Helena Maria da Costa de Sousa de Macedo Gentil (Lisboa, Santa Catarina, 3 de julho de 1939 – Lisboa, 12 de agosto de 2002) foi uma das primeiras e mais influentes jornalistas culturais em Portugal.
Filha única do Francisco Mascarenhas Gentil, licenciado em Direito pela Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa e de sua mulher D. Isabel Maria da Ascenção
Barjona de Freitas da Costa de Sousa de Macedo. O seu avô paterno, o
médico cirurgião e professor de Medicina Francisco Soares Branco Gentil,
foi o fundador e diretor do Instituto Português de Oncologia (IPO) e
director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Frequenta o Colégio de freiras de St. Augustin e as escolas das
irmãs Escravas e Oblatas, sempre com excecional aproveitamento. Com 17
anos começa a sua vida profissional na agência de publicidade de Martins
da Hora, na mesma secretária em que trabalhou Fernando Pessoa. Mais
tarde, volta a estudar Jornalismo e Sociologia, na Universidade de
Vincennes, em Paris, onde assiste também aos acontecimentos de maio de 68.
Casa no Mosteiro dos Jerónimos, a 7 de março de 1959, com Alberto de Mira Mendes Vaz da Silva
(Lisboa, 7 de agosto de 1936 – Lisboa, 7 de julho de 2015), com quem
tem quatro filhos; Francisco, Salvador, Tomás e Helena. Insere-se no
influente círculo cultural, em que se integram António Alçada Batista, Nuno Bragança, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, José Escada, Luís Sousa Costa, Nuno Cardoso Peres e Cristovam Pavia.
Sobre esse grupo disse Helena: “Para lá do trabalho em comum que
tínhamos (no projeto editorial da Livraria Moraes), chegámos a planear
constituir uma comunidade segundo um projeto só nosso, a que chamámos O Pacto”.
Esse projeto não se concretizou, mas realizou-se um outro, o da criação
de uma revista “de pensamento e ação”, que nasceu em 1963 e que se
chamou “O Tempo e o Modo”
– iniciativa marcante, pela abertura de novos horizontes políticos,
culturais, literários e artísticos. A revista congregaria personalidades
de diversas sensibilidades, empenhadas na renovação da vida portuguesa
no sentido da democracia: Mário Soares, Salgado Zenha, Jorge Sampaio, Sottomayor Cardia, Vasco Pulido Valente, Manuel de Lucena, Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Ruy Belo, M.S. Lourenço, Eduardo Lourenço, António Ramos Rosa, José Cardoso Pires e Vergílio Ferreira. Dois dos mais aclamados números temáticos desta revista foram “Deus, O Que É?” e “O Casamento”.
Ingressa no quadro do “Expresso” e dirige os programas políticos e sociais da RTP. Em 1977 entra na ANOP (Agência Noticiosa Portuguesa), para chefiar a área da cultura. Em 1978, assume a direção e a propriedade da revista “Raiz e Utopia”, fundada por António José Saraiva,
Carlos Medeiros Silva e José Batista, e imprime uma orientação
inconformista virada para os grandes debates europeus do momento.
Em 1979, assume a Presidência do Centro Nacional de Cultura
(CNC), que leva a cabo até à sua morte. Lá inicia e desenvolve uma ação
incansável em prol da divulgação, do estudo e da preservação da língua e
da cultura portuguesas. Lança os “passeios de Domingo” - itinerários
culturais como forma de conhecimento e valorização do património
histórico e da criação artística e cultural contemporânea. Organiza
debates, colóquios, cursos livres, diversas publicações e o ciclo “Os
Portugueses ao Encontro da Sua História”.
Em 1980 é Vice-Presidente do Instituto Português de Cinema e conhece Marguerite Yourcenar, de quem se torna amiga e tradutora. Também Edgar Morin e Yehudi Menuhin
são, aliás, referências fundamentais do círculo de afetos e de
referência intelectuais e éticas de Helena Vaz da Silva. Em 1987,
integra o Conselho Consultivo da Comissão Nacional para as Comemorações
dos Descobrimentos Portugueses e de 1989 a 1994 é Presidente da Comissão
Nacional da UNESCO,
mandato que coincide com o de Federico Mayor como diretor geral da
organização, o que permitiu a Portugal exercer um papel decisivo no Ano
Internacional dos Oceanos, na Expo 98 e realizar em Lisboa a Reunião
Inter-Regional sob o tema “A UNESCO para o Século XXI”.
Em 1992, é membro do Conselho de Orientação para os Itinerários
Culturais do Conselho da Europa e em 1994 foi eleita deputada ao
Parlamento Europeu pelo PSD, exercendo um mandato muito marcante:
“consegui pôr Portugal na agenda dos agentes culturais europeus e pôr a
cultura na agenda da Europa”. Em 1996 integrou a Comissão para o Futuro
da Televisão em Portugal e em 2002 toma posse como Presidente do Grupo
de Trabalho sobre o Serviço Público de Televisão.
É sepultada em Lisboa, no Cemitério do Alto de São João, a 14 de agosto de 2002.