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quarta-feira, abril 09, 2025

O Abade de Baçal nasceu há cento e sessenta anos...

(imagem daqui)
 
Francisco Manuel Alves, mais conhecido como Abade de Baçal, (Baçal, 9 de abril de 1865 - Baçal, 13 de novembro de 1947) foi um arqueólogo, historiador e genealogista português.
Nascido numa aldeia do concelho de Bragança, onde nasceram também os seus pais, Francisco Alves Barnabé e a sua mulher, Francisca Vicente, foi ordenado sacerdote em 13 de junho de 1889 e, desde então, até à sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.
Dedicou a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes e, especialmente ao distrito de Bragança. Autodidata erudito, rústico e pitoresco, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de sistematização e poder interpretativo.
A sua obra principal são as Memórias arqueológicas-históricas do distrito de Bragança (1909-1947), em onze volumes.
Em 1925 foi nomeado diretor-conservador do Museu Regional de Bragança, que desde 1935 é designado por Museu do Abade de Baçal em sua homenagem.
No quinto volume da sua obra-prima, dedicado aos Judeus, constam os seus títulos:  
Reitor de Baçal, Antigo Vereador da Câmara Municipal de Bragança, Antigo Vogal à Junta Geral do Distrito do mesmo nome, Sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos, do Instituto de Coimbra, da Academia das Ciências de Lisboa, do Instituto Etnológico da Beira, do Instituto Histórico do Minho, Presidente Honorário do Instituto Científico-Literário de Trás os Montes, Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de S. Tiago do Mérito Científico, Literário e Artístico, em atenção às suas qualidades de escritor reveladas na obra "Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança", distinguido pelo Clero Bragançano com a oferta dum cálix de valor artístico, com uma pena de ouro e um tinteiro no mesmo metal de alto valor artístico por oferta do Distrito de Bragança em reconhecimento dos seus trabalhos de investigação histórica em prol do mesmo, pedaço de asno se acredita que estas honrarias douram a sua muita ignorância, e ainda, ultimamente, Diretor-Conservador do Museu Regional de Bragança.

sábado, abril 05, 2025

É bonito quando a Geologia e a Arqueologia se juntam...

“Braço perdido” do Nilo resolve dilema milenar sobre pirâmides do Egito


Pirâmides do Egito

 

 Uma novo estudo veio reforçar a importância do Nilo – quer por via direta quer por ramificações – na construção das pirâmides do Egito. Afinal, não há mesmo Pirâmides sem Nilo.

Como é que dezenas de pirâmides egípcias foram construídas ao longo da orla do deserto ocidental do Egito, a vários quilómetros de distância do Nilo, é (ou era) um dilema “antigo”.

Vários estudos já tinham teorizado que, para transportar os recursos necessários para a construção destas pirâmides, o rio Nilo deveria ter tido uma ramificação que passava pelos locais de construção.

Apenas tal hipótese poderia explicar porque é que pirâmides – nomeadamente a famosa Grande Pirâmide de Gizé – estão agrupadas numa fina faixa de terra árida e inóspita.

Para estudar tal teoria, um grupo de investigadores da Universidade Macquarie em Sydney (Austrália) analisou imagens de satélite e outros dados sobre a elevação do terreno na região.

As conclusões do estudo, publicado o ano passado na Communications Earth & Environment, indicaram que depressões encontradas na paisagem sugerem que o antigo canal de água se estendeu 64 quilómetros para lá dos campos das pirâmides, entre a cidade de Gizé, a norte, e a aldeia de Lisht, a sul.

Os investigadores recolheram amostras de solo e de sedimentos ao longo do seu trajeto e descobriram um leito de areia escondido sob o que é agora terra agrícola ou deserto.

“Calculámos que tinha cerca de 200 a 700 metros de largura e pelo menos 8 metros de profundidade no seu ponto mais profundo”, revelou o líder da investigação, Timothy Ralph, citado pela New Scientist.

A mesma revista detalha que as calçadas encontradas à volta das pirâmides parecem terminar nas margens deste antigo braço do Nilo.

Estas evidências são, muito provavelmente, a confirmação de que o canal de água foi utilizado para transportar materiais de construção há milhares de anos.

O antigo “braço do Nilo” – apelidado de braço de Ahramat”, que significa pirâmide em árabe – acabou por secar depois de uma seca severa ter atingido aquela região há cerca de 4200 anos.

 

in ZAP

O (quinto) Conde de Carnarvon morreu há 102 anos...


George Edward Stanhope Molyneux Herbert, 5th Earl of Carnarvon (Mayfair, London, 26 June 1866 – Cairo, 5 April 1923), styled Lord Porchester until 1890, was an English aristocrat best known as the financial backer of the search for and the excavation of Tutankhamun's tomb in the Valley of the Kings.
  
Exceedingly wealthy, Carnarvon was at first best known as an owner of racehorses and a reckless driver of early automobiles, suffering in 1901 a serious motoring accident near Bad Schwalbach in Germany which left him significantly disabled. In 1902, he established Highclere Stud to breed thoroughbred racehorses. In 1905, he was appointed one of the Stewards at the new Newbury Racecourse. His family has maintained the connection ever since. His grandson, the 7th Earl, was racing manager to Queen Elizabeth II from 1969, and one of Her Majesty's closest friends.

Styled Lord Porchester from birth, he was born at the family seat, Highclere Castle, in Hampshire, the only son of Henry Herbert, 4th Earl of Carnarvon, a distinguished Tory statesman, by his first wife Lady Evelyn Stanhope, daughter of George Stanhope, 6th Earl of Chesterfield. Aubrey Herbert was his half-brother. He was educated at Eton and Trinity College, Cambridge, succeeding his father in the earldom in 1890.
  
     
Egyptology
Lord Carnarvon was an enthusiastic amateur Egyptologist, undertaking in 1907 to sponsor the excavation of nobles' tombs in Deir el-Bahri (Thebes). Howard Carter joined him as his assistant in the excavations. It is now established that it was Gaston Maspero, then Director of the Antiquities Department, who proposed Carter to Lord Carnarvon. He received in 1914 the concession to dig in the Valley of the Kings, in replacement of Theodore Davis who had resigned. In 1922, he and Howard Carter together opened the tomb of Tutankhamun in the Valley of the Kings, exposing treasures unsurpassed in the history of archaeology
    
Family
Lord Carnarvon married Almina Victoria Maria Alexandra Wombwell, daughter of millionaire banker Alfred de Rothschild, at St. Margaret's Church, Westminster, on 26 June 1895. They had two children:
Some of Carnarvon's modern relatives (George Herbert, 8th Earl of Carnarvon and his family), who still live in England, own Highclere Castle, which was the film location of the famous television series, Downton Abbey.
   
Death - The Mummy's Curse
On 25 March 1923 Carnarvon suffered a severe mosquito bite infected by a razor cut. On 5 April, he died in the Continental-Savoy Hotel in Cairo. This led to the story of the "Curse of Tutankhamun", the "Mummy's Curse". His death is most probably explained by blood poisoning (progressing to pneumonia) after accidentally shaving a mosquito bite infected with erysipelas. Carnarvon's tomb, appropriately for an archaeologist, is located within an ancient hill fort overlooking his family seat at Beacon Hill, Burghclere, Hampshire. Carnarvon was survived by his wife Almina, who re-married, and their two children.
   

domingo, março 16, 2025

Mais dados sobre o Menino do Lapedo...

O “Menino do Lapedo” foi finalmente datado

 

Menino do Lapedo, reconstituição


Descoberto em Portugal em 1998, o “Menino do Lapedo” deixou os cientistas perplexos durante muito tempo, graças a uma curiosa mistura de caraterísticas. Agora, o esqueleto misterioso da criança com traços de homo sapiens e neandertal foi finalmente datado por arqueólogos.

Em 1998, os arqueólogos descobriram os restos do esqueleto de uma criança no Lagar Velho, no Vale do Lapedo, situado na freguesia de Santa Eufémia, distrito de Leiria.

Quando a equipa examinou mais de perto os ossos manchados de ocre, ficou surpreendida ao descobrir que a “criança do Lapedo” tinha uma mistura de caraterísticas neandertais e humanas.

Utilizando a datação por radiocarbono, os arqueólogos tentaram descobrir quando é que a criança tinha sido enterrada, mas não conseguiram determinar um período de tempo fiável - apenas que teria sido há cerca de 30 mil anos.

Agora, usando um novo método de datação, um grupo internacional de investigadores - incluindo o arqueólogo João Zilhão e a antropóloga Cidália Duarte, membros da equipa que originalmente tinha encontrado os ossos - deduziu que a criança foi enterrada entre 27.780 e 28.550 anos atrás.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado na sexta-feira na revista Science Advances.

“Ser capaz de datar a criança com sucesso foi como devolver-lhe um pequeno pedaço da sua história, o que é um enorme privilégio”, diz Bethan Linscott, geoquímica da Universidade de Miami e co-autora do estudo, à Associated Press.

O novo intervalo de datas contribui para o crescente conhecimento dos cientistas sobre a relação entre o Homo sapiens e os Neandertais. O ADN antigo indica que as duas espécies se cruzaram durante milhares de anos, antes de os Neandertais desaparecerem, há cerca de 40.000 anos.

Os cientistas há muito que se interrogam sobre a curiosa mistura de traços humanos e neandertais da criança de Lapedo.

O esqueleto tinha, na sua maioria, caraterísticas humanas, mas também apresentava as proporções do corpo, a mandíbula e o osso occipital na parte de trás do crânio, caraterísticos dos Neandertais.

 


 

 

 
Posição das amostras datadas e recriação imaginada do enterramento
 

Na altura da descoberta do esqueleto, a ideia de que os humanos e os Neandertais se tinham hibridizado não era corrente; o genoma Neandertal só foi sequenciado mais de uma década depois, revelando como os humanos modernos têm quantidades variáveis de ADN Neandertal.

No seu estudo original de 1999, os investigadores sugeriram que a criança Lapedo era descendente de humanos e Neandertais que se tinham cruzado muito antes.

A ideia de que um humano e um Neandertal se hibridizaram diretamente para dar à luz a criança é complicada pela cronologia conhecida da extinção do Neandertal: a espécie tinha desaparecido em grande parte mais de 10.000 anos antes de a criança Lapedo viver, embora os Neandertais tenham desaparecido em alturas diferentes por toda a Europa.

“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas quando expusemos o esqueleto completo vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explicou em 2023 João Zilhão, que liderou a equipa que em 1998 encontrou os ossos.

“A única coisa que poderia explicar essa combinação de características é que a criança era, de facto, evidência de que os neandertais e os humanos modernos se cruzaram”, detalhou o investigador da Universidade de Lisboa.

A nova cronologia estabelecida para a vida da criança fornece informações adicionais que os arqueólogos podem agora tomar em conta enquanto tentam desvendar os mistérios associados aos restos mortais, e oferecer novos conhecimentos sobre a sobreposição entre humanos e neandertais, bem como pistas sobre o eventual desaparecimento dos neandertais.

“A confirmação adicional da idade do sítio permite-nos compreender melhor, com base na morfologia, como se pode ter desenrolado o processo de substituição dos Neandertais pelo Homo sapiens”, diz Adam Van Arsdale, paleoantropólogo do Wellesley College que não esteve envolvido no estudo, ao Live Science.

Para determinar a idade da criança, os cientistas extraíram um aminoácido específico chamado hidroxiprolina do colagénio dos ossos. Esta técnica é boa para datar amostras arqueológicas contaminadas, como a criança Lapedo, explica Linscott.

A hidroxiprolina é rara na natureza e funciona essencialmente como uma “impressão digital” do colagénio, pelo que, ao datar a hidroxiprolina, podemos ter a certeza de que o carbono que estamos a datar provém diretamente do osso e não de contaminação”, detalha a arqueóloga.

A equipa utilizou a mesma técnica para datar outros artefactos encontrados na sepultura da criança, incluindo ossos de coelho, ossos de veado vermelho e carvão vegetal.

A análise sugere que o carvão e os ossos de veado vermelho eram muito mais velhos do que a criança e provavelmente já estavam no local quando a criança foi enterrada ou foram usados para posicionar o corpo dentro da cova.

Os ossos de coelho, pelo contrário, parecem ter sido colocados no local ao mesmo tempo que a criança, possivelmente como uma oferenda funerária.

Os humanos pré-históricos utilizaram o local durante cerca de 300 anos como local de abate e processamento de carcaças de animais. Mas após o enterro da criança, o local foi abandonado por mais de 2.000 anos.

Os cientistas não sabem bem porquê, mas dizem que a morte da criança terá tido um papel importante. “Talvez o acontecimento da morte tenha feito com que o local se tornasse tabu e uma regra social para o evitar tenha sido posta em prática até que a memória do acontecimento se desvanecesse”, conclui João Zilhão ao IFLS.

Mais de 25 anos depois da sua descoberta, o esqueleto do “Menino do Lapedo”, que em 2021 foi classificado como Tesouro Nacional, permanece depositado no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa - estando ainda por decidir se algum dia será exposto ao público.

 

in ZAP

domingo, março 09, 2025

Francisco Martins Sarmento nasceu há 192 anos

  
Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento (Guimarães, 9 de março de 1833 - Guimarães, 9 de agosto de 1899) foi um notável arqueólogo e escritor português.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, dedicou-se com grande paixão ao estudo da arqueologia. Fez a exploração intensa e metódica da citânia de Briteiros e Sabroso, perto de Guimarães (1874-1879), junto à Casa da Ponte, onde morou.
Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista O Pantheon (1880 - 1881) e no semanário Branco e Negro (1896 - 1898).
Entre as suas obras contam-se: Os Argonautas; Ora Marítima; Lusitanos, Lígures e Celtas.
No museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, conserva-se uma grande parte dos objetos arqueológicos por si encontrados.
     
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terça-feira, março 04, 2025

Champollion morreu há 193 anos...

 
Jean-François Champollion (Figeac, 23 de dezembro de 1790 - Paris, 4 de março de 1832) foi um linguista e egiptólogo francês. Considerado o pai da egiptologia, deve-se-lhe a decifração dos hieróglifos egípcios.
 
 
Pedra de Roseta

domingo, março 02, 2025

O arqueólogo Howard Carter morreu há 86 anos...

 
Howard Carter (Kensington, 9 de maio de 1874 - Londres, 2 de março de 1939) foi um arqueólogo e egiptólogo britânico que ficou conhecido por ter descoberto o túmulo do faraó Tutankhamon, no Vale dos Reis (datado do século XIV a.C.)

   

  

Biografia

Howard Carter nasceu em Londres, Inglaterra, e era filho de Samuel John Carter, um artista que treinou e desenvolveu os talentos artísticos do filho, e de sua mulher Martha Joyce Sands.

Em 1891, aos 17 anos, foi convidado pelo Fundo de Exploração Egípcia para se tornar assistente de Percy Newberry na escavação e nos registos arqueológicos dos túmulos do Império Médio, encontrados em Beni Haçane. Embora ainda jovem, foi inovador nos métodos de transcrição das decorações dos túmulos. Em 1892, Howard Carter trabalhou sob a tutela de Flinders Petrie, um dos mais importantes arqueólogos britânicos, por uma época em Amarna, a capital fundada pelo faraó Aquenáton. Entre 1894 e 1899 juntou-se à equipa de Édouard Naville em Deir Elbari, onde era responsável por registar os relevos de parede do templo de Hatexepsute.

Em 1899, Carter tornou-se no primeiro inspetor-chefe do Serviço das Antiguidades Egípcias, fundado por Auguste Mariette em 1858. Durante este período, supervisionou várias escavações em Tebas Antiga (também conhecida por Luxor), quando foi transferido em 1904 para a Fiscalização do Baixo Egito. Em 1905 demitiu-se do seu cargo no Serviço das Antiguidades Egípcias, após um inquérito sobre um incidente (conhecido como o Saqqara Affair) que envolveu guardas locais egípcios e um grupo de turistas franceses, no qual ele apoiou os egípcios.

 

Túmulo de Tutancâmon

Em 1907 Carter foi contratado por Lorde Carnarvon para supervisionar as escavações que ele financiava no Egito. Estes trabalhos prosseguiram no Vale dos Reis até 1914, quando precisaram ser interrompidos por causa da Primeira Guerra Mundial. Em 1917, as escavações foram retomadas. Porém, depois de vários anos de buscas infrutíferas, em 1922 Carnarvon avisou Carter de que financiaria apenas mais um ano de pesquisas pela tumba que procurava. 
Em 4 de novembro de 1922, o grupo de escavação de Carter encontrou os degraus que levavam à tumba. Ele então avisou Carnarvon da descoberta e esperou que ele viesse até ao local das escavações. Então, em 26 de novembro de 1922, na presença de Lorde Carnarvon, da filha de Carnarvon e de algumas outras pessoas, Howard Carter abriu uma pequena brecha no canto superior esquerdo da porta de entrada, espaço suficiente para que a luz de uma vela pudesse revelar que muitos tesouros de ouro e marfim estavam intactos. Era uma antecâmara, de onde podia se ver uma promissora porta selada, guardada por duas estátuas sentinelas. Quando Carnarvon lhe perguntou se estava vendo alguma coisa, Carter proferiu sua célebre frase: "Yes, wonderful things" ou "Sim, coisas maravilhosas".  

Os meses seguintes foram gastos no inventário de todo o imenso conteúdo desta antecâmara da tumba, sob cuidadosa supervisão das autoridades egípcias, pois apenas em presença delas é que se podia abrir oficialmente uma tumba. O Diretor Geral do Departamento de Antiguidades do Egito, Pierre Lacau supervisionou pessoalmente a atuação da equipa britânica.

Finalmente, em 16 de fevereiro de 1923, Carter pôde abrir a porta selada, descobrindo que ela levava a uma câmara onde o faraó havia sido sepultado. Foi então que descobriram o sarcófago de Tutancâmon. Este túmulo é, de longe, o mais intacto e preservado descoberto em todo o Vale dos Reis, de elevado valor histórico e arqueológico. A imprensa mundial cobriu estes feitos e as reportagens fizeram de Howard Carter uma celebridade.

A exploração do túmulo e a catalogação de seus milhares de objetos prosseguiu até 1932. 

 

Morte

Carter morreu da doença de Hodgkin aos 64 anos, noseu apartamento em Londres, em 49 Albert Court, ao lado do Royal Albert Hall, a 2 de março de 1939. Ele foi enterrado no Putney Vale Cemetery em Londres, em 6 de março, com nove pessoas comparecendo ao seu funeral.

O seu amor pelo Egito permaneceu forte; o epitáfio em sua lápide diz: "Que seu espírito viva, que você passe milhões de anos, você que ama Tebas, sentado com seu rosto ao vento norte, seus olhos contemplando a felicidade", uma citação tirada do Cálice dos Desejos de Tutancâmon, e "Ó noite, abre tuas asas sobre mim como as estrelas imperecíveis".

O inventário foi concedido em 5 de julho de 1939 ao egiptólogo Henry Burton e ao editor Bruce Sterling Ingram. Carter é descrito como Howard Carter de Luxor, Alto Egito, África, e de 49 Albert Court, Kensington Grove, Kensington, Londres. Seu património foi avaliado em £ 2 002 (equivalente a £ 132.051 em 2021). A segunda concessão de inventário foi emitida no Cairo em 1 de setembro de 1939. No seu papel como executor, Burton identificou pelo menos 18 itens na coleção de antiguidades de Carter que haviam sido retirados do túmulo de Tutancâmon sem autorização. Como este era um assunto sensível que poderia afetar as relações anglo-egípcias, Burton procurou conselhos mais amplos, finalmente recomendando que os itens fossem discretamente apresentados ou vendidos para o Metropolitan Museum of Art, com a maioria eventualmente indo para lá ou para o Museu Egípcio no Cairo. Os itens do Metropolitan Museum foram posteriormente devolvidos ao Egito.

     

domingo, fevereiro 16, 2025

A câmara funerária de Tutankhamon foi aberta há cento e dois anos...

 

Tutancámon, também conhecido pela grafia Tutankhamon (falecido em 1.324 a.C.), foi um faraó do Antigo Egito que faleceu ainda na adolescência.
Era filho e genro de Aquenáton (o faraó que instituiu o culto de Aton, o deus Sol) e filho de Kiya, uma esposa secundária do seu pai. Casou-se aos 8 anos, provavelmente com a sua meia-irmã, Anchesenamon. Assumiu o trono quando tinha cerca de nove anos, restaurando os antigos cultos aos deuses e os privilégios do clero (principalmente o do deus Amon de Tebas). Morreu, provavelmente, em 1.324 a.C., aos dezanove anos, sem herdeiros - com apenas nove anos de trono - "o que levou especialistas a especularem sobre a hipótese de doenças hereditárias na família real da XVIII dinastia egípcia", na opinião de Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.
Devido ao facto de ter falecido tão novo, o seu túmulo não foi tão sumptuoso quanto o de outros faraós, mas mesmo assim é o que mais fascina a imaginação moderna pois foi uma das raras sepulturas reais encontradas quase intacta. Ao ser aberta, em 1923, ainda continha peças de ouro, tecidos, mobília, armas e textos sagrados que revelam muito sobre o Egito de três milénios atrás.
  
(...)
  
Em novembro de 1922 foi descoberto o túmulo de Tutancámon, resultado dos esforços de Howard Carter e do seu mecenas, o aristocrata Lord Carnarvon. O túmulo encontrava-se inviolado, com exceção da antecâmara onde os ladrões penetraram por duas vezes, talvez pouco tempo depois do funeral do rei, mas por razões pouco claras ficaram-se por ali.
A câmara funerária foi aberta, de forma oficial, no dia 16 de fevereiro de 1923. Estava preenchida por quatro capelas em madeira dourada encaixadas umas nas outras, que protegiam um sarcófago em quartzito de forma retangular, seguindo a tradição da forma dos sarcófagos da XVIII dinastia. Em cada um dos cantos do sarcófago estão representadas as deusas Ísis, Néftis, Neith e Selket. Dentro do sarcófago encontravam-se três caixões antropomórficos, encontrando-se a múmia no último destes caixões; sobre a face a múmia tinha a famosa máscara funerária. Decorados com os símbolos da realeza (a cobra e o abutre, símbolos do Alto e do Baixo Egito, a barba postiça retangular e ceptros reais), o peso dos três caixões totalizava 1375 quilos, sendo o terceiro caixão feito de ouro. Na câmara funerária foram colocadas também três ânforas, estudadas, em 2004 e 2005, por arqueólogos espanhóis, coordenados por Rosa Lamuela-Raventós. Os estudos revelaram que a ânfora junto à cabeça continha vinho tinto, a colocada do lado direito do corpo continha shedeh (variedade de vinho tinto mais doce) e a terceira, junto aos pés, continha vinho branco. Esta pesquisa revelou-se importante pois mostrou que os egípcios fabricavam vinho branco, mil e quinhentos anos antes do que se pensava.
A lâmina de uma das adagas encontradas junto da múmia era feita com o metal de um meteorito.
Na câmara do tesouro estava uma estátua de Anúbis, várias joias, roupas e uma capela, de novo em madeira dourada, onde foram colocados os vasos canópicos do rei. Neste local foram achadas duas pequenas múmias correspondentes a dois fetos do sexo feminino, que se julgam serem as filhas do rei, nascidas de forma prematura.
Embora os objetos encontrados no túmulo não tenham lançado luz sobre a enigmática vida de Tutancámon, revelaram-se bastante importantes para um melhor entendimento das práticas funerárias e da arte egípcia.
    
   
in Wikipédia

quarta-feira, fevereiro 05, 2025

O Museu Hermitage abriu há 173 anos

  
The New Hermitage was opened to the public on 5 February 1852. In the same year the Egyptian Collection of the Hermitage Museum emerged, and was particularly enriched by items given by the Duke of Leuchtenberg, Nicholas I's son-in-law. Meanwhile in 1851–1860, the interiors of the Old Hermitage was redesigned by Andrei Stackensneider to accommodate the State Assembly, Cabinet of Ministers and state apartments. Andrei Stakenschneider created the Pavilion Hall in the Northern Pavilion of the Small Hermitage in 1851–1858.
  
       
in Wikipedia

quinta-feira, dezembro 26, 2024

Heinrich Schliemann, o homem que redescobriu Troia, morreu há 134 anos


Heinrich Schliemann (Neubukow, Mecklemburgo-Schwerin, 6 de janeiro de 1822 - Nápoles, 26 de dezembro de 1890) foi um arqueólogo clássico alemão, um defensor da realidade histórica dos topónimos mencionados nas obras de Homero e um importante descobridor de sítios arqueológicos micénicos, como Troia e a própria Micenas. Nos anos 1870, Schliemann viajou pela Anatólia e escavou o sítio arqueológico do Hisarlik, revelando várias cidades construídas em sucessão a cada outra. Uma das cidades descobertas por Schliemann, nomeada Troia VII, é frequentemente identificada com a Troia homérica. 

  


Máscara de Agamemnon - Museu Arqueológico Nacional de Atenas

 

Infância e juventude

Filho de um pastor protestante alemão, Schliemann, desde criança, era fascinado pelas obras de Homero e tinha extrema fé de que Troia existira de facto. Estuda até aos seus catorze anos, quando então começa a trabalhar como aprendiz numa loja. Em 1841, embarcou para Hamburgo, mais tarde para a Venezuela, e retornou à Europa (Amesterdão).

 

Autodidata

Em 1846, com vinte e quatro anos de idade mudou-se para São Petersburgo, Rússia, onde trabalhou como correspondente e guarda-livros, levando seis semanas, por meio do seu próprio método, a aprender o russo.

Um ano depois fundava a sua própria casa comercial, à custa de tempo e trabalho. Neste tempo aprendeu novos idiomas, passando a dominar então nove línguas além da sua língua natal, o alemão: inglês, francês, holandês, espanhol, português, italiano, russo, sueco e polaco.

 

segunda-feira, dezembro 23, 2024

Jean-François Champollion nasceu há 234 anos

     
Jean-François Champollion (Figeac, 23 de dezembro de 1790 - Paris, 4 de março de 1832) foi um linguista e egiptólogo francês. Considerado o pai da egiptologia, deve-se-lhe a decifração dos hieróglifos egípcios.

Nascido no departamento de Lot, na França, ainda criança mostrou um extraordinário talento linguístico.
Com dezasseis anos já dominava uma dúzia de línguas, e com vinte anos dominava o latim, grego, hebreu, amárico, sânscrito, avestan, pahlavi, árabe, siríaco, caldeu, persa e chinês, sem contar o francês. Estudou com Antoine-Isaac Silvestre de Sacy.
Em 1809 torna-se professor de História em Grenoble. O seu interesse pelas línguas orientais, especialmente o copta, levou-o a se dedicar à tarefa de decifrar os escritos da então recém-descoberta Pedra de Rosetta, e ele passou os anos de 1822 a 1824 envolvido nesta tarefa, expandindo enormemente os trabalhos de Thomas Young nesta área, que foi a chave para o estudo da Egiptologia.
Morreu em 4 de março de 1832 e encontra-se sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, Paris.
  
Pedra de Roseta

quarta-feira, novembro 13, 2024

O Abade de Baçal morreu há 77 anos...

      
Francisco Manuel Alves, mais conhecido como Abade de Baçal, (Baçal, 9 de abril de 1865 - Baçal, 13 de novembro de 1947) foi um arqueólogo, historiador e genealogista português.
Nascido numa aldeia do concelho de Bragança, onde nasceram também os seus pais, Francisco Alves Barnabé, e sua mulher, Francisca Vicente, foi ordenado sacerdote em 13 de junho de 1889, desde então, até à sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.
Dedicou a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes e, especialmente, ao distrito de Bragança. Autodidata erudito, rústico e pitoresco, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de sistematização e poder interpretativo.
A sua obra principal são as Memórias arqueológicas-históricas do distrito de Bragança (1909-1947), em onze volumes.
Em 1925 foi nomeado diretor-conservador do Museu Regional de Bragança, que, desde 1935, é designado por Museu do Abade de Baçal, em sua homenagem.
No quinto volume da sua obra-prima, dedicado aos Judeus, constam os seus títulos:  
Reitor de Baçal, Antigo Vereador da Câmara Municipal de Bragança, Antigo Vogal à Junta Geral do Distrito do mesmo nome, Sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos, do Instituto de Coimbra, da Academia das Ciências de Lisboa, do Instituto Etnológico da Beira, do Instituto Histórico do Minho, Presidente Honorário do Instituto Científico-Literário de Trás os Montes, Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de S. Tiago do Mérito Científico, Literário e Artístico, em atenção às suas qualidades de escritor reveladas na obra "Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança", distinguido pelo Clero Bragançano com a oferta dum cálix de valor artístico, com uma pena de ouro e um tinteiro no mesmo metal de alto valor artístico por oferta do Distrito de Bragança em reconhecimento dos seus trabalhos de investigação histórica em prol do mesmo, pedaço de asno se acredita que estas honrarias douram a sua muita ignorância, e ainda, ultimamente, Diretor-Conservador do Museu Regional de Bragança.
       

sexta-feira, agosto 09, 2024

Francisco Martins Sarmento morreu há 125 anos...

     
Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento (Guimarães, 9 de março de 1833 - Guimarães, 9 de agosto de 1899) foi um notável arqueólogo e escritor português.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, dedicou-se com grande paixão ao estudo da arqueologia. Fez a exploração intensa e metódica da citânia de Briteiros e Sabroso, perto de Guimarães (1874-1879), junto à Casa da Ponte, onde morou.
Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista O Pantheon (1880 - 1881) e no semanário Branco e Negro (1896 - 1898).
Entre as suas obras contam-se: Os Argonautas; Ora Marítima; Lusitanos, Lígures e Celtas.
No museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, conserva-se uma grande parte dos objetos arqueológicos por si encontrados.
   

quarta-feira, agosto 07, 2024

A gastronomia neandertal alvo de estudo...

Arqueólogas portuguesas desvendam os segredos da cozinha à la Neandertal

 

 

Mariana Nabais depena uma ave com técnicas neandertais. Foi mais difícil do que parecia…

 

Três arqueólogas, incluindo as portuguesas Marina Igreja e Mariana Nabais, tentaram reproduzir os antigos métodos usados pelos Neandertais para cozinhar aves e assim compreenderem melhor a dieta destes humanos primitivos.

O que é que os Neandertais gostavam de comer? Os arqueólogos que estudam os nossos primos extintos fazem esta pergunta muitas vezes.

Mas descobrir detalhes sobre a dieta dos Neandertais é muito parecido com vasculhar os caixotes do lixo do vizinho - estudando cuidadosamente os ossos e utensílios de abate que usavam, em sítios onde se sabe que estas populações viviam.

Nos últimos anos, diferentes estudos foram apresentando resultados divergentes sobre os hábitos alimentares do Neandertais: em 2014, consumiam mais vegetais do que se pensava; eram pescadores; mas a carne fresca era a base da sua dieta; eram carnívoros, mas odiavam sangue e ossos.

Agora, uma equipa de arqueólogas, incluindo as investigadores portuguesas Marina Igreja e Mariana Nabais, do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, tentaram cozinhar pratos neandertais - para melhor compreender a sua dieta.

A equipa incluiu também Anna Rufà Bonache, investigadora do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Universidade do Algarve.

Os resultados do estudo foram publicados esta quarta-feira na revista Frontiers in Environmental Archaeology.

As autoras testaram métodos de preparação de alimentos que os Neandertais poderiam ter usado para verificarem que vestígios deixariam nos ossos das aves, e como se comparavam com danos causados por processos naturais ou por ação de outros animais.

Durante a experiência, a equipa confrontou-se com dificuldades imprevistas, como utilizar lascas de sílex para cortar carne. A borda das lascas era mais afiada do que as investigadoras pensavam, o que exigiu a sua manipulação com cuidado para fazer cortes precisos sem causar ferimentos nas mãos.

As arqueólogas utilizaram cinco aves selvagens que morreram de causas naturais no Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, em Gouveia: dois corvos, duas rolas-turcas e um pombo-torcaz, espécies semelhantes às consumidas pelos Neandertais.

A equipa selecionou métodos culinários a partir de provas arqueológicas e dados etnográficos. Todas as aves foram depenadas à mão.

O corvo e uma rola-turca foram esquartejados em cru com uma lasca de sílex e as restantes aves foram assadas sobre brasas e depois desmembradas.

Posteriormente, as arqueólogas limparam e secaram os ossos e examinaram-nos ao microscópio à procura de marcas de cortes, fraturas e queimaduras, tendo analisado a lasca de pedra usada para procurar sinais de desgaste.

Os cortes feitos para extrair a carne das aves cruas não deixaram marcas nos ossos, mas os dirigidos aos tendões criaram marcas semelhantes às dos ossos de aves encontrados em sítios arqueológicos.



Ossos recuperados das aves cozinhadas “À la Neandertal”

 

Os ossos das aves assadas eram mais quebradiços e quase todos apresentavam queimaduras compatíveis com a exposição ao calor. As manchas negras no interior de alguns ossos sugerem que o conteúdo da cavidade interna também tinha sido queimado.

Segundo o estudo, estes indícios lançam luz sobre como a preparação dos alimentos dos Neandertais pode ter funcionado e quão visível pode ser essa preparação no registo arqueológico.

Embora o acesso à carne seja facilitado quando é assada, a maior fragilidade dos ossos leva a que não sejam encontrados pelos arqueólogos durante as escavações.

As autoras do trabalho ressalvam que a investigação feita deve ser aprofundada com estudos que incluam mais espécies de presas pequenas, para se compreender melhor o regime alimentar dos Neandertais.

Estes hominídeos, sobreviviam à custa da caça e da recolha de vegetais e frutos, e dominavam o fogo. Surgiram há cerca de 230 mil anos e extinguiram-se há quase 30 mil anos, por razões ainda desconhecidas - há quem diga que pelo frio, ou genocídio, ou mera má sorte.

 

in ZAP

domingo, julho 07, 2024

Leite de Vasconcelos nasceu há 166 anos

  

José Leite de Vasconcellos Pereira de Melo, mais conhecido por Leite de Vasconcellos (Ucanha, 7 de julho de 1858Lisboa, 17 de maio de 1941), foi um linguista, filólogo, arqueólogo e etnógrafo português

 

Biografia

José Leite de Vasconcellos Pereira de Melo nasceu no seio de uma família aristocrata na aldeia vinhateira de Ucanha do concelho de Tarouca, a 7 de julho de 1858. Era filho de José Leite Cardoso Pereira de Melo e de Maria Henriqueta Leite de Vasconcellos Pereira de Melo.

A infância e a adolescência foram passadas num meio rural rico em testemunhos históricos, que desde cedo despertaram o seu interesse pela observação das tradições e dos costumes locais, anotando as suas experiências em pequenos cadernos. Deixou a Beira aos 18 anos para trabalhar no Porto, num liceu e num colégio, assim ajudando ao sustento da família e assegurando os seus estudos no Colégio de São Carlos e, mais tarde, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto.

Durante o curso de Medicina escreveu uma das suas primeiras obras - Tradições Populares Portuguesas - e editou o opúsculo Portugal Pré-Histórico (1885). Ao concluir o curso e após defesa da tese, A Evolução da Linguagem: Ensaio Antropológico (1886), recebeu o Prémio Macedo Pinto, destinado ao aluno mais brilhante. Assumiu, então, as funções de subdelegado de saúde do Cadaval, onde tinha família, durante seis meses. No entanto, dois anos mais tarde, depois de ter exercido funções de subdelegado de saúde, médico municipal e presidente da Junta Escolar do Cadaval, decide abandonar a carreira médica e dedicar-se ao estudo das suas ciências prediletas: Linguística, Arqueologia e Etnologia.

Exonerado dos cargos em 1888, instala-se em Lisboa onde começa por trabalhar como professor no Liceu Central. Nesse mesmo ano toma posse do lugar de conservador da Biblioteca Nacional, cargo que exerce até 1911. Durante os 23 anos em que trabalhou nesta instituição teve oportunidade de consolidar as linhas mestras da sua investigação e da sua produção literária. Lecionou cursos de Numismática e de Filosofia e deu início à edição da Revista Lusitana (1887-1943). Tendo por base o trabalho realizado na Biblioteca Nacional, empenhou-se na criação de um museu dedicado ao conhecimento das origens e tradições do povo português, projeto apoiado por Bernardino Machado, à época Ministro das Obras Públicas e responsável pela criação do Museu Etnográfico Português, em 1893. Instalado inicialmente numa sala da Direção dos Trabalhos Geológicos, este museu foi transferido em 1900 para uma ala do Mosteiro dos Jerónimos. Inaugurado a 22 de abril de 1906, designou-se Museu Etnológico, denominação que detinha desde 1897. O acervo do museu foi crescendo em resultado de escavações arqueológicas e de campanhas etnográficas em todo o país, as quais eram noticiadas na revista O Arqueólogo Português (1895-2014), fundada por Leite de Vasconcellos.

Prossegue os seus estudos em Paris, tirando um curso de Filologia na Universidade de Paris, no qual defendeu a tese Esquisse d'une dialectologie portugaise (1901), o primeiro importante compêndio diatópico do português (depois continuado e melhorado por Manuel de Paiva Boléo e Luís Lindley Cintra), que foi classificada com a menção de "très honorable". Por essa altura, encetou relações sólidas com figuras de prestígio e desenvolveu pesquisas em obras raras de bibliotecas estrangeiras. Na Biblioteca de Leiden descobriu A canção de Sancta Fides de Agen, manuscrito medieval que publicou em 1902. Na Biblioteca Palatina de Viena identificou o Livro de Esopo, que editou em 1906.

Fez inúmeras viagens em Portugal, visitou vários países europeus e deslocou-se ao Egito para participar no Congresso do Cairo de 1909, no qual presidiu à secção de Arqueologia Pré-Histórica. Estas digressões permitiram-lhe recolher material para o museu e criar laços de amizade com colegas portugueses e estrangeiros. Em 1911 é integrado no corpo docente da recém-criada Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leciona Filologia Clássica, Filologia Românica, Arqueologia e Epigrafia. Em 1914 solicitou a Bernardino Machado que lhe fosse atribuída a categoria de professor titular de Arqueologia.

Em 1929 aposenta-se. Em sua homenagem, o Museu Etnológico passou a ter o seu nome, tendo Leite de Vasconcellos recebido o título de diretor honorário. A partir dessa altura dedica-se à escrita, na qual se salienta o projeto Etnografia Portuguesa publicado em vários volumes pela Imprensa Nacional. Foi agraciado com diversas distinções, como a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (1930), a Comenda da Legião de Honra (1930) de França e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1937), a que se juntaram muitas outras, alcançadas ao longo da sua carreira, como a de correspondente do Instituto de França (1920). Foi autor, também, de poesia e do maior epistolário português (24.289 cartas de 3.727 correspondentes, editadas em 1999), produto da imensa rede de contactos que estabeleceu ao longo da vida.

Além de fundador das revistas O Arqueólogo Português e Revista Lusitana, foi também um dos criadores da revista O Pantheon (1880-1881) e teve diversas colaborações em publicações periódicas, nomeadamente: A Mulher (1879), Era Nova (1880-1881), Revista de Estudos Livres (1883-1886), A Imprensa (1885-1891), Branco e Negro (1896-1898), Atlântida (1915-1920), Lusitânia (1924-1927), Ilustração (1926-1939), Feira da Ladra (1929-1943), Boletim cultural e estatístico (1937) e Revista de Arqueologia (1932-1938).

Faleceu a 17 de maio de 1941, na sua residência, o número 40 da Rua Dom Carlos de Mascarenhas, freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, aos 82 anos de idade, vítima de broncopneumonia, sem nunca ter casado ou ter tido filhos. Deixou em testamento ao Museu Nacional de Arqueologia parte do seu espólio científico e literário, incluindo uma biblioteca com cerca de oito mil títulos, para além de manuscritos, correspondência, gravuras e fotografias. Encontra-se sepultado em jazigo de família, no Cemitério dos Prazeres.

A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa alberga o Legado de Leite de Vasconcellos, composto por uma Biblioteca de Linguística e Literatura e por um fundo manuscrito.