Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – Clifton, Bristol, 5 de
fevereiro de 1863) foi oficial da marinha real britânica,
notabilizando-se pelos seus trabalhos hidrográficos, tendo participado
em expedições destinadas a cartografar os
Grandes Lagos canadianos (1815), a costa de
África:1822 –
África do Sul; 1822-1824 – costa oriental até
Zanzibar e às
Seychelles; 1824 – costa ocidental até à
Gâmbia; 1835-1838 –
Madeira e costa ocidental de África; e os
Açores (1841 e 1845).
Biografia
A. T. E. Vidal nasceu em
1792, o filho mais novo de Emeric Vidal, também oficial da Royal Navy.
Assentou praça como voluntário no HMS
Illustrious a 1 de dezembro de 1803, permanecendo naquele navio até 1805. terminado o seu
tirocínio no mar, inscreveu-se no Royal Naval College, em
Portsmouth, instituição que frequentou entre 22 de maio de 1807 e outubro de 1809.
Terminado o curso, embarcou como guarda-marinha no HMS Lavinia
em novembro de 1809, nele permanecendo até 1812. Entre este ano e 1814,
passou por diversas unidades navais, tendo-se dedicado à navegação e à
hidrografia.
Promovido a tenente a 6 de fevereiro de 1815, parte a bordo do HMS
Niobe numa missão hidrográfica destinada ao levantamento dos
Grandes Lagos canadianos, missão em que permanece de fevereiro a novembro desse ano.
Serviu no HMS Levin, sob o comando de Owen, na expedição
hidrográfica à costa de África (Levin e Barracouta, 1822; Table Bay,
1822-1824; costa oriental de África até Zanzibar e as Seychelles, 1825;
costa ocidental de África, até à Gâmbia, 1818 - 1823).
Assumiu funções de comando a
15 de maio de
1823 no HMS
Barracouta. Foi promovido a capitão (
captain) da Royal Navy a 4 de outubro de 1825.
Durante um curto período em 1831 comandou o HMS Pike. Nomeado para o comando do HMS Aetna, levou a cabo uma missão hidrográfica na costa ocidental de África de 1835 a 1838.
Comandou o HMS Styx no levantamento hidrográfico dos Açores de 15 de setembro de 1841 a janeiro de 1845.
Comandou o iate William and Mary de 7 de janeiro de 1845 a 1846.
Levantamento hidrográfico dos Açores
Comandando o vapor de rodas HMS
Styx, foi encarregue em 1841 pelo almirantado britânico de proceder ao levantamento hidrográfico do arquipélago dos
Açores.
Os trabalhos de campo prolongaram-se de setembro de 1841 a 1845. As
cartas resultantes desse levantamento foram as primeiras a representar o
arquipélago com rigor, permanecendo em uso quase um século.
Serviram de base a várias edições, incluindo pelo menos uma da
responsabilidade da Armada portuguesa. Na literatura de temática
açoriana aparecem frequentes referências a estas cartas e ao seu autor,
normalmente referido como "Capitão Vidal" ou "A. T. E. Vidal".
Para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, as
expedições do Capitão Vidal permitiram a realização de alguns estudos de
história natural. Entre os estudos realizados, contam-se os trabalhos
de herborização e pesquisa botânica de
Hewett Cottrell Watson,
levados a cabo durante a campanha que teve lugar de maio a setembro de
1842. Tais trabalhos originaram a publicação de várias listas das
plantas existentes nos Açores, posteriormente consolidadas no capítulo
sobre botânica intitulado
Botany of the Azores, escrito por Watson, e inserto na obra
Natural History of the Azores or Western Islands, editada em
1870 por
Frederick du Cane Godman.
Em honra do Capitão Vidal,
Hewett Cottrell Watson propôs a criação do género
Vidalia, no qual incluiu a margarida endémica açoriana
Bellis azorica Hochstetter ex Seubert, e atribuiu o nome de
Campanulla vidalii Watson (E. C. Watson, in Hookers’s Icones Pl.: t. 684) à atual
Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer.
Apesar de trabalhos posteriores não terem confirmado a validade sistemática do género
Vidalia, a homenagem a Vidal teve êxito, já que a
Azorina vidalii
(H.C.Watson) Feer, espécie única do único género endémico de plantas
dos Açores, é hoje a mais conhecida das endémicas açorianas, sendo
cultivada pelas suas vistosas flores e comercializada como
vidalia (ou
vidália) nos mercados internacionais de flores e sementes.