Vasco Granja no Salão da BD 2003, na Exponor
Biografia
De seu nome completo
Vasco de Oliveira Granja, nasceu a 10 de julho de 1925, no bairro de
Campo de Ourique, em
Lisboa em
Portugal, vindo a falecer em
Cascais, na madrugada do dia 4 de maio de 2009. Estudou na escola 12 do
Bairro Alto,
em Lisboa, e na Escola Industrial Machado de Castro, a qual abandonou
após uma reprovação na disciplina de álgebra, no quarto ano.
Aos 15 anos de idade, encontrou o seu primeiro emprego, nos
Armazéns do Chiado.
Era responsável pelas amostras de seda que eram oferecidas às
clientes. Algum tempo mais tarde, foi transferido para o departamento
de publicidade, quando notaram que tinha um grande gosto pela leitura.
Pintava cartazes com anúncios para as montras.
Como o ordenado não era suficiente, mudou de emprego, tendo ido trabalhar para a Foto Áurea, na Rua do Ouro, em
Lisboa, estabelecimento esse que hoje já não existe. Nessa altura, visitava com frequência a
Biblioteca Nacional, que estava aberta aos jovens. Interessava-se já por museus, pintura e pelo desporto, tendo sido sócio do
Benfica durante algum tempo.
Durante a sua infância, apaixonou-se pelo cinema. Como na altura não
existia classificação etária nos cinemas, percorreu todos os que
existiam em Lisboa.
Casou-se com Maria Inácia, uma jovem de família oriunda do
Ribatejo, que conheceu num baile em Lisboa. Tiveram uma filha e duas netas.
No decorrer dos anos 50, durante o regime do estado novo em Portugal, associou-se ao movimento
cineclubista. Em
Lisboa, participava no aluguer de salas e na projeção de
filmes obtidos através das
embaixadas, em formato de 16 milímetros. Os filmes tinham sempre que passar pela censura. Apesar disso, conseguiam mostrar filmes do
neo-realismo italiano. Em
1952, foi detido pela
PIDE, em consequência do dinheiro dos bilhetes para os filmes se destinar a financiar o movimento de resistência ao regime do
Estado Novo. Esteve preso durante seis meses, na
prisão do
Aljube.
Em
1960, esteve presente no festival de animação de
Annecy, em
França, a representar
Portugal. Durante essa viagem, a primeira fora do seu país, ganhou uma nova paixão pela animação. O cineasta
canadiano de animação
Norman McLaren tornou-se o seu maior ídolo. Viria a conhecê-lo pessoalmente.
Durante os anos 60, foi novamente detido pela
PIDE, devido à sua ligação na altura ao
Partido Comunista Português, mais concretamente à célula comunista dos cineclubes. Esteve preso durante 16 meses, tendo cumprido parte desse tempo em
Peniche. Na prisão, foi submetido a várias torturas físicas e psicológicas, como a tortura do sono.
Em
1974, deu início a um novo programa de televisão, denominado
"Cinema de Animação", na
RTP,
que viria a durar 16 anos, com mais de mil programas transmitidos.
Nesses programas, dava a conhecer a animação de todo o mundo, desde
aquela que era realizada nos países do leste da
Europa, até à proveniente da
América do Norte.
Pretendia, com o seu programa, divulgar, para além da própria
animação, uma
mensagem de paz, que considerava estar presente em muitos
dos filmes da
Europa de Leste que transmitia.
Ainda em
1974, foi membro do júri do Festival Internacional de Banda Desenhada de
Angoulême.
Em
1975, criou um curso de cinema de animação, a partir do qual viria a nascer a Associação Portuguesa de Cinema de Animação.
Em
1980, foi membro do júri da quarta edição do
Animafest, o Festival Mundial de Animação de
Zagreb, realizado na então
Jugoslávia. Participara já como observador neste festival na edição de
1974, logo após o
25 de Abril.
Teve uma breve aparição no programa humorístico de televisão
Herman Enciclopédia, em
1998, durante a qual parodiava os seus próprios programas sobre animação.