Último de quatro filhos e sete filhas de José de Azevedo Pacheco (Loulé, São Clemente, 18 de janeiro de 1864 - 1914), Comissário da Polícia de Loulé, e de sua mulher Maria do Carmo Pontes Bota (Loulé, São Clemente - 1905), doméstica, e sobrinho paterno de Marçal de Azevedo Pacheco.
Ingressou aos 17 anos no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, onde se forma em 1923 em Engenharia Eletrotécnica. Um ano depois é contratado como assistente e em 1925 já era professor catedrático, ensinando a cadeira de Matemáticas Gerais. Em 1926 torna-se diretor interino do IST e, em 10 de agosto de 1927, o Conselho Escolar determinava, por unanimidade, a sua nomeação como Diretor efetivo.
Em 1928,
com apenas 29 anos, ocupa pela primeira vez um cargo político, ao ser
nomeado para Ministro da Instrução Pública, exercendo estas funções
apenas durante uns curtos meses. A 18 de abril toma posse e a 10 de
novembro demite-se. Era o primeiro governo de José Vicente de Freitas, estando Óscar Carmona na presidência da república.
Nesse tempo teve uma missão que se veio a revelar de uma
importância decisiva para o século XX português: vai a Coimbra convencer
Salazar a regressar à pasta das Finanças. Salazar encontrava-se
desiludido com a experiência anterior dos amargos cinco dias que
participou do Governo de Mendes Cabeçadas e pela desgraça política financeira do General João Sinel de Cordes,
com quem tinha tentado colaborar. É Duarte Pacheco que negoceia as
condições extraordinárias que Salazar pretende para voltar a ocupar o
cargo. A missão foi bem sucedida, tanto que Salazar toma posse a 28 de
abril desse mesmo ano.
É sob a orientação de Duarte Pacheco, que se dá início à construção dos edifícios do Instituto Superior Técnico em Lisboa, construindo-se aquele que viria a ser o primeiro campus universitário português.
Existe uma história curiosa quanto à origem dos vidros do edifício do
Instituto. Diz-se que foram enviados por diversas indústrias vidreiras
como amostras solicitadas pelo próprio Ministro, a fim de determinar o
de melhor qualidade, sendo utilizadas nas janelas do edifício sem se
terem informado as indústrias solicitadas e sem ter havido nenhum tipo
de remuneração dos vidros usados.
Mas é com 33 anos que Duarte Pacheco encontra o seu próprio
destino. Em 1932 volta a ser convidado por Salazar, que admirava o seu
carácter, para participar no seu Governo, na pasta de Ministro das Obras Públicas e Comunicações.
A 5 de julho assume pela primeira vez a pasta das Obras Públicas e
Comunicações no Governo de Salazar, até 18 de janeiro de 1936, altura em
que abandona as funções. Entretanto, a 1 de julho de 1933, é agraciado
com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em 1936,
com uma reforma da corporação política, Duarte Pacheco é afastado do
Governo, regressando ao Instituto Superior Técnico, mas ferido
politicamente e profetiza que "hão de vir em peregrinação pedir-me desculpas e suplicar-me que regresse". Profecia que sai certa. Porque no dia 1 de janeiro de 1938 Duarte Pacheco é nomeado presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e meses depois, a 25 de maio, em acumulação, novamente ministro do Governo, passando a ocupar a pasta das Obras Públicas e Comunicações,
pasta que desta vez só abandonará com a morte ao serviço da Nação
Portuguesa. A 18 de dezembro de 1940 é agraciado com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
A 18 de setembro de 1941 foi inaugurada a Ponte Eng. Duarte Pacheco entre o Torrão atualmente fazendo parte da freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão (Marco de Canaveses) e o lugar de Entre-os-rios na freguesia da Eja (Penafiel) pelo Presidente da República Óscar Carmona. Assistiu à cerimónia, entre outros, o Eng.º Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas e Comunicações, que viria a dar nome à ponte.
Morte
Na manhã de
15 de novembro de
1943, Duarte Pacheco foi a
Vila Viçosa, inteirar-se dos trabalhos em curso para a construção da estátua de
D. João IV,
mas queria chegar a tempo ao Conselho de Ministros, marcado para a
tarde. Ao regressar a Lisboa, na Estrada Nacional n.º 4, no lugar da
Cova do Lagarto, entre
Montemor-o-Novo e
Vendas Novas,
o veículo oficial seguia a alta velocidade e despistou-se, embatendo
com o lado direito num sobreiro. Um acompanhante teve morte imediata. Os
outros sofreram ferimentos relativamente ligeiros. Os de Duarte Pacheco
foram graves. O ministro foi transportado para o Hospital da
Misericórdia em
Setúbal.
Mal foi informado, Salazar seguiu para lá, fazendo-se acompanhar de um
grupo de médicos reputados. De nada puderam valer e, na madrugada de 16,
era confirmado o óbito de Duarte Pacheco, devido a hemorragia
interna.