Mostrar mensagens com a etiqueta estalinismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta estalinismo. Mostrar todas as mensagens

domingo, novembro 10, 2024

Poema para recordar Cunhal...

(imagem daqui)

 
Os presídios - III
 

Mas,
português da rua,
entre nós,
que ninguém nos escuta,
sabes
onde
está Álvaro Cunhal?
Sabes a ausência,
ou alguém o sabe,
do valente
Militão?
Moça portuguesa,
passas como que bailando
pelas ruas
rosadas de Lisboa,
mas,
sabes onde caiu Bento Gonçalves,
o português mais puro,
honra de teu mar e de tua areia?
Sabes
que existe uma ilha,
a Ilha do Sal
e que nela o Tarrafal
verte sombra?
Sim, tu sabes, moça,
rapaz, sim, tu bem o sabes.
Em silêncio
a palavra
anda com lentidão mas percorre
não só Portugal mas toda Terra.
Sim, sabemos,
em remotos países,
que há trinta anos
uma lápide
espessa como túmulo ou como túnica,
de clerical morcego,
afoga Portugal, teu triste canto,
salpica tua doçura,
com gotas de martírio
e mantém as suas cúpulas de sombra.


in
Las uvas y el viento (1954) - Pablo Neruda

Álvaro Cunhal nasceu há cento e onze anos...

    
Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de novembro de 1913 - Lisboa, 13 de junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um resistente ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido, o Partido Comunista Português.

Devido aos seus ideais comunistas e à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo, esteve preso em 1937, 1940 e 1949-1960, num total de 13 anos, 8 dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare. A 3 de janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da influência que já nessa altura detinha no movimento comunista internacional. Neste encontro, mostrou-se um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou de braço dado com Mário Soares, por Lisboa, como forma de ambos comemorarem o início da Democracia em Portugal, pois mesmo que divergissem ideologicamente, apoiavam um Portugal livre e democrático.
Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral, a 15 de junho, participaram mais de 250.000 pessoas, segundo o PCP. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de dezembro de 1960.
Álvaro Cunhal ficou na memória de todos como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.

sexta-feira, agosto 23, 2024

Porque hoje foi o Dia Europeu de Recordação das Vítimas do Estalinismo e Nazismo...

   
Black Ribbon Day, officially known in the European Union as the European Day of Remembrance for Victims of Stalinism and Nazism, is an international day of remembrance for victims of totalitarian regimes, specifically Stalinist, communist, Nazi and fascist regimes. It is observed on 23 August and symbolizes the rejection of "extremism, intolerance and oppression". It is one of the official remembrance days of the European Union. Under the name Black Ribbon Day it is also an official remembrance day of Canada and the United States, among other countries.
The remembrance day has its origins in protests in western countries against the Soviet Union that gained prominence in the years leading up to the Revolutions of 1989 and that inspired the Baltic Way, a major demonstration against the Soviet occupation of the Baltic states in 1989. It was proposed as an official European remembrance day by Václav Havel, Joachim Gauck and a group of freedom fighters and former political prisoners from Central and Eastern Europe during a conference organised by the Czech Government, and was formally designated by the European Parliament in 2008/2009 as "a Europe-wide Day of Remembrance for the victims of all totalitarian and authoritarian regimes, to be commemorated with dignity and impartiality"; it has been observed annually by the bodies of the European Union since 2009. The European Parliament's 2009 resolution on European conscience and totalitarianism, co-sponsored by the European People's Party, the Alliance of Liberals and Democrats for Europe, The Greens–European Free Alliance, and the Union for Europe of the Nations, called for its implementation in all of Europe. The establishment of 23 August as an international remembrance day for victims of totalitarianism was also supported by the 2009 Vilnius Declaration of the OSCE Parliamentary Assembly.
23 August was chosen to coincide with the date of the signing of the Molotov–Ribbentrop Pact, a 1939 non-aggression pact between the USSR and Nazi Germany which contained a protocol dividing Romania, Poland, Lithuania, Latvia, Estonia, and Finland into designated German and Soviet spheres of influence. The treaty was described by the European Parliament's president Jerzy Buzek in 2010 as "the collusion of the two worst forms of totalitarianism in the history of humanity."
The purpose of the Day of Remembrance is to preserve the memory of the victims of mass deportations and exterminations, while promoting democratic values with the aim to reinforce peace and stability in Europe.
   

Hoje é o dia de recordar as vítimas do Estalinismo e Nazismo...

      
O Dia Europeu da Memória das Vítimas do Estalinismo e Nazismo, também conhecido como "Dia da Fita Preta" é celebrado no dia 23 de agosto nalguns países. Foi instituído em 2008 e 2009 pelo Parlamento Europeu mediante a Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Comunismo como um "Dia Europeu da Memória das vítimas de todos regimes autoritários e totalitários, a ser comemorado com dignidade e imparcialidade".
A data foi escolhida porque coincide com o dia em que o Pacto Ribbentrop-Molotov foi assinado, em que a União Soviética e a Alemanha nazi concordaram em como dividir a Europa Oriental.
Este dia de lembrança originou-se dos protestos pelas vítimas do comunismo e a sua ocupação na Europa, na década de 80, iniciado por refugiados canadianos de países ocupados pela União Soviética, o que depois levou à Cadeia Báltica, durante as revoluções de 1989, que anunciavam o colapso da União Soviética.
 
   

domingo, junho 23, 2024

Hoje é dia de recordar a poesia de Anna Akhmatova...

Anna Akhmátova – poemas

Anna Akhmátova (1914), por Natan Altman - detalhe

 



MÚSICA

 



Há nela uma fulgência milagrosa,

cujas facetas sempre me encantaram.

Foi a única a falar-me, corajosa,

quando os outros, medrosos, se afastaram.

 



Depois que se desviou o último olhar,

no túmulo ao meu lado ela cantava –

como a primeira chuva que o chão lava, ou mil flores num campo a conversar.

 

Anna Akhmatova

Anna Akhmatova nasceu há 135 anos

Retrato de Anna Akhmatova, por Kuzma Petrov-Vodkin, em 1922
  
Anna Akhmatova (Odessa, 23 de junho de 1889 - Leningrado, 5 de março de 1966) é o pseudónimo de Anna Andreevna Gorenko, uma das mais importantes poetas acmeístas russas.
Começou a escrever poesia aos onze anos de idade, mas o pai, um engenheiro naval, temia que Anna viesse a desonrar o nome da família, convencido de estar a adivinhar hábitos decadentes associados à vida artística. Assim, assinou os seus primeiros trabalhos com o primeiro nome da sua bisavó, Tatar.
Apesar do seu pai ter abandonado a família, quando Anna contava apenas dezasseis anos, conseguiu prosseguir os seus estudos. Portanto, não só estudou no liceu feminino de Tsarskoe Selo e no célebre Instituto Smolnyi de São Petersburgo, como também no Liceu Fundukleevskaia de Kiev e numa Faculdade de Direito, em 1907.
A obra de Akhmatova compõem-se tanto de pequenos poemas líricos como de grandes poemas, como o Requiem, um grande poema acerca do terror estalinista. Os temas recorrentes são o passar do tempo, as recordações, o destino da mulher criadora e as dificuldades em viver em escrever à sombra do estalinismo.
Os seus pais separaram-se em 1905. Ela casou-se com o poeta Nikolaï Goumilev em 1910 e o filho deles, nascido em 1912, foi o historiador Lev Goumilev.
Akhmatova teve uma longa amizade com a poeta Marina Tsvetaeva, sua compatriota. Estas duas amigas trocaram uma correspondência poética.
Nikolaï Goumilev foi executado em 1921, por causa de actividades consideradas anti-soviéticas; Akhmatova foi forçada ao silêncio, não podendo a sua poesia ser publicada de 1925 a 1952 (exceptuando-se o período de 1940 a 1946). Excluída da vida pública, vivendo de uma irrisória pensão e forçada a ir fazendo traduções de obras de escritores como Victor Hugo e Rabindranath Tagore, Akhmatova começou, após a morte de Estaline, em 1953, a ser reabilitada, tendo-lhe sido autorizada uma viagem a Itália, para receber o prémio literário Taormina, e a Oxford, para receber um título honorário, em 1965.
Na generalidade, a sua obra é caracterizada pela aparente simplicidade e naturalidade e pela precisão e clareza da sua escrita.
  
 
 


MUSA

 



Quando à noite eu espero a sua vinda,

numa balança a minha vida pende.

Que é a honra, a liberdade, a juventude?

Fumo que de um cachimbo se desprende.

 



Veio, jogando o manto para trás,

e uma atenção cordial me concedeu.

“Foste – eu lhe disse – quem ditou a Dante

as páginas do Inferno?” E ela: “Fui eu.”

 

 
 
Anna Akhmatova

quarta-feira, junho 12, 2024

Estaline mandou executar o marechal Mikhail Tukhachevsky há 87 anos


Mikhail Nikolayevich Tukhachevsky (Alexandrovskoye, 16 de fevereiro de 1893 - Moscovo, 12 de junho de 1937) foi um comandante militar soviético e chefe do Exército Vermelho. Foi um dos vários comandantes do Exército Vermelho acusado de colaborar com os nazis durante o Grande Purga, sendo condenado e executado nos Processos de Moscovo.
 
Conhecido por Misha, foi um brilhante estudante e falava 4 idiomas, tendo em 1911 ingressado no Corpo de Cadetes de Catarina II, de Moscovo. Em 1914 participou da Primeira Guerra Mundial com o Regimento da Guarda Semenovsky. Em 1915 foi ferido e feito prisioneiro, permanecendo em campo de concentração, onde empreendeu numerosas tentativas de fuga. Curiosamente, neste mesmo campo, esteve preso Charles de Gaulle.
Envolvido em pleno processo revolucionário, ingressou no Partido Comunista em 1918, pouco depois de ser convocado por Trotski para o exército. Neste mesmo ano sofreu uma tragédia familiar, pois a sua esposa se suicidou para salvá-lo, pois ela havia sido apanhada em flagrante a roubar comida para a família. Casou-se novamente pouco depois, casamento esse que acabou por fracassar devido à sua dedicação à carreira. Teve uma ascensão meteórica, tendo, durante a Guerra Civil, atraído a atenção de Lenine pela extraordinária capacidade de comandar as suas unidades, sendo promovido a Comandante em Chefe da Frente Sul com apenas 26 anos. Três meses depois era comandante supremo na frente do Cáucaso.
Em 1924 começou a tarefa de reorganizar o Exército Vermelho, contrariando a cúpula dominante que contava com o apoio de Estaline. Em 1928 era Chefe do Estado-Maior Geral, porém foi sendo afastado progressivamente, pois as suas ideias chocavam frontalmente com as de Estaline. A suas origens e sua vasta cultura atuavam contra ele nesse conturbado momento de terror. Durante os anos seguintes vários de seus mentores e colegas foram sendo executados ou faleceram de forma estranha. Assim, nos últimos anos, vivia em constante terror, pois tinha a certeza de que os seus dias estavam contados. Em 1935 foi nomeado Marechal da União Soviética, mas isto seria apenas o início de seu declínio. Fez uma série de viagens pela Europa e recebeu inúmeras transferências forçadas neste período. Em 26 de maio de 1937, foi preso, julgado e executado pouco tempo depois.

Após um julgamento secreto, conhecido como Processo da Organização Militar Trotskista Anti-soviética, Tukhachevsky e mais oito outros comandantes militares foram condenados em 12 de junho de 1937 e imediatamente executados. Tukhachevsky foi morto pelo capitão da NKVD Vasili Blokhin.
Não foi comunicado a família de que o Marechal Tukhachevsky havia sido preso e executado, a sua filha soube da morte na escola quando os colegas começaram a questioná-la como filha de um traidor "fascista". Profundamente traumatizada, ela foi para casa e enforcou-se. A viúva de Tukachevsky foi presa pelo NKVD dias após o suicídio da filha, mais tarde ela ela seria deportada para os Montes Urais. Na verdade Tukhachevskaya Svetlana, a sua única filha que não se suicidou, foi enviada para um orfanato especial para os filhos dos inimigos do povo. Ela foi presa em 1944 e condenada por um tribunal extrajudicial, do Conselho Especial do NKVD, a cinco anos de Gulag. Ela morreu em 1982. Há um documentário de 2008 da televisão russa intitulado "Kremlin Children", sobre a vida de Tukhachevskaya Svetlana.
Era um grande teórico da utilização de blindados juntamente com o apoio da infantaria.
Em 15 de fevereiro de 1963, aconteceu uma modesta cerimónia na Academia Militar Frunze, em memória do Marechal Tukhachevsky, que pretendeu de certa forma reabilitar um dos mais magníficos oficiais expurgados por Estaline, durante os dramáticos anos que precederam a Segunda Guerra Mundial.


NOTA:  recordemos que Estaline conseguiu um feito quase impossível - destruir, quase completamente, a chefia do Exército Vermelho, antes da invasão da Alemanha nazi. Tivesse Hitler esperado mais uns meses e, se calhar, a paranoia de Estaline teria feito o que o exército nazi não conseguiu fazer...

sábado, junho 08, 2024

O livro Nineteen Eighty-Four foi publicado há 75 anos...!

   
Nineteen Eighty-Four (em português: Mil Novecentos e Oitenta e Quatro ou 1984) é um romance distópico, um clássico do autor inglês Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo de George Orwell. Terminado de escrever no ano de 1948 e publicado a 8 de junho de 1949, a história passa-se na "Pista Número Um" (anteriormente conhecida como Grã-Bretanha), uma província do superestado da Oceania, num mundo de guerra perpétua, vigilância governamental omnipresente e manipulação pública e histórica. Os habitantes deste superestado são orquestrados por um regime político totalitário eufemisticamente chamado de "Socialismo Inglês", encurtado para "Ingsoc" na novilíngua, a linguagem inventada pelo governo. O superestado está sob o controle da elite privilegiada do Partido Interno, um partido e um governo que persegue o individualismo e a liberdade de expressão como "crime de pensamento", que é aplicado pela "Polícia do Pensamento". A tirania é ostensivamente supervisionada pelo Grande Irmão, o líder do Partido que goza de um intenso culto de personalidade, mas que talvez nem sequer exista. O Partido "busca o poder por seu próprio bem. Não está interessado no bem dos outros, está interessado unicamente no poder". O protagonista da novela, Winston Smith, é membro do Partido Externo, que trabalha para o Ministério da Verdade, que é responsável pela propaganda e pelo revisionismo histórico. O seu trabalho é reescrever artigos de jornais do passado, de modo que o registo histórico sempre apoie a ideologia do partido. Grande parte do Ministério também destrói ativamente todos os documentos que não foram editados ou revistos; desta forma, não existe nenhuma prova de que o governo esteja a mentir. Smith é um trabalhador diligente e habilidoso, mas odeia secretamente o Partido e sonha com a rebelião contra o Grande Irmão. A heroína da novela, Julia, é baseada na segunda esposa de Orwell, Sonia Orwell.
Como ficção política literária e ficção científica distópica, Nineteen Eighty-Four é um romance clássico em conteúdo, trama e estilo. Muitos dos seus termos e conceitos, como Grande Irmão, duplipensar, crime de pensamento, novilíngua, sala 101, teletela e 2 + 2 = 5, entraram em uso comum desde a sua publicação em 1949. A obra popularizou o adjetivo orwelliano, que descreve o engano oficial, a vigilância secreta e a manipulação da história registada por um estado totalitário ou autoritário. Em 2005, o romance foi escolhido pela revista Time como uma das 100 melhores romances da língua inglesa de 1923 a 2005. Foi premiado com um lugar em ambas as listas da Modern Library de 100 melhores romances. Em 2003, o livro foi listado no número 8 na pesquisa da "The Big Read" da BBC.
  
 

terça-feira, maio 14, 2024

O Pacto de Varsóvia foi formado há 69 anos...

    
O Pacto de Varsóvia (ou Tratado de Varsóvia) foi uma aliança militar formada em 14 de maio de 1955 pelos países socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, países estes que também ficaram conhecidos como bloco socialista. O tratado correspondente foi firmado na capital da Polónia, Varsóvia, e estabeleceu o alinhamento dos países membros com Moscovo, estabelecendo um compromisso de ajuda mútua em caso de agressões militares.
  
  
O organismo militar foi instituído em contraponto à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização internacional que uniu as nações democráticas da Europa Ocidental e os Estados Unidos para a prevenção e defesa dos países membros contra eventuais ataques vindos do Leste Europeu.
Os países que fizeram parte do Pacto de Varsóvia eram alguns nos quais foram instituídos governos socialistas pela URSS, após a Segunda Guerra Mundial. União Soviética, Alemanha de Leste, Bulgária, Hungria, Polónia, Checoslováquia, Roménia e Albânia foram os países membros, sendo que a estrutura militar seguia as diretrizes soviéticas. A Jugoslávia, por oposição do Marechal Tito, recusou-se a ingressar no bloco.
Porém, as principais ações do Pacto foram dentro dos países-membros para a repressão de revoltas internas. Em 1956, tropas reprimiram manifestações populares na Hungria e Polónia, e em 1968, na Checoslováquia, na chamada Primavera de Praga.
As mudanças no cenário geopolítico da Europa Oriental no final da década de 80, com a queda dos governos socialistas, o fim do Muro de Berlim, o fim da Guerra Fria e a crise na URSS levaram a extinção do Pacto em 31 de março de 1991. O fim do Pacto de Varsóvia representou, também, o fim da Guerra Fria.
Seis anos depois, a OTAN convida a República Checa, Hungria e Polónia a ingressarem na organização, demonstrando uma nova configuração das forças militares na Europa pós-Guerra Fria.

segunda-feira, abril 15, 2024

Khrushchov, o homem que teve a coragem de denunciar os crimes de Estaline, nasceu há cento e trinta anos...

  
Nikita Sergueievitch Khrushchov
(também grafado Khrushchev ou Cruschev, Kalinovka, Oblast de Kursk, 15 de abril de 1894 - Moscovo, 11 de setembro de 1971) foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) entre 1953 e 1964 e líder político do mundo comunista até ser afastado do poder por causa da sua perspetiva reformista e substituído na direção da URSS pelo político Leonid Brejnev.
  
Biografia
Khrushchov nasceu na pequena vila de Kalinovka, perto da cidade de Kursk, na então Rússia imperial no fim do século XIX. Ainda criança, sua família mudou-se para a cidade de Donetsk, na Ucrânia, onde recebeu apenas dois anos de educação escolar; apesar de ser considerada uma criança inteligente, Nikita só receberia instrução completa já na casa dos vinte anos.
Na sua adolescência e juventude, trabalhou em fábricas e minas e após a revolução bolchevique de 1917 integrou-se no Exército Vermelho, tornando-se membro do Partido Comunista em 1918 passando a exercer diversas atividades políticas na Ucrânia, durante os anos 20.
Nos anos 1930, Khrushchov foi transferido para Moscovo, continuando a exercer funções de comando dentro da burocracia governamental soviética e em 1939 entrou para o Politburo, o órgão máximo do Partido Comunista da URSS.
Durante a II Guerra Mundial, ficou famoso como comissário político (maior autoridade do Partido Comunista na região) de Estaline durante a sangrenta Batalha de Estalingrado, que virou a sorte da guerra em favor da União Soviética, e após esse triunfo passou o resto do conflito como principal líder político no sul do país.
Com a morte de Estaline em 1953, Khrushchov chegou ao poder como líder do PCUS, vencendo uma sangrenta disputa interna com políticos poderosos da era estalinista - como Gueórgui Malenkov, Lazar Kaganovitch, Viatcheslav Molotov e Nikolai Bulganin. A disputa culminou na prisão e execução de Laurenti Béria, o líder da temida NKVD - a polícia política da URSS - e Ministro do Interior.
Khrushchov iniciou uma série de reformas no país, priorizando a fabricação de bens de consumo para a população soviética ao invés da ênfase no desenvolvimento da indústria pesada.
Em 23 de fevereiro de 1956, durante o XX Congresso do PCUS, Khrushchov chocaria a nação e o mundo ao fazer seu famoso “discurso secreto”, no qual acusava José Estaline do crime de genocídio durante as grandes purgas realizados nos anos 30 na URSS e denunciava o culto da personalidade que o cercava.
O seu ato acabou afastando-o dos líderes soviéticos mais conservadores, mas ele acabou derrotando-os numa disputa interna que visava derrubá-lo do poder em 1957.
Em 1958, Khrushchov substituiu Nikolai Bulganin como primeiro-ministro da União Soviética. Ao se tornar o líder incontestado da URSS, teve condições para dar maior agilidade ao processo de implementação das suas reformas.
Khrushchov era um líder pouco diplomático, de instrução apenas básica, a quem faltavam entendimento e conhecimento da história e do mundo fora de suas fronteiras, apesar de reconhecidamente inteligente por seus adversários, dentro e fora da URSS. Ficou conhecido no período da Guerra Fria por suas atitudes anticonvencionais e grosseiras, famoso por interromper oradores de outros países em eventos internacionais para insultá-los e por suas atitudes insólitas como tirar os sapatos e batê-los na mesa de discussões durante sessões do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou brandir uma bota na cara do líder chinês Mao Tsé Tung ou ainda fazer comentários xenófobos e racistas sobre o povo búlgaro para o próprio primeiro-ministro da Bulgária.
Em 1959 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Neste mesmo ano, em visita aos EUA, um repórter anónimo perguntou-lhe: "O que o senhor fez durante a época de Estaline?" Sem conseguir identificar o autor da pergunta, Khrushchov respondeu:
Bem, fiz o mesmo que a pessoa que perguntou acabou de fazer. Fiquei de boca fechada.
Conjuntamente com erros estratégicos, tanto na condução da economia agrícola soviética, como na derrota política sofrida frente aos Estados Unidos na crise dos mísseis de Cuba (1962), o seu comportamento e suas atitudes humilhavam os seus camaradas do Politburo e acabaram por causar a sua queda.
A 14 de outubro de 1964, Khrushchov foi derrubado do poder na União Soviética pelos seus adversários do Politburo, acusado de erros políticos graves e desorganização da economia soviética, a principal acusação foi de se meter numa guerra armamentista, iniciada pela invasão da Baía dos Porcos, cuja atribuição, segundo os soviéticos, foi única e exclusiva de John F. Kennedy, iniciando-se a chamada Guerra Fria. Khrushchov seria substituído por Leonid Brejnev e passaria os restantes sete anos de sua vida em prisão domiciliar, até morrer, em Moscovo, a 11 de setembro de 1971.
Foi sepultado no Cemitério Novodevichy, em Moscovo, na Rússia.
   

quinta-feira, abril 11, 2024

Enver Hoxha, uma espécia de afonso-costa albanês que fingiu que tinha criado um estado ateu, morreu há 39 anos


Enver Halil Hoxha
(Gjirokastër, 16 de outubro de 1908  - Tirana, 11 de abril de 1985) foi o ditador da Albânia desde o fim da Segunda Guerra Mundial até à sua morte, em 1985, na função de primeiro secretário do Partido do Trabalho da Albânia - PPSH (Partido Comunista). Ele também atuou como primeiro-ministro da Albânia de 1944 a 1954, ministro da Defesa de 1944 a 1953, ministro das Relações Exteriores de 1946 a 1953, líder da Frente Democrática, de 1945 até à sua morte, e comandante-em-chefe das Forças Armadas albanesas desde 1944 até à sua morte.
A liderança de Hoxha foi caracterizada pelo isolacionismo e sua aderência firme e manifesta ao Marxismo-Leninismo antirrevisionista da metade da década de 70 em diante. Após sua rutura com o maoísmo, no final da década de 70 e início da década de 80, inúmeros partidos maoístas declararam-se hoxhaístas. A Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (Unidade e Luta) é a mais conhecida coligação de tais partidos hoje em dia.

Direitos humanos
Certas cláusulas na Constituição de 1976 restringiam efetivamente o exercício das liberdades políticas que o governo interpretava como sendo contrárias à ordem estabelecida. Além disso, o governo negava à população o acesso a qualquer informação que não fosse aquela disseminada pelos media controlados pelo governo. A Sigurimi (polícia secreta albanesa) rotineiramente violava a privacidade de pessoas, lares e meios de comunicação e efetuava prisões arbitrárias.
Internamente, a Sigurimi certificou-se de copiar os métodos repressivos do NKVD, MGB, KGB e da alemã oriental Stasi. “As suas atividades permeavam a sociedade albanesa ao ponto de que um a cada três cidadãos ou já havia cumprido pena em campos de trabalho forçado ou já havia sido interrogado por oficiais da Sigurimi”. Para eliminar a dissidência, o governo aprisionou milhares em campos de trabalhos forçados ou os executou por crimes como traição ou por sabotar a ditadura do proletariado. Viajar para o exterior foi proibido após 1968 para todas as pessoas, exceto aqueles que viajavam a negócios oficiais. A cultura da Europa Ocidental foi vista com profunda suspeita, resultando em prisões e na proibição de material estrangeiro não-autorizado. A arte foi remodelada para refletir o estilo do realismo socialista. O uso de barbas foi proibido por ser considerado anti-higiénico e para reduzir a influência do islão (muitos Imãs e Babas possuíam barbas) e da fé ortodoxa.
Todos os albaneses deveriam ter permissões para a aquisição de carros (que não eram considerados como propriedade privada), refrigeradores e máquinas de escrever, entre outras coisas. O sistema de justiça frequentemente se degenerava em farsas judiciárias. “…[o réu] não tinha a permissão de interrogar as testemunhas e, apesar de ter a permissão de fazer as suas objeções a certos aspetos do caso, suas objeções eram rejeitadas pelo promotor, que dizia “Sente-se e fique quieto, nós sabemos melhor do que você”. Com o objetivo de amenizar o perigo de dissidência política e mais exilados, os parentes do acusado muitas vezes eram presos, condenados ao ostracismo e acusados de serem “inimigos do povo”.
Tortura era frequentemente usada para obter confissões:
Um emigrante, por exemplo, testemunhou ter sido amarrado pelas suas mãos e pés por um mês e meio e agredido com um cinto, com os punhos ou botinas por períodos de duas ou três horas a cada dois ou três dias. Um outro foi detido em uma cela de um metro por oito metros em uma delegacia local e mantido em confinamento solitário por um período de cinco dias, marcado por duas sessões de espancamento até assinar sua confissão; ele foi levado ao quartel-general da “Sigurimi”, onde foi mais uma vez torturado e interrogado, apesar de sua prévia confissão, até seu julgamento de três dias de duração. Ainda uma outra testemunha foi confinada por mais de um ano em uma cela subterrânea de três metros quadrados. Durante este tempo, ele foi interrogado em intervalos irregulares e submetido a varias formas de tortura física e psicológica. Ele foi acorrentado a uma cadeira, espancado e submetido a choques elétricos. Mostraram a ele uma bala que supostamente era para ele e disseram-lhe que os motores de carros que ele ouvia levavam vítimas para a execução, a próxima das quais seria a dele.

"Existiam seis instituições para presos políticos e quatorze campos de trabalho forçado onde prisioneiros políticos e criminosos comuns trabalhavam juntos. Estima-se que havia aproximadamente 32.000 pessoas aprisionadas na Albânia em 1985."
O Artigo 47 do Código Criminal Albanês dizia que a “fuga para fora do Estado, assim como a recusa em retornar à pátria por uma pessoa que foi enviada para trabalhar ou teve permissão de viajar temporariamente para fora do Estado” constitui um crime de traição, punível com uma sentença mínima de dez anos ou até mesmo a morte.
Uma cerca eletrificada de metal fica de 600 metros a um quilometro da fronteira real. Qualquer pessoa que tocar a cerca, não só correrá o risco de eletrocussão, mas também acionará os alarmes e as sirenes que alertarão os guardas estacionados em intervalos de aproximadamente um quilometro ao longo da cerca. Dois metros de solo em cada lado da cerca estão limpos de vegetação, a fim de que se verifique as pegadas de fugitivos ou de infiltradores. A área entre a cerca e a fronteira real está fechada com armadilhas como anéis de arame, produtores de ruídos consistindo de finos pedaços de tiras de metal atados a duas ripas de madeira com pedras em um recipiente de lata que fazem ruídos caso pisados e faróis que são ativados com o contacto, iluminando os possíveis fugitivos durante a noite.
 
Religião e ateísmo
A Albânia, sendo o estado mais predominantemente muçulmano na Europa devido à influência turca, identificava, assim como o Império Otomano, religiões com etnias. No Império Otomano muçulmanos eram vistos como “turcos”, ortodoxos orientais eram vistos como “gregos” e católicos como “latinos.” Hoxha via isto como um sério problema, achando que isto inflamava tanto os separatistas gregos no Épiro Setentrional e também dividia a nação de um modo geral. A Lei de Reforma Agrária de 1945 confiscou grande parte da propriedade da igreja no país. Os católicos foram a primeira comunidade religiosa a ser alvo, já que o Vaticano foi visto como um agente do fascismo e do anticomunismo. Em 1946, a Ordem Jesuíta e em 1947 os Franciscanos foram banidos. O Decreto Nº. 743 (Sobre as Religiões) afetou uma igreja nacional e proibiu líderes religiosos de se associarem com potências estrangeiras.
O Partido focou-se na educação ateísta nas escolas. Esta tática foi eficaz, principalmente devido à política de aumento da taxa de natalidade encorajada após a guerra. Durante períodos sagrados como o Ramadão ou a Quaresma, muitos alimentos proibidos (laticínios, carne, etc.) foram distribuídos em escolas e fábricas e as pessoas que recusavam a comer tais comidas eram denunciadas. A partir de 6 de fevereiro de 1967, o Partido começou uma nova ofensiva contra as religiões. Hoxha, que havia declarado uma “Revolução Cultural e Ideológica” após ter sido parcialmente inspirado pela Revolução Cultural chinesa, encorajou estudantes e trabalhadores comunistas a usarem táticas mais enérgicas para promover o ateísmo, apesar do uso de violência ter sido inicialmente condenado.
De acordo com Hoxha, o surgimento de atividade antirreligiosa começou com a juventude. O resultado deste “movimento espontâneo, não provocado” foi o encerramento de 2.169 igrejas e mesquitas na Albânia. O ateísmo de estado se tornou a política oficial e a Albânia foi declarada o primeiro estado ateu do mundo. Nomes de vilas e cidades de inspiração religiosa foram mudados, tal como nomes pessoais. Durante este período, nomes de inspiração religiosa também foram declarados ilegais. O “Dicionário de Nomes do Povo”, publicado em 1982, continha 3.000 nomes seculares que eram permitidos. Em 1992, Monsenhor Dias, o Núncio Papal para a Albânia nomeado pelo Papa João Paulo II, disse que dos trezentos padres católicos presentes na Albânia antes dos comunistas chegarem ao poder, apenas trinta sobreviveram. Toda prática religiosa e clerical foi banida e aquelas figuras religiosas que se recusassem a abrir mão das suas posições eram presas ou forçadas a se esconderem.
    
        

sábado, março 09, 2024

Viatcheslav Molotov, especialista russo em guerras, traições e genocídios, nasceu há 134 anos

   
Viatcheslav Mikhailovitch Molotov, nascido Viatcheslav Mikhailovitch Scriábin (Sovietsk, 9 de março de 1890 - Moscovo, 8 de novembro de 1986), foi um diplomata e político da União Soviética de destaque entre os anos 20 e 50 do século XX.
Nascido na pequena aldeia de Kukarka (atual Sovietsk, no Óblast de Kirov), filho de um pequeno comerciante judeu, educado numa escola secundária em Kazan, onde se juntou à fação bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1906. Adotou o pseudónimo de Molotov (do russo molot, "martelo"). Foi preso em 1909 e passou dois anos no exílio na Sibéria. Em 1911 inscreveu-se na Universidade Politécnica de São Petersburgo, e tornou-se um dos editores do Pravda, o jornal bolchevique clandestino, do qual Estaline era também editor. Em 1913 Molotov foi preso novamente, e deportado para Irkutsk, de onde escapou em 1915 e regressou à capital. Em 1920 ingressou no Comité Central do PCUS e foi dirigente da Internacional Socialista no período de 28-34.
Na qualidade de membro do Politburo, foi responsável pela campanha de requisições das colheitas na Ucrânia, causando a fome-genocídio de 1932-1933, o Holodomor. Sendo um dos principais colaboradores de Estaline, foi Ministro de Relações Exteriores da URSS no período 1939-1949 e 1953-1956. Em 1957, foi afastado da direção do Partido por Nikita Khrushchov, em virtude da sua oposição à "desestalinização" e nomeado embaixador na Mongólia, cargo que exerceu entre 1957 e 1960 tendo logo após sido indicado para chefiar a representação da URSS na Organização Internacional de Energia Atómica, sediada em Viena, tendo permanecido neste cargo até 1962, ao ser excluído do Partido Comunista. Foi readmitido no Partido em 1984.
O seu nome tornou-se célebre pela popularidade do cocktail molotov, arma química incendiária muito utilizada em guerrilhas e manifestações urbanas. A associação de seu nome com essa bomba caseira deve-se à sua declaração, durante a Guerra de Inverno, de que os soviéticos não estavam bombardeando cidades finlandesas, mas sim enviando alimentos. As bombas russas então foram apelidadas de "cestos de pães de Molotov" e as bombas improvisadas usadas pelos finlandeses de Cocktails Molotov. A sua mais relevante participação na história mundial foi a assinatura do Tratado Molotov-Ribbentrop, o pacto de não-agressão firmado entre a União Soviética e a Alemanha nazi, em agosto de 1939. O tratado perdurou até ao dia 22 de junho de 1941, quando Adolf Hitler quebrou o pacto, ordenando a invasão do território soviético, na chamada Operação Barbarossa.
   
Caricatura no jornal semanal "Mucha", de Varsóvia, em 8 de setembro de 1939, já com a invasão nazi em andamento (o ministro nazi Ribbentrop faz reverência a Estaline, com Molotov a seu lado)
         

quarta-feira, março 06, 2024

O PCP faz hoje 103 anos

  
O Partido Comunista Português (PCP) é um partido político de índole comunista e marxista-leninista. É um dos partidos comunistas mais fortes da Europa Ocidental e o mais antigo partido político português com existência ininterrupta.

O PCP tem deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, onde integra o grupo Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. Depois da morte do secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves, no campo de concentração do Tarrafal, o Partido passou por um período, de 1942 até 1961, sem secretário-geral. Em 1961, é eleito o líder histórico Álvaro Cunhal. Em 1992, é sucedido por Carlos Carvalhas, e em 2004 é Jerónimo de Sousa o escolhido pelo Comité Central para Secretário-Geral do PCP, até 2022, quando é eleito Paulo Raimundo para o cargo.

O Partido foi fundado em 1921, e em 1922 estabeleceu contactos com a Internacional Comunista (Komintern), tornando-se em 1923 a secção Portuguesa do Komintern. Ilegalizado no fim dos anos 1920, o PCP teve um papel fundamental na oposição ao regime ditatorial conduzido por António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Durante as cinco décadas de ditadura, o PCP participou ativamente na oposição ao regime e era o Partido mais organizado e mais forte da oposição. Foi suprimido constantemente pela polícia política, a PIDE, que obrigou os seus membros a viver clandestinamente, sob a ameaça de serem presos, torturados ou assassinados. A capacidade de adaptar a sua organização à conjuntura política interna e externa, e a capacidade de recuperação de uma organização política sujeita à frequente repressão e violência política, foram importantes fatores que garantiram a sua continuidade. Após a revolução dos cravos, em 1974, os seus 36 membros do Comité Central de então já tinham, em conjunto, cumprido 308 anos de prisão.

Após o fim da ditadura, o Partido tornou-se numa principal força política do novo regime democrático, mantendo o seu «papel de vanguarda ao serviço dos interesses de classe dos trabalhadores, do processo de transformação social, para a superação revolucionária do capitalismo» a assumir o Marxismo-Leninismo como a sua base teórica, a concepção materialista e dialética do mundo como «instrumento de análise e guia para a acção, imprescindível para a interpretação do mundo e para a sua transformação revolucionária», a rutura com a política de direita, a concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda e a realização do seu programa de uma «Democracia Avançada com os valores [da revolução] de Abril no futuro de Portugal, o socialismo e o comunismo». O Partido é popular em vastos sectores da sociedade portuguesa, particularmente nas áreas rurais do Alentejo e Ribatejo e áreas industrializadas como Lisboa e Setúbal, onde lidera vários municípios.

O PCP publica o jornal semanário Avante!, fundado em 1931, e a revista bimensal O Militante. A sua ala jovem é a Juventude Comunista Portuguesa, membro da Federação Mundial da Juventude Democrática

 

(...)

 

A data de fundação do PCP, 6 de março de 1921, é data da última de várias reuniões. Pouco depois da fundação do Partido, criou-se também a Juventude Comunista (JC), que estabeleceu imediatamente contactos com a Internacional Comunista Juvenil.