quarta-feira, abril 16, 2025

O mais mortífero acidente industrial nos Estados Unidos foi há 78 anos

O navio Wilson B. Keene semi-afundado após a segunda explosão
   
O Desastre de Texas City (Texas City Disaster) foi uma gigantesca explosão ocorrida na manhã de 16 de abril de 1947, no porto de Texas City, Estados Unidos, a qual causou a morte de 581 pessoas e devastou grande parte da cidade.
A explosão sucedeu-se depois de um incêndio a bordo do cargueiro francês, SS Grandcamp, atracado no porto, o qual estava carregado com 2.300 toneladas de nitrato de amónia que entraram em combustão, por causa do calor. Outro navio que se encontrava próximo, o SS High Flyer, igualmente carregado com aquele produto, também explodiu, gerando uma reação em cadeia, de incêndios e explosões, pelas várias refinarias e instalações petroquímicas situadas na área portuária da cidade.
A magnitude da explosão, ouvida a centenas de quilómetros de distância, foi tamanha que praticamente desintegrou os dois navios, danificou outros que se encontravam no porto, destruiu grande parte da cidade, principalmente o parque industrial petroquímico da Monsanto, bem como derrubou dois pequenos aviões que sobrevoavam a área.
Foi o mais mortífero acidente industrial na história norte-americana.
   
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Em suas análises, a Cruz Vermelha e o Departamento de Segurança Pública do Texas contabilizaram 405 mortos identificados e outros 63 que não puderam ser identificados. Outras 113 pessoas foram classificadas como "desaparecidas", uma vez que inúmeros fragmentos de órgãos humanos não puderam ser identificados, com as técnicas da época. Outras foram reduzidas a cinzas e nenhum traço identificável de seus restos mortais jamais foi encontrado.

À exceção de um homem, toda a corporação de bombeiros da cidade desapareceu na explosão (27 homens), assim como os três membros da brigada anti-incêndio da refinaria Republic. O único sobrevivente da guarnição, Fred Dowdy, havia permanecido na central, para coordenar e organizar a chegada dos bombeiros de outras cidades. No Grandcamp, apesar de a tripulação ter abandonado o navio durante o incêndio, a grande maioria permaneceu nas redondezas quando sobreveio a explosão, causando a morte de quase todos. Sabe-se que somente sete homens da tripulação sobreviveram.

A mortalidade também foi alta dentre os espectadores no cais, assim como na fábrica da Monsanto, onde houve 234 vítimas fatais, dentre 574 pessoas que lá se encontravam. No entanto, houve sobreviventes que se encontravam bem perto, cerca de 20 metros, do local da explosão.

As estimativas dos feridos são ainda menos precisas, mas estima-se que tenham sido feridas entre 2.000 e 3.500 pessoas. Sabe-se que 1.784 pessoas deram entrada em 21 hospitais da região, com ferimentos nos mais variados graus, dentre as quais, muitas crianças de escola, feridas por fragmentos de vidros e por escombros de prédios escolares situados a quase dois quilómetros de distância. É possível que outro tanto de pessoas tenha se ferido em menor grau, sem necessidade de atendimento especializado em hospitais.

Os corpos das vítimas rapidamente lotaram o necrotério local, tendo os demais corpos sido levados para o ginásio da escola secundária, para identificação por parentes. Dos corpos recuperados, grande parte estava irreconhecível, tendo sido necessária a ajuda de um sem número de agentes funerários, bem como de estudantes de odontologia, para ajudar na identificação dos mortos através de exames de arcada dentária. O trabalho de identificação continuou até meados de junho, sob coordenação do Gabinete de Identificação de Houston, da Secretaria de Segurança Pública, e do poder judiciário local.

As 63 vítimas não identificadas foram sepultadas a 22 de junho num parque memorial na parte norte da cidade, perto do Lago Moses, em uma pomposa cerimónia que foi assistida por quase cinco mil pessoas.


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