Mostrar mensagens com a etiqueta Checoslováquia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Checoslováquia. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, dezembro 18, 2024

Václav Havel morreu há 13 anos...

    
Firme defensor da resistência não-violenta (tendo passado cinco anos preso, por defender as suas convicções), tornou-se um ícone da Revolução de Veludo no seu país, em 1989. Em 29 de dezembro de 1989, na qualidade de chefe do Fórum Cívico, foi eleito presidente da Checoslováquia, pelo voto unânime da Assembleia Federal.
A 13 de dezembro de 1990 recebeu o Grande-Colar da Ordem da Liberdade de Portugal.
Manteve-se no cargo após as eleições livres de 1990. Apesar das crescentes tensões, Havel apoiou a preservação da federação entre checos e eslovacos durante a dissolução da Checoslováquia. Em 3 de julho de 1992, o parlamento federal não logrou elegê-lo - o único candidato a presidente - devido à falta de apoio dos deputados eslovacos. Após a declaração de independência da Eslováquia, Havel renunciou à presidência, em 20 de julho. Quando da criação da República Checa, candidatou-se ao cargo de presidente e venceu as eleições em 26 de janeiro de 1993.
Após combater um cancro do pulmão, Havel foi reeleito presidente em 1998. O seu segundo mandato presidencial terminou a 2 de fevereiro de 2003, sucedendo-lhe o seu grande adversário, Václav Klaus.
Encontra-se sepultado no Cemitério Vinohradsky, em Praga, na República Checa.
 

quarta-feira, novembro 27, 2024

Alexander Dubcek nasceu há 103 anos


Alexander Dubček (Uhrovec, Checoslováquia, atualmente Eslováquia, 27 de novembro de 1921Praga, 7 de novembro de 1992) foi um chefe de estado da antiga Checoslováquia, tornou-se líder do Partido Comunista da Checoslováquia em 1968 e iniciou as reformas da chamada "Primavera de Praga".

O seu pai foi um operário que emigrou para a União Soviética e a sua educação foi na URSS. A família retornou à Eslováquia em 1938. No ano seguinte, Dubček ingressou no Partido Comunista Checoslovaco (PCCh). Durante a Segunda Guerra Mundial, tomou parte na resistência contra a ocupação nazi e demonstrou a sua capacidade de organização ao protagonizar o levantamento nacionalista eslovaco contra as tropas alemãs, no inverno de 1944 a 1945. Ficou ferido em repetidas ocasiões.
Em 1949 foi nomeado secretário de distrito do Partido em Trencin e em 1951 foi eleito membro do Comité Central do PCCh e deputado da Assembleia Nacional, o que motivou a sua ida para Bratislava, onde estudou Direito na Universidade de Komenski.
Entre 1955 e 1958, Dubček assistiu à Escola Superior do Partido em Moscovo. Dois anos depois já era membro do Presidium do PCCh. Em maio de 1963, Dubček substituiu K. Bacílek como primeiro secretário do Partido na Eslováquia e, em janeiro de 1968, substituiu o estalinista Novotni, como primeiro secretário do CC.
Dirigiu a tentativa de democratização socialista em seu país. O seu propósito, destinado a democratizar o Estado e as estruturas internas do Partido, e abrir a nação às potencias ocidentais, foi referendado por grande parte da população checoslovaca. A tentativa (o socialismo com rosto humano) seria abortado sangrentamente pelas tropas soviéticas do Pacto de Varsóvia, em agosto de 1968. Dubček e outros cinco membros do Presidium foram sequestrados pela polícia soviética de ocupação e levados para Moscovo, onde "os fizeram entrar na razão". Quando voltou a Praga foi vítima de ostracismo, considerado como um cadáver político.
Até 1969 foi presidente da Assembleia Federal checoslovaca. Nesse mesmo ano, foi expulso do Partido. Nomeado embaixador na Turquia, não tardou em ser destituído: de novo em Praga, trabalhou como burocrata duma exploração florestal. Não houve notícias suas até 1974, quando saiu uma carta aberta, assinada por ele e dirigida à Assembleia Federal, na qual ratificava os postulados democráticos de 1968, criticava as posições do Partido e denunciava os abusos de poder do primeiro secretário Husak. Era considerado um "checoslovaquista", contrário à partição a Checoslováquia entre a República Checa e a Eslováquia e defensor da opção federativa.
Em 26 de novembro de 1989 Dubček foi aclamado na Praça de Letna, em Praga, por milhares de compatriotas. Inspirador das mudanças democráticas, foi feito presidente do Parlamento checo.
Faleceu, em consequência dos ferimentos sofridos num acidente de automóvel, ocorrido no dia 1 de setembro de 1992, perto de Humpolec. Foi sepultado em Bratislava, na  Eslováquia.

sábado, novembro 09, 2024

Neville Chamberlain morreu há 84 anos


Arthur Neville Chamberlain  (Birmingham, 18 de março de 1869 – Heckfield, 9 de novembro de 1940) foi um político britânico do Partido Conservador, Primeiro-Ministro do Reino Unido entre maio de 1937 e maio de 1940. Chamberlain ficou conhecido pela sua política externa de apaziguamento, e, em particular, por ter assinado o Acordo de Munique, em 1938, o qual concedia a Região dos Sudetos da Checoslováquia à Alemanha. Quando Adolf Hitler continuou com a sua agressão, ao invadir a Polónia, os britânicos declararam guerra à Alemanha, a 3 de setembro de 1939, e Chamberlain liderou o Reino Unido nos primeiros oito meses da Segunda Guerra Mundial

 

Chamberlain mostra, à chegada ao Reino Unido, um papel assinado por ele e por Hitler em  Munique
 

quinta-feira, novembro 07, 2024

Alexander Dubcek morreu há trinta e dois anos...

  
Alexander Dubček (Uhrovec, Checoslováquia, atualmente Eslováquia, 27 de novembro de 1921Praga, 7 de novembro de 1992) foi um chefe de estado da antiga Checoslováquia, tornou-se líder do Partido Comunista da Checoslováquia em 1968 e iniciou as reformas da chamada "Primavera de Praga".

O seu pai foi um operário que emigrou para a União Soviética e a sua educação foi na URSS. A família retornou à Eslováquia em 1938. No ano seguinte, Dubček ingressou no Partido Comunista Checoslovaco (PCCh). Durante a Segunda Guerra Mundial, tomou parte na resistência contra a ocupação nazi e demonstrou a sua capacidade de organização ao protagonizar o levantamento nacionalista eslovaco contra as tropas alemãs, no inverno de 1944 a 1945. Ficou ferido em repetidas ocasiões.
Em 1949 foi nomeado secretário de distrito do Partido em Trencin e em 1951 foi eleito membro do Comité Central do PCCh e deputado da Assembleia Nacional, o que motivou a sua ida para Bratislava, onde estudou Direito na Universidade de Komenski.
Entre 1955 e 1958, Dubček assistiu à Escola Superior do Partido em Moscovo. Dois anos depois já era membro do Presidium do PCCh. Em maio de 1963, Dubček substituiu K. Bacílek como primeiro secretário do Partido na Eslováquia e, em janeiro de 1968, substituiu o estalinista Novotni, como primeiro secretário do CC.
Dirigiu a tentativa de democratização socialista em seu país. O seu propósito, destinado a democratizar o Estado e as estruturas internas do Partido, e abrir a nação às potencias ocidentais, foi referendado por grande parte da população checoslovaca. A tentativa (o socialismo com rosto humano) seria abortado sangrentamente pelas tropas soviéticas do Pacto de Varsóvia em agosto de 1968. Dubček e outros cinco membros do Presidium foram sequestrados pela polícia soviética de ocupação e levados para Moscovo, onde "os fizeram entrar na razão". Quando voltou a Praga foi vítima de ostracismo, considerado como um cadáver político.
Até 1969 foi presidente da Assembleia Federal checoslovaca. Nesse mesmo ano, foi expulso do Partido. Nomeado embaixador na Turquia, não tardou a ser destituído: de novo em Praga, trabalhou como burocrata duma exploração florestal. Não houve notícias suas até 1974, quando saiu uma carta aberta, assinada por ele e dirigida à Assembleia Federal, na qual ratificava os postulados democráticos de 1968, criticava as posições do Partido e denunciava os abusos de poder do primeiro secretário Husak. Era considerado um "checoslovaquista", contrário à divisão da Checoslováquia entre a República Checa e a Eslováquia e defensor da opção federativa.
Em 26 de novembro de 1989 Dubček foi aclamado na Praça de Letna de Praga por milhares de compatriotas. Inspirador das mudanças democráticas, foi feito presidente do Parlamento checo.
Faleceu em consequência dos ferimentos sofridos num acidente de automóvel ocorrido no dia 1 de setembro de 1992, perto de Humpolec. Foi sepultado em Bratislava, na Eslováquia.

domingo, setembro 29, 2024

Sacrificou-se a Checoslováquia, há 86 anos, para tentar impedir uma Guerra - hoje é preciso recordar a História e há que defender a Ucrânia...

       
O Acordo de Munique foi um tratado datado de 29 de setembro de 1938, elaborado na cidade de Munique, na Alemanha, entre os líderes das maiores potências da Europa na época. O tratado foi a conclusão de uma conferência organizada por Adolf Hitler, o líder do governo nazi da Alemanha.
     
 
Sequência dos eventos após o Acordo de Munique:
1. A Alemanha ocupa os Sudetas (outubro de 1938).
2. A Polónia anexa Zaolzie, uma área com bastantes polacos, que os dois países disputaram numa guerra em 1919 (outubro de 1938).
3. A Hungria ocupa áreas da fronteira (terço sul da Eslováquia e o sul da Ruténia Carpátia) com significativas minorias de húngaros, de acordo com a Primeira Arbitragem de Viena (novembro  de 1938).
4. Em março de 1939, a Hungria anexa a restante Ruténia Carpátia (que tinha ficado autónoma desde outubro de 1938).
5. A Alemanha invade os restantes territórios checos, estabelecendo o Protetorado da Boémia e Morávia, onde coloca um governo fantoche.
6. O resto da Checoslováquia dá origem à Eslováquia, com um governo fantoche pró-nazi.

    

O Tratado
De 1919 até 1938, depois da dissolução dos Império Alemão e Austro-Húngaro, mais de 3 milhões de alemães étnicos viviam na parte checa do recém criado Estado da Checoslováquia.
O objetivo da conferência era a discussão do futuro da Checoslováquia e terminou com a capitulação das nações democráticas perante a Alemanha nazi de Adolf Hitler. Este episódio ilustra melhor do que outros o significado da "política de apaziguamento".
A Checoslováquia não foi convidada para a conferência. A conferência é vulgarmente conhecida na República Checa como a "Sentença de Munique". A frase "traição de Munique" também é usada frequentemente, uma vez que as alianças militares em vigor entre a Checoslováquia, Reino Unido e França foram ignoradas.
Foi alcançado cerca de uma hora e meia da manhã um acordo, assinado a 30 de setembro mas datado de 29 de setembro de 1938. Adolf Hitler, Neville Chamberlain, Edouard Daladier e Benito Mussolini foram os políticos que assinaram o Acordo de Munique. O ajuste dava à Alemanha os Sudetas (Sudetenland), começando em 10 de outubro, e o controle efetivo do resto da Checoslováquia, desde que Hitler prometesse que esta seria a última reivindicação territorial da Alemanha.
Chamberlain foi recebido como um herói à sua chegada ao Reino Unido. No aeroporto de Heston, ele fez o famoso discurso, agora inglório, "Peace in our time" (Paz para o nosso tempo) e acenou com a folha de papel branca para uma multidão em delírio.
A ocupação alemã dos quatro distritos seria feita faseadamente entre 1 de outubro e 7 de outubro. Outros territórios de predominância de população germânica seriam especificados por uma comissão internacional composta por delegados de França, Reino Unido, Itália, Alemanha e Checoslováquia. A comissão internacional conduziria também eleições nos territórios em disputa.
Winston Churchill teria dito sobre Chamberlain, quanto a este acordo: "Entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra".
A 10 de março de 1939, Hitler, desrespeitando o tratado, ordena a invasão do resto da Checoslováquia e as tropas alemãs ocupam Praga.
      
Chamberlain mostra, à chegada ao Reino Unido, o papel assinado por ele e por Hitler em  Munique
   

quarta-feira, agosto 21, 2024

Uma bonita Primavera terminou, em Praga, há 56 anos...


(imagens daqui)
    
A Primavera de Praga foi um período de liberalização política na Checoslováquia durante a época de domínio pela União Soviética, após a Segunda Guerra Mundial. Esse período começou a 5 de janeiro de 1968, quando o reformista eslovaco Alexander Dubček chegou ao poder, e durou até ao dia 21 de agosto, quando a União Soviética e os países fantoches do Pacto de Varsóvia invadiram o país para interromper as reformas.
As reformas da Primavera de Praga foram uma tentativa de Dubček, aliado a intelectuais checoslovacos, de conceder direitos adicionais aos cidadãos num ato de descentralização parcial da economia e de democratização. As reformas concediam também um relaxamento das restrições às liberdades de imprensa, de expressão e de movimento e ficaram conhecidas como a tentativa de se criar um “socialismo com face humana”.
Dubček também dividiu o país nas duas repúblicas separadas; essa foi a única reforma que sobreviveu no fim da Primavera de Praga.
As reformas não foram bem recebidas pelos soviéticos que, após as falhas nas negociações, enviaram milhares de tropas e tanques do Pacto de Varsóvia para ocupar o país. Uma grande onda de emigração varreu o país. Apesar de ter havido inúmeros protestos pacíficos no país, inclusive o suicídio de um estudante, não houve resistência militar. A Checoslováquia continuou ocupada até 1990.
Após a invasão, a Checoslováquia entrou em um período de normalização: os lideres seguintes tentaram restaurar os valores políticos e económicos que prevaleciam antes de Dubček ganhar o poder no Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ, em checo). Gustáv Husák, que substituiu Dubček e que também se tornou presidente, destruiu quase todas as reformas de Dubček. A Primavera de Praga imortalizou-se na música e na literatura pelas obras de Karel Kryl e de Milan Kundera, como A Insustentável Leveza do Ser.
    
História
O movimento da Primavera de Praga foi liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista Checo, interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, económica e social, na Checoslováquia. A proposta surpreendeu a sociedade checa, que em 5 de abril de 1968 soube das propostas reformistas dos intelectuais comunistas.
O objetivo de Dubcek era "desestalinizar" o país, removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, que considerava aberrações no sistema socialista. Com isso, o secretário-geral do partido prometeu uma revisão da Constituição, que garantiria a liberdade do cidadão e os direitos civis. A abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, com uma Assembleia Nacional que reuniria democraticamente todos os segmentos da sociedade checa. A liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa eram outras garantias expostas por Dubcek.
As propostas foram apoiadas pela população. O movimento que propôs a mudança radical da Checoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Assim sendo, diversos setores sociais se manifestaram a favor da rápida democratização. No mês de junho, um texto de “Duas Mil Palavras” saiu publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política. Eles acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para um regime socialista democrático em moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com ampla liberdade democrática.
A União Soviética, temendo a influência que uma Checoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdade na sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 21 de agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado para Moscovo. Na cidade de Praga a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores, construídos à pressa, por membros do exército checo e por aficionados por radio transmissores: a Rádio Checoslováquia Livre. Cada emissora transmitia instruções para a população por não mais que 9 minutos e depois saia do ar, dando o espaço para uma outra, impossibilitando assim a triangulação do sinal. As suas instruções eram para a população manter a calma e, sobretudo, não colaborar com os invasores. Os russos ainda tentaram trazer uma potente estação de rádio para criar interferências nos sinais, porém, os ferroviários checoslovacos, com uma extrema competência, atrasaram a entrega e, quando a estação chegou ao seu destino, estava inutilizável.
Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político: as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população checoslovaca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 iniciou-se uma greve geral e, no dia 26, foi publicado o decálogo da não cooperação:

Não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!
Através de uma rede de radioamadores, a população era informada sobre ações que poderiam ser organizadas para levar a cabo uma resistência não violenta. Tal reação foi espontânea, devido à impossibilidade de utilizarem a ação violenta. De certa forma, a população se inspirou num livro picaresco muito popular, "O valente soldado Chveik", onde o personagem usava travessuras para expulsar as tropas invasoras.
A paralisação dos comboios interrompeu a comunicação com os países aliados, e para evitar que os tanques chegassem até Praga, as placas de sinalização foram invertidas, e depois pintadas com uma tinta fácil de se raspar. Quando os soldados raspavam a tinta para verem a direção correta, acabavam voltando na direção de Moscovo.
Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população checoslovaca estava a ser massacrada, como fora a população húngara, doze anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.
As reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Checoslováquia. Em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach auto-imolou-se, ateando fogo ao próprio corpo numa praça de Praga, a 16 de janeiro de 1969.
Por sua vez, os comunistas checos mais conservadores apoiaram a invasão soviética, uma vez que eles acreditavam que as reformas de Dubček trariam um precoce desastre económico e social, o que mais tarde realmente ocorreria, em 1991, com o colapso soviético. Sinal disto, é a divisão do partido em dois lados, os liberais (reformistas) e os conservadores, que contariam com o apoio soviético, o poder mais influente.
     

segunda-feira, junho 10, 2024

Lídice - não esquecemos nem perdoamos...


 

Canção de Lídice

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.

 


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

A infâmia de Lidice foi há oitenta e dois anos...

 
Poster da propaganda de guerra britânica sobre Lídice
  
Lídice (Lidice em língua checa, Liditz em alemão) é um pequena cidade da antiga Checoslováquia, hoje República Checa, famosa durante a Segunda Guerra Mundial quando foi totalmente destruída e a grande maioria de seus habitantes assassinados pelos alemães, a 10 de junho de 1942, como vingança pela morte de seu comandante e segunda maior autoridade nas SS nazis, Reinhard Heydrich.
  
Massacre e genocídio
Em 27 de maio de 1942, Heydrich, então designado como Protetor do Terceiro Reich na Boémia e Morávia, área ocupada pelas tropas nazis há m
ais de três anos, dirigia-se da vila onde morava para seu escritório no centro de Praga, capital do país. Numa esquina perto de seu local de destino, o carro em que viajava foi emboscado a tiros por dois integrantes da resistência checa, treinados na Inglaterra e lançados de para-quedas sobre a Checoslováquia. Atingido pelos tiros no atentado, o oficial da SS protegido de Himmler e Hitler e um dos mais cruéis da SS, um dos idealizadores da Solução Final, morreria uma semana depois, de infeção generalizada no hospital.
Enraivecido pela morte de um de seus seguidores mais leais, Hitler ordenou ao substituto de Heydrich que fizesse de tudo e não poupasse vidas para achar os responsáveis pela morte do oficial nazi e se vingar dos checos.
Seguiu-se uma retaliação sangrenta e generalizada das tropas nazis contra a população civil checa. Em 10 de junho, aconteceria aquela que se tornaria a mais tristemente famosa por sua crueldade. A pequena vila de Lídice, uma comunidade de mineiros, perto da capital, foi cercada pelas tropas nazis, impedindo a saída de seus moradores. Todos os habitantes homens com mais de quinze anos foram separados de mulheres e crianças, colocados em um celeiro e fuzilados em pequenos grupos no dia seguinte. As mulheres e crianças da cidade foram todas enviadas para o campo de concentração feminino de Ravensbruck, onde a grande maioria viria a morrer de tifo e exaustão pelos trabalhos forçados. Após o assassinato e o desterro de toda a população, a cidade inteira foi demolida com explosivos e deixada apenas em terra, aplainada por tratores. Os alemães espalharam grãos e cevada pelo chão de toda a área para transformá-la em pasto e riscaram-na dos mapas da Europa. Cerca de 340 habitantes de Lídice morreram no massacre alemão, 173 homens, 60 mulheres e provavelmente 88 crianças. Uma outra pequena aldeia de Lezaky a este de Praga, também foi destruída e seus habitantes executados.
A vingança alemã causou perto de 1500 mortes em toda a Checoslováquia e se estendeu a parentes e amigos de resistentes, integrantes da elite do país suspeitos de deslealdade e factos como o de Lídice, que foi escolhida para o massacre por ser reconhecidamente uma vila hostil aos conquistadores e suspeita de ser ponto de reunião dos assassinos de Heydrich (que acabariam suicidando-se em Praga, quando estavam prestes a serem presos pela SS).
Diferente de outros crimes de guerra que os nazis cometiam na época e mantinham em segredo, a propaganda alemã fez questão de anunciar publicamente ao mundo os eventos de Lídice, como uma ameaça e um aviso à população cativa da Europa então ocupada pela Alemanha. A notícia causou uma onda de terror e indignação mundial e a propaganda britânica aproveitou o facto para alardear os crimes do III Reich e fez um filme sobre o genocídio, “A Vila Silenciosa”.
  

O local onde se situava a vila de Lídice, hoje um cemitério sagrado e um memorial nacional
  
Lídice hoje
Lídice tornou-se um símbolo da crueldade nazi durante a guerra e diversos países batizaram cidades e vilas com o seu nome, para que ela jamais fosse esquecida, como era a intenção de Adolf Hitler, inclusive no Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Mulheres nascidas no pós-guerra também foram batizadas com o nome de Lídice por seus pais.
Mesmo tendo sido totalmente apagada do mapa, Lídice foi novamente reconstruida e ampliada em 1949, a setecentos metros da área onde havia a vila destruída pelos nazis, mantida intocada, como um cemitério sagrado, e o terreno onde existiu é marcado apenas por um memorial - onde arde uma chama eterna - sendo um monumento nacional mantido pelo governo checo.
  

terça-feira, junho 04, 2024

O Carniceiro de Praga morreu há oitenta e dois anos...

   
Reinhard Tristan Eugen Heydrich (Halle an der Saale, 7 de março de 1904 - Praga, 4 de junho de 1942) foi um dos líderes da Schutzstaffel durante o regime nacional-socialista na Alemanha. Chegou a alcançar o posto de Obergruppenführer dentro da SS, a temida tropa de choque nazi. Reinhard liderou a RSHA e foi, curiosamente, durante dois anos presidente da Interpol.
Tinha a patente de SS-Obergruppenführer und General der Polizei (Líder de Grupo Sénior e Chefe da Polícia) tal como chefe do Reichssicherheitshauptamt (Gabinete Central de Segurança do Reich; incluindo a Gestapo, Kripo e SD). Também era Stellvertretender Reichsprotektor (Protector) da Boémia e Morávia, atual República Checa. Heydrich prestou serviço como presidente da Comissão da Polícia Criminal Internacional (ICPC; mais tarde conhecida como Interpol), e esteve à frente da Conferência de Wannsee em janeiro de 1942, a qual formalizou os planos para a Solução Final e a Questão Judaica - a deportação e o genocídio de todos os judeus na Europa ocupada pelo regime nazi.
Muitos historiadores descrevem-no como uma das figuras mais sombrias da elite nazi; Adolf Hitler descreveu-o como "o homem com coração de ferro". Heydrich foi um dos fundadores da Sicherheitsdienst (SD), uma organização de informação encarregada de encontrar e neutralizar a resistência ao Partido Nazi através de detenções, deportações e assassinatos. Ajudou a organizar a Kristallnacht, uma série de ataques coordenados contra os judeus em toda a Alemanha nazi e partes da Áustria em 9–10 de novembro de 1938. Os ataques, efetuados por membros das SA e civis, representaram um presságio ao Holocausto. Quando chegou a Praga, Heydrich procurou eliminar a a oposição à ocupação nazi suprimindo a cultura checa e deportando e executando os membros da resistência checa. Foi diretamente responsável pelo Einsatzgruppen, grupos de intervenção especiais que assassinaram mais de dois milhões de pessoas, incluindo 1,3 milhões de judeus, através de execuções em massa e gaseamentos.
Heydrich foi alvo de um atentado em Praga, no dia 27 de maio de 1942, por uma equipa de soldados checos e eslovacos, treinados pelos britânicos, enviados pelo governo checo-eslovaco no exílio para o matar, na Operação Antropóide. Heydrich morreu uma semana depois, dos ferimentos sofridos. Os serviços de informação falsearam as ligações dos assassinos às vilas de Lídice e Ležáky. Lídice foi completamente destruída; todos os homens e crianças acima dos 16 anos de idade foram executados, e quase todas as crianças foram enviadas para campos de concentração nazis.
   

segunda-feira, maio 27, 2024

O Carniceiro de Praga foi alvo de um atentado há 82 anos

 
Reinhard Tristan Eugen Heydrich (Halle an der Saale, 7 de março de 1904 - Praga, 4 de junho de 1942) foi um dos líderes da Schutzstaffel durante o regime nacional-socialista na Alemanha. Chegou a alcançar o posto de Obergruppenführer dentro da SS, a temida tropa de choque nazi. Reinhard liderou a RSHA e foi por dois anos presidente da Interpol.
Era conhecido pela alcunha Protektor, por ter assumido o cargo de protetor dos territórios da Boémia e Morávia (nome pelo qual ficou conhecida a ex-Checoslováquia, anexada pelos nazis em 1939), em 1941, quando Konstantin von Neurath se revelou incapaz de reprimir as manifestações dos patriotas checos. Os horrores que ali cometeu e o terror que infundiu às pessoas valeram-lhe um cognome: o Carniceiro de Praga.
Hoje, poucos duvidam da sua perícia à frente do Sicherheitsdienst (SD - Serviço de Segurança), vinculada às SS e com o objetivo de investigar, prender e eliminar toda a oposição ao regime nazi, em especial nos países ocupados. O SD, sob Heydrich, perseguiu comunistas, judeus e outros grupos religiosos que recusaram aderir ao nazismo, como as Testemunhas de Jeová. Além disso, Heydrich atuou como uma espécie de supervisor da "Solução Final" (Endlösung, em alemão), eufemismo pelo qual os nazis se referiam ao plano de extermínio da comunidade judaica. Nessa altura, ele foi incumbido por Hitler de exercer o seu trabalho in loco na Checoslováquia ocupada, onde se sabia da existência de um movimento de resistência nacional.
Na juventude, ganhou reputação pela sua habilidade desportiva – era um exímio esgrimista – e musical, ao ponto de seus pais terem sonhado com a possibilidade de ver o jovem Reinhard tornar-se um violinista famoso.
     
(...)
     
Uma vez na Checoslováquia ocupada pelos nazis, Heydrich passou a exercer o seu poder tirânico através de assassinatos, prisões, torturas e quaisquer métodos similares que fossem necessários para controlar o movimento da resistência Checa, liderado desde Londres pelo ex-presidente do país, Eduard Benes. A política de Peitsche und Zücker (tradução: chicote e açúcar) fez de Heydrich, rapidamente, uma figura tão ou mais odiada pelos checoslovacos do que o próprio Adolf Hitler. A 27 de maio de 1942, dois militares checos, Jan Kubis e Josef Gabcik, membros do comando Anthropoid, encarregaram-se de protagonizar um atentado contra a vida de Heydrich. Ambos saltaram de pára-quedas meses antes, numa área próxima de Praga, e logo se dedicaram a procurar um local ideal para executar os seus planos. A tentativa de assassinato resultaria em parte graças à arrogância de Heydrich, que insistia em se deslocar pelas ruas de Praga num carro descapotável – contrariando as advertências de seus subordinados, que recomendavam que o Protektor utilizasse carros blindados.
Na manhã de 27 de maio de 1942, Heydrich saiu no seu carro, acompanhado pelo seu motorista, para apanhar um avião até Berlim. Kubis e Gabcik esperavam a postos numa curva entre as ruas Kirchmayer e V Holesóvickach, onde supostamente o carro passaria devagar. Gabcik utilizava uma pistola-metralhadora Sten de fabricação britânica, que deveria disparar contra o Mercedes-Benz do Protektor – mas a arma encravou. Reagindo à falha da arma do companheiro, Kubis lançou uma bomba artesanal, atingindo o carro de Heydrich, e ferindo-o gravemente quando Heydrich saía do carro para acertar contas com Gabcik – os dois receberam intenso treino no quartel de Dovercourt, Reino Unido, antes de executarem a sua missão. Com o impacto da explosão da granada, Heydrich teve o baço perfurado por estilhaços tendo mais tarde, devido a infeção, ficado com septicemia.
      

quinta-feira, março 14, 2024

Os nazis criaram o estado fantoche eslovaco há 85 anos...


Mudanças territoriais da República Eslovaca (1938-1947) sem as mudanças na fronteira com a Polónia 
 
1 - Bratislava bridgehead, part of Hungary until 15 October 1947
2 - Southern Slovakia, from 2 November 1938 until 1945 to Hungary, due to the First Vienna Award
3 - Strip of land in eastern Slovakia around the cities of Stakčín & Sobrance, part of Hungary from 4 April 1939 (following the Slovak–Hungarian War) until 1945
4 - Devín and Petržalka (now parts of the city of Bratislava), from 1938 until 1945 part of Germany
5 - German “Protection Zone”, military occupation as a result of the protection treaty with Slovakia

    
A República Eslovaca, também conhecido como Primeira República Eslovaca ou Estado Eslovaco, foi um estado nacional eslovaco, sendo, porém, um Estado fantoche clerofascista da Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial, ocupando o território da atual Eslováquia, exceto a parte sul, posteriormente recuperada da Hungria. Foi criado em 1939 sob o nome de Estado Eslovaco, quando a Alemanha estabeleceu o protetorado de Boémia e Morávia. Posteriormente, em julho do mesmo ano, foi proclamada uma república independente. Era governado pelo Monsenhor Jozef Tiso. Além da Boémia e Morávia, limitava com a Alemanha, Polónia e Hungria. A República Eslovaca deixou de existir, de facto, em 4 de abril de 1945, quando tropas soviéticas ocuparam Bratislava.
Embora às vezes chamada de Primeira República Eslovaca, a República Eslovaca moderna recusa considerar esse Estado como o seu antecessor, principalmente devido à implementação de medidas antissemitas e por realmente faltar autonomia ao seu governo. Durante a Guerra Fria, os livros de história da Checoslováquia referiam-se a esta nação como o Estado Eslovaco. Esta breve república só foi reconhecida pelas nações que faziam parte da esfera de influência das Potências do Eixo como a Alemanha e em vários outros estados, incluindo o Governo Provisório da República da China, o Estado Independente da Croácia, Estónia, Itália fascista, Hungria, Império do Japão, Lituânia, Manchukuo, Mengjiang, Reino da Roménia, Espanha franquista, além da União Soviética, assim como El Salvador, Suíça e Vaticano.
  
A República da Eslováquia: as planícies do sul, de maioria magiar tiveram de ser transferidas para a Hungria pela Primeira Arbitragem de Viena, a Ruténia foi ocupada pela Hungria; ao participar do ataque alemão à Polónia em 1939 ganhou 2 territórios ao norte
     
in Wikipédia

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

O golpe de estado comunista que acabou com a Democracia na Checoslováquia foi há 76 anos...

    
O Golpe de Estado da Checoslováquia de 1948, muitas vezes, simplesmente Golpe Checo ou Golpe de Praga (em checo: Únor 1948, em eslovaco: Február 1948, ambas significando "Fevereiro de 1948"; na historiografia comunista conhecido como "Fevereiro Vitorioso", em checo: Vítězný únor, em eslovaco: Víťazný február), foi um evento em que o Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ), com o apoio soviético, assumiu o controle incontestável do governo da Checoslováquia, inaugurando mais de quatro décadas de ditadura sob seu comando.

 

(...)  

    

A crise começou a 21 de fevereiro de 1948, quando o Ministro do Interior escolheu oito novos Comissários em Praga, todos comunistas, o que demonstrava o controle do partido comunista sobre o governo da Checoslováquia e, em especial, sobre as forças de segurança do Estado. Isso provocou protestos, seguidos pela renúncia dos ministros democratas. Os renunciantes pensavam que assim provocariam uma crise política, levando a eleições gerais antecipadas, quando então derrotariam o Partido Comunista.
No entanto, havia uma atmosfera de tensão crescente e enormes manifestações lideradas pelos comunistas ocorrendo em todo o país, enquanto o presidente Edvard Benes procurava manter-se neutro, temendo que o fomento do KSČ causasse uma insurreição que, por fim, desse ao Exército Vermelho um pretexto para invadir o país e restaurar a ordem.
No entanto, os membros que se demitiram foram substituídos por membros do Partido Comunista, e, com o apoio de Estaline, o líder comunista da Checoslováquia, Klement Gottwald, marcou uma greve geral para 24 de fevereiro, criando assim uma série de comités de ação, apoiadas pelas milícias dos trabalhadores, que impediram qualquer resistência por parte das forças democráticas.
Enquanto isso, os ministros comunistas se mobilizavam. Para ajudá-los, o embaixador soviético, Valerian Zorin, chegou a Praga para organizar um golpe. Milícias armadas tomaram Praga; manifestações comunistas foram montadas, um manifestação estudantil anticomunista foi interrompida. Os ministérios comandados por não comunistas foram ocupados; funcionários eram demitidos, e os ministros impedidos de entrar em seus próprios gabinetes. O exército ficou confinado aos quartéis e não interferiu.
Num discurso perante 100.000 simpatizantes, o líder Gottwald ameaçou com uma greve geral, a não ser que o presidente Benes concordasse em formar um novo governo dominado pelos comunistas. O embaixador soviético ofereceu os serviços do Exército Vermelho, cujas tropas estavam preparadas  nas fronteiras do país. Mas Gottwald recusou a oferta, acreditando que a ameaça de violência, combinada com uma forte pressão política, seria o suficiente para forçar Benes a ceder. Após o golpe, Gottwald diria: "[Benes] sabe o que é a força, e isso o levará a avaliar essa [situação] de forma realista".
Em 25 de fevereiro de 1948, após duas semanas de intensa pressão da União Soviética o Presidente da República da Checoslováquia, Edvard Benes, cedeu todo o poder a Klement Gottwald e a Rudolf Slánský, aceitando a renúncia dos ministros não comunistas e nomeando um novo governo, sob a liderança de Gottwald e dominado por comunistas e social-democratas pró-Moscovo. O único ministério controlado por um não comunista era o das Relações Exteriores, que foi entregue a Jan Masaryk - encontrado morto duas semanas depois. Após o golpe, os comunistas moveram-se rapidamente para consolidar o seu poder: milhares de não simpatizantes foram demitidos, centenas foram presos e milhares de pessoas fugiram do país.
Nas eleições de 30 de maio, os eleitores foram presenteados com uma única lista - a da Frente Nacional - e que oficialmente obteve 89,2% dos votos. Na lista da Frente Nacional, os comunistas e os social-democratas (que logo se fundiram) tinham maioria absoluta. Mas praticamente todos os partidos não comunistas que haviam participado da eleição de 1946 também ficaram representados na lista da Frente Nacional e, assim, receberam alguns assentos parlamentares. No entanto, àquela altura, todos se haviam convertido em fiéis parceiros dos comunistas. A Frente Nacional foi transformada numa ampla organização patriótica dominada pelos comunistas, e a nenhum outro grupo político foi permitido existir. Consumido por estes eventos, Benes renunciou em 2 de junho e foi sucedido por Gottwald, 12 dias depois, falecendo em setembro do mesmo ano.
  

Impacto 
A Checoslováquia permaneceu como uma ditadura comunista até à Revolução de Veludo de 1989. O golpe tornou-se sinónimo da Guerra Fria. A perda da última democracia remanescente na Europa do Leste causou um choque profundo no Ocidente. Pela segunda vez em uma década, via-se a independência e a democracia da Checoslováquia serem apagadas por uma ditadura totalitária. A URSS parecia ter concluído a formação de um bloco monolítico soviético e concluído a divisão da Europa.
O impacto foi igualmente profundo, tanto na Europa Ocidental como nos Estados Unidos, e ajudou a unificar os países ocidentais contra o bloco comunista. Deu também um ar de presciência aos governos francês e italiano, que, no ano anterior, haviam forçado a saída dos partidos comunistas dos seus governos.
O golpe checo constituiu uma rutura definitiva nas relações entre as duas superpotências, com o Ocidente agora sinalizando a sua determinação de se comprometer numa de auto-defesa coletiva.
No Ocidente, o golpe de Praga teve um grande impacto porque a Checoslováquia era, geográfica, histórica e politicamente o país mais ocidental da Europa Central e Oriental.
 

terça-feira, janeiro 16, 2024

Hoje é dia de recordar Jan Palach...

 

Kasabian - Club Foot
 
One...take control of me?
Yer messing with the enemy
Said its 2..it's another trick
Messin with my mind, I wake up
Chase down an empty street
Blindly snap the broken beats
Said it's cut with a dirty trick
Its taken all these days to find ya
I tell you I want you
I tell you I need you
 
 I tell you I want you
I'll tell you I need you
I... the blood aint on my face
Just wanted you near me

Jan Palach imolou-se, pelo fogo, há cinquenta e cinco anos...

   
Jan Palach (Praga, 11 de agosto de 1948 - Praga, 16 de janeiro de 1969) foi um estudante checo que cometeu suicídio através de auto-imolação, como forma de protesto político.
   
Morte
A invasão da Checoslováquia, liderada pela União Soviética em agosto de 1968, tinha a pretensão de esmagar as reformas liberais do governo de Alexander Dubček na Primavera de Praga. Jan Palach morreu após se imolar pelo fogo, na avenida Wenceslas, na cidade de Praga, no dia 16 de janeiro de 1969. Ele tinha somente vinte anos de idade.
O funeral de Jan Palach transformou-se num grande protesto contra a ocupação e, um mês depois, a 25 de fevereiro de 1969, um outro estudante, Jan Zajíc, também se imolou pelo fogo e ardeu até à morte no mesmo local, seguido ainda por Evžen Plocek, em abril do mesmo ano, na cidade de Jihlava.
    
Lápide de Jan Palach
  
Reconhecimento póstumo
Jan Palach foi inicialmente enterrado no cemitério Olšany. À medida que a sua lápide foi-se tornando um local de veneração, a StB (a polícia secreta do país) foi incumbida de destruir qualquer memória do legado de Jan Palach, e exumou os seus restos mortais, na noite de 25 de outubro de 1973. O seu corpo foi cremado e enviado à sua mãe na cidade de Všetaty, terra natal do estudante, enquanto uma mulher desconhecida foi posta no local. Não foi permitido à mãe de Jan Palach depositar a urna com as cinzas no cemitério local até 1974. Em 25 de outubro de 1990, a urna foi recolocada oficialmente no seu local de origem, na cidade de Praga.
A chamada "Semana Palach" ocorreu no vigésimo aniversário de morte de Jan Palach. Foi uma série de manifestações anti-comunistas em Praga, entre 15 e 21 de janeiro de 1989, todas suprimidas pela polícia, que precederam a queda do comunismo na então Checoslováquia, 11 meses depois.
Após a Revolução de Veludo, Jan Palach (em conjunto com Jan Zajíc) foi homenageado com uma cruz de bronze cravada no ponto onde ele caiu, do lado de fora do Museu Nacional, bem como com uma praça com o seu nome. O astrónomo checo Luboš Kohoutek, que veio a deixar o país no ano seguinte, nomeou um asteróide, que havia sido descoberto a 22 de agosto de 1969, como 1834 Palach. Existem vários outros memoriais a Jan Palach em cidades pela Europa, incluindo um pequeno memorial dentro dos túneis em Jungfraujoch, na Suíça.
Muitos incidentes posteriores de auto-imolação podem ter sido influenciados pelo exemplo de Jan Palach e a popularidade que o evento alcançou nos media. Na primavera de 2003, um total de seis jovens checos atearam fogo em si próprios e arderam até à morte, nomeadamente o estudante do ensino secundário Zdeněk Adamec, que se matou a 6 de março de 2003, quase no mesmo local de Jan Palach, em frente ao Museu Nacional, deixando uma nota de suicídio com referências explícitas a Jan Palach e aos outros que cometeram suicídio em 1969. As razões para a série de suicídios, entretanto, não é clara.
A apenas uma caminhada de distância do local onde Jan Palach cometeu suicídio, um monumento na cidade velha de Praga presta homenagem ao pensador religioso Jan Hus, que foi queimado na fogueira pelas suas ideias, em 1415. Ele próprio foi celebrado como herói nacional por muitos séculos, sendo automaticamente ligado ao caso de Jan Palach. A banda de rock britânica Kasabian dedicou a música Club Foot a Jan Palach.
     
Placa memorial para Jan Palach e Jan Zajíc, em frente ao Museu Nacional