domingo, abril 20, 2025
Joan Miró nasceu há 132 anos...
sábado, abril 19, 2025
Botero nasceu há noventa e três anos...
Fernando Botero Angulo (Medellín, 19 de abril de 1932 - Mónaco, 15 de setembro de 2023) foi um artista figurativista colombiano, cujo estilo é chamado por alguns de "boterismo", o que lhe dá uma identidade inconfundível.
As suas obras destacam-se sobretudo por figuras rotundas, o que pode sugerir a estaticidade da humanidade. Percebe-se a sua escultura como uma crítica social, especialmente no que diz respeito à ganância do ser humano.
(...)
Em 1954, Botero casou-se com Gloria Zea (fundadora do Museu de Arte Moderna de Bogotá e diretora do Instituto Colombiano de Cultura Colcultura) e tiveram três filhos: Fernando (nascido em 1956 enquanto moravam na Cidade do México e foi Ministro da Defesa, durante o governo de Ernesto Samper), Lina (1958) e Juan Carlos Botero Zea (1960). O casal divorciou-se em 1960.
Em 1964, Botero casou-se com Cecilia Zambrano, com quem teve um filho, Pedro (1970), que morreu tragicamente em 1974 em um acidente de carro na Espanha, enquanto a família estava de férias. Botero e Zambrano separaram-se em 1975. Em 1978, Botero casou-se com a artista grega Sophia Vari. Eles moravam em Paris e tinham uma casa em Pietrasanta, Itália.
terça-feira, abril 15, 2025
Leonardo da Vinci nasceu há 573 anos
Leonardo di Ser Piero da Vinci, ou simplesmente Leonardo da Vinci (Anchiano, 15 de abril de 1452 - Amboise, 2 de maio de 1519), foi um polímata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si [parece-nos] misterioso e distante.
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Pedro Luna
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sábado, abril 12, 2025
O escultor Mario Cravo nasceu há cento e dois anos...
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Fernando Martins
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quarta-feira, abril 02, 2025
O pintor surrealista Max Ernst nasceu há 134 anos
Max Ernst (Brühl, 2 de abril de 1891 - Paris, 1 de abril de 1976) foi um pintor alemão, naturalizado norte-americano e depois francês. Também praticou a poesia entre os surrealistas, movimento do qual fez parte. Foi pai do pintor norte-americano nascido na Alemanha Jimmy Ernst.
Max Ernst, Ubu Imperator, 1923, Musée National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris
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sábado, março 22, 2025
Yayoi Kusama nasceu há 96 anos
Yayoi Kusama (Matsumoto, 22 de março de 1929) é uma artista plástica e escritora japonesa, considerada uma das mais originais e importantes artistas plásticas do seu país. O seu trabalho é uma mistura de diversas artes, como colagens, pinturas, esculturas, arte performática e instalações ambientais, onde é visível uma característica que se tornou a marca da artista: a obsessão por pontos e bolas.
Em todas as suas artes, que possuem um quê de surrealismo, modernismo e minimalismo, podemos notar o padrão de repetição e acumulação. Além disso, Kusama também se embrenhou na arte da literatura, com romances e poesias, escritas em 13 livros. Alguns dos seus romances são considerados chocantes e surrealistas, com personagens fortes como prostitutas, proxenetas, assassinos e um auto-retrato de si própria como Shimako, enlouquecida em Foxgloves Central Park. De onde vem tanta criatividade? Tudo indica que é devido à esquizofrenia, que a faz ter uma perceção e uma visão diferente da realidade em que vive. Segundo ela mesma conta, ela sempre foi atormentada por visões distorcidas, que a fazem ver bolas e pontos. Yayoi nasceu em 22 de março de 1929 em Matsumoto-shi (Nagano Ken) e desde a infância sofre com alucinações. A sua relação com sua mãe não era nada boa. Segundo Yayoi conta, sua mãe era uma mulher de negócios e que jamais aceitou a veia artística da filha, chegando até a agredi-la fisicamente diversas vezes por causa disso. Isso pode ter ajudado a piorar o quadro psíquico de Yayoi, assim como gerou uma grande instabilidade emocional. Como forma de “fuga da realidade”, desabafo e também para mostrar às pessoas como era o mundo que enxergava, ela passou a se expressar no papel usando guache, aguarela e tinta a óleo, as bolinhas ou “pontos do infinito”, como ela também lhes costuma chamar. Yayoi sofre de alucinações e hoje em dia mora num hospital psiquiátrico que fica perto de uma das suas galerias.
The Spirits of the Pumpkins Descended into the Heavens (2017)
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quinta-feira, março 06, 2025
Miguel Ângelo nasceu há 550 anos...
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de março de 1475 - Roma, 18 de fevereiro de 1564), mais conhecido simplesmente como Miguel Ângelo, foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.
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quinta-feira, fevereiro 27, 2025
Ruy Roque Gameiro nasceu há 119 anos...
(imagem daqui)
Ruy Roque Gameiro (Amadora, 27 de fevereiro de 1906 - Rio de Mouro, 18 de agosto de 1935) foi um escultor português.

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sexta-feira, fevereiro 21, 2025
Lagoa Henriques morreu há 16 anos...
António Augusto Lagoa Henriques (Lisboa, 27 de dezembro de 1923 - Lisboa, 21 de fevereiro de 2009) foi um escultor português.
Fernando Pessoa, bronze
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Fernando Martins
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domingo, fevereiro 16, 2025
Soares dos Reis morreu há 136 anos...
António Manuel Soares dos Reis nasceu a 14 de outubro de 1847, no lugar de Santo Ovídio, freguesia de Mafamude, concelho de Vila Nova de Gaia. Era filho de Manuel Soares Júnior, proprietário de uma tenda de mercearia a retalho, e de sua mulher Rita do Nascimento de Jesus. Recebeu o apelido "dos Reis", de seu avô materno, António José dos Reis.
Aos 20 anos tornou-se pensionista do Estado no estrangeiro. Em 1867, tendo vencido o concurso com um busto, Firmino, com o espírito romântico que a escultura portuguesa não conhecera ainda, parte para Paris, onde frequentou o atelier de François Jouffroy[3] e a École Imperiale et Speciale des Beaux Arts, recebendo aulas de Adolphe Yvon e de Hippolyte Taine.[4] Também aqui Soares dos Reis alcançou a classificação de n.º 1 do curso, distinção que levou os seus colegas a batizá-lo com o epíteto de voleur des prix (ladrão de prémios).
Mas a eclosão da Guerra Franco-Prussiana obrigou-o a regressar ao país. Por instâncias dos seus professores da Academia Portuense é enviado para Roma, a fim de completar o período de pensionato, sem assumir qualquer professor. Soares dos Reis chegou à Cidade Eterna em 1871 e foi aqui que executou uma das suas obras mais românticas e originais, O Desterrado, sua obra maior. Obra formalmente clássica, O Desterrado é também a nostalgia da Pátria distante uma «estátua da saudade». De inspiração classicista, a obra (na altura tida como plágio, o que iria angustiar durante muito tempo o escultor) é um notável trabalho dos volumes, permitindo jogos de luz e sombra, a acentuarem o sentido do título. A obra exerceu influência direta sobre obras da subsequente geração de escultores.
Resultado do seu contacto com a escultura europeia da época, a fase seguinte da obra de Soares dos Reis, para além do virtuosismo técnico da sua execução, iria ser marcada pelos valores do realismo, patentes, em várias obras.
Chegado ao Porto em 1872, Soares dos Reis foi recebido pelos seus conterrâneos com aplausos e admiração, sendo nomeado Académico de Mérito da Academia Portuense de Belas Artes, em 1873. Em 1875, é nomeado Académico de Mérito pela Academia de Belas Artes de Lisboa. E em 1878 recebe uma Menção honrosa na Exposição Universal de Paris. Até 1880, o escultor produziu, expôs e foi reconhecido por diversos trabalhos. Foi um dos fundadores do Centro Artístico Portuense, organismo que muito contribuiu para a difusão das artes plásticas no país.
Contudo, Soares dos Reis será acusado de plagiar a estátua de Ares do Museu das Termas - e mais tarde dir-se-á mesmo que não era ele o autor d’O Desterrado, acusações que atingiram profundamente o artista. A obra é exposta em 1874 na Academia e em 1881 obtém uma medalha de ouro em Madrid sendo agraciado com o Grau de Cavaleiro da Ordem de Carlos III.
Monumento a D. Afonso Henriques, bronze, Guimarães
Obra revolucionária para a época, revelando qualidade e inspiração pessoal, O Desterrado é bem a expressão de uma certa ideia de Pátria a que os Vencidos da Vida se acordarão. Soares dos Reis fará posteriormente a estátua do Conde de Ferreira (1876), de D. Afonso Henriques (1887), de Brotero (1888), os retratos de Hintze Ribeiro, Correia de Barros e Fontes Pereira de Melo e os bustos da Viscondessa de Moser (1884) e «da Inglesa» (1887). Aceitou outras encomendas menores, por desespero e falta de outras — santos para confrarias, ornatos para estuques, gravuras para O Occidente, etc. Em 1881 é nomeado professor da Escola de Belas-Artes do Porto, onde pretende reformar o ensino da escultura, contando com a oposição obstinada dos seus colegas. Expõe em Paris, em 1881, na Exposição Universal.
Estátua de Avelar Brotero, 1887 - Jardim botânico de Coimbra
O seu ecletismo revelou-se na escultura de temática religiosa, onde também deixou uma marca naturalista (Cristo Crucificado, 1877) ou evocadora de um certo goticismo (São José e São Joaquim, peças esculpidas para a frontaria da capela da família Pestana, no Porto).
A 15 de julho de 1885, casa em Mafamude, com Amélia Aguiar de Macedo, de quem teve dois filhos: Raquel Engrácia de Macedo Soares dos Reis (1886-1952) e Fernando de Macedo Soares dos Reis (1888-?), que viriam a falecer sem deixar descendência. Dedicado à divulgação da escultura, lecionou nos cursos noturnos do Centro Artístico Portuense, de sua iniciativa. Sofrendo, na sua intenção de renovar o ensino da escultura, a oposição de outras figuras ligadas às instituições da época, o escultor, de temperamento depressivo, abandona o Centro Artístico Portuense em 1887 e, dois anos depois, em 1889, suicida-se no seu atelier em Vila Nova de Gaia. É encontrado apoiado à sua mesa de trabalho. Desfechara um tiro de revólver contra a cabeça. Na parede branca atrás da cadeira onde ficou sentado, escrevera: «Sou cristão, porém, nestas condições, a vida para mim é insuportável. Peço perdão a quem ofendi injustamente, mas não perdoo a quem me fez mal». Tinha 41 anos e foi sepultado no cemitério de Mafamude, na localidade onde nascera, numa sepultura de mármore com o busto da Saudade, obra de sua autoria.
Incapaz de se sobrepor à incompreensão e ao descrédito lançados contra o seu valor artístico e de enfrentar a obstrução sistemática aos seus esforços de inovação como docente, recorreu ao suicídio, deixando uma obra ímpar na escultura da segunda metade do século XIX.
«Porto, 16 – Suicidou-se hoje às 08h00 da manhã, na sua casa da Rua
de Luís de Camões, em Vila Nova de Gaia, disparando dois tiros de
revólver na cabeça, o eminente estatuário Soares dos Reis, lente de
escultura na Academia de Belas Artes e autor de verdadeiras obras
primas. (…) São desconhecidas as causas que determinaram o suicídio.» in “Diário de Noticias”, 17 de fevereiro de 1889.
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sábado, fevereiro 15, 2025
O escultor Francisco Franco faleceu há setenta anos
Pertence à primeira geração de artistas modernistas portugueses e destaca-se, segundo José-Augusto França, como o maior escultor português da década de 20. A sua obra desse período é um marco na renovação da escultura nacional. O seu Monumento a Gonçalves Zarco, 1927, assinala uma inflexão e tornar-se-ia numa referência para as direções da escultura pública portuguesa a partir dos anos 30; Francisco Franco foi, então, um dos autores mais solicitados para a realização da estatuária oficial do Estado Novo.
Estátua equestre de D. João IV, 1938-40 (Vila Viçosa)
Biografia
Nasce no Funchal a 9 de outubro de 1885. Trabalha com o seu pai, mestre do Ensino Técnico, em carpintaria e marcenaria, recebendo dele as primeiras lições de desenho. Aos 15 anos de idade parte para Lisboa com o seu irmão, Henrique Franco. Frequenta a Escola de Belas Artes de Lisboa entre 1902 e 1909, onde é aluno de Simões de Almeida (tio). Em 1909 interrompe os estudos e parte para Paris como bolseiro do Estado, através do Legado Valmor; convive com outros artistas portugueses então residentes nessa cidade, entre os quais Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Manuel Jardim, José Pacheko e, sobretudo, Santa-Rita Pintor, o seu principal companheiro nesses anos. Interessa-se de modo particular pela obra de Auguste Rodin.
Em 1911 viaja pelos Países Baixos. No ano imediato a sua bolsa, tal como a de outros colegas, é interrompida devido a desentendimentos de caráter político, levando-o a regressar a Lisboa, mas em breve está de novo em Paris. Em 1914, após a eclosão da I Guerra Mundial, fixa-se no Funchal, onde realiza diversas esculturas, entre as quais quatro monumentos públicos.
Em 1919 (ou 1921, segundo algumas fontes consultadas) volta para Paris como bolseiro, convivendo com Diogo de Macedo, Dordio Gomes, Heitor Cramez e Modigliani. É uma fase de trabalho intenso: executa diversas esculturas, desenha e grava em madeira e ponta-seca, realiza algumas monotipias. Expõe no Salon d'Automne em 1921 e na Société nationale des beaux-arts, da qual é nomeado «Associé» com privilégio «Hors Concours». Em 1923 desloca-se a Lisboa para organizar a exposição Cinco Independentes (com Diogo de Macedo, Dordio Gomes, Henrique Franco e Alfredo Miguéis). No ano imediato viaja a Paris, expondo no Salon a sua escultura Semeador.
Em 1925 parte para Roma como pensionista do Estado, visitando, com Dordio Gomes, diversas cidades italianas entre as quais Turim, Veneza, Florença, Pompeia, Assis. Regressa ao Funchal em 1926, começando a trabalhar na estátua de Gonçalves Zarco (completada em 1927); essa obra é exposta na Avenida da Liberdade (1928) e, uma cópia, na Feira de Sevilha (1929). Em 1930 o monumento é inaugurado na cidade do Funchal. Nesse mesmo ano Francisco Franco participa no I Salão dos Independentes (SNBA, Lisboa), onde se faz um balanço do modernismo à escala nacional.
A partir da década de 30 Francisco Franco irá ser um dos autores mais solicitados para a realização da estatuária do Estado Novo, tornando-se numa figura de referência a nível nacional.
Em 1931 realiza a estátua do Infante D. Henrique para a Exposição Colonial de Paris (Vincennes). Em 1934 candidata-se ao lugar de professor de desenho da Escola de Belas-Artes de Lisboa, sendo preterido em favor de Leopoldo de Almeida. Nesse mesmo ano executa um primeiro retrato de Salazar, que expõe na I Exposição de Arte Moderna do S.P.N. (1935), e é agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a 5 de outubro. Realiza a estátua de Salazar que será apresentada na Exposição Internacional de Paris de 1937. Durante dois anos trabalha na estátua equestre de D. João IV para o terreiro do Paço Ducal de Vila Viçosa. Recebe a Medalha de Ouro de Mérito do Município do Funchal.
Os últimos anos revelam um abrandamento da sua obra, em grande parte resultante do atropelamento de que foi vítima junto ao seu estúdio e do qual nunca recuperou por completo. O monumento ao Cristo Rei, em Almada, de que apenas realizou o esboceto, é revelador desse esmorecimento. Viria a falecer a 15 de fevereiro de 1955 aos 69 anos de idade.
No ano de 1979, a Escola Secundária Francisco Franco, localizada no Funchal, escolheu-o como seu patrono passando assim a constar o seu nome na designação da mesma escola.
Estátua da Rainha D. Leonor, 1935
Obra
A obra de Francisco Franco pertencente ao seu primeiro período parisiense (1910-1911), é ainda tendencialmente convencional; da sua fixação na ilha da Madeira, em 1914, irão resultar esculturas "com bom valor dramático" onde se sentem ecos da obra de Rodin. No início do segundo período parisiense, ao mesmo tempo que realiza notáveis gravuras em madeira ou a ponta-seca, Franco abandona, a pouco e pouco, a influência de Rodin (ainda presente em O semeador, 1924), modelando obras como Busto de Manuel Jardim, 1921 – um poderoso retrato interior e a escultura mais significativa desse ano –, ou Torso de Mulher, 1922, duas peças peças que contam como as primeiras de uma "escultura portuguesa modernizada, libertada em valores expressionistas".
Torso de Mulher foi exposto no Salon d'Automne e assinala a opção por valores mais classizantes próprios do início da década de 1920. "A arquitetura das massas bem equilibradas, quase hierarquicamente entendidas como puros valores escultóricos, aproximam-no de Bourdelle que será o seu mestre entre os contemporâneos, no entanto os cortes que fragmentam a peça, sobretudo o da cabeça, evocando uma memória arqueológica, têm ainda presente a lição de Rodin".
Em 1927 realiza um trabalho que irá marcar a estatuária portuguesa entre as décadas de 1930 e 1960: o monumento a Gonçalves Zarco, Funchal. Inspirada nos painéis de Nuno Gonçalves, esta obra fixa o cânone da «idade de ouro da escultura portuguesa» – assim denominada por António Ferro em 1949. Caracterizado por um «classicismo austero», esse modelo seria longamente explorado (pelo próprio e por autores mais jovens), garantindo a Franco uma carreira de escultor oficial do Estado Novo durante mais de um quarto de século. O abandono do lirismo expressivo inicial estender-se-ia à série de estátuas públicas que vai do seu Infante D. Henrique (1931) ao Cristo-Rei monumental, "que esboçou antes de morrer e seria infelizmente erguido numa colina de Almada em 59". Esse «naturalismo clássico» ficaria claramente expresso na sua D. Leonor (1935; Caldas da Rainha), D. Dinis (1943, Universidade de Coimbra), Bispo D. Miguel (1950; Lamego), Oliveira Salazar (1937), ou na notável estátua equestre de D. João IV (1940; Vila Viçosa). Realizada em 1940 no âmbito das comemorações dos centenários, uma cópia em gesso da estátua de D. João IV foi apresentada na Exposição do Mundo Português; nas palavras de José-Augusto França, trata-se de uma obra "de grande dignidade na sua cuidada elaboração, síntese de bons exemplos bem unificados, velasquenha por necessidade e funcionando como se pretendia, e com escala suficiente, no vasto terreiro do Paço Ducal".
Incompleta talvez para as exigências do próprio autor, a obra plástica de Franco será, segundo Diogo de Macedo, um reflexo dos constrangimentos do tempo em que viveu. A imposição dos temas históricos na sua vasta produção não lhe permitiu realizar plenamente o que sonhara na mocidade. Para Francisco Franco, "não houve tempo nem oportunidade para esculpir para sua satisfação a obra-prima de total intimidade de que era capaz. Escravizado às circunstâncias que o destino ordena […], só nas pequenas obras de criação afetiva pôde fazer declarações desse desejo", como acontece, por exemplo, no Busto de Manuel Jardim ou na Rapariga polaca (1921), obras parisienses que são excelentes exemplos de uma arte de penetração psicológica e de um superior domínio formal.
Estátua de D. João III, 1948 - Coimbra
Estátua de D. Dinis, 1943 - Coimbra
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quarta-feira, fevereiro 05, 2025
O Museu Hermitage abriu há 173 anos
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sexta-feira, janeiro 24, 2025
Modigliani morreu há 105 anos...
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sábado, janeiro 11, 2025
Alberto Giacometti morreu há 59 anos...
Vida
Filho do pintor Giovanni Giacometti (impressionista), estudou em Genebra, Roma e, a partir de 1922, em França.
Alberto Giacometti nasceu em 1901, em Borgonovo, e morreu em 1966, em Chur. Inicia a sua formação em Genebra, deslocando-se em 1923 para Paris, onde estuda com Antoine Bourdelle. Nessa época conheceu alguns dos principais pintores dadaístas, cubistas e surrealistas que influenciaram o seu início de carreira.
Adere ao movimento surrealista entre 1930 e 1934, período em que produziu algumas obras fundamentais para a caracterização da escultura surrealista, como L'Heure des Traces (1930), O Palácio às Quatro da Manhã (1932) e Mãos Sustentando o Vazio (1934). Esta última escultura valeu-lhe a admiração de André Breton, o autor do Manifesto Surrealista.
O escritor James Lord posou para o último retrato de Giacometti e escreveu um livro sobre o escultor que foi transformado em filme dirigido por Stanley Tucci.
Obra
Nos trabalhos realizados depois da II Guerra Mundial, onde a figura humana protagoniza as suas pesquisas plásticas, Giacometti recupera a capacidade expressiva da imagem e do objeto, acompanhando a tendência neo-figurativa que, nestes anos, marca o percurso criativo de vários artistas plásticos. Esta representação do corpo humano marca o período mais original de Giacometti.
A recorrência dos temas e das soluções plásticas adotadas resulta de um posicionamento teórico identificado com a filosofia existencialista, como o testemunha a amizade entre Giacometti e Jean-Paul Sartre. O existencialismo na obra de Giacometti traduz-se numa essencialidade e numa repetição dos meios expressivos e dos gestos formais, que imprimem à figura humana uma significação fundamental: uma linha vertical confrontando com a horizontalidade do mundo. A deformação dramática das proporções, o alongamento das formas e a manipulação da superfície e da textura acentuam a materialidade dos objetos e a capacidade expressiva e poética da obra de arte. As personagens, isoladas ou em grupos, exprimem um sentido de individualismo e de descontextualização, acentuado pela própria escala das esculturas. Destacam-se, entre as inúmeras obras executadas durante o final da década de 40 e da década seguinte, as esculturas L'Homme qui marche, representado, atualmente, na nota de cem francos suíços. Também era sua a escultura mais cara do mundo, vendida por 74,2 milhões de euros, em 3 de fevereiro de 2010.
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domingo, janeiro 05, 2025
João Cutileiro morreu há quatro anos...
João Pires Cutileiro (Lisboa, 26 de junho de 1937 – Lisboa, 5 de janeiro de 2021) foi um escultor português.
Vida
De família burguesa, de raízes alentejanas, nasceu em Lisboa. Sua mãe, de nome Amália Pires, dona de casa, era de Pavia, no Alto Alentejo, e foi viver para Évora, onde se casou com José Cutileiro, um médico da Organização Mundial da Saúde aí sediado. Dos três filhos do casal, João Cutileiro era o do meio, sendo irmão de José Cutileiro. Em Lisboa, a família Cutileiro vivia na Av. Elias Garcia, numa casa afamada por ser frequentada pela chamada intelligentsia, um grupo de personalidades da época. António Pedro, um deles, trá-lo para desenhar no seu atelier, em 1946. Durante os dois anos que aí trabalhou, foi fortemente influenciado pelo Surrealismo. A família do pai era republicana e oposicionista ao regime do Estado Novo; a família da mãe era católica conservadora, além de apoiante do regime de Salazar.
Quando tinha seis anos, a família deixou a cidade de Évora e passou a viver em Lisboa. Mais tarde, o seu pai, sofrendo constrangimentos na direção do Centro de Saúde de Lisboa por motivos políticos - antes, fora afastado de um concurso para professor na Faculdade de Medicina de Lisboa, por interferência da PIDE - passa a exercer a sua profissão ao serviço da Organização Mundial da Saúde. É assim que, por força da atividade profissional do pai, Cutileiro passa parte da sua adolescência em países tão distintos como a Suíça, a Índia e o Paquistão.
Entre 1949 e 1951, frequentou o estúdio de Jorge Barradas onde executa trabalhos de modelismo e de pintura, para além de vidrados de cerâmica. Descontente, mudou-se para o atelier de António Duarte, onde foi assistente de canteiro, voluntário, durante dois anos. Lá se deu o seu contacto com a pedra, pois tinha como trabalho ampliar os modelos do mestre canteiro, passá-los a gesso e, a esses últimos, metamorfoseá-los no mármore. Em 1951, com 14 anos, apresentou a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz, numa loja de máquinas de costura, mostrando esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
Completou o liceu no Colégio Valsassina e foi nesse período que apresentou a sua ideologia política, quando ingressou na organização juvenil do Movimento de Unidade Democrática (MUD). Anos mais tarde, em 1960, assumiu de novo uma posição política ao ingressar no Partido Comunista Português (PCP). Esta passagem pelo PCP como militante foi curta, pois a "célula" a que pertencia desmanchou-se e os contactos perderam-se.
A caminho de Cabul, para visitar o seu pai que lá ficaria um ano, passou por Florença, onde se encantou pela obra de Michelangelo. Confirmou então uma tendência que existia desde os seus seis anos, quando esculpiu um presépio, a tendência para a escultura. No regresso a Lisboa, inscreve-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), sendo aluno de Leopoldo de Almeida.
Não passou mais do que dois anos na ESBAL, entre 1953 e 1954, por perceber que em Portugal o único material considerado prestável era o bronze e as pesquisas, o experimentalismo e a criatividade eram travados. Saiu do país por influência de Paula Rego, que lhe deu a conhecer, em Londres, a Slade School of Art. Nessa escola, que frequentou entre 1955 e 1959 com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, desenvolveu a sua capacidade com o seu mestre escultor Reg Butler e no final recebeu três prémios: composição, figura e cabeça.
Obra
Ao começar a utilizar máquinas elétricas para executar o trabalho, dedicou-se ao mármore e surgem as figuras, as paisagens, as caixas e as árvores. Nos dez anos seguintes a 1961, fez cinco exposições em Lisboa e uma no Porto.
Em 1970, regressou a Portugal e instalou-se em Lagos. É lá que executou a sua obra mais polémica, D. Sebastião, erigida nessa mesma cidade.
Essa obra confrontou o academicismo do Estado Novo e recebeu fortes críticas, tendo Cutileiro afirmado, de modo irónico, que desistia da escultura, passando a ser apenas «um fazedor de objetos destinados à burguesia intelectual do ocidente», espantando os escultores, por, segundo ele próprio, ser essa mesma a função de um escultor, a de criador de peças decorativas. Esta frase pretendeu também menosprezar as críticas de quem o achava escultor menor.
Conquistou uma menção honrosa no Prémio Soquil no ano de 1971 e, cinco anos mais tarde, as suas esculturas e mosaicos foram expostos em Wuppertal, na Alemanha, seguindo-se exposições em Évora (1979, 1980 e 1981). No ano de 1980, a sua obra voltou à Alemanha, mas a Dortmund. Nesse mesmo ano, expõe em Washington, D. C. e na Sociedade Nacional de Belas Artes. No ano seguinte, participou no Simpósio da Escultura em Pedra, na cidade de Évora, e numa exposição na Jones Gallery, em Nova Iorque. A 3 de agosto de 1983, foi agraciado com o grau de Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
A sua costela alentejana impulsionou-o a mudar-se para Évora no ano de 1985 e aí está exposta, na sua casa, uma grande parte do seu leque de obras.
As Meninas de Cutileiro, ironicamente assim chamadas, são provavelmente o seu tema mais famoso e valeram-lhe (e valem) a mais distinta glória e dinheiro, mas também desprezo da parte de alguns.
No ano de 1988, realizou exposições em Almancil, Macau e Lisboa e, no ano seguinte, fez novas exposições em Almancil e na capital de Portugal. Em 1990, elabora uma exposição que se apresentou como a retrospetiva da sua arte, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian. Daí resultou a amargura de só ver mostrada parte da sua obra e que não iria conseguir reunir todos os seus trabalhos de uma só vez.
Nos anos de 1992 e 1993, realizou mais exposições em Bruxelas, no Luxemburgo, em Évora, em Guimarães, em Lagos, Almancil e em Lisboa. Fez nos anos seguintes mais exposições.
Morte
Cutileiro morreu no dia 5 de janeiro de 2021, num hospital de Lisboa.
Estátua de Cutileiro representando D. Sancho I, em frente ao Castelo de Torres Novas
João Cutileiro, Estátua de El Rei D. Sebastião
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