. Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira se abriu, na manhã do dia 10 de novembro havia grandes multidões de pessoas querendo passar pela fronteira.
Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim Ocidental. Muitas discotecas perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais. O Bundestag interrompeu as discussões sobre o orçamento e os deputados, espontaneamente, cantaram o hino nacional da Alemanha.
     
 
in Wikipédia

segunda-feira, outubro 09, 2023

Os alemães de leste fartaram-se, do socialismo e do comunismo, há 34 anos...

 

Mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig
    
Foi em Leipzig que a manifestação de 70 mil pessoas no dia 9 de outubro de 1989 deixou o regime da RDA sem resposta. Ninguém imaginava que um mês depois o muro caísse.
 

A polícia estava na rua, com escudos, bastões, e cães. O jornal oficial do partido avisara que o exército estava de armas na mão, pronto a esmagar qualquer ameaça à ordem socialista. Os hospitais de Leipzig tinham recebido sangue extra. A imagem na cabeça das pessoas da cidade do Leste da Alemanha era uma: Tiananmen.
  
Apesar disso, mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig, e é essa data que o Presidente alemão, Joachim Gauck, vai assinalar esta quinta-feira nas comemorações dos 25 anos da queda do Muro de Berlim. Não o 9 de novembro, o dia em que a barreira foi finalmente derrubada, mas sim um mês antes, quando se deu a manifestação que tudo mudou, em Leipzig.
 
No dia 9 de outubro de 1989, Irmtraut Hollitzer saiu de casa para ir, como ia sempre, à oração pela paz numa das igrejas de Leipzig. Nestes círculos de relativa liberdade que eram as igrejas e nestes encontros eram há alguns anos discutidas questões decisivas para o Estado – dos problemas ambientais à proibição de viajar. Estes encontros começaram a chamar a atenção e em setembro saíram do interior das igrejas. “Imagine, na RDA era tudo sempre sossegado, não se passava nada, e de repente todas as segundas-feiras acontecia alguma coisa na Igreja de S. Nicolau”, contou Irmtraut numa conversa telefónica com o PÚBLICO. Na segunda-feira, dia 2 de outubro, o regime achou que chegava e mandou a polícia reprimir uma manifestação no exterior da igreja à bastonada.
  
Na segunda-feira seguinte, dia 9, as quatro principais igrejas da cidade estavam cheias. Irmtraut estava na Igreja de S. Tomás. “Não cabia nem mais uma pessoa. Havia gente no pátio, cá fora.” Com todas as ameaças do regime, o ambiente era muito tenso. “Falou-se sobre quão difícil estava a situação. Os nossos sentimentos, as nossas emoções, estavam todas dominadas pelo medo”, lembra.
   
As portas da igreja abriram-se e Irmtraut teve de decidir: “Ou ia para a esquerda, para casa, ou para a direita.” Viu a polícia, “pronta para atacar, com escudos, com cães”. Lembrou-se dos avisos: “O exército estava com armas na mão para reprimir a manifestação.” O Presidente da RDA, Erich Honecker, tinha elogiado as autoridades chinesas pelo modo como acabaram com o protesto de Tiananmen. “Eu tinha quatro filhos. Estava cheia de medo.” Irmtraut decidiu e acelerou o passo: “Para casa, para casa.”
   
Muitas outras pessoas foram, apesar disso, para o lado oposto, “com incrível coragem”, sublinha Irmtraut. Juntaram-se a pessoas vindas das outras igrejas, incluindo a Igreja de S. Nicolau, onde havia orações pela paz desde 1982. Tinham velas na mão. Diziam “Somos o povo” ou “não à violência”.
    
Não sabiam se iam ser atacadas, espancadas, se ia haver tiros. Não sabiam se no dia a seguir iam ter emprego. “Para mim foi espantoso como foram”, resume Irmtraut. “Se tivessem sido menos, certamente a manifestação teria sido reprimida.”
  
A polícia, que na semana anterior tinha sido violenta, não soube reagir a tanta gente. Os agentes da Stasi infiltrados que tentaram causar problemas foram isolados pelos manifestantes. Na superordenada RDA, o trânsito estava caótico, condutores deixaram carros no meio da rua para se juntar à marcha, as forças do regime não sabiam o que fazer – então acabaram por não fazer nada. “Eles estavam prontos para tudo”, comentou Christian Führer, um dos padres da Igreja de S. Nicolau que liderou as orações pela paz desde 1982 (e que morreu este ano). “Exceto para orações e velas.”
   
Irmtraut chegou a casa e ligou a televisão num canal da Alemanha Ocidental. “Passado um bocado falou-se de Leipzig e de uma manifestação pacífica. E foi como uma libertação.”
  
Na segunda-feira seguinte, tudo era diferente. “Já não tínhamos medo”, conta Irmtraut. Não foi preciso decidir, se a seguir à oração, ia para a casa ou para a manifestação: “Lembro-me de um sentimento in-crí-vel, estar ligada a esta massa de pessoas e podermos fazer alguma coisa, demonstrar a nossa oposição a este sistema, dizer: ‘Basta de mentiras.’”
  
Imagens de Leipzig chegaram a outras cidades e as manifestações multiplicavam-se de cidade em cidade e cresciam. A pressão sobre o regime continuava.
  
Na altura, o máximo que Irmtraut imaginou foi que o regime da RDA mudasse. Até que umas semanas mais tarde alguém gritou numa manifestação: “Fora com o muro.” E eu pensei: ‘Oh meu Deus, será que é possível?’ Para mim o muro acabar era como um sonho.”
  
E a 9 de novembro, depois de 28 anos de existência, o muro caiu.
  
Irmtraut tinha 46 anos. “A reunificação foi a maior sorte da minha vida. Vinte e cinco anos em liberdade, não é nada mau!”, diz a rir.
  
Esta quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas vão reviver, levando velas, o percurso da manifestação. O Presidente Gauck convidou os chefes de Estado da Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria para a cerimónia.
  
A queda do Muro de Berlim foi tão inesperada como fruto de uma complexa teia de circunstâncias, desde em Moscovo ser Presidente Gorbatchov, ao surgimento do movimento Solidariedade na Polónia (na comemoração dos vinte anos da queda do muro, Lech Walesa, o líder do Solidariedade, deitou abaixo o primeiro dominó de uma cadeia simbolizando o Muro de Berlim), passando pela abertura das fronteiras da Hungria e Checoslováquia que levaram a uma saída em massa de alemães de leste para o oeste.
  
Como resumiu em 2009 o jornalista da BBC que era o correspondente em Moscovo, Brian Hanrahan (e que entretanto morreu): “Uma semana depois Honecker foi-se embora, um mês depois foi-se o Muro de Berlim, deitado abaixo pela coragem dos manifestantes de Leipzig.”
  
Para o padre Christian Führer, citado pela revista Spiegel, não há dúvidas: “Foi uma auto-libertação.” A queda do muro “foram as pessoas daqui que a fizeram”.
    

terça-feira, outubro 03, 2023

A reunificação da Alemanha foi há trinta e três anos...!

  

A reunificação da Alemanha (Deutsche Wiedervereinigung, em alemão) ocorreu a 3 de outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado na República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental).
Após as primeiras eleições livres na RDA, a 18 de março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação (Einigungsvertrag, celebrado a 31 de agosto de 1990), enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação (Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética) resultaram no chamado "Tratado Dois Mais Quatro" (celebrado em 12 de setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
A Alemanha reunificada continuaria a integrar a Comunidade Europeia (que posteriormente, passaria a ser a União Europeia) e a NATO.
O termo "reunificação" é utilizado para designar este processo, que é distinto e diferente da unificação da Alemanha, em 1871.
A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo económico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental.
A União Democrata Cristã (CDU), de Helmut Kohl, venceu facilmente as primeiras eleições na nova Alemanha, em dezembro de 1990, mas o governo enfrentou graves problemas, como o aumento da dívida pública, o alto índice de desemprego e a atuação de grupos neonazis, cujos ataques visavam sobretudo o grande contingente de imigrantes do país.