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sábado, novembro 09, 2024

O Muro de Berlim começou a abanar e cair há trinta e cinco anos...!

 Alemães em pé em cima do muro, em 1989
      
O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de novembro de 1989, depois de 28 anos de existência. O evento é conhecido como a queda do muro. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, era pedida liberdade para viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.
O impulso decisivo para a queda do muro foi um mal-entendido entre o governo da RDA. Na tarde do dia 9 de novembro houve uma conferência de imprensa, transmitida ao vivo na televisão alemã-oriental. Günter Schabowski, membro do Politburo do SED, anunciou uma decisão do conselho dos ministros de abolir imediatamente e completamente as restrições de viagens ao Oeste. Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, para anteriormente informar todas as agências governamentais.
  
  
Pouco depois deste anúncio houve notícias sobre a abertura do Muro na rádio e televisão ocidental. Milhares de pessoas marcharam aos postos fronteiriços e pediram a abertura da fronteira. Nesta altura, nem as unidades militares, nem as unidades de controle de passaportes haviam sido instruídas. Por causa da força da multidão, e porque os guardas da fronteira não sabiam o que fazer, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strasse, às 23.00 horas, e mais tarde em outras partes do centro de Berlim, e na fronteira ocidental. Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira se abriu, na manhã do dia 10 de novembro havia grandes multidões de pessoas querendo passar pela fronteira.
Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim Ocidental. Muitas discotecas perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais. O Bundestag interrompeu as discussões sobre o orçamento e os deputados, espontaneamente, cantaram o hino nacional da Alemanha.
     
 
in Wikipédia

sexta-feira, outubro 18, 2024

O terrorista Andreas Bar foi assassinado há quarenta e sete anos

   
Andreas Bernd Baader (Munique, 6 de maio de 1943 - Estugarda, 18 de outubro de 1977) foi um dos fundadores e líderes do grupo guerrilheiro de esquerda alemão Fração do Exército Vermelho, denominado pelo governo e pela imprensa de Baader-Meinhof. O grupo foi responsável por uma série de ações armadas - assaltos a bancos, sequestros e mortes - na RFA, na década de 70.
O seu pai era o historiador Berndt Philipp Baader, que, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, servia o exército alemão quando foi feito prisioneiro pelas forças soviéticas, sendo posteriormente dado como desaparecido. A sua mãe, Anneliese Baader não voltou a casar. Andreas foi criado com carinho pela mãe, juntamente com a avó e uma tia. Na opinião dos seus professores, era uma criança inteligente, mas também voluntariosa, um tanto imprevisível, e não se empenhava nos estudos quando as matérias não o atraíam. Ao mesmo tempo que era generoso, capaz de tirar o seu próprio agasalho e dá-lo a alguém que estivesse com frio, também era capaz de roubar, se estivesse a precisar de dinheiro. Também se envolvia frequentemente em lutas, nem sempre em defesa dos próprios interesses.
Na adolescência considerado como um jovem desajustado, na conservadora sociedade alemã de após guerra; no final dos anos 60 Baader gravitou para o movimento estudantil de esquerda e para os protestos contra o capitalismo, a pobreza no Terceiro Mundo, o nuclear, a ocupação norte-americana do país, que agitavam a Alemanha Ocidental na altura, embora ele próprio não fosse estudante universitário.
No dia 2 de abril de 1968 Baader e a sua namorada, Gudrun Ensslin, incendiaram dois estabelecimentos comerciais em Frankfurt, que não provocaram nenhuma morte. De acordo com Gudrun, o acto seria uma forma de protesto contra a Guerra no Vietname. No mesmo ano, Baader foi condenado a quatro anos de prisão.
Na manhã de 14 de maio de 1970 Baader escapou da prisão, graças a um plano elaborado pela sua namorada, que contou com a participação da conhecida jornalista Ulrike Meinhof. Sob o pretexto de estar a trabalhar num livro sobre a juventude alemã, Ulrike Meinhof conseguiu que Andreas Baader fosse conduzido para a biblioteca do Instituto de Estudos Sociais em Berlim Ocidental onde seria entrevistado pela jornalista. Embora o plano não tenha sido executado exactamente como se pretendia, Baader conseguiria escapar pela janela da biblioteca. No dia seguinte a fuga foi noticiada pelos meios de comunicação social e o grupo ficou conhecido como Grupo Baader-Meinhof, em função das duas figuras mais conhecidas do grupo, Andreas Baader e Ulrike Meinhof.
Nos dois anos seguintes Baader dedicou-se a acções de guerrilha urbana até que foi capturado pela polícia, a 1 de junho de 1972, em Frankfurt, juntamente com outros militantes da Fração do Exército Vermelho, Jan-Carl Raspe e Holger Meins.
Baader foi depois julgado e condenado, naquele que foi um dos julgamentos mais caros da história da justiça alemã.
Na noite de 8 para 9 de maio de 1976, a jornalista Ulrike Meinhof foi encontrada morta na sua cela. A versão oficial a respeito da morte de Meinhof é que cometeu suicídio por enforcamento, mas há discordâncias sobre o tema, havendo alegações de que foi assassinada. Em 5 de setembro, membros da Fração do Exército Vermelho sequestraram o presidente da confederação da indústria alemã e, a seguir, militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina sequestraram um avião da Lufthansa, com passageiros a bordo, e levaram-no para Mogadíscio, na Somália. As autoridades alemãs não aceitaram a troca e, em 18 de outubro, uma operação da GSG 9 libertou os passageiros e executou os militantes palestinianos. A seguir, Andreas Baader, Jan-Carl Raspe e Gudrun Ensslin foram encontrados mortos, nas suas celas de máxima segurança - os dois primeiros com tiros na nuca, à distância, com pistolas comummente usadas nas forças armadas da Alemanha. O Estado alemão não reconheceu o caso como execução dos prisioneiros.
     
   

quinta-feira, outubro 03, 2024

A reunificação da Alemanha foi há trinta e quatro anos

  

A reunificação da Alemanha (Deutsche Wiedervereinigung, em alemão) ocorreu a 3 de outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado na República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental).
Após as primeiras eleições livres na RDA, a 18 de março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação (Einigungsvertrag, celebrado a 31 de agosto de 1990), enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação (Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética) resultaram no chamado "Tratado Dois Mais Quatro" (celebrado em 12 de setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
A Alemanha reunificada continuaria a integrar a Comunidade Europeia (que posteriormente, passaria a ser a União Europeia) e a NATO.
O termo "reunificação" é utilizado para designar este processo, que é distinto e diferente da unificação da Alemanha, em 1871.
A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo económico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental.
A União Democrata Cristã (CDU), de Helmut Kohl, venceu facilmente as primeiras eleições na nova Alemanha, em dezembro de 1990, mas o governo enfrentou graves problemas, como o aumento da dívida pública, o alto índice de desemprego e a atuação de grupos neonazis, cujos ataques visavam sobretudo o grande contingente de imigrantes do país.
    
  

quinta-feira, setembro 12, 2024

O tratado que permitiu a reunificação alemã foi assinado há trinta e quatro anos

     
O Tratado sobre a Regulamentação Definitiva referente à Alemanha (em inglês: Treaty on the Final Settlement with Respect to Germany, em francês: Traité portant Règlement Définitif concernant l'Allemagne), mais habitualmente conhecido como Tratado Dois-Mais-Quatro, é o tratado de paz definitivo negociado entre a República Federal da Alemanha, a República Democrática Alemã e as quatro potências que ocuparam a Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa: Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética.
O tratado, celebrado em Moscovo em 12 de setembro de 1990, permitiu a reunificação da Alemanha naquele mesmo ano, em 3 de outubro.
Nos termos do acordo, as Quatro Potências renunciam a todos os direitos que detinham na Alemanha, inclusive em Berlim. Dessa maneira, o país reunificado tornou-se plenamente soberano em 15 de março de 1991. As tropas soviéticas sairiam do país até o final de 1994. A Alemanha concordou em limitar as suas forças armadas a um máximo de 370 mil homens. O país também confirmou a sua renúncia à fabricação e posse de armas nucleares, biológicas e químicas, reiterando que o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares continuaria a vincular a Alemanha reunificada. Determinou-se, também, a proibição à presença de forças armadas estrangeiras e armas nucleares no território da antiga Alemanha Oriental.
Talvez a disposição mais significativa do tratado seja a renúncia, por parte da Alemanha, a todas as reivindicações referentes a territórios a leste da linha Oder-Neisse, o que implicou a aceitação, pelo país, das perdas territoriais sofridas no fim da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha concordou, ainda, em celebrar um tratado separado com a Polónia para confirmar a fronteira comum, o que ocorreu no ano seguinte.
Embora o tratado tenha sido assinado pelas duas Alemanhas independentemente, foi ratificado pela Alemanha reunificada. 

quinta-feira, setembro 05, 2024

O Massacre de Munique foi há 52 anos...

  Memorial - a inscrição, em alemão e hebraico, diz:  
 A equipa do Estado de Israel permaneceu neste edifício durante os Jogos Olímpicos de Verão de 21 agosto a 5 setembro de 1972. Em 5 de setembro, teve uma morte violenta. Honra à sua memória.
    
O Massacre de Munique também conhecido como Tragédia de Munique teve lugar durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972, em Munique, quando, a 5 de setembro, 11 membros da equipa olímpica de Israel foram tomados como reféns pelo grupo terrorista palestiniano denominado Setembro Negro.

O governo da RFA, então liderado pelo primeiro-ministro Willy Brandt, recusou-se a permitir a intervenção de uma equipa de operações especiais do Tzahal, conforme proposta da primeira ministra de Israel, Golda Meir.
Os onze desportistas israelitas acabaram sendo assassinados, em vários momentos do sequestro. 
   
          
Operação policial
Como se viria a constatar depois, as forças policiais alemãs estavam muito mal preparadas e a situação fugiu ao seu controle. Uma tentativa de libertação dos reféns levou à morte de todos os atletas, além de cinco terroristas e um agente da polícia alemã. Os três terroristas que sobreviveram ao ataque foram encarcerados. O governo alemão federal ficou altamente embaraçado pelo fracasso e pela demonstração de incompetência da sua polícia. A operação foi mal planeada e foi executada por agentes sem qualquer preparação especial.
A ideia da operação era eliminar os terroristas num aeroporto próximo de Munique, o Fürstenfeldbruck. No entanto, os poucos polícias colocados nas torres do aeroporto não tinham capacidade de fogo suficiente para executar a tarefa, não dispunham de comunicações de rádio entre si para coordenar os disparos e foram surpreendidos por um número de terroristas superior ao esperado.
Após um tiroteio que durou 45 minutos, entre a polícia e os terroristas, os terroristas fuzilam os atletas israelitas que estavam amarrados uns aos outros dentro de dois helicópteros, os atletas morrem fuzilados e carbonizados. A divulgação dos pormenores do atentado, seguida atentamente pelos media internacional, causou um forte abalo na imagem da Alemanha Federal no exterior. Os três prisioneiros não chegaram a ser julgados.
A 29 de outubro de 1972 foi desviado um avião da Lufthansa por um outro grupo terrorista, sendo exigida a libertação dos três terroristas aprisionados. Curiosamente, entre os passageiros desse misterioso voo da Lufthansa não havia nenhuma mulher nem criança. Os reféns eram todos homens adultos. Soldados alemães conseguiram libertar os reféns e mataram os sequestradores.
    
Consequências
Pouco depois do massacre dos atletas, o governo alemão decidiu fundar uma unidade policial contra-terrorista, o GSG 9, para lidar melhor com situações semelhantes no futuro. Esta unidade é hoje um  exemplo mundial no combate ao terrorismo.
Os três terroristas sobreviventes passaram a ser perseguidos pela Mossad e crê-se que dois deles foram assassinados. Esta operação chamou-se Ira de Deus.
Mohammed Oudeh, o terceiro terrorista e líder do sequestro, conseguiu sobreviver a um atentado contra sua vida em 1981, na cidade de Varsóvia, mas faleceu dia 3 de julho de 2010, em Damasco, capital da Síria, de falência renal.
Foi lançado em 2005 o filme Munique, dirigido por Steven Spielberg, tendo sido nomeado para cinco Óscares, incluindo melhor filme e melhor diretor. O filme conta a história da suposta operação de retaliação do governo israelita lançada logo após o massacre contra os responsáveis pelo atentado.
      

terça-feira, agosto 13, 2024

O vergonhoso Muro de Berlim foi iniciado há sessenta e três anos...

Grafitties sobre o Muro de Berlim em 1986

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era fazia parte dos países capitalistas, encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), fazia parte dos países países socialistas, simpatizantes do regime soviético. Construído a partir da madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou "Ordem 101") os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas.
   
Mapa do traçado do Muro de Berlim
  
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.
Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante a sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.
Durante uma onda revolucionária que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou a 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.
   
     
Memorial em homenagem as vítimas do muro em Berlim (1982)
   

 

NOTA:  não perdoamos nem esquecemos os crimes cometidos pelos que defendiam o muro da vergonha e a ideologia por detrás dele - espero que alguns emigrem para a Venezuela e façam um novo, que lá bem precisam para reter os ainda lá vegetam.

quarta-feira, junho 26, 2024

JFK fez um importante discurso em Berlim há sessenta e um anos

    

"Ich bin ein Berliner" ("Eu sou um berlinense", em alemão) é uma citação de um discurso feito em 26 de junho de 1963 pelo presidente dos Estados Unidos à época, John F. Kennedy, em Berlim Ocidental. Na ocasião Kennedy estava enfatizando o apoio dos Estados Unidos à Alemanha Ocidental, 22 meses depois do Estado comunista da Alemanha Oriental, aliado da União Soviética, ter erguido o Muro de Berlim, como forma de impedir qualquer movimento entre as regiões orientais e ocidentais da cidade.
O discurso é considerado um dos melhores de Kennedy, e um dos momentos notáveis da Guerra Fria. Representou um grande impulso moral para os berlinenses ocidentais, que viviam num enclave situado dentro da Alemanha Oriental e temiam uma possível ocupação comunista. Falando a partir de uma plataforma erguida sobre os degraus da Rathaus Schöneberg, Kennedy disse,
Há dois mil anos, não havia frase que se dissesse com mais orgulho do que Civis Romanus sum ("Sou um cidadão romano"). Hoje, no mundo da liberdade, não há frase que se diga com mais orgulho que 'Ich bin ein Berliner'... Todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim, e, portanto, como um homem livre, eu orgulho-me das palavras 'Ich bin ein Berliner'!

 

 
Alguns relatos alegam que Kennedy teria inventado a frase na última hora, bem como a ideia de dizê-la em alemão, e que teria pedido ao seu intérprete, Robert H. Lochner, que traduzisse "eu sou um berlinense" apenas ao subir as escadas da Rathaus (Prefeitura). Com a ajuda de Lochner, Kennedy praticou a frase no gabinete do então presidente da Câmara da cidade, Willy Brandt, e teria anotado uma pronúncia fonética num cartão. Um professor do Departamento de Estado americano, no entanto, escreveu em 1997 um relato sobre a visita que teria feito a Kennedy na Casa Branca algumas semanas antes da viagem a Berlim para ajudá-lo a escrever o discurso e ensinar-lhe a pronúncia correta.
O Conselheiro de Segurança Nacional, McGeorge Bundy, acreditava que o discurso tinha "passado um pouco dos limites", e os dois fizeram uma revisão do texto até que atingisse uma forma mais subtil, antes de repeti-lo na Universidade Livre, mais tarde naquele mesmo dia.
Esta mensagem de rebeldia tinha como alvo tanto os soviéticos quanto os berlinenses, e representava uma clara afirmação da política americana em meio à construção do Muro de Berlim. A cidade estava oficialmente sob ocupação conjunta das quatro potências aliadas, cada uma responsável por determinada zona. O discurso de Kennedy marcou o primeiro momento em que as autoridades americanas reconheceram que Berlim Oriental fazia parte do bloco soviético, juntamente com a metade oriental do país.
Existem diversos locais que homenageiam Kennedy em Berlim, como a Escola Alemã-Americana John F. Kennedy, e o Instituto John F. Kennedy de Estudos Norte-Americanos, na Universidade Livre de Berlim. A praça em frente à prefeitura da cidade, de onde o discurso foi feito, passou a se chamar "John-F.-Kennedy-Platz". Uma grande placa dedicada a Kennedy foi montada sobre uma coluna, na entrada do edifício, e a sala sobre a sua entrada, que dá diretamente para a praça, é dedicada a Kennedy e à sua visita.
O manuscrito original do discurso está armazenado na National Archives and Records Administration.
   


Placa homenageando o discurso de Kennedy, ao lado da entrada principal da Rathaus Schöneberg
     
   in Wikipédia

segunda-feira, junho 24, 2024

O bloqueio de Estaline a Berlim-Ocidental começou há 76 anos...


(imagem daqui)

O Bloqueio de Berlim (de 24 de junho de 1948 a 11 de maio de 1949) tornou-se uma das maiores crises da Guerra Fria, desencadeada quando a União Soviética interrompeu o acesso ferroviário e rodoviário à cidade de Berlim Ocidental. A crise arrefeceu ao ficar claro que a URSS não agiria para impedir a ponte aérea de alimentos e outros géneros organizada e operada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, em 8 de maio de 1945, tropas soviéticas e ocidentais (americanas, britânicas e francesas) encontravam-se espalhadas pela Europa, aquelas a leste, estas a oeste, formando uma linha divisória arbitrária no centro do continente. Na Conferência de Potsdam, os aliados acordaram dividir a Alemanha derrotada em quatro zonas de ocupação (conforme os princípios previamente definidos na Conferência de Ialta), conceito também aplicado a Berlim, que foi então partilhada em quatro sectores. Como Berlim havia ficado bem no centro da zona de ocupação soviética da Alemanha (que viria a tornar-se a Alemanha Oriental), as zonas americana, britânica e francesa em Berlim encontravam-se cercadas por território ocupado pelo Exército Vermelho. Esta situação viria a ser um ponto focal das tensões que levariam à dissolução da aliança sovieto-ocidental formada na Segunda Guerra.
A URSS encerrou o bloqueio às 00.01 horas de 12 de maio de 1949. Contudo, a ponte aérea continuou a funcionar até 30 de setembro, pois os quatro países ocidentais preferiram criar um stock de suprimentos em Berlim Ocidental, para o caso de novo bloqueio soviético.
   
Berlinenses assistindo a um C-54 aterrando no Aeroporto de Tempelhof (1948)

 

domingo, junho 02, 2024

Benno Ohnesorg foi assassinado há 57 anos...

Relief Der Tod des Demonstranten (The Death of the Demonstrator) by Alfred Hrdlicka

Benno Ohnesorg (Hanôver, 15 de outubro de 1940 - Berlim, 2 de junho de 1967) foi um estudante alemão de Estudos Românicos e Germânicos, morto em frente à Ópera Alemã de Berlim, pelo polícia Karl-Heinz Hurras, com um tiro à queima-roupa, durante uma manifestação contra a visita do Reza Pahlavi à RFA. Benno Ohnesorg era casado e a sua mulher estava grávida quando ele foi alvejado.
A sua morte, que provocou um grande impacto no movimento estudantil alemão, teve grande influência sobre a radicalização política europeia do fim dos anos 60. Pode mesmo ser considerada como um dos motores das revoltas estudantis de 1968 e contribuiu, mais tarde, para a emergência da Fração do Exército Vermelho (Baader-Meinhof).
Uma organização de extrema esquerda denominada Bewegung 2. Juni (Movimento 2 de junho) foi assim denominada em memória de Benno Ohnesorg.
Existe um memorial em sua memória, ao pé da Ópera Alemã de Berlim, e uma ponte em Hanover com o seu nome.
Benno Ohnesorg era também amigo do escritor Uwe Timm que escreveu o livro "der Freund und der Fremde" sobre a amizade dos dois e o seu trágico fim.
Mais de quarenta anos depois, foi revelado que Karl-Heinz Hurras era um agente da polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi. Todavia o motivo da ação de Kurras não foi totalmente esclarecido. Os arquivos da Stasi não contêm evidência de que Hurras tivesse agido sob ordens da Alemanha Oriental quando atirou em Benno.
 

 

 

  
 

A Moment in June

She gave me a red tomato
I ate it instead of throwing it
I said now they’re shooting
But she laughed because she didn’t know
How soft pistol shots are
In a yard

I went along and set a
Newspaper on fire threatened
The people at their windows
Because they were throwing flower pots
Now something has changed
The apartment I thought and
The music in the radio

Later when I saw the picture with
The girl who was holding the head
Of the dead student
I thought you know her
You’ve seen
Her before.

Waking

It is night the stars are coming into the room
The city becoming calm. Taken back
The words
The gestures
The touching

Softly the transitions are accompanied by silent lightning
Ever earlier anaesthesia
Ever more forgetting
Ever closer the dead

River

Never do you escape me. Never do you turn
Away. Magical force of attraction wherever
I go. The dyke the flooded meadows
The fog, the warning calls the hand
That scoops the water as if to finally
See its ground. Always the same
Hanging trees. Cries of the birds, stones
The rotting wood of the ship, corpses
Also the view over to other countries
Church towers burning farms, fields
Restless motor-bike riders. River that through
Me flows syphonable anytime
Drinking water blood-red. Watch out for those
Who seek you
Throw them back onto a soft place
Where there’s sand, grass
River, I come out of you
No one will be able to distinguish us
On our way to the oceans

What is happiness exactly anyway

Yes what exactly
You think about it and can’t work it out
The water is boiling on the stove and the garbage
Is collected every Friday at seven
Yesterday
There was an argument with a woman (of course about nothing). She
Packed her bags, took the pictures from the wall
Even those that didn’t belong to her, for instance
That of Max that evenings
Smells of water.
You’ve got to think in colours
Everyone hears him saying and already there’s a problem
One you can grab and even go
To the woods with
To doze and wander.
Veg out, that’s it!
No longer think of the toxic taste in the
Soup of the stiff gestures
Of your neighbour who’d really love
To put on the uniform again.
Two three stops
Till Café Nitschmann where you can sink
Your thoughts and where you’re allowed to discreetly
Despair a little
And yet continue breathing
Audibly.

 

Rolf Haufs

quinta-feira, maio 09, 2024

Ulrike Meinhof morreu há 48 anos...

Ulrike Meinhof em 1964, antes da RAF e da clandestinidade, com cerca de 30 anos
     
Ulrike Marie Meinhof (Oldemburgo, 7 de outubro de 1934 - Estugarda, 9 de maio de 1976) foi uma jornalista, escritora, ativista e guerrilheira alemã, mais conhecida como fundadora e integrante da organização armada de extrema-esquerda Fração do Exército Vermelho (RAF) ou Grupo Baader-Meinhof, atuante na Alemanha Ocidental durante cerca de três décadas.
Presa em junho de 1972 e acusada de diversos crimes, depois de dois anos de participação nas atividades da RAF, entre eles assaltos, atentados à bomba, assassinatos e formação de organização terrorista, morreu na sua cela na prisão de Stammheim, em Estugarda, por enforcamento, em maio de 1976. A sua morte, se por suicídio ou assassinato, é alvo de controvérsias até hoje.

Nascida em Oldemburgo em 1934, Ulrike mudou-se para Jena com dois anos de idade com a família, após o seu pai, um historiador de arte, se ter tornado diretor do museu da cidade. O Dr. Werner Meinhof morreu de cancro em 1940, quanto ela tinha cinco anos, fazendo com que a sua mãe alugasse um dos quartos da casa para uma inquilina, Renate Riemeck, para obter uma renda. Em 1946, após a II Guerra Mundial, as Meinhof, juntamente com Renate - que além de inquilina acabou com parte da família -, mudaram-se novamente para a cidade natal de Ulrike, Oldemburgo, depois que Jena passou para o domínio soviético após a Conferência de Yalta. Oito anos depois, sua mãe, Ingeborg, que trabalhou como professora após a guerra, também morreu de cancro e Renate assumiu a adolescente e a sua irmã mais velha sob sua guarda. Renate, uma historiadora e fervorosa anti-nazi, ativa militante socialista, viria a ter grande influência na formação política de Meinhof.
Ulrike completou os estudos secundários em 1955 e foi estudar filosofia, sociologia, pedagogia, literatura e língua alemã em Marburg, onde se envolveu em movimentos reformistas universitários. Em 1957, ela entrou para a Universidade de Münster, onde conheceu o marxista espanhol Manuel Sacristán - que mais tarde traduziria e publicaria alguns de seus escritos - entrou para a União Socialista Alemã de Estudantes (Sozialistischer Deutscher Studentenbund), participando de protestos contra o rearmamento do Bundeswehr e seu envolvimento com armamento nuclear proposto pelo governo de Konrad Adenauer. Lia Jean-Paul Sartre, Herman Hesse, Thomas Mann, Marcel Proust e aprendeu a tocar violino.
Em 1958 ela filiou-se no Partido Comunista da Alemanha - então fora da legalidade - e começou pouco depois a trabalhar na revista Konkret, de linha política esquerdista e independente, da qual seria editora-chefe de 1962 a 1964. Casou-se em 1961 com o co-fundador e editor da revista, Klaus Rainer Röhl, e com ele teve duas filhas gémeas, Regina e Bettina, no ano seguinte. O seu casamento durou até o divórcio, em 1968.
Em 1962, durante a gravidez, foi-lhe diagnosticada um tumor cerebral, depois de sofrer de dores de cabeça contínuas. Temerosa, pois os seus pais morreram de cancro e acreditando ter uma predisposição genética para a doença, mesmo assim Ulrike decidiu esperar até o parto para realizar a operação, em que seu crânio teria que ser aberto, temendo que ela pudesse afetar o desenvolvimento e nascimento das gémeas. Depois de o tumor ser retirado foi diagnosticado como sendo benigno.
    
 RAF
A morte do estudante Benno Ohnesorg, durante manifestações estudantis e de exilados iranianos durante a visita do Reza Pahlevi a Berlim, em 1967, e a tentativa de assassinato do líder estudantil e amigo de Ulrike, Rudi Dutschke, no ano seguinte, levam-na à radicalização. Depois de escrever sobre o julgamento de dois militantes esquerdistas alemães, Andreas Baader e Gudrun Ensslin, processados e condenados por incendiarem duas lojas de departamentos em Frankfurt, em fins de 1968 ou começo de 1969 ela abandonou seu emprego e resolveu unir-se aos dois e suas ideias de revolução, antes escrevendo na revista Konkret o que seria uma de suas mais famosas citações:
Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá.
Em abril de 1970, Andreas Baader, que, libertado em condicional junto com Ensslin depois de alguns meses preso pelo ataques incendiários de Frankfurt, fugiu depois que a Justiça cancelou a condicional, foi novamente preso em Berlim. Um mês depois, em 14 de maio, Ulrike, no papel de jornalista que faria algumas entrevistas com Baader para um livro, participou do resgate dele do Instituto para as Questões Sociais - local da entrevista para onde ele havia sido levado sob guarda - junto a outros integrantes do já clandestino grupo (apenas ela continuava levando uma vida normal em público). A fuga de Baader, que resultou em três polícias feridos, e a participação de Meinhof nela, viraram notícia nacional na Alemanha e Meinhof passou à clandestinidade.
No dia seguinte, cartazes da polícia começaram a aparecer com a fotografia dos dois e os jornais sensacionalistas e de grande tiragem de Axel Springer traziam a notícia em grandes parangonas, chamando o grupo de Gang Baader-Meinhof, pelo qual ficaram popularmente conhecidos. O filme Bambule, com roteiro de Meinhof, sobre a vida de jovens mulheres num reformatório e programado anteriormente para estrear na televisão alemã dez dias depois, foi retirado da grade de programação. Em 2 de julho, o jornal anarquista 833 publica um manifesto da organização, que assina com o nome oficial de Rote Armee Fraktion (Fração do Exército Vermelho) pela primeira vez. Uma recompensa de 10.000 de marcos é oferecida por sua captura e anunciada em cartazes pelo país.
     
Prisão
Pelos próximos dois anos, ela participou de várias ações do grupo, como roubos a banco e atentados à bomba. Além das ações de campo, Ulrike escrevia manifestos e tratados da RAF. Um dos mais conhecidos e significativos deles foi Das Konzept Stadtguerilla (O Conceito de Guerrilha Urbana), uma resposta ao ensaio publicado por Horst Mahler, outro dos fundadores do Baader-Meinhof e preso desde 1970, que, convertido a novas ideias políticas, criticava as ações do grupo. Nestas publicações, apareceu pela primeira vez o logotipo da organização, uma metralhadora M5 sobre uma estrela vermelha.
Em 22 de outubro de 1971, ela foi participou de um tiroteio com a polícia em Hamburgo durante uma tentativa de prisão. Ulrike e um companheiro conseguiram fugir, depois que um polícia foi baleado e morto. Novamente desaparecida, mais de seis meses se passaram até que se tivesse alguma notícia sua.
Em novembro de 1971, Renate Riemeck tentou argumentar com sua filha adotiva. Ela publicou uma carta em Konkret intitulada 'Desista, Ulrike!', numa mistura de crítica às ações da RAF e elogios a seu passado político e caráter benevolente. Riemeck tentou mudar o ponto de vista de Meinhof, elogiando-a e argumentando com ela. Na carta, ela escrevia que acreditava que a filha era muito inteligente e racional para confundir uma rebeldia antiautoritarismo com o início de uma revolução geral. Também colocou que "a Alemanha não é um lugar para uma guerrilha urbana ao estilo latino-americano" e perguntou.. "Quem ainda entende o impulso moral e político por trás das suas ações?". Renate concluía a carta com um apelo: "Eu não sei até que ponto a sua influência dentro do próprio grupo se estende até onde seus amigos sejam passíveis de considerações racionais. Mas você deve tentar medir as possibilidades reais de um movimento de guerrilha urbana na República Federal Alemã contra a realidade social do país. Você pode fazer isso, Ulrike."
A resposta de Meinhof foi encontrada três semanas depois, dentro de uma lata de lixo. O seu título: "Uma mãe escrava roga à sua filha". Ulrike reescreveu a carta do ponto de vista de uma mãe escrava, Renate Riemeck, pedindo à sua filha que negasse o direito de lutar pela liberdade, voltar atrás e se contentar em ser uma obediente e exemplar escrava, que poderia tornar-se uma supervisora algum dia, se aceitasse as autoridades e a sua vida de escrava. Com esta resposta, Ulricke Meinhof cortou os últimos elos com seu passado e conscientemente decidiu dedicar a sua vida a causa política na qual acreditava.
Em 1 de junho de 1972, Andreas Baader foi preso em Frankfurt, juntamente com Holger Meins e Jan-Carl Raspe, membros da liderança da RAF. Uma semana depois, foi a vez de Ensslin, presa dentro de uma boutique em Hamburgo. Em 14 de junho, a polícia montou uma emboscada num endereço de Hannover, depois da denúncia de que um casal de modos suspeitos estava hospedado num apartamento. O homem do casal, ao descer para telefonar, foi detido armado numa cabine telefónica. Era Gerhard Müller, que havia participado do tiroteio com Meinhof meses antes. Ao baterem na porta do apartamento, Ulrike Meinhof, a última líder da primeira geração do Baader-Meinhof em liberdade, foi presa.
Em dezembro de 1972, ela foi retirada do isolamento da prisão de Köln-Ossendorf, em Colónia, convocada como testemunha no julgamento de Horst Mahler, onde ele a questionou sobre as declarações que ambos teriam dado sobre a invasão, sequestro e morte de atletas de Israel na Vila Olímpica, durante os Jogos Olímpicos de Munique, por terroristas do Setembro Negro. Meinhof, que na época publicou um manifesto intitulado A ação do Setembro Negro em Munique: por dentro da estratégia da luta anti-imperialista, em que fazia reflexões sobre o relacionamento entre alemães, palestinianos e judeus como um resultado da II Guerra Mundial. A pergunta de Mahler a fez responder:
 
Como Auschwitz foi possível? O que era o anti-semitismo na Alemanha? Usou-se o ódio do povo à sua dependência pessoal do dinheiro, como uma maneira de troca, sua busca pelo comunismo. Auschwitz significa que seis milhões de judeus foram assassinados e jogados em aterros sanitários pela Europa, por serem aquilo que lhes foi apontado ser - Dinheiro-Judeus. O que aconteceu foi que o capital financeiro, a elite e os bancos, o núcleo do sistema do capitalismo e do imperialismo, desviou a atenção e o ódio do povo de si mesmo para os judeus.
Após dois anos de audiências preliminares, Ulrike, já então na prisão de segurança máxima de Stammheim juntamente com os outros líderes da RAF, foi condenada a oito anos de reclusão, por sua participação na libertação de Andreas Baader, em 1970. Em agosto de 1975, ela, Baader, Ensslin e Raspe foram conjuntamente acusados em conjuto de 4 homicídios, 54 tentativas de homicídio e formação de organização criminosa. Entretanto, em maio de 1976, quando o julgamento ainda decorria, Meinhof foi encontrada morta.

Morte
Em 9 de maio de 1976, ainda durante o período de julgamento e quando se festejava o Dia da Mãe na Alemanha, Ulrike Meinhof foi encontrada morta na sua cela, enforcada com uma corda improvisada com uma toalha rasgada, sem deixar nenhuma carta de despedida às suas filhas ou aos seus companheiros de prisão, os militantes da Fração do Exército Vermelho (RAF) Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Irmgard Möller. A investigação oficial concluiu que se tratara de suicídio, tese contestada por acusações públicas de que a jornalista havia sido assassinada. Massivas demonstrações de protesto de esquerdistas ocorreram por todo o país e bombas explodem em Nice e Paris, na França e na base da Força Aérea dos Estados Unidos em Frankfurt. Nos últimos tempos em que esteve presa, entretanto, Ulrike estava deprimida por conflitos internos com os outros integrantes da organização, que a relegaram ao ostracismo no grupo. Apesar disso, Jan-Carl Raspe declarou que eles acreditavam que ela havia sido assassinada e que as difíceis relações entre ela e Baader-Ensslin na prisão, não eram qualquer evidência de que ela quisesse se suicidar.
Ulrike foi enterrada em Berlim, entre milhares de simpatizantes e discursos de intelectuais de esquerda. No enterro, em 16 de maio de 1976 no bairro de Mariendorf (então Berlim Ocidental), o editor Klaus Wagenbach disse que ela "sucumbiu às circunstâncias alemãs". O poeta Erich Fried enviou para as cerimónias do funeral um telegrama chamando-a de "a maior mulher da Alemanha desde Rosa Luxemburgo". Algumas décadas após sua morte veio à tona a notícia de que o seu cérebro fora retirado pelos patologistas antes do enterro, sem conhecimento da família, e conservado durante 26 anos em formol para estudos num hospital de Magdeburg. A sua filha, a jornalista Bettina Röhl, moveu uma ação contra o Estado e o cérebro foi enterrado na sepultura, juntamente com os restos mortais de Ulrike em 2002.
      


        

segunda-feira, maio 06, 2024

O terrorista Andreas Baader nasceu há 81 anos...


Andreas Bernd Baader (Munique, 6 de maio de 1943 - Estugarda, 18 de outubro de 1977) foi um dos fundadores e líderes do grupo guerrilheiro de esquerda alemão Fração do Exército Vermelho, denominado pelo governo e pela imprensa de Baader-Meinhof. O grupo foi responsável por uma série de ações armadas - assaltos a bancos, sequestros e mortes - na Alemanha, na década de 70.
O seu pai era o historiador Berndt Phillip Baader, que, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, servia o exército alemão quando foi feito prisioneiro pelas forças russas, e que posteriormente foi dado como desaparecido. A sua mãe, Anneliese Baader, não voltou a se casar. Andreas foi criado com carinho pela mãe, juntamente com a avó e uma tia. Na opinião dos seus professores, era uma criança inteligente, mas também voluntariosa, um tanto imprevisível e não se empenhava nos estudos quando a matéria não o atraía. Ao mesmo tempo que era generoso, capaz de tirar a sua própria roupa e dá-la a alguém que estivesse com frio, também era capaz de furtar, se estivesse precisando de dinheiro. Também se envolvia frequentemente em lutas, nem sempre em defesa dos próprios interesses.
Na adolescência considerado como um jovem desajustado, na conservadora sociedade alemã de após guerra; no final dos anos sessenta Baader gravitou para o movimento estudantil de esquerda e para os protestos contra o capitalismo, a pobreza no Terceiro Mundo, o nuclear e  a ocupação norte-americana do país, que agitavam a Alemanha Ocidental na altura, embora ele próprio não fosse estudante universitário.
    
   
No dia 2 de abril de 1968, Baader e a sua namorada, Gudrun Ensslin, incendiaram dois estabelecimentos comerciais em Frankfurt, mas não provocaram nenhuma morte. De acordo com Gudrun, o ato seria uma forma de protesto contra a Guerra no Vietname. No mesmo ano, Baader foi condenado a quatro anos de prisão.
Na manhã de 14 de maio de 1970 Baader escapou da prisão graças a um plano elaborado pela sua namorada, que contou com a participação da conhecida jornalista Ulrike Meinhof. Sob o pretexto de estar a trabalhar num livro sobre a juventude alemã, Ulrike Meinhof conseguiu que Andreas Baader fosse conduzido para a biblioteca do Instituto de Estudos Sociais em Berlim Ocidental onde seria entrevistado pela jornalista. Embora o plano não tenha sido executado exatamente como se pretendia, Baader conseguiria escapar pela janela da biblioteca. No dia seguinte a fuga foi noticiada pelos meios de comunicação social e o grupo passou a ser conhecido como o Grupo Baader-Meinhof, em função das duas figuras mais conhecidas do grupo, Andreas Baader e Ulrike Meinhof.
Nos dois anos seguintes Baader dedicou-se a ações de guerrilha urbana até que foi capturado pela polícia, a 1 de junho de 1972, em Frankfurt, juntamente com outros militantes da Fração do Exército Vermelho, Jan-Carl Raspe e Holger Meins.
Baader foi depois julgado e condenado, naquele que foi um dos julgamentos mais caros da história da justiça alemã.
Na noite de 8 para 9 de maio de 1976, a jornalista Ulrike Meinhof foi executada, na sua cela, presumivelmente por membros do serviço secreto alemão, que procuraram disfarçar o assassinato como suicídio. Uma comissão internacional de investigação invalidou a tese de suicídio, o que acirrou as tentativas de libertarem os demais presos. Em 5 de setembro, membros da Fração do Exército Vermelho sequestraram o presidente da confederação da indústria alemã e, a seguir, militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina sequestraram um avião da Lufthansa, com passageiros a bordo, e levaram-no para Mogadíscio, na Somália. As autoridades alemãs não aceitaram a troca e, a 18 de outubro, uma operação da GSG 9 libertou os passageiros e executou os militantes palestinianos. A seguir, Andreas Baader, Jan-Carl Raspe e Gudrun Ensslin foram igualmente executados, a sangue frio, nas suas celas de máxima segurança - os dois primeiros com tiros na nuca, à distância, com pistolas de uso exclusivo das forças armadas da Alemanha. Até hoje o estado alemão não reconhece o assassinato dos prisioneiros.