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terça-feira, novembro 12, 2024

A gerontocracia soviética escolheu Andropov para mandar na URSS há 42 anos

  
Iúri Vladimirovitch Andropov (Stavropol, 15 de julho de 1914 - Moscovo, 9 de fevereiro de 1984) foi um político soviético e Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética desde o dia 12 de novembro de 1982 até à sua morte, além de chefe do serviço secreto soviético, o KGB, durante quinze anos.
O seu local de nascimento é incerto, porém acredita-se que foi próximo de Stavropol, na Rússia meridional. Estudou por um curto período no Instituto Técnico para o Transporte Aquático de Rybinsk, antes de se juntar ao Komsomol em 1930. Ele concluiu a graduação em 1939 foi o primeiro secretário do Komsomol na república da Carélia finlandesa, entre 1940 e 1944. Após a guerra, mudou-se para Moscovo em 1951 e entrou para o secretariado do partido.
Após a morte de Estaline, em março de 1953, Andropov foi rebaixado de posto e enviado para um "exílio" na embaixada soviética em Budapeste por Georgi Malenkov. Ele teve um papel importante na invasão soviética da Hungria em 1956.
Andropov voltou a Moscovo para chefiar o Departamento para Relações com países socialistas (1957-1967) e foi promovido para o secretariado do Comité Central do PC Soviético em 1962, sucedendo a Mikhail Suslov. Em 1967 foi indicado para chefe da KGB. Em 1973 tornou-se membro de pleno direito do Politburo, apesar de não ter renunciado à chefia da KGB até 1982.
Envolveu-se em rumores e acusações com a morte suspeita do então líder Leonid Brejnev, em 10 de novembro de 1982. Brejnev teria morrido de overdose, motivada por sua enfermeira, que estava ligada ao KGB, chefiado por Andropov. Quando a enfermeira foi inocentada e o caso abafado, passou-se a questionar a culpa de Andropov na morte do seu antecessor. Pouco depois, foi indicado, como previsto, para a liderança do Partido Comunista, vencendo Konstantin Chernenko, líder parlamentar de longa data. Foi o primeiro chefe da KGB a ser indicado. Herdou ainda, de Brejnev, a presidência e conselho de Defesa do país.
Durante o seu mandato fez tentativas de melhorar a economia e de reduzir a corrupção. Também é lembrado pela sua campanha contra o alcoolismo e esforços para melhorar a disciplina no trabalho. As duas campanhas foram conduzidas com uma visão administrativa tipicamente soviética, e lembraram vagamente reminiscências do estalinismo.
Fez pouca coisa em termos de política externa - a guerra iniciada após a invasão do Afeganistão continuou. O seu governo também foi marcado pela deterioração das relações com os EUA por causa das atitudes fortemente anti-soviéticas de Ronald Reagan, exacerbadas pelo derrube por caças soviéticos de um avião civil sul-coreano que invadiu o espaço aéreo russo a 1 de setembro de 1983 e pela ampliação do número de mísseis Pershing na Europa.
Morreu, de falência renal, em 9 de fevereiro de 1984 após vários meses com problemas de saúde, e foi sucedido por Konstantin Chernenko.
O legado de Andropov ainda é tema de muito debate, tanto na Rússia quanto em outros locais, e tanto entre académicos como nos meios de comunicação. Ele permanece no foco de vários documentários televisivos e em livros de não-ficção, particularmente em datas importantes.
Apesar de sua linha-dura na Hungria e de numerosos banimentos e intrigas pelas quais foi responsável durante a sua longa permanência na chefia da KGB, tornou-se muito lembrado por vários comentaristas como um reformador. Eles apontam como evidências o facto de haver promovido Mikhail Gorbachev na hierarquia do aparelho do PC soviético e ter sido considerado um chefe da KGB particularmente tolerante. Também lembrado como menos inclinado a reformas rápidas do que foi Gorbachev; o ponto central das especulações é se Andropov teria conseguido ou não reformar a URSS de tal maneira que tivesse evitado o seu colapso.
   

domingo, novembro 10, 2024

Poema para recordar Cunhal...

(imagem daqui)

 
Os presídios - III
 

Mas,
português da rua,
entre nós,
que ninguém nos escuta,
sabes
onde
está Álvaro Cunhal?
Sabes a ausência,
ou alguém o sabe,
do valente
Militão?
Moça portuguesa,
passas como que bailando
pelas ruas
rosadas de Lisboa,
mas,
sabes onde caiu Bento Gonçalves,
o português mais puro,
honra de teu mar e de tua areia?
Sabes
que existe uma ilha,
a Ilha do Sal
e que nela o Tarrafal
verte sombra?
Sim, tu sabes, moça,
rapaz, sim, tu bem o sabes.
Em silêncio
a palavra
anda com lentidão mas percorre
não só Portugal mas toda Terra.
Sim, sabemos,
em remotos países,
que há trinta anos
uma lápide
espessa como túmulo ou como túnica,
de clerical morcego,
afoga Portugal, teu triste canto,
salpica tua doçura,
com gotas de martírio
e mantém as suas cúpulas de sombra.


in
Las uvas y el viento (1954) - Pablo Neruda

Álvaro Cunhal nasceu há cento e onze anos...

    
Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de novembro de 1913 - Lisboa, 13 de junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um resistente ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido, o Partido Comunista Português.

Devido aos seus ideais comunistas e à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo, esteve preso em 1937, 1940 e 1949-1960, num total de 13 anos, 8 dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare. A 3 de janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da influência que já nessa altura detinha no movimento comunista internacional. Neste encontro, mostrou-se um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou de braço dado com Mário Soares, por Lisboa, como forma de ambos comemorarem o início da Democracia em Portugal, pois mesmo que divergissem ideologicamente, apoiavam um Portugal livre e democrático.
Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral, a 15 de junho, participaram mais de 250.000 pessoas, segundo o PCP. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de dezembro de 1960.
Álvaro Cunhal ficou na memória de todos como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.

Brejnev morreu há quarenta e dois anos

 
Leonid Ilitch Brejnev
(Kamenskoe, 19 de dezembro de 1906 - Moscovo, 10 de novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido ao Soviete Supremo de 1977 até à sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do liberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neoestalinista, por seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.
As principais conquistas políticas de Brejnev durante a sua liderança foram a retoma das relações diplomáticas soviéticas com diversos países, as iniciativas de cooperação, junto das potências ocidentais, pela paz mundial e a tentativa da criação de um bem-estar social em seu país, que resultou na crise económica que fez tremer a URSS. Também teve influente participação na expansão do socialismo à sua maior extensão, financiando de revoluções armadas ao redor do globo.
Em termos políticos, a liderança de Brejnev perante a União Soviética representou o retorno do poder estalinista, tendo ele inclusive tentado uma (má sucedida...) reabilitação do nome de Estaline. Em termos culturais, deu fim às campanhas antirreligiosas iniciadas em 1958 e premiou o patriarca Pemeno I com a Ordem do Estandarte Vermelho, aumentando a liberdade religiosa na União Soviética, como forma de retomar e não degradar ainda mais a tradição cultural e religiosa da Rússia, em parte deturpada pelo ateísmo comunista.
Em 1972, foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Pelas suas contribuições na Grande Guerra Patriótica (II Guerra Mundial) recebeu a mais alta condecoração cívica que um cidadão soviético podia receber, Herói da União Soviética. Morre, de forma suspeita, em 1982, provavelmente de overdose, estimulada pela sua enfermeira, associada à polícia secreta, chefiada por Iuri Andropov, o presumível sucessor de Brejnev. Menos de dez anos após a sua morte, durante o governo de Mikhail Gorbatchov, uma crise tomaria conta da URSS, levando o país ao caos e posteriormente à desintegração. Por esse motivo, os anos de Brejnev são muitas vezes lembrados na Rússia como anos dourados.
     
Leonid Brejnev beija o presidente da Alemanha Oriental, Walter Ulbricht
                   

segunda-feira, agosto 19, 2024

O patético último golpe dos comunistas ortodoxos soviéticos foi há 33 anos...

Tanques na Praça Vermelha, em agosto de 1991
    
A tentativa de golpe na União Soviética, também conhecido como o golpe de agosto ou o Putsch de Moscovo é o nome de uma tentativa de golpe de Estado ocorrida num período de três dias, entre 19 e 21 de agosto de 1991, na União Soviética, feito por um grupo da "linha dura" no seio do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), que depuseram, temporariamente, o líder estabelecido, Mikhail Gorbachev, e tentaram tomar o controle do país.
Os autores do golpe de Estado foram comunistas conservadores que acreditavam que o programa de reformas de Gorbachev estava a ir longe demais e que o novo Tratado da União, que chegou a ser negociado, imediatamente dispersava demasiado o poder por parte do Governo Central para as repúblicas componentes da URSS. O golpe de Estado falhou em três dias e Gorbachev regressou ao poder. Ainda assim, os acontecimentos prejudicaram a legitimidade do PCUS, contribuindo para o colapso e desaparecimento da União Soviética.
    
(...)
   
Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbachev e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder em Moscovo. Anunciou-se que Gorbachev estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. Gorbachev fora de férias para a Crimeia quando a tomada do poder foi desencadeada e lá permaneceu durante todo o seu curso. O vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, foi nomeado presidente interino. A comissão de 8 membros, incluía o chefe do KGB, Vladimir Krioutchkov, e o Ministro das Relações Exteriores, Boris Pugo, o ministro da Defesa, Dmitri Iazov, todos os que concordaram em trabalhar sob Gorbachev.
Manifestações importantes contra os líderes do golpe de Estado ocorreram em Moscovo e Leninegrado, lealdades divididas nos ministérios da Defesa e Segurança impediam as forças armadas de vir para superar a resistência que o Presidente da Rússia, Boris Yeltsin, dirigia desde a Câmara Branca, o parlamento russo. Um assalto do edifício foi preparado pelo Grupo Alfa das Forças Especiais da KGB, mas depois as tropas foram-se recusando unanimemente a obedecer. Durante uma das manifestações, Yeltsin permaneceu de pé, num tanque, para condenar a "Junta". A imagem disseminada pelo mundo foi à televisão, torna-se um dos mais importantes do golpe de Estado e reforça fortemente a posição de Ieltsin. Ocorrem confrontos nas redondezas das ruas que conduziram ao assassinato de três protestantes, Vladimir Ousov, Dmitri Komar e Ilia Krichevski, esmagados por um tanque, mas, em geral, houve poucos casos de violência. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que foram enviadas para Moscovo coloca-se abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbachev, que tinha estado preso na sua dacha na Crimeia, regressou a Moscovo.
     

quarta-feira, março 06, 2024

O PCP faz hoje 103 anos

  
O Partido Comunista Português (PCP) é um partido político de índole comunista e marxista-leninista. É um dos partidos comunistas mais fortes da Europa Ocidental e o mais antigo partido político português com existência ininterrupta.

O PCP tem deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, onde integra o grupo Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. Depois da morte do secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves, no campo de concentração do Tarrafal, o Partido passou por um período, de 1942 até 1961, sem secretário-geral. Em 1961, é eleito o líder histórico Álvaro Cunhal. Em 1992, é sucedido por Carlos Carvalhas, e em 2004 é Jerónimo de Sousa o escolhido pelo Comité Central para Secretário-Geral do PCP, até 2022, quando é eleito Paulo Raimundo para o cargo.

O Partido foi fundado em 1921, e em 1922 estabeleceu contactos com a Internacional Comunista (Komintern), tornando-se em 1923 a secção Portuguesa do Komintern. Ilegalizado no fim dos anos 1920, o PCP teve um papel fundamental na oposição ao regime ditatorial conduzido por António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Durante as cinco décadas de ditadura, o PCP participou ativamente na oposição ao regime e era o Partido mais organizado e mais forte da oposição. Foi suprimido constantemente pela polícia política, a PIDE, que obrigou os seus membros a viver clandestinamente, sob a ameaça de serem presos, torturados ou assassinados. A capacidade de adaptar a sua organização à conjuntura política interna e externa, e a capacidade de recuperação de uma organização política sujeita à frequente repressão e violência política, foram importantes fatores que garantiram a sua continuidade. Após a revolução dos cravos, em 1974, os seus 36 membros do Comité Central de então já tinham, em conjunto, cumprido 308 anos de prisão.

Após o fim da ditadura, o Partido tornou-se numa principal força política do novo regime democrático, mantendo o seu «papel de vanguarda ao serviço dos interesses de classe dos trabalhadores, do processo de transformação social, para a superação revolucionária do capitalismo» a assumir o Marxismo-Leninismo como a sua base teórica, a concepção materialista e dialética do mundo como «instrumento de análise e guia para a acção, imprescindível para a interpretação do mundo e para a sua transformação revolucionária», a rutura com a política de direita, a concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda e a realização do seu programa de uma «Democracia Avançada com os valores [da revolução] de Abril no futuro de Portugal, o socialismo e o comunismo». O Partido é popular em vastos sectores da sociedade portuguesa, particularmente nas áreas rurais do Alentejo e Ribatejo e áreas industrializadas como Lisboa e Setúbal, onde lidera vários municípios.

O PCP publica o jornal semanário Avante!, fundado em 1931, e a revista bimensal O Militante. A sua ala jovem é a Juventude Comunista Portuguesa, membro da Federação Mundial da Juventude Democrática

 

(...)

 

A data de fundação do PCP, 6 de março de 1921, é data da última de várias reuniões. Pouco depois da fundação do Partido, criou-se também a Juventude Comunista (JC), que estabeleceu imediatamente contactos com a Internacional Comunista Juvenil.

 

terça-feira, dezembro 19, 2023

Brejnev nasceu há 117 anos

     
Leonid Ilitch Brejnev (Kamenskoe, 19 de dezembro de 1906 - Moscovo, 10 de novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido ao Soviete Supremo de 1977 até a sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do liberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neoestalinista, pelo seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.
      
     

O Beijo de Erich Honecker e Leonid Brejnev (daqui)

domingo, novembro 26, 2023

O ditador Fidel Castro morreu há sete anos

     
Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, 13 de agosto de 1926 - Havana, 25 de novembro de 2016) foi um político e revolucionário cubano que governou a República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente de 1976 a 2008. Politicamente, era nacionalista e marxista-leninista. Também foi o primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba de 1961 até 2011. Sob a sua administração, Cuba tornou-se um estado socialista autoritário unipartidário, a indústria e os negócios foram nacionalizados e reformas socialistas foram implementadas em toda a sociedade. Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos.
     

domingo, novembro 12, 2023

A gerontocracia comunista russa escolheu Andropov para mandar na URSS há 41 anos

  
Iúri Vladimirovitch Andropov (Stavropol, 15 de julho de 1914 - Moscovo, 9 de fevereiro de 1984) foi um político soviético e Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética desde o dia 12 de novembro de 1982 até à sua morte, além de chefe do serviço secreto soviético, o KGB, durante quinze anos.
O seu local de nascimento é incerto, porém acredita-se que foi próximo de Stavropol, na Rússia meridional. Estudou por um curto período no Instituto Técnico para o Transporte Aquático de Rybinsk, antes de se juntar ao Komsomol em 1930. Ele concluiu a graduação em 1939 foi o primeiro secretário do Komsomol na república da Carélia finlandesa, entre 1940 e 1944. Após a guerra, mudou-se para Moscovo em 1951 e entrou para o secretariado do partido.
Após a morte de Estaline, em março de 1953, Andropov foi rebaixado de posto e enviado para um "exílio" na embaixada soviética em Budapeste por Georgi Malenkov. Ele teve um papel importante na invasão soviética da Hungria em 1956.
Andropov voltou a Moscovo para chefiar o Departamento para Relações com países socialistas (1957-1967) e foi promovido para o secretariado do Comité Central do PC Soviético em 1962, sucedendo a Mikhail Suslov. Em 1967 foi indicado para chefe da KGB. Em 1973 tornou-se membro de pleno direito do Politburo, apesar de não ter renunciado à chefia da KGB até 1982.
Envolveu-se em rumores e acusações com a morte suspeita do então líder Leonid Brejnev, em 10 de novembro de 1982. Brejnev teria morrido de overdose, motivada por sua enfermeira, que estava ligada ao KGB, chefiado por Andropov. Quando a enfermeira foi inocentada e o caso abafado, passou-se a questionar a culpa de Andropov na morte do seu antecessor. Pouco depois, foi indicado, como previsto, para a liderança do Partido Comunista, vencendo Konstantin Chernenko, líder parlamentar de longa data. Foi o primeiro chefe da KGB a ser indicado. Herdou ainda, de Brejnev, a presidência e conselho de Defesa do país.
Durante o seu mandato fez tentativas de melhorar a economia e de reduzir a corrupção. Também é lembrado pela sua campanha contra o alcoolismo e esforços para melhorar a disciplina no trabalho. As duas campanhas foram conduzidas com uma visão administrativa tipicamente soviética, e lembraram vagamente reminiscências do estalinismo.
Fez pouca coisa em termos de política externa - a guerra iniciada após a invasão do Afeganistão continuou. O seu governo também foi marcado pela deterioração das relações com os EUA por causa das atitudes fortemente anti-soviéticas de Ronald Reagan, exacerbadas pelo derrube por caças soviéticos de um avião civil sul-coreano que invadiu o espaço aéreo russo a 1 de setembro de 1983 e pela ampliação do número de mísseis Pershing na Europa.
Morreu, de falência renal, em 9 de fevereiro de 1984 após vários meses com problemas de saúde, e foi sucedido por Konstantin Chernenko.
O legado de Andropov ainda é tema de muito debate, tanto na Rússia quanto em outros locais, e tanto entre académicos como nos meios de comunicação. Ele permanece no foco de vários documentários televisivos e em livros de não-ficção, particularmente em datas importantes.
Apesar de sua linha-dura na Hungria e de numerosos banimentos e intrigas pelas quais foi responsável durante a sua longa permanência na chefia da KGB, tornou-se muito lembrado por vários comentaristas como um reformador. Eles apontam como evidências o facto de haver promovido Mikhail Gorbachev na hierarquia do aparelho do PC soviético e ter sido considerado um chefe da KGB particularmente tolerante. Também lembrado como menos inclinado a reformas rápidas do que foi Gorbachev; o ponto central das especulações é se Andropov teria conseguido ou não reformar a URSS de tal maneira que tivesse evitado o seu colapso.
   

sexta-feira, novembro 10, 2023

Poema para recordar Cunhal...

(imagem daqui)

 
Os presídios - III
 

Mas,
português da rua,
entre nós,
que ninguém nos escuta,
sabes
onde
está Álvaro Cunhal?
Sabes a ausência,
ou alguém o sabe,
do valente
Militão?
Moça portuguesa,
passas como que bailando
pelas ruas
rosadas de Lisboa,
mas,
sabes onde caiu Bento Gonçalves,
o português mais puro,
honra de teu mar e de tua areia?
Sabes
que existe uma ilha,
a Ilha do Sal
e que nela o Tarrafal
verte sombra?
Sim, tu sabes, moça,
rapaz, sim, tu bem o sabes.
Em silêncio
a palavra
anda com lentidão mas percorre
não só Portugal mas toda Terra.
Sim, sabemos,
em remotos países,
que há trinta anos
uma lápide
espessa como túmulo ou como túnica,
de clerical morcego,
afoga Portugal, teu triste canto,
salpica tua doçura,
com gotas de martírio
e mantém as suas cúpulas de sombra.


in
Las uvas y el viento (1954) - Pablo Neruda

Brejnev morreu há quarenta e um anos

 
Leonid Ilitch Brejnev
(Kamenskoe, 19 de dezembro de 1906 - Moscovo, 10 de novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido ao Soviete Supremo de 1977 até à sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do liberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neoestalinista, por seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.
As principais conquistas políticas de Brejnev durante a sua liderança foram a retoma das relações diplomáticas soviéticas com diversos países, as iniciativas de cooperação, junto das potências ocidentais, pela paz mundial e a tentativa da criação de um bem-estar social em seu país, que resultou na crise económica que fez tremer a URSS. Também teve influente participação na expansão do socialismo à sua maior extensão, financiando de revoluções armadas ao redor do globo.
Em termos políticos, a liderança de Brejnev perante a União Soviética representou o retorno do poder estalinista, tendo ele inclusive tentado uma má sucedida reabilitação do nome de Estaline. Em termos culturais, deu fim às campanhas antirreligiosas iniciadas em 1958 e premiou o patriarca Pemeno I com a Ordem do Estandarte Vermelho, aumentando a liberdade religiosa na União Soviética, como forma de retomar e não degradar ainda mais a tradição cultural e religiosa da Rússia, em parte deturpada pelo ateísmo comunista.
Em 1972, foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Pelas suas contribuições na Grande Guerra Patriótica (II Guerra Mundial) recebeu a mais alta condecoração cívica que um cidadão soviético podia receber, Herói da União Soviética. Morre de forma suspeita em 1982, provavelmente de overdose, estimulada pela sua enfermeira, associada à polícia secreta, chefiada por Iuri Andropov, o presumido sucessor de Brejnev. Menos de dez anos após a sua morte, durante o governo de Mikhail Gorbatchov, uma crise tomaria conta da URSS, levando o país ao caos e posteriormente à desintegração. Por esse motivo, os anos de Brejnev são muitas vezes lembrados na ex-URSS como anos dourados.
     
Leonid Brejnev beija o presidente da Alemanha Oriental, Walter Ulbricht
                   

Álvaro Cunhal nasceu há cento e dez anos...

    
Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de novembro de 1913 - Lisboa, 13 de junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um resistente ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido, o Partido Comunista Português.

Devido aos seus ideais comunistas e à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo, esteve preso em 1937, 1940 e 1949-1960, num total de 13 anos, 8 dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare. A 3 de janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da influência que já nessa altura detinha no movimento comunista internacional. Neste encontro, mostrou-se um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou de braço dado com Mário Soares, por Lisboa, como forma de ambos comemorarem o início da Democracia em Portugal, pois mesmo que divergissem ideologicamente, apoiavam um Portugal livre e democrático.
Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direcção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral, a 15 de junho, participaram mais de 250.000 pessoas, segundo o PCP. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de dezembro de 1960.
Álvaro Cunhal ficou na memória como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.

sábado, agosto 19, 2023

O último golpe dos comunistas ortodoxos soviéticos foi há trinta e dois anos...

Tanques na Praça Vermelha, em agosto de 1991
    
A tentativa de golpe na União Soviética, também conhecido como o golpe de agosto ou o Putsch de Moscovo é o nome de uma tentativa de golpe de Estado ocorrida num período de três dias, entre 19 e 21 de agosto de 1991, na União Soviética, feito por um grupo da "linha dura" no seio do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), que depuseram, brevemente, o líder estabelecido, Mikhail Gorbachev, e tentaram tomar o controle do país.
Os autores do golpe de Estado foram comunistas conservadores que acreditavam que o programa de reformas de Gorbachev estava indo longe demais e que o novo Tratado da União, que chegou a ser negociado, imediatamente dispersava o demasiado poder por parte do Governo Central para as repúblicas componentes da URSS. O golpe de Estado falhou em três dias e Gorbachev regressou ao poder. Ainda assim, os acontecimentos prejudicaram a legitimidade do PCUS, contribuindo para o colapso e desaparecimento da União Soviética.
    
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Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbachev e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder em Moscovo. Anunciou-se que Gorbachev estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. Gorbachev fora de férias para a Crimeia quando a tomada do poder foi desencadeada e lá permaneceu durante todo o seu curso. O vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, foi nomeado presidente interino. A comissão de 8 membros, incluía o chefe do KGB, Vladimir Krioutchkov, e o Ministro das Relações Exteriores, Boris Pugo, o ministro da Defesa, Dmitri Iazov, todos os que concordaram em trabalhar sob Gorbachev.
Manifestações importantes contra os líderes do golpe de Estado ocorreram em Moscovo e Leninegrado, lealdades divididas nos ministérios da Defesa e Segurança impediam as forças armadas de vir para superar a resistência que o Presidente da Rússia, Boris Yeltsin, dirigia desde a Câmara Branca, o parlamento russo. Um assalto do edifício foi preparado pelo Grupo Alfa das Forças Especiais da KGB, mas depois as tropas foram se recusando unanimemente a obedecer. Durante uma das manifestações, Yeltsin permaneceu de pé, num tanque, para condenar a "Junta". A imagem disseminada pelo mundo foi à televisão, torna-se um dos mais importantes do golpe de Estado e reforça fortemente a posição de Ieltsin. Ocorrem confrontos nas redondezas das ruas que conduziram ao assassinato de três protestantes, Vladimir Ousov, Dmitri Komar e Ilia Krichevski, esmagados por um tanque, mas, em geral, houve poucos casos de violência. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que foram enviadas para Moscovo coloca-se abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbachev, que tinha estado preso na sua dacha na Crimeia, regressou a Moscovo.
     

segunda-feira, março 06, 2023

O PCP faz hoje 102 anos

  
O Partido Comunista Português (PCP) é um partido político de índole comunista e marxista-leninista. É um dos partidos comunistas mais fortes da Europa Ocidental e o mais antigo partido político português com existência ininterrupta.

O PCP tem deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, onde integra o grupo Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. Depois da morte do secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves, no campo de concentração do Tarrafal, o Partido passou por um período, de 1942 até 1961, sem secretário-geral. Em 1961, é eleito o líder histórico Álvaro Cunhal. Em 1992, é sucedido por Carlos Carvalhas, e em 2004 é Jerónimo de Sousa o escolhido pelo Comité Central para Secretário-Geral do PCP, até 2022, quando é eleito Paulo Raimundo para o cargo.

O Partido foi fundado em 1921, e em 1922 estabeleceu contactos com a Internacional Comunista (Komintern), tornando-se em 1923 a secção Portuguesa do Komintern. Ilegalizado no fim dos anos 1920, o PCP teve um papel fundamental na oposição ao regime ditatorial conduzido por António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Durante as cinco décadas de ditadura, o PCP participou ativamente na oposição ao regime e era o Partido mais organizado e mais forte da oposição. Foi suprimido constantemente pela polícia política, a PIDE, que obrigou os seus membros a viver clandestinamente, sob a ameaça de serem presos, torturados ou assassinados. A capacidade de adaptar a sua organização à conjuntura política interna e externa, e a capacidade de recuperação de uma organização política sujeita à frequente repressão e violência política, foram importantes fatores que garantiram a sua continuidade. Após a revolução dos cravos, em 1974, os seus 36 membros do Comité Central de então já tinham, em conjunto, cumprido 308 anos de prisão.

Após o fim da ditadura, o Partido tornou-se numa principal força política do novo regime democrático, mantendo o seu «papel de vanguarda ao serviço dos interesses de classe dos trabalhadores, do processo de transformação social, para a superação revolucionária do capitalismo» a assumir o Marxismo-Leninismo como a sua base teórica, a concepção materialista e dialética do mundo como «instrumento de análise e guia para a acção, imprescindível para a interpretação do mundo e para a sua transformação revolucionária», a rutura com a política de direita, a concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda e a realização do seu programa de uma «Democracia Avançada com os valores [da revolução] de Abril no futuro de Portugal, o socialismo e o comunismo». O Partido é popular em vastos sectores da sociedade portuguesa, particularmente nas áreas rurais do Alentejo e Ribatejo e áreas industrializadas como Lisboa e Setúbal, onde lidera vários municípios.

O PCP publica o jornal semanário Avante!, fundado em 1931, e a revista bimensal O Militante. A sua ala jovem é a Juventude Comunista Portuguesa, membro da Federação Mundial da Juventude Democrática

 

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A data de fundação do PCP, 6 de março de 1921, é data da última de várias reuniões. Pouco depois da fundação do Partido, criou-se também a Juventude Comunista (JC), que estabeleceu imediatamente contactos com a Internacional Comunista Juvenil.

 

segunda-feira, dezembro 19, 2022

Brejnev nasceu há 116 anos

     
Leonid Ilitch Brejnev (Kamenskoe, 19 de dezembro de 1906 - Moscovo, 10 de novembro de 1982) foi um estadista soviético que esteve à frente da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido ao Soviete Supremo de 1977 até a sua morte. Teve sob seu comando o maior exército do mundo na época e um imenso arsenal nuclear, no período em que a URSS chegou ao seu ápice geopolítico. Pôs em prática a Doutrina da Soberania Limitada, que buscou impedir a expansão e influência do liberalismo pelo mundo, razão pela qual é considerada neoestalinista, pelo seu cunho expansionista, agressivo e revolucionário.
      
     
O Beijo de Erich Honecker e Leonid Brejnev (daqui)

sábado, novembro 26, 2022

O ditador Fidel Castro morreu há seis anos

     
Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, 13 de agosto de 1926 - Havana, 25 de novembro de 2016) foi um político e revolucionário cubano que governou a República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente de 1976 a 2008. Politicamente, era nacionalista e marxista-leninista. Também foi o primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba de 1961 até 2011. Sob a sua administração, Cuba tornou-se um estado socialista autoritário unipartidário, a indústria e os negócios foram nacionalizados e reformas socialistas foram implementadas em toda a sociedade. Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos.