sexta-feira, janeiro 03, 2025

Às vezes a causa de mudanças climáticas é geológica...

Encontrado o misterioso vulcão que há 200 anos quase destruiu o Mundo

 

A erupção misteriosa ocorreu no vulcão Zavaritskii, na ilha de Simushir, e criou uma caldeira com 3 km de largura, revelando espetaculares camadas vermelhas, pretas e brancas constituídas por depósitos eruptivos do passado

 

A identidade do misterioso do vulcão responsável por uma erupção vulcânica gigante que intrigou os cientistas durante quase 200 anos foi finalmente encontrada: foi o vulcão Zavaritskii, na remota e desabitada ilha de Simushir, parte das Ilhas Curilhas

Em 1831, uma erupção vulcânica maciça lançou gases sulfurosos na atmosfera, refletindo a luz solar e provocando um arrefecimento global de cerca de 1ºC.

Este tempo frio, bem documentado em todo o mundo, levou a quebras de colheitas generalizadas e a fomes devastadoras.

O compositor Felix Mendelssohn chegou mesmo a escrever sobre o tempo catastrófico durante a sua viagem de verão pelos Alpes, em 1831: “Tempo desolador, voltou a chover toda a noite e toda a manhã, está tão frio como no inverno, já há neve profunda nas colinas mais próximas…

A erupção de 1831 é a mais recente “erupção misteriosa” da Terra. Embora os cientistas soubessem que se tratava de um acontecimento importante que causou alterações climáticas e convulsões sociais, a identidade do vulcão responsável permaneceu desconhecida e ferozmente debatida, até agora.

Num novo estudo, uma equipa liderada por Will Hutchison, investigador da Universidade de St Andrews, analisou os registos do núcleo de gelo do evento de 1831 e identificou uma “correspondência perfeita das impressões digitais” dos depósitos de cinzas.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado a semana passada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Só nos últimos anos é que desenvolvemos a capacidade de extrair fragmentos microscópicos de cinzas de núcleos de gelo polar e efetuar análises químicas detalhadas. São incrivelmente minúsculos, com cerca de um décimo do diâmetro de um cabelo humano”, explica Hutchison num comunicado da universidade.

Hutchison e a sua equipa conseguiram datar com precisão e fazer corresponder os depósitos do núcleo de gelo ao vulcão Zavaritskii, na remota e desabitada ilha de Simushir, parte das Ilhas Curilhas.

Estas ilhas são um território disputado entre a Rússia e o Japão. Atualmente controladas pela Rússia, funcionam como um posto militar estratégico.

Durante a Guerra Fria, num enredo que faz lembrar um filme de Bond, os soviéticos utilizaram Simushir como base secreta de submarinos nucleares, atracando os navios numa cratera vulcânica inundada.

“Analisámos a química do gelo com uma resolução temporal muito elevada. Isto permitiu-nos identificar o momento exato da erupção, na primavera/verão de 1831, confirmar que foi altamente explosiva e depois extrair os pequenos fragmentos de cinzas”, acrescenta Hutchison.

“Encontrar a correspondência demorou muito tempo e exigiu uma colaboração alargada com colegas do Japão e da Rússia, que nos enviaram amostras recolhidas nestes vulcões remotos há décadas”, nota o investigador.

“O momento no laboratório em que analisámos as duas cinzas juntas, uma do vulcão e outra do núcleo de gelo, foi um verdadeiro momento eureka. Não conseguia acreditar que os números eram idênticos”, conta Hutchison.

“Depois disso, passei muito tempo a investigar a idade e a dimensão da erupção nos registos de Kuril para me convencer verdadeiramente de que a correspondência era real“, admite.

Os resultados do estudo permitem identificar as Ilhas Kuril como uma região vulcânica pouco estudada mas extremamente produtiva.

O vulcão responsável pela erupção de 1831 era muito remoto, mas teve um impacto global significativo no clima e consequências graves para as populações humanas.

Identificar as fontes destas erupções misteriosas é crucial, pois permite aos cientistas cartografar e monitorizar as regiões da Terra com maior probabilidade de produzir eventos vulcânicos que alteram o clima.

“Há muitos vulcões como este, o que realça a dificuldade de prever quando ou onde poderá ocorrer a próxima erupção de grande magnitude. Como cientistas e como sociedade, temos de pensar em coordenar a resposta internacional quando ocorrer a próxima grande erupção, como a de 1831”, conclui.

 

in Wikipédia

Há novidades sobre vulcanismo atenuado em Marte...

Black Beauty foi encontrado na Terra em 2011. Agora, um grão de zircão deste meteorito prova que existiram termas em Marte

 

 

Um mineral preso num meteorito marciano que caiu na Terra revelou vestígios de água em Marte que datam de há 4,45 mil milhões de anos, de acordo com uma nova investigação. O grão de zircão pode conter a mais antiga prova direta de água quente no planeta vermelho, que pode ter proporcionado ambientes como as fontes termais que estão associadas à vida na Terra.

A descoberta abre novos caminhos para compreender se Marte foi habitável no passado. Também acrescenta mais suporte às observações já recolhidas pela frota de naves espaciais que orbitam e percorrem o planeta vermelho, que detetaram indícios da existência de rios e lagos na superfície marciana.

Mas, continuam a existir questões fundamentais sobre quando exatamente a água apareceu em Marte e como evoluiu - e desapareceu - ao longo do tempo.

Os cientistas analisaram uma amostra do meteorito “Black Beauty”, também conhecido como NWA 7034, que foi encontrado no deserto do Saara, em 2011. O meteorito foi ejetado da superfície marciana depois de outro objeto celeste ter atingido o planeta entre 5 milhões e 10 milhões de anos atrás, e os seus fragmentos têm servido como uma fonte determinante para estudar Marte antigo durante anos.

O novo estudo, publicado na revista Science Advances a 22 de novembro, centrou-se num único grão do mineral zircão encontrado no meteorito. A análise da equipa mostra que a água estava presente apenas 100 milhões de anos após a formação do planeta, o que sugere que Marte pode ter sido capaz de suportar vida em algum momento da sua história.

“Os nossos dados sugerem a presença de água na crosta de Marte numa altura comparável à das primeiras evidências de água na superfície da Terra, há cerca de 4,4 mil milhões de anos”, afirma o principal autor do estudo, Jack Gillespie, investigador da Faculdade de Geociências e Ambiente da Universidade de Lausanne, na Suíça, num comunicado. “Esta descoberta fornece novas provas para a compreensão da evolução planetária de Marte, dos processos que nele tiveram lugar e do seu potencial para ter albergado vida.”

 

Minerais como cápsulas do tempo

As rochas podem conter as respostas a algumas das maiores questões que ainda subsistem sobre Marte, incluindo a quantidade de água existente e se alguma vez existiu vida no planeta. É por isso que meteoritos como o Black Beauty são de grande interesse para os cientistas. Carl Agee, professor e diretor do Instituto de Meteorítica da Universidade do Novo México, apresentou pela primeira vez a rocha espacial à comunidade científica em 2013.

“(O meteorito Black Beauty) contém centenas de fragmentos de rochas e minerais, cada um com uma parte diferente dos 4,5 mil milhões de anos da história marciana”, diz o coautor do estudo, Dr. Aaron Cavosie, cientista planetário e professor sénior do Centro de Ciência e Tecnologia Espacial da Universidade de Curtin, num e-mail. “É a única fonte de peças para o puzzle geológico do Marte pré-Noachiano”.

O período Noachiano ocorreu entre 4,1 e 3,7 mil milhões de anos atrás, e pouco se sabe a partir de medições diretas que datam do período pré-Noachiano em Marte, entre 4,5 mil milhões e 4,1 mil milhões de anos atrás, embora seja crucial compreender porque serve como a primeira página no livro de história de Marte, disse Cavosie.

Mas, o Black Beauty revelou alguns dos seus segredos. Muitos dos fragmentos de rocha que o meteorito contém mostram que a crosta marciana sofreu uma série de impactos, causando uma enorme quantidade de perturbações na superfície do planeta, explicou o mesmo especialista.

A rocha espacial também contém os mais antigos fragmentos conhecidos de Marte, incluindo os mais antigos zircões, explica Cavosie.

O zircão, usado em produtos como joias, azulejos de cerâmica e implantes médicos, é um mineral resistente que pode ajudar os cientistas a perscrutar o passado e a determinar as condições presentes quando cristalizou, incluindo a temperatura na altura e se o mineral interagiu com a água.

“O zircão contém vestígios de urânio, um elemento que funciona como um relógio natural”, refere Gillespie, que era investigador associado de pós-doutoramento na Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Curtin na altura do estudo. “Este elemento decompõe-se em chumbo ao longo do tempo a uma taxa conhecida com precisão. Comparando o rácio entre o urânio e o chumbo, podemos calcular a idade de formação dos cristais”.

O zircão do Black Beauty não foi alterado pela sua viagem à Terra e pela sua entrada ardente na atmosfera do nosso planeta antes de se despenhar no Saara, porque estava protegido pela sua localização no interior do meteorito, disse Cavosie.

Durante a análise do grão de zircão, a equipa de estudo detetou quantidades invulgares de ferro, sódio e alumínio, sugerindo que fluidos ricos em água deixaram estes vestígios no zircão quando este se formou há 4,45 mil milhões de anos. Estes elementos não são normalmente encontrados no zircão cristalino, mas os estudos à escala atómica dos investigadores do zircão mostraram os elementos incorporados na estrutura cristalina e alinhados como bancas de fruta num mercado, disse Cavosie.

“Pelos padrões de como os elementos (ferro, alumínio e sódio) se encontram no interior do zircão, podemos dizer que foram incorporados no grão à medida que este crescia, como as camadas de uma cebola”, acrescenta Cavosie.

Na Terra, os zircões de sistemas hidrotermais - que se formam quando a água é aquecida por atividade vulcânica subterrânea, como o fluxo ascendente de magma quente - têm padrões semelhantes aos encontrados em Black Beauty.

Se existiam sistemas hidrotermais na crosta marciana há 4,45 mil milhões de anos, é provável que a água líquida tenha chegado à superfície.

“A nossa experiência na Terra mostra que a água é essencial para os habitats capazes de suportar vida”, argumenta Cavosie. “Muitos ambientes na Terra albergam vida em sistemas de água quente, incluindo nascentes de água quente e fontes hidrotermais. Estes ambientes podem ter dado origem às primeiras formas de vida na Terra. O nosso novo estudo mostra que a crosta de Marte era quente e húmida no período pré-Noachiano, o que significa que podem ter existido ambientes habitáveis nessa altura.”

 

Aproximar-se de Marte

Cavosie tem curiosidade em determinar se os sistemas hidrotermais, como as fontes termais, eram predominantes quando o magma estava a ajudar a formar a crosta do planeta vermelho, entre 4,48 mil milhões e 4,43 mil milhões de anos atrás, ou se eram mais episódicos.

“Se os sistemas hidrotermais eram uma caraterística estável no início de Marte, isso indicaria que as condições de habitabilidade podem ter persistido durante um período de tempo considerável”, explica Cavosie. “Esta é agora uma hipótese testável que pode ser abordada através da recolha de mais dados de zircões marcianos”.

Até que as amostras possam ser devolvidas diretamente de Marte, o meteorito Black Beauty é uma das melhores janelas para a formação da crosta marciana e para a superfície inicial de Marte, disse Briony Horgan, co-investigadora da missão do rover Perseverance e professora de ciências planetárias na Universidade Purdue em West Lafayette, Indiana. Horgan não esteve envolvido neste estudo.

Encontrar provas de sistemas hidrotermais na subsuperfície a partir de um pequeno grão de zircão alinha-se com as teorias científicas sobre a quantidade de água e a atividade vulcânica que existia em Marte antigo, disse. E estes primeiros ambientes potencialmente habitáveis teriam sido protegidos da radiação por um forte campo magnético planetário, que Marte não tem atualmente, acrescentou Horgan. Os cientistas ainda estão a tentar explicar como é que o planeta vermelho perdeu o seu campo magnético protetor.

Atualmente, o rover Perseverance está a escalar a borda da cratera Jezero em Marte, um antigo lago que se encheu de água há 3,7 mil milhões de anos. Algumas das rochas que o rover encontrou podem ter sido formadas por sistemas hidrotermais, disse Horgan.

O rover vai recolher amostras das rochas porque estas podem preservar provas de vida microbiana antiga.

“Por muito que os meteoritos nos possam dizer, podemos fazer ainda melhor com uma amostra de rocha cuidadosamente selecionada e intacta de um local conhecido em Marte com um bom contexto geológico”, diz Horgan. “Por isso, este artigo é uma grande motivação para trazer as nossas amostras de Marte para a Terra, para serem estudadas com o mesmo nível de pormenor nos próximos anos”.

 

in CNN Portugal

Hoje é dia de ouvir música de um western spaghetti...

George Martin, o quinto Beatle, nasceu há 99 anos

  

George Henry Martin (Londres, 3 de janeiro de 1926 - Londres, 8 de março de 2016) foi um produtor musical, arranjador, compositor, engenheiro sonoro, músico e maestro britânico. Devido à sua importância em relação à produção musical dos discos dos The Beatles, foi chamado de “o quinto Beatle”. Produziu juntamente com eles, em 1967, o inovador álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que lhe trouxe reconhecimento, fama e consagração definitiva na história da música pop. Foi um dos maiores produtores musicais de todos os tempos, com trinta canções chegando ao primeiro lugar das paradas no Reino Unido e 23 nos Estados Unidos

    

  
Vida

Nasceu em Holloway, pequena cidade a norte da capital Londres. Filho de pai carpinteiro, teve uma juventude humilde, sem uma educação musical erudita. Autodidata, aprendeu a tocar piano sem ajuda de mestre, ainda com dezasseis anos de idade. Estudou na Guildhall School of Music and Drama entre 1947 e 1950, estudando piano e oboé, sendo influenciado por uma grande variedade de estilos musicais. Após se formar, trabalhou no departamento de música clássica da BBC, entrando na EMI em 1950. Martin produziu canções cómicas no início da década de 50, trabalhando com pessoas como Peter Sellers e Spike Milligan.

Numa carreira de seis décadas, Martin trabalhou em cinema, televisão e espetáculos ao vivo. Ele também já teve vários cargos executivos em companhias mediáticas e contribuiu para várias de causas beneficentes, incluindo o seu trabalho para o The Prince's Trust da ilha de Montserrat. Em reconhecimento pelas suas contribuições para a música e cultura popular, ele foi elevado a Knight Bachelor em 1996.

Faleceu no dia 8 de março de 2016, aos 90 anos.
 
Brasão de George Martin
  

Sergio Leone nasceu há 96 anos...

  

Sergio Leone (Roma, 3 de janeiro de 1929 - Roma, 30 de abril de 1989) foi um cineasta italiano.
   
Biografia
Filho de um antigo industrial do cinema, ficou conhecido mundialmente por popularizar o género do western spaghetti. Começou com dezoito anos, como assistente de direção em filmes de cineastas como Vittorio De Sica, Luigi Comencini e Mervyn LeRoy.
Foi só em 1960 é que se estreou como diretor em O Colosso de Rodes, mas, em 1964, realiza o antológico Por um punhado de dólares, cuja estrela era o novato Clint Eastwood. O filme teria duas sequelas com o mesmo ator, formando a chamada trilogia dos dólares. Em 1969, já consagrado internacionalmente, finalizaria o seu projeto mais ambicioso até então, o filme Once Upon a Time in the West. Era para ser seu último western como diretor, mas acabaria aceitando realizar mais um da série, o filme Giù la testa, em 1971, também conhecido como Once Upon a Time… The Revolutionis. Passando os anos seguintes como produtor, somente em 1984 ele dirigiria o seu último grande filme dessa segunda trilogia, conhecida por trilogia da América, e que acabou se tornando também o último filme que dirigiu na sua carreira.
Nos anos 60, quando o cinema italiano estava essencialmente voltado para as comédias, Sergio Leone foi um dissidente, primeiro especializando-se em filmes épicos e depois na recriação do Oeste e nos filmes de western. Ele passou treze anos preparando o clássico Era uma vez na América, um épico sobre a máfia, lançado em 1984, no Festival de Cannes.
Foi um dos mais brilhantes cineastas da sua geração e inventor de um estilo em que não faltam momentos de pura genialidade. Ele é hoje fonte de inspiração para novos cineastas como Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
A sua sepultura está localizada no cemitério Campo di Verano, em Roma.
    

Vasco Graça Moura nasceu há oitenta e três anos...

(imagem daqui)
  
Vasco Navarro da Graça Moura (Foz do Douro, 3 de janeiro de 1942 - Lisboa, 27 de abril 2014) foi um escritor, tradutor e político português
  
Biografia
Vasco Graça Moura nasceu a 3 de janeiro de 1942, na freguesia de Foz do Douro, no Porto.
Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde colaborou na publicação académica Quadrante (1958-1962) publicada pela Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.
Passou 39 meses na tropa, numa altura em que era já casado e pai de dois filhos.
Foi advogado entre 1966 e 1983.
Após o 25 de Abril de 1974, aderiu ao Partido Social Democrata, tendo sido chamado a exercer os cargos de Secretário de Estado da Segurança Social (IV Governo Provisório, do independente pró-comunista  Vasco Gonçalves, porém com participação de elementos ligados ao Grupo dos Nove) e dos retornados (VI Governo Provisório, José Pinheiro de Azevedo).
Na década de 80 enveredou definitivamente pela carreira literária, que o havia de confirmar como um nome central da literatura portuguesa da segunda metade século XX e um dos maiores defensores da língua portuguesa contra o denominado "Acordo Ortográfico" que tem sido alvo de grande polémica e resistência, não só em Portugal como em todos os países faladores de português, devido à sua introdução e implementação forçada e conta-vontade da generalidade dos povos.
Divorciou-se da sua primeira mulher, Maria Fernanda de Sá Dantas, no início dos anos 80, e voltou a casar-se mais duas vezes. Primeiro com a ensaísta Clara Crabbé Rocha, filha de Miguel Torga e de Andrée Crabbé Rocha, em 1985, e depois com Maria do Rosário Sousa Machado, em 1987, com quem teve mais duas filhas, enternecidamente referidas em vários poemas dos seus últimos livros. A sua última companheira foi Maria Bochicchio (italiana), que o acompanhou até perto da sua morte e com quem publicou O Binómio de Newton & A Vénus de Milo.
Foi diretor da RTP2 (1978), administrador da Imprensa Nacional - Casa da Moeda (1979-1989), presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa (1988) e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1988-1995), diretor da revista Oceanos (1988-1995), diretor da Fundação Casa de Mateus, comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1988-1992) e diretor do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-1999).
Juntamente com António Mega Ferreira, foi o autor da proposta de realização da Exposição Mundial de 1998 em Lisboa, que mais tarde seria considerada pelo Bureau International de Expositions uma das melhores exposições internacionais de sempre.
De novo pelo PSD foi durante dez anos consecutivos deputado ao Parlamento Europeu, integrando o Grupo do Partido Popular Europeu, desde 1999 até 2009.
Em janeiro de 2012, o Secretário de Estado da Cultura do governo de Passos Coelho, Francisco José Viegas, nomeou Vasco Graça Moura para a presidência da Fundação Centro Cultural de Belém, substituindo assim António Mega Ferreira, mantendo-se no cargo mesmo quando procurava curar-se do cancro que lhe provocou a morte, a 27 de abril de 2014. No mesmo dia, Pedro Passos Coelho, então primeiro-ministro de Portugal, destacou o percurso político de Graça Moura e a sua atividade como "divulgador das letras portuguesas", afirmando que o escritor deixou um "vasto legado literário, marcado pela inspiração e pela dedicação à língua portuguesa, que enriqueceu como poucos, uma constante procura da identidade nacional e um clarividente pensamento sobre as raízes, a herança política e filosófica e o futuro da Europa", concluindo: "Portugal perdeu hoje um dos seus maiores cidadãos".
Graça Moura foi uma das vozes mais críticas do Acordo Ortográfico, que considerava que apenas "serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo".

 

 

 

Poema do Combate

 

indecente rimar, uma criança
a esbugalhar os olhos de pavor.
uma cidade a arder. a governança
do mundo a esquivar-se: a sua dança
rima obscenamente com timor.

indecente rimar. lua assassina.
uma rajada e outra. um estertor.
um uivo, um corpo, um morto em cada esquina.
honra do mundo que se contamina
no arame farpado de timor.

indecente rimar sândalo e vândalo.
sacode a noite apenas o tambor
das sombras acossadas. tens o escândalo
que te invadiu a alma, mas comanda-lo?
onde te leva o grito por timor?

indecente rimar pois também rimam
temor, tremor, terror e invasor
por mais hipocrisias que se exprimam
enquanto de hora a hora se dizimam
os restos do que resta de timor.

indecente rimar: mas nas florestas
nunca rimaram tanta raiva e dor
a às vezes são precisas rimas destas,
bumerangue de sangue com arestas
da própria carne viva de timor.

 

Vasco Graça Moura

Música de aniversariante de hoje...!

John Paul Jones, o multi-instrumentista dos Led Zeppelin, faz hoje 79 anos

  
John Paul Jones, nome artístico de John Baldwin (Sidcup, 3 de janeiro de 1946) é um multi-instrumentista, baixista e teclista britânico. Jones ganhou notoriedade por ser o baixista, teclista e um dos membros dos Led Zeppelin até ao desaparecimento da banda, após a morte de John Bonham, em 1980. Desde então, Jones vem desenvolvendo uma carreira a solo. Também toca guitarra, bandolim, koto, harmónica e ukulele.

De acordo com o Allmusic, Jones "deixou sua marca na história da música rock & roll como um músico inovador, arranjador e diretor". Muitos baixistas notáveis do rock ​​foram influenciados por John Paul Jones, incluindo Steve Harris, John Deacon, Geddy Lee, Flea, Gene Simmons, e Krist Novoselic. Jones é atualmente parte da banda Them Crooked Vultures com Josh Homme e Dave Grohl, onde ele interpreta o baixo, piano e outros instrumentos.

  

O símbolo de John Paul Jones no álbum Led Zeppelin IV

 

A Fuga de Peniche foi há 65 anos...

  
A chamada Fuga de Peniche foi um episódio da história de Portugal - no contexto da oposição ao regime salazarista - ocorrido na prisão de alta-segurança de Peniche, a 3 de janeiro de 1960.
Teve como atores os chamados Dez de Peniche, a saber:
A operação foi organizada internamente por uma comissão integrada por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes, na prisão, e, no exterior, por Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.

No exterior, Pires Jorge e António Dias Lourenço, com o auxílio de Octávio Pato e Rui Perdigão, planearam a fuga. A execução do plano teve início às quatro da tarde, no dia 3 de janeiro de 1960. O carro dirigido por Rogério Paulo, com o porta-bagagens destrancado, parou no largo à frente do Forte, dando assim sinal aos que estavam dentro para iniciarem a fuga.

O carcereiro foi então neutralizado com o emprego de uma anestesia e, com a ajuda de um sentinela – o guarda José Alves – que fazia parte do plano de fuga, os prisioneiros atravessaram, sem serem percebidos pelos demais sentinelas, o trecho mais exposto do percurso. Encontrando-se no piso superior, desceram para o piso inferior por uma árvore. Daí correram para o pano exterior da muralha, para logo descerem o mesmo com o auxílio de uma corda feita com lençóis até alcançarem o fosso exterior. Dele, tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar a noite.
Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge em São João do Estoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algum tempo.
O guarda José Alves que participou na conspiração exilou-se logo em Bucareste, Roménia. Aí juntou-se-lhe mais tarde a família. José Alves, a quem fora garantido pelos demais conspiradores que no exílio iria ter uma boa vida, não viu as suas expectativas realizadas e acabou por suicidar-se (ao que não haveria sido alheio encontrar-se longe da pátria e sem perspetiva de poder regressar, assim como possíveis dificuldades materiais por haver sido esbulhado da recompensa). Após o 25 de abril, a sua esposa veio a Portugal e haveria de tentar falar com Álvaro Cunhal (na altura ministro do governo provisório). Em 1960 José Alves recebeu dos conspiradores 120 contos de réis de recompensa mas, no seguimento da operação, a sua esposa foi detida e, havendo confessado a existência do dinheiro, foi-lhe confiscado pelo Estado.
       
  
in Wikipédia

O exército revolucionário norte-americano derrotou os ingleses há 248 anos, em Princeton...

George Washington reunindo as suas tropas antes da batalha de Princeton

A Batalha de Princeton, a 3 de janeiro de 1777, foi uma batalha em que as forças do exército revolucionário americano comandados pelo General George Washington derrotaram as tropas inglesas perto de Princeton, Nova Jérsei.

Na noite de 2 de janeiro de 1777, George Washington, Comandante-em-Chefe do Exército Continental, repeliu um ataque britânico durante a batalha de Assunpink Creek em Trenton. Naquela noite, ele recuou, rodeou o exército do General Lord Cornwallis e foi atacar a guarnição inglesa em Princeton. O General-de-Brigada Hugh Mercer, do Exército Continental, encontrou-se com dois regimentos comandados pelo Tenente-Coronel Charles Mawhood do Exército Britânico. Mercer e suas tropas foram superadas facilmente e Washington mandou a milícia, sob comando do General John Cadwalader, para ajudá-lo. A milícia, ao ver os homens de Mercer batendo em retirada, também fugiram. Washington buscou reforços e reagrupou os milicianos. Ele então liderou o ataque contra as tropas de Mawhood, fazendo-os recuar. Mawhood deu a ordem de retirada e a maioria de seus soldados tentaram se reunir com Cornwallis em Trenton.
Em Princeton, o General John Sullivan forçou algumas tropas britânicas que estavam refugiadas em Nassau Hall a se render, encerrando a batalha. Depois do confronto, Washington levou o seu exército até Morristown e, com a terceira derrota em 10 dias, os britânicos evacuaram o sul de Nova Jérsei. Com a vitória em Princeton, o moral dos americanos subiu e mais homens começaram a se alistar, para lutar. Esta batalha foi a última da campanha de inverno de Washington em Nova Jérsei.
O local da batalha é chamado Princeton Battlefield State Park.
  

J. R. R. Tolkien nasceu há 133 anos...

   

John Ronald Reuel Tolkien, conhecido internacionalmente por J. R. R. Tolkien (Bloemfontein, 3 de janeiro de 1892 - Bournemouth, 2 de setembro de 1973), foi um premiado escritor, professor universitário e filólogo britânico, nascido na África, que recebeu o título de doutor em Letras e Filologia pela Universidade de Liège e Dublin, em 1954, e autor das obras como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. Em 28 de março de 1972 Tolkien foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel II.
Tolkien nasceu em Bloemfontein, na República do Estado Livre de Orange, na atual África do Sul, e, aos três anos de idade, com a sua mãe e irmão, passou a viver em Inglaterra, terra natal de seus pais, tendo naturalizado-se britânico. Desde pequeno fascinado pela linguística, fez a licenciatura na faculdade de Letras em Exeter. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu "mundo secundário", complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das suas mundialmente famosas obras como “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, esta última, a sua maior paixão, postumamente publicada, que é considerada a sua principal obra, embora não a mais famosa.
Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford de 1925 a 1945, e de inglês e literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo sendo precedido por outros escritores daquilo que mais tarde seria chamada de literatura fantástica, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison, devido à grande popularidade do seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica". A suas obras foram traduzidas para mais de 34 idiomas, vendeu mais de 200 milhões de cópias e influenciou toda uma geração.
Católico convicto, Tolkien foi amigo íntimo de C.S. Lewis, autor de “As Crónicas de Nárnia”, ambos membros do grupo de literatura The Inklings. Juntos planearam, na década de 40, escrever um livro sobre a língua, que seria publicado na década seguinte. O livro, que se chamaria "Linguagem e Natureza Humana", no entanto, nunca chegou a ser publicado.
Em 2009, a revista Forbes listou as 13 celebridades já falecidas que mais lucros geraram nesse ano. Tolkien alcançou a quinta posição, com ganhos estimados em 50 milhões de dólares. Michael Jackson e Elvis Presley ficaram em primeiro e em segundo lugar, respetivamente.
  
Vida e origem
Recuando no passado até onde se pode, a maioria dos parentes paternos de Tolkien eram artesãos. A família teve origem na Saxónia (Alemanha), mas viveu na Inglaterra desde o século XVII, tornando-se "rápida e intensamente inglesa (mas não britânica)".
O sobrenome Tolkien é um anglicismo de Tollkiehn (em alemão, tollkühn, temerário, imprudente, que em uma tradução etimológica deveria ser dull-keen, algo como estúpido-sagaz, uma tradução literal de oxímoro; no conto The Notion Club Papers, Tolkien cria um personagem com o nome John Jethro Rashbold, fazendo piada com o seu próprio nome, já que Jethro e Reuel são nomes do mesmo personagem bíblico, o sogro de Moisés). Mesmo sendo um Tolkien, considerava-se mais um Suffield (a sua família materna) do que propriamente um Tolkien.
Aos três anos parte, com a sua mãe, Mabel Suffield, dona de casa, e com o seu irmão, Hilary Arthur Reuel Tolkien, para a Inglaterra, onde pretendiam passar apenas uma temporada, devido a questões de saúde de Mabel e dos seus filhos, mas, devido à morte de seu pai, eles ali permaneceram por toda a vida. O pai, Arthur Tolkien, um bancário que trabalhava para o Bank of Africa, contraiu febre reumática e morreu, em 1896, no Estado Livre de Orange, antes de poder juntar-se à família, e foi enterrado na África. Em 1900 a situação financeira da família complicou-se. Mabel Suffield fazia parte da Igreja Anglicana, e quando decidiu tornar-se católica, a sua família cortou a ajuda financeira que lhe dava, e assim ela morreu, por diabetes, sem tratamento na época. Tolkien, que considerava esse facto um sacrifício da mãe em nome da fé, converteu-se ao catolicismo, religião na qual permaneceu até o fim da vida, tornando-se um católico fervoroso.
Tolkien e o seu irmão foram entregues então aos cuidados do padre jesuíta Francis Xavier Morgan, que Tolkien mais tarde descreveu como um segundo pai, e aquele que lhe ensinara o significado da caridade e do perdão.
Conheceu Edith Bratt em 1908, quando ele e seu irmão Hilary foram alojados no mesmo local que a jovem, três anos mais velha, e os dois começam a namorar às escondidas. Entretanto, o seu tutor, o Padre Francis Morgan, descobriu a situação e, acreditando que este relacionamento fosse prejudicar a educação do rapaz, proibiu-o de vê-la até que completasse vinte e um anos, quando Tolkien alcançaria a maioridade. Na noite do seu vigésimo primeiro aniversário, Tolkien escreveu a Edith, e convenceu-a a casar-se com ele, apesar de ela já estar comprometida, e também a converteu ao catolicismo. Juntos eles tiveram quatro filhos: John Francis Reuel Tolkien (19172003), Michael Hilary Reuel Tolkien (1920-1984), Christopher John Reuel Tolkien (1924-2020) e Priscilla Anne Reuel Tolkien (1929-2022).
Tolkien era um pai dedicado. Essa característica mostrava-se bastante clara nos livros, muitas vezes escritos para os seus filhos, como Roverandom, escrito quando um deles perdeu um cãozinho de brinquedo na praia. Além disso, Tolkien mandava todos os anos cartas ao Pai Natal quando os filhos eram mais jovens. Havia mais e mais personagens a cada ano, como o Urso Polar, o ajudante do Pai Natal, o Boneco de Neve, Ilbereth (um nome semelhante ao da rainha Elbereth, a Valië), sua secretária, e vários outros personagens menores. A maioria deles contava como estavam as coisas no Polo Norte. Mestre Gil de Ham foi, outrossim, uma história contada para entreter os filhos.
  
A sua vida na sua obra
A infância de Tolkien teve duas realidades distintas: a vida rural em Sarehole, ao sul de Birmingham, lugar que inspirou o famoso Shire (Condado), e o período urbano, na escura Birmingham, onde iniciou os seus estudos. Nesta frase Tolkien fala sobre Sarehole:
Cquote1.svg A ancestral Sarehole há muito que se foi, engolida pelas estradas e por novas construções. Mas era muito bonita, na época em que vivi lá… Cquote2.svg
 Tolkien
Ainda criança, mudou-se para King's Heat, numa casa próxima de uma linha de comboio. Foi aí que ele começou a desenvolver uma imaginação linguística, motivada pelos estranhos nomes das estações do percurso, tais como Nantyglo, Perhiwceiber e Seghenydd. A sua infância foi muito marcada pelos contos de fadas, que estimularam sua imaginação para o Faërie, o Belo Reino, como ele se referia ao mundo dos seres fantásticos.
Em 1900, a sua mãe abraçou a religião católica, facto que o influenciou profundamente, mesmo sem a menção direta de Deus na sua obra (Tolkien representa Deus por Eru, o qual cria todo o Universo e os seres que lá habitam). Tolkien disse que os mitos não-cristãos guardavam em si elementos do Grande Mito, o Evangelho, que refletiam o Mundo Primário, isto é, o mundo real, facto este que não vai contra o pensamento da Igreja Católica.
A sua mãe Mabel mostrou-lhes, a ele e ao seu irmão, os contos de fadas em línguas como o latim e o grego. Desde a morte da mãe, quando os irmãos passaram aos cuidados de Francis Morgan, o rapaz dedicou-se aos estudos demonstrando grande talento linguístico. Estudou grego, latim, línguas antigas e modernas, como o finlandês, que serviu de base para criação do idioma élfico Quenya e o galês, base para o outro idioma élfico, o Sindarin. Em 1905 os órfãos mudaram-se para a casa de uma tia em Birmingham. Em 1908 deu início à carreira académica, ingressando no Exeter College, da Universidade de Oxford.
Em 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, Tolkien ficou noivo de Edith Bratt. No ano seguinte, recebeu, com honras, o diploma de licenciatura em Literatura e Língua Inglesa. A graduação e os méritos não o libertaram da convocatória militar e, em 1916, depois de casar-se com Edith Bratt, foi chamado para a guerra. Tolkien sobreviveu à Batalha do Somme (província de Soma), uma mal-sucedida incursão na França e Bélgica, onde morreram mais de 500 mil combatentes. Em 1917 nasceu o seu primeiro filho, John Francis Reuel Tolkien (mais tarde o padre católico John Tolkien) e no ano seguinte, depois de contrair tifo, J.R.R.Tolkien foi enviado de volta a Inglaterra. Foi neste período que iniciou o Livro dos Contos Perdidos (The Book of Lost Tales), que mais tarde se converteu n'O Silmarillion, em 1919, quando ele retornou a Oxford.
Depois do fim da guerra, Tolkien dedicou-se ao trabalho académico como professor, tornando-se um grande e respeitado filólogo. Nesta mesma época ingressou na equipa formada para preparar o New English Dictionary. O projeto já havia chegado à letra W, e o seu supervisor, impressionado com o trabalho de Tolkien, afirmou que:
Cquote1.svg "O seu trabalho [de Tolkien] dá provas de um domínio excecional de anglo-saxão e dos fatos e princípios da gramática comparada das línguas germânicas. Na verdade, não hesito em dizer que nunca conheci um homem da sua idade que se igualasse a ele nesses aspetos." Cquote2.svg
Mas foi só em 1925, depois do nascimento dos seus filhos Michael Hilary Reuel Tolkien (1920) e Christopher John Reuel Tolkien (1924) é que Tolkien publicou o seu primeiro livro, ao lado de E. V. Gordon: Sir Gawain & the Green Knight, baseado em lendas do folclore inglês. A sua filha mais nova, Priscilla Anne Reuel Tolkien, nasceria cinco anos mais tarde.
  
As sociedades
Tolkien gostava muito de sociedades. Nas que participou, a literatura era o tema fundamental, algo que o ajudou na criação de suas obras, pois nestas sociedades encontrou o seu primeiro público e encorajadores.
Na sua juventude, a sua primeira sociedade foi a T.C.B.S. (Tea Club, Barrowian Society), formada por Tolkien e três amigos. Não era dedicada apenas a literatura, mas ela estava presente. A Primeira Guerra Mundial dissolveu o grupo, matando Rob Gilson, e algum tempo depois G. B. Smith. Os dois restantes, Christopher Wiseman (inspiração para o nome do terceiro filho de Tolkien) e Tolkien, foram amigos até o fim da vida de Wiseman.
A frase a seguir é de G. B. Smith, pouco depois da morte de Rob Gilson:
Cquote1.svg A morte pode nos tornar repugnantes e indefesos como indivíduos, mas não pode acabar com os quatro imortais! Cquote2.svg
 G.B.Smith
Anos depois, fundada por Tolkien, The Coalbiters se dedicava à literatura nórdica, muito apreciada por Tolkien, que incluía Beowulf e o Kalevala, por exemplo. Chamavam-se de Kolbitars, ou, "homens que chegam tão perto do fogo no inverno que mordem carvão", o que originou no nome Coalbiters (mordedores de carvão). Entre seus membros estavam R. M. Dawkins, C. T. Onions, G. E. K. Braunholz, John Fraser, Nevill Coghill, John Bryson, George Gordon, Bruce McFarlane e C. S. Lewis, autor das As Crónicas de Nárnia.
Outro grupo de que participava era chamado The Inklings, também dedicado à literatura, que se reunia no pub The Eagle and Child (em português A Águia e a Criança), que os integrantes chamavam O Pássaro e o Bebé (The Bird and Baby em inglês). Os Inklings incluíam C. S. Lewis e seu irmão H. W. Lewis, Charles Williams, Owen Barfield e Hugo Dyson.
  
Relação com C. S. Lewis
Tolkien e Lewis foram grandes amigos durante décadas, até à morte de Lewis (em 1963, aos 64 anos, quase dez anos antes da morte do próprio Tolkien), e essa amizade foi explorada no livro O Dom da Amizade: Tolkien e C. S. Lewis. De facto, O Senhor dos Anéis provavelmente não existiria sem os conselhos e o incentivo de Lewis, que aliás foi o primeiro a ouvir a história, e Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência e criatividade de Lewis, e vice-versa.
  
Bilbo Baggins - filme O Senhor dos Anéis
   
"Num buraco no chão vivia um hobbit"
A ideia de seu primeiro grande sucesso, O Hobbit, surgiu em 1928, enquanto Tolkien examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade e Tolkien contou que:
Cquote1.svg Um dos alunos deixou uma das páginas em branco – possivelmente a melhor coisa que poderia ocorrer a um examinador – e eu escrevi nela: Num buraco no chão vivia um hobbit, não sabia e não sei por quê. Cquote2.svg
 Tolkien
Foi a partir desta frase que ele começou a escrever O Hobbit, somente dois anos depois, mas o abandonou a meio.
Tolkien emprestou o manuscrito incompleto para a Reverenda Madre de Cherwell Edge na época, quando esta estava doente, e ele foi visto por Susan Dagnall, uma bacharel de Oxford , que trabalhava para Allen & Unwin (comprada em 1990 pela Editora Harper Collins) e analisado depois por Rayner Unwin (filho de Stanley Unwin, fundador da Allen & Unwin, na época com 10 anos de idade) que ficou maravilhado com a história. Dagnall ficou tão encantada com o material que encorajou Tolkien para que terminasse o livro, e em 1937 é publicada a primeira edição de O Hobbit.
A saga do hobbit Bilbo – um ser baixo, pacato, de pés peludos e grandes, que se aventura na Terra Média ao lado do mago Gandalf e mais treze anões – teve tanto sucesso que Tolkien foi sondado para escrever novas aventuras. Tolkien oferece O Silmarillion, que ele considerava a sua principal obra, pese embora o facto de que, mesmo hoje, não ser a mais conhecida. Stanley Unwin preferiu não arriscar e não publicou a obra. Mesmo depois da recusa, Tolkien concordou em continuar a saga dos hobbits e começa a dar forma a uma nova obra, que lhe consumiu doze anos de trabalho desde os primeiros rascunhos até à sua conclusão, mas que o tornaria um dos mais conceituados escritores de todos os tempos: O Senhor dos Anéis.
O elo para a nova aventura surge no Anel, que Bilbo roubou a Gollum em O Hobbit. Os primeiros rascunhos da obra datam de 1937, mas devido ao seu perfecionismo, que o impelia a ter de fazer vários rascunhos para cada uma de suas obras, foi somente em 1949 que O Senhor dos Anéis foi para as mãos da sua editora. Durante este longo tempo, Tolkien também escreveu Leaf by Niggle em que o autor se manifesta de forma autobiográfica, projetando-se em Niggle, com suas dúvidas sobre o trabalho que estava escrevendo, "O Senhor dos Anéis", e sua relevância. Em princípio o texto foi recusado, pois a ideia de Tolkien era lançar dois volumes, sendo eles "O Silmarillion" e "O Senhor dos Anéis", já que ele os considerava interdependentes e indivisíveis. Entretanto o editor da Collins, uma outra editora, havia gostado da ideia e começou a encorajar Tolkien a publicar os livros na editora Collins. Depois de um grande atraso na publicação, Tolkien perdeu a paciência e desistiu do acordo. Posteriormente, após algumas conversas com Rayner Unwin (já adulto e trabalhando na empresa do pai, Rayner foi um dos que recebiam os rascunhos de "O Senhor dos Anéis" de Tolkien ao longo da sua composição), a decisão da Allen & Unwin foi reconsiderada e, em 1954, foram publicados os dois primeiros volumes (A Irmandade do Anel e As Duas Torres). Em 1955 foi publicado o terceiro e último volume (O Regresso do Rei). A ideia original era lançar a obra toda num único volume, mas para baixar os custos de impressão, foi dividida em três volumes.
Esse livro consolidava então o que Tolkien chamava de Mundo Secundário, com novas normas, novos povos, uma realidade à parte: Arda, o cenário de uma das maiores obras literárias de todos os tempos. "Arda" é a Terra, povoada por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e magia:
Cquote1.svg [Criei] um Mundo Secundário no qual sua mente pode entrar. Dentro dele, tudo o que ele relatar é "verdade": está de acordo com as leis daquele mundo. Portanto, acreditamos enquanto estamos, por assim dizer, do lado de dentro. Cquote2.svg
  Tolkien
Apesar dos ataques da crítica, o livro teve grande sucesso dos dois lados do Atlântico, mas seus livros só alcançaram o nível de culto nos anos 60, devido ao facto de sua obra ter se tornado quase uma obsessão entre os universitários dos Estados Unidos, com a chegada de uma edição pirata norte-americana a esse país.
O nome de Tolkien ganhou notoriedade mundial, facto este que provocava mais transtornos que prazer ao autor, pois visitantes excêntricos afluíam ao seu encontro: fãs norte-americanos telefonavam-lhe durante a madrugada sem se lembrar do fuso horário, por exemplo. Tais factos tiveram grande peso na sua decisão de se mudar para Bournemouth.
Tolkien era um homem apaixonado por idiomas. Quando criança encantava-se com nomes galeses que via nos camiões de carvão. Com as suas primas aprendeu rapidamente uma língua artificial e bem simples criadas pelas garotas, chamada Animálico, com base nos nomes de animais. Juntos criaram outra língua, uma mistura de vários outros idiomas. Chamava-se Nevbosh, traduzido como Novo Disparate. Mais tarde criou o Naffarin, mais complexa e baseada na língua do seu tutor, o padre Francis Morgan: o espanhol.
Tolkien, em dezembro de 1910, tornou-se aluno do curso de literatura clássica na Universidade de Oxford, onde obteve uma bolsa de estudos do Exeter College, mas interessava-se pouco pelo curso e começou a gastar mais tempo no estudos de filologia, sendo orientado por Joseph Wright, um dos grandes pesquisadores britânicos desta ciência e grande conhecedor do tronco linguístico indo-europeu. Pediu transferência para a Honour School of English Language and Literature, onde teve um notável melhoria de notas, devido ao seu interesse pela filologia germânica.
Desde criança já tinha conhecimentos de línguas clássicas como grego e o latim, e mais tarde com o espanhol. Sempre achou o italiano muito elegante e, é claro, o inglês e o anglo-saxão fascinavam-no. O francês não o cativava tanto, apesar de ser (como ainda é) aclamada como uma belíssima língua. Quando se deparou com a língua finlandesa encantou-se por ela, e usou a sua gramática, juntamente com a galesa, como base para as línguas que mais tarde apareceriam em seus livros, pois são línguas de gramática complexa e vasto vocabulário. Línguas que seriam estudadas a fundo por muitos de seus fãs: o Quenya, cujo exemplo máximo é expressado pelo poema Namárië, e o Sindarin, este último baseado no galês, as Línguas Élficas, todas movidas pelo som bonito (eufonia) e pela estética, como o "Repicar dos sinos" dizia ele.
Foi baseado nestas línguas que Tolkien começou a desenvolver o seu mundo. Para ele, primeiro vinha a palavra, depois a história. A composição para ele não era um passatempo (como foi 'acusado' na época), mas um trabalho filológico. Ele criou um mundo onde suas línguas pudessem ser faladas, e lendas para rodeá-las.
Túmulo de Tolkien e da esposa no Cemitério de Wolvercote: 
Edith Mary Tolkien, Lúthien, 1889-1971 - John Ronald Reuel Tolkien, Beren, 1892-1973
   
"Aqui, no fim de todas as coisas..."
Além de "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", foram publicados Sir Gawain and the Green Knight (1925), Mestre Gil de Ham (1949), As Aventuras de Tom Bombadil (1963), Smith of Wootton Major (1967) e Sobre Histórias de Fadas (1965) entre outros (vide Obra de Tolkien). O escritor então reforma-se e com a sua mulher muda para Bournemouth. Com a morte de sua esposa, a 19 de novembro de 1971, após 55 anos de casamento, Tolkien refugiou-se na solidão, num apartamento na Universidade de Oxford. Numa carta ao seu filho Christopher, John Ronald Reuel Tolkien escreveu, sobre a sua mulher Edith Bratt:
Cquote1.svg [...]o cabelo dela era preto e sedoso, a pele clara, os olhos mais brilhantes do que os que vocês viram, e sabia cantar… e dançar. Mas a história estragou-se, e eu fiquei para trás, e não posso suplicar perante o inexorável Mandos.[...]. Cquote2.svg
 Tolkien
No texto, Tolkien decide que no epitáfio de Edith estaria escrito Lúthien. Lúthien é uma personagem de "O Silmarillion" inspirada na esposa de Tolkien, como afirma o trecho da mesma carta:
Cquote1.svg É breve e simples [o epitáfio], a não ser por Lúthien, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien [...] Nunca chamei Edith de Lúthien, mas foi ela a fonte da história que, a seu tempo, se tornou parte de O Silmarillion. Cquote2.svg
 Tolkien
Lúthien era elfa, imortal, mas apaixona-se por um mortal, Beren. Ela então desiste da sua imortalidade. Ambos enfrentam muito para ficar juntos e, quando ele morre, Lúthien vai até os Palácios de Mandos, o guardião das Casas dos Mortos. Beren a aguardava nos Palácios, e ela canta diante de Mandos que, então, se comove, a única vez em toda sua existência, e permite que ambos voltem, como mortais. E assim foi. No túmulo, abaixo do nome Edith Tolkien está escrito Lúthien, que, nas histórias, é a mais bela das elfas, a mais bela dos Filhos de Ilúvatar. A história dos dois está contada na Balada de Leithian.
Em 1972, J. R. R. Tolkien recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Letras da Universidade de Oxford, e conseguiu o seu último e mais importante título: a Ordem do Império Britânico, dada pela Rainha Isabel II, uma das maiores honras britânicas. Era agora Sir John Ronald Reuel Tolkien.
No dia 28 de agosto de 1973 Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do outro dia foi internado, com uma úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se que tinha uma infeção no peito.
Aos 81 anos de idade, então, às primeiras horas de domingo, dia 2 de setembro de 1973, J. R. R. Tolkien morre na Inglaterra. Enterrado junto da esposa, no Cemitério de Wolvercote, no túmulo feito com granito da Cornualha, abaixo do seu nome há a inscrição Beren.