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quinta-feira, novembro 09, 2023

José Pinto Peixoto, geofísico e meteorologista, nasceu há cento e um anos...

   
José Pinto Peixoto (Miuzela, Almeida, 9 de novembro de 1922 - Lisboa, 6 de dezembro de 1996) foi um dos mais destacados geofísicos e meteorologistas portugueses. Do seu trabalho destacam-se alguns dos primeiros estudos sistemáticos da circulação global na atmosfera e, em particular, do ciclo global de água na atmosfera.
  
Vida
Estudou no Liceu Gil Vicente, em Lisboa e, em 1944, terminou a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em 1945 realizou um estágio no Instituto Geofísico Infante D. Luís, vindo a ingressar, no ano seguinte, no recém-criado Serviço Meteorológico Nacional.
Entre 1946 e 1952, estudou Física e Meteorologia e, em 1952, concluiu a licenciatura em Ciências Geofísicas e foi admitido como Assistente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. No entanto, continuou a sua atividade no Serviço Meteorológico Nacional onde deu formação e criou a Divisão de Estudos.
Em 1954 obteve uma bolsa da Academia das Ciências de Lisboa para prosseguir o seu trabalho de investigação no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Aí, juntou-se ao grupo de investigação do Prof. Victor Starr, grupo esse que foi responsável pelos primeiros estudos sistemáticos da circulação global da atmosfera e que incluía cientistas reconhecidos em que se destacavam, para além de Pinto Peixoto, Edward Lorenz, Barry Saltzman e Abraham Oort.
Após voltar a Portugal, em 1956, manteve uma estreita colaboração com a equipa do MIT e de outros centros de investigação nos EUA, onde passou temporadas. Em 1958, no Ano Geofísico Internacional, foi fundado o atual sistema de observação contínua que gerou uma grande quantidade de dados a nível global. Pinto Peixoto fez o estudo do ciclo da água à escala global, produzindo os primeiros mapas de transporte global de água pela circulação atmosférica. Nas décadas de 60 e 70 participou no desenvolvimento dos atuais modelos de circulação global, utilizados na previsão meteorológica.
Entre 1969 e 1973 foi Vice-Reitor da Universidade de Lisboa e diretor do Instituto Geofísico em 1970. Ajudou ainda a criar as universidades da Beira Interior e Nova de Lisboa. Foi presidente da classe de Ciências da Academia das Ciências de Lisboa entre 1980 e 1996.
Em 1980 iniciou, em colaboração com Oort, uma síntese do seu trabalho de investigação. Essa síntese esteve na origem do livro "Physics of Climate", publicado em 1992 – uma obra de referência neste domínio.
Pinto Peixoto publicou igualmente vários livros de divulgação sobre temas ligados ao clima e ao meio-ambiente. A 11 de março de 1993 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Quando faleceu, deixou publicados mais de 50 artigos de investigação. Foi erguida uma estátua sua em frente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
  

quarta-feira, novembro 09, 2022

José Pinto Peixoto, geofísico e meteorologista, nasceu há um século...!

   
José Pinto Peixoto (Miuzela, Almeida, 9 de novembro de 1922 - Lisboa, 6 de dezembro de 1996) foi um dos mais destacados geofísicos e meteorologistas portugueses. Do seu trabalho destacam-se alguns dos primeiros estudos sistemáticos da circulação global na atmosfera e, em particular, do ciclo global de água na atmosfera.
  
Vida
Estudou no Liceu Gil Vicente, em Lisboa e, em 1944, terminou a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em 1945 realizou um estágio no Instituto Geofísico Infante D. Luís, vindo a ingressar, no ano seguinte, no recém-criado Serviço Meteorológico Nacional.
Entre 1946 e 1952, estudou Física e Meteorologia e, em 1952, concluiu a licenciatura em Ciências Geofísicas e foi admitido como Assistente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. No entanto, continuou a sua atividade no Serviço Meteorológico Nacional onde deu formação e criou a Divisão de Estudos.
Em 1954 obteve uma bolsa da Academia das Ciências de Lisboa para prosseguir o seu trabalho de investigação no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Aí, juntou-se ao grupo de investigação do Prof. Victor Starr, grupo esse que foi responsável pelos primeiros estudos sistemáticos da circulação global da atmosfera e que incluía cientistas reconhecidos em que se destacavam, para além de Pinto Peixoto, Edward Lorenz, Barry Saltzman e Abraham Oort.
Após voltar a Portugal, em 1956, manteve uma estreita colaboração com a equipa do MIT e de outros centros de investigação nos EUA, onde passou temporadas. Em 1958, no Ano Geofísico Internacional, foi fundado o atual sistema de observação contínua que gerou uma grande quantidade de dados a nível global. Pinto Peixoto fez o estudo do ciclo da água à escala global, produzindo os primeiros mapas de transporte global de água pela circulação atmosférica. Nas décadas de 60 e 70 participou no desenvolvimento dos atuais modelos de circulação global, utilizados na previsão meteorológica.
Entre 1969 e 1973 foi Vice-Reitor da Universidade de Lisboa e diretor do Instituto Geofísico em 1970. Ajudou ainda a criar as universidades da Beira Interior e Nova de Lisboa. Foi presidente da classe de Ciências da Academia das Ciências de Lisboa entre 1980 e 1996.
Em 1980 iniciou, em colaboração com Oort, uma síntese do seu trabalho de investigação. Essa síntese esteve na origem do livro "Physics of Climate", publicado em 1992 – uma obra de referência neste domínio.
Pinto Peixoto publicou igualmente vários livros de divulgação sobre temas ligados ao clima e ao meio-ambiente. A 11 de março de 1993 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Quando faleceu, deixou publicados mais de 50 artigos de investigação. Foi erguida uma estátua sua em frente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
  

terça-feira, novembro 09, 2021

O geofísico e meteorologista José Pinto Peixoto nasceu há 99 anos

   
José Pinto Peixoto (Miuzela, Almeida, 9 de novembro de 1922 - Lisboa, 6 de dezembro de 1996) foi um dos mais destacados geofísicos e meteorologistas portugueses. Do seu trabalho destacam-se alguns dos primeiros estudos sistemáticos da circulação global na atmosfera e, em particular, do ciclo global de água na atmosfera.
  
Vida
Estudou no Liceu Gil Vicente, em Lisboa e, em 1944, terminou a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em 1945 realizou um estágio no Instituto Geofísico Infante D. Luís, vindo a ingressar, no ano seguinte, no recém-criado Serviço Meteorológico Nacional.
Entre 1946 e 1952, estudou Física e Meteorologia e, em 1952, concluiu a licenciatura em Ciências Geofísicas e foi admitido como Assistente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. No entanto, continuou a sua actividade no Serviço Meteorológico Nacional onde deu formação e criou a Divisão de Estudos.
Em 1954 obteve uma bolsa da Academia das Ciências de Lisboa para prosseguir o seu trabalho de investigação no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Aí, juntou-se ao grupo de investigação do Prof. Victor Starr, grupo esse que foi responsável pelos primeiros estudos sistemáticos da circulação global da atmosfera e que incluía cientistas reconhecidos em que se destacavam, para além de Pinto Peixoto, Edward Lorenz, Barry Saltzman e Abraham Oort.
Após voltar a Portugal, em 1956, manteve uma estreita colaboração com a equipa do MIT e de outros centros de investigação nos EUA, onde passou temporadas. Em 1958, no Ano Geofísico Internacional, foi fundado o actual sistema de observação contínua que gerou uma grande quantidade de dados a nível global. Pinto Peixoto fez o estudo do ciclo da água à escala global, produzindo os primeiros mapas de transporte global de água pela circulação atmosférica. Nas décadas de 60 e 70 participou no desenvolvimento dos actuais modelos de circulação global, utilizados na previsão meteorológica.
Entre 1969 e 1973 foi vice-Reitor da Universidade de Lisboa, e director do Instituto Geofísico em 1970. Ajudou ainda a criar as universidades da Beira Interior e Nova de Lisboa. Foi presidente da classe de Ciências da Academia das Ciências de Lisboa entre 1980 e 1996.
Em 1980 iniciou, em colaboração com Oort, uma síntese do seu trabalho de investigação. Essa síntese esteve na origem do livro "Physics of Climate", publicado em 1992 – uma obra de referência neste domínio.
Pinto Peixoto publicou igualmente vários livros de divulgação sobre temas ligados ao clima e ao meio-ambiente. A 11 de março de 1993 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Quando faleceu, deixou publicados mais de 50 artigos de investigação. Foi erguida uma estátua sua em frente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
  

quinta-feira, novembro 09, 2017

O geofísico e meteorologista José Pinto Peixoto nasceu há 95 anos

José Pinto Peixoto (Miuzela, Almeida, 9 de novembro de 1922 - Lisboa, 6 de dezembro de 1996) foi um dos mais destacados geofísicos e meteorologistas portugueses. Do seu trabalho destacam-se alguns dos primeiros estudos sistemáticos da circulação global na atmosfera e, em particular, do ciclo global de água na atmosfera.

Vida
Estudou no Liceu Gil Vicente, em Lisboa e, em 1944, terminou a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em 1945 realizou um estágio no Instituto Geofísico Infante D. Luís, vindo a ingressar, no ano seguinte, no recém-criado Serviço Meteorológico Nacional.
Entre 1946 e 1952, estudou Física e Meteorologia e, em 1952, concluiu a licenciatura em Ciências Geofísicas e foi admitido como Assistente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. No entanto, continuou a sua actividade no Serviço Meteorológico Nacional onde deu formação e criou a Divisão de Estudos.
Em 1954 obteve uma bolsa da Academia das Ciências de Lisboa para prosseguir o seu trabalho de investigação no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Aí, juntou-se ao grupo de investigação do Prof. Victor Starr, grupo esse que foi responsável pelos primeiros estudos sistemáticos da circulação global da atmosfera e que incluía cientistas reconhecidos em que se destacavam, para além de Pinto Peixoto, Edward Lorenz, Barry Saltzman e Abraham Oort.
Após voltar a Portugal, em 1956, manteve uma estreita colaboração com a equipa do MIT e de outros centros de investigação nos EUA, onde passou temporadas. Em 1958, no Ano Geofísico Internacional, foi fundado o actual sistema de observação contínua que gerou uma grande quantidade de dados a nível global. Pinto Peixoto fez o estudo do ciclo da água à escala global, produzindo os primeiros mapas de transporte global de água pela circulação atmosférica. Nas décadas de 60 e 70 participou no desenvolvimento dos actuais modelos de circulação global, utilizados na previsão meteorológica.
Entre 1969 e 1973 foi vice-Reitor da Universidade de Lisboa, e director do Instituto Geofísico em 1970. Ajudou ainda a criar as universidades da Beira Interior e Nova de Lisboa. Foi presidente da classe de Ciências da Academia das Ciências de Lisboa entre 1980 e 1996.
Em 1980 iniciou, em colaboração com Oort, uma síntese do seu trabalho de investigação. Essa síntese esteve na origem do livro "Physics of Climate", publicado em 1992 – uma obra de referência neste domínio.
Pinto Peixoto publicou igualmente vários livros de divulgação sobre temas ligados ao clima e ao meio-ambiente. A 11 de março de 1993 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Quando faleceu, deixou publicados mais de 50 artigos de investigação. Foi erguida uma estátua sua em frente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

De Miuzela (Almeida) para o Mundo

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais:


Minha crónica no último número deste ano da "Gazeta de Física":

Eu não sabia onde ficava Miuzela. Desde Agosto passado que já sei: é uma aldeia no interior profundo de Portugal, no concelho de Almeida, distrito da Guarda. Fui lá por ser miuzelense um dos físicos portugueses mais notáveis do século XX, José Pinto Peixoto (1922-1996), professor da Universidade de Lisboa e especialista em geofísica.

Peixoto doutorou-se no MIT (de facto, a defesa da tese foi em Lisboa, mas quase todo o trabalho foi feito no MIT) e trabalhou mais tarde em Princeton. Um dos seus colegas e amigos do MIT foi o físico norte-americano Edward Lorenz (1918-2008), o autor da célebre formulação da teoria do caos segundo a qual o bater das asas de uma borboleta pode originar um tornado no Texas. A tese de Peixoto, Contribuição para o Estudo da Energética da Circulação Geral da Atmosfera, foi submetida no ano de 1958, que foi declarado pelas Nações Unidas "Ano Geofísico Internacional" (passadas cinco décadas, 2008 é o "Ano Internacional da Terra"). O geofísico português foi o autor de um dos primeiros modelos sobre o movimento global da atmosfera, proposto na mesma altura em que no Hawai, sob a direcção de outro norte-americano, Charles Keeling, começavam as observações sistemáticas das emissões de dióxido de carbono que constituem um grande suporte experimental para os conceitos de efeito estufa e de aquecimento global.

Na escola primária de Miuzela, num dia muito quente, falei para as pessoas da terra sobre o aquecimento global, para o que me preparei com base no manual de Peixoto e Oort "The Physics of Climate", publicado em 1992 pelo American Institute of Physics, e dos seus artigos de divulgação na Scientific American e na Recherche. Se o famoso Professor fosse vivo (faleceu inesperadamente um ano antes do tratado de Quioto) seria hoje famosíssimo pois os média não cessariam de lhe fazer perguntas sobre o aquecimento global. E ele haveria de responder a tudo, sempre rigoroso e, ao mesmo tempo, sempre bem disposto, pois não há um princípio de incerteza que limite o humor quando se é exacto. O seu rigor alicerçava-se na sua sólida formação matemática, uma vez que se tinha licenciado nessa disciplina antes de se formar em geofísica. Ele sabia que sem matemática não pode haver física e, por isso, não pode haver geofísica. Nas suas palavras: A matemática está para a física assim como a gramática está para a literatura. A gramática ensina a expressar bem as ideias, se as houver! Não cria literatura.

Lembro-me bem da primeira vez que o vi, num seminário em Coimbra sobre termodinâmica, de ter sorrido com uma das suas extraordinárias frases: A senhora da limpeza desentropiou-me o gabinete todo. A linguagem do Prof. Peixoto, nas aulas ou fora delas, podia ser bastante colorida, como mostra o exemplo que dava da produção de entropia por humanos: Meus meninos, como fazem para se livrarem da vossa entropia? Sim, puxam o autoclismo. Tal como o seu contemporâneo Feynman (que, como ele, esteve no MIT e em Princeton) Peixoto era um físico divertido e algumas das suas tiradas bem podem ser equiparadas às do físico novaiorquino. Como disse Lorentz, onde estivesse o Peixoto, o ambiente mudava. Uma alteração climática local, portanto.

A Associação Casa de Cultura Prof. Dr. José Pinto Peixoto, sediada em Miuzela, distribuiu no dia em que lá fui prémios aos melhores alunos do ensino primário local. Essas distinções servem para lembrar que o seu patrono era filho de professores primários e estudou em Lisboa no Instituto do Professorado Primário. Mas essa associação tem também um prémio nacional para o melhor aluno do secundário, que tem sido ganho por alunos de vintes. Se graças ao Prof. Peixoto Miuzela já estava no mapa da ciência mundial, com estes prémios está hoje no mapa da educação nacional.