Filho de
Francisco José de Faria e Melo Ferreira Duarte, que jogou na
Académica
e foi campeão de atletismo, e da sua mulher, Maria Manuela Alegre de
Melo Duarte, a sua família tem referências na política - um dos seus
ascendentes esteve nas revoltas contra
D. Miguel I,
tendo sido decapitado na Praça Nova do Porto - e no desporto - o
próprio Manuel Alegre sagrou-se campeão nacional de natação e foi atleta
internacional da
Associação Académica de Coimbra nessa modalidade. A sua infância e juventude encontram-se retratadas no romance
Alma (
1995).
À exceção dos primeiros estudos, feitos em
Águeda, frequentou diversos estabelecimentos de ensino: fez o primeiro ano do liceu no Passos Manuel, em
Lisboa, no segundo esteve três meses como aluno interno no Colégio Almeida Garrett, no
Cartaxo, seis meses no Colégio Castilho, em
São João da Madeira, e depois foi para o
Porto, concluindo os estudos secundários no Liceu Central Alexandre Herculano. Aí fundou, com
José Augusto Seabra, o jornal
Prelúdio.
Chegado a
Paris em julho de
1964, participa na Terceira Conferência e é eleito para um cargo na Direção da
Frente Patriótica de Libertação Nacional, presidida por
Humberto Delgado. Isto dar-lhe-á a possibilidade de depor perante as
Nações Unidas, como representante dessa organização, sobre a sua experiência em
Angola, e contactar com os líderes dos movimentos africanos de libertação, como
Agostinho Neto,
Eduardo Mondlane,
Samora Machel,
Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade e Aquino de Bragança. Em
1964 parte para o exílio, em
Argel, onde é locutor da emissora de rádio
A Voz da Liberdade.
Nessa emissora difunde conteúdos contra o regime anti-democrático português. Entretanto os seus dois primeiros livros,
Praça da Canção (
1965) e
O Canto e as Armas (
1967),
são apreendidos pela censura, mas cópias manuscritas ou
dactilografadas circulam de mão em mão, clandestinamente. Poemas seus,
cantados, entre outros, por
Zeca Afonso e
Adriano Correia de Oliveira,
Manuel Freire e
Luis Cília tornam-se emblemas da luta clandestina.
Uma década depois de ter partido para Argel regressa a
Portugal, onde chega a
2 de maio de
1974. Entra nos quadros da
Radiodifusão Portuguesa, como diretor dos Serviços Recreativos e Culturais, e é um dos fundadores (com
Piteira Santos,
Nuno Bragança e outros) dos Centros Populares 25 de Abril, uma organização que pretendia um papel cívico, complementar ao dos partidos.
Ainda em
1974 adere ao
Partido Socialista, de que foi dirigente nacional. Estreia-se como deputado na
Assembleia Constituinte, em
1975. É deputado à
Assembleia da República a partir de
1976, integrando também o
I Governo Constitucional (de
Mário Soares), primeiro como Secretário de Estado da Comunicação Social, depois como Secretário de Estado Adjunto do
Primeiro-Ministro para os Assuntos Políticos. Também no
Parlamento foi presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, vice-presidente da Delegação Parlamentar Portuguesa ao
Conselho da Europa, vice-presidente do Grupo Parlamentar do
PS e vice-presidente da
Assembleia da República. Em
2004 foi candidato a secretário-geral do
PS, perdendo para
José Sócrates. Em
2006 foi candidato independente às
eleições presidenciais, tendo obtido mais votos que
Mário Soares, então candidato oficial do
PS. Após essas eleições funda o
Movimento de Intervenção e Cidadania. Em
2009 cessa o seu último mandato como deputado à
Assembleia da República, após trinta e quatro anos no
Parlamento. Mantém-se como membro do
Conselho de Estado e das
Ordens Honoríficas de Portugal. Em
2010 anuncia a sua candidatura às es eleições presidenciais de
2011, conseguindo o apoio do
PS, do
BE, bem como dos dirigentes do
MIC.
No total foi deputado 34 anos. Reforma-se após deixar o parlamento.
Aufere uma reforma de 3219,95€ (para a qual contaram os descontos
efetuados como deputado), uma subvenção vitalícia superior a dois mil
euros mensais. A sua reforma foi motivo de diversos boatos nos meios de
comunicação social, que foram levados a Tribunal, culminando no
pagamento a Manuel Alegre de uma indemnização no valor de quarenta mil
euros, como compensação por danos morais em virtude de notícia,
publicada em junho de 2006, no jornal diário
Correio da Manhã,
e que lhe imputava o recebimento de uma reforma superior a três mil
euros por escassos meses de trabalho na RDP, esquecendo os mais de 30
anos em que Manuel Alegre descontou para a Caixa Geral de Aposentações
enquanto deputado na Assembleia da República. Manuel Alegre ganhou os
recursos em sede de tribunal de primeira instância, de novo na relação
de Lisboa, e de novo em sede de Supremo Tribunal de Justiça. Acumula
ainda uma subvenção vitalícia superior a dois mil euros mensais,
aplicada a todos os titulares de cargos públicos com desempenhos
superiores a 12 anos.
Casou duas vezes, primeiro com Isabel de Sousa Pires, de quem não teve
filhos, e depois com Mafalda Maria de Campos Durão Ferreira (Lisboa, 13
de dezembro de 1947), de quem tem dois filhos e uma filha.
Além da atividade política, saliente-se o seu proeminente labor
literário, quer como poeta, quer como ficcionista. Entre os seus
inúmeros poemas musicados contam-se a
Trova do vento que passa, cantada por
Adriano Correia de Oliveira,
Amália Rodrigues, entre muitos outros. Reconhecido além fronteiras, é o único autor português incluído na antologia
Cent poemes sur l'exil, editada pela
Liga dos Direitos do Homem, em
França (
1993). Em abril de
2010, a
Universidade de Pádua, em
Itália,
inaugurou a Cátedra Manuel Alegre, destinada ao estudo da Língua,
Literatura e Cultura Portuguesas. Pelo conjunto da sua obra recebeu,
entre outros, o
Prémio Pessoa (
1999) e o Grande Prémio de Poesia da
Associação Portuguesa de Escritores (
1998). É sócio-correspondente da Classe de Letras da
Academia das Ciências de Lisboa, eleito em
2005.