Conhecido por Misha, foi um brilhante estudante e falava 4 idiomas,
tendo em 1911 ingressado no Corpo de Cadetes de Catarina II, de
Moscovo.
Em 1914 participou da Primeira Guerra Mundial com o Regimento da Guarda
Semenovsky. Em 1915 foi ferido e feito prisioneiro, permanecendo em
campo de concentração, onde empreendeu numerosas tentativas de fuga.
Curiosamente, neste mesmo campo, esteve preso
Charles de Gaulle.
Envolvido em pleno processo revolucionário, ingressou no
Partido Comunista em 1918, pouco depois de ser convocado por
Trotski
para o exército. Neste mesmo ano sofreu uma tragédia familiar, pois a sua
esposa se suicidou para salvá-lo, pois ela havia sido apanhada em flagrante a roubar
comida para a família. Casou-se novamente pouco depois, casamento esse que acabou por fracassar
devido à sua dedicação à carreira. Teve uma ascensão meteórica, tendo, durante a Guerra Civil, atraído a atenção de
Lenine
pela extraordinária capacidade de comandar as suas unidades, sendo promovido a
Comandante em Chefe da Frente Sul com apenas
26 anos. Três meses depois era comandante supremo na frente do Cáucaso.
Em 1924 começou a tarefa de reorganizar o Exército Vermelho,
contrariando a cúpula dominante que contava com o apoio de Estaline. Em
1928 era Chefe do Estado-Maior Geral, porém foi sendo afastado
progressivamente, pois as suas ideias chocavam frontalmente com as de
Estaline. A suas origens e sua vasta cultura atuavam contra ele nesse
conturbado momento de terror. Durante os anos seguintes vários de seus
mentores e colegas foram sendo executados ou faleceram de forma
estranha. Assim, nos últimos anos, vivia em constante terror, pois
tinha a certeza de que os seus dias estavam contados. Em 1935 foi
nomeado
Marechal da União Soviética, mas isto seria apenas o início de seu
declínio. Fez uma série de viagens pela Europa e recebeu inúmeras
transferências forçadas neste período. Em 26 de maio de 1937, foi preso,
julgado e
executado pouco tempo depois.
Após um julgamento secreto, conhecido como Processo da Organização
Militar Trotskista Anti-soviética, Tukhachevsky e mais oito outros
comandantes militares foram condenados em 12 de junho de 1937 e
imediatamente executados. Tukhachevsky foi morto pelo capitão da NKVD
Vasili Blokhin.
Não foi comunicado a família de que o Marechal Tukhachevsky havia
sido preso e executado, a sua filha soube da morte na escola quando os
colegas começaram a questioná-la como filha de um traidor "fascista".
Profundamente traumatizada, ela foi para casa e enforcou-se. A viúva de
Tukachevsky foi presa pelo NKVD dias após o suicídio da filha, mais
tarde ela ela seria deportada para os Montes Urais. Na verdade
Tukhachevskaya Svetlana, a sua única filha que não se suicidou, foi enviada para
um orfanato especial para os filhos dos inimigos do povo. Ela foi presa
em 1944 e condenada por um tribunal extrajudicial, do Conselho Especial do
NKVD, a cinco anos de
Gulag.
Ela morreu em 1982. Há um documentário de 2008 da televisão russa
intitulado
"Kremlin Children", sobre a vida de Tukhachevskaya Svetlana.
Era um grande teórico da utilização de blindados juntamente com o apoio da infantaria.
Em 15 de fevereiro de 1963, aconteceu uma modesta cerimónia na
Academia Militar Frunze, em memória do Marechal Tukhachevsky, que
pretendeu de certa forma reabilitar um dos mais magníficos oficiais
expurgados por Estaline, durante os dramáticos anos que precederam a
Segunda Guerra Mundial.
NOTA: recordemos que Estaline conseguiu um feito quase impossível - destruir, quase
completamente, a chefia do Exército Vermelho, antes da invasão da Alemanha nazi.
Tivesse Hitler esperado mais uns meses e, se calhar, a paranoia de Estaline teria
feito o que o exército nazi não conseguiu fazer...