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segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Alexander Thomas Emeric Vidal, cartógrafo e naturalista importante para os Açores, morreu há 161 anos

(imagem daqui)
    
Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – Clifton, Bristol, 5 de fevereiro de 1863) foi oficial da marinha real britânica, notabilizando-se pelos seus trabalhos hidrográficos, tendo participado em expedições destinadas a cartografar os Grandes Lagos canadianos (1815), a costa de África:1822 – África do Sul; 1822-1824 – costa oriental até Zanzibar e às Seychelles; 1824 – costa ocidental até à Gâmbia; 1835-1838 – Madeira e costa ocidental de África; e os Açores (1841 e 1845).

Biografia
A. T. E. Vidal nasceu em 1792, o filho mais novo de Emeric Vidal, também oficial da Royal Navy.
Assentou praça como voluntário no HMS Illustrious a 1 de dezembro de 1803, permanecendo naquele navio até 1805. terminado o seu tirocínio no mar, inscreveu-se no Royal Naval College, em Portsmouth, instituição que frequentou entre 22 de maio de 1807 e outubro de 1809.
Terminado o curso, embarcou como guarda-marinha no HMS Lavinia em novembro de 1809, nele permanecendo até 1812. Entre este ano e 1814, passou por diversas unidades navais, tendo-se dedicado à navegação e à hidrografia.
Promovido a tenente a 6 de fevereiro de 1815, parte a bordo do HMS Niobe numa missão hidrográfica destinada ao levantamento dos Grandes Lagos canadianos, missão em que permanece de fevereiro a novembro desse ano.
Serviu no HMS Levin, sob o comando de Owen, na expedição hidrográfica à costa de África (Levin e Barracouta, 1822; Table Bay, 1822-1824; costa oriental de África até Zanzibar e as Seychelles, 1825; costa ocidental de África, até à Gâmbia, 1818 - 1823).
Assumiu funções de comando a 15 de maio de 1823 no HMS Barracouta. Foi promovido a capitão (captain) da Royal Navy a 4 de outubro de 1825.
Durante um curto período em 1831 comandou o HMS Pike. Nomeado para o comando do HMS Aetna, levou a cabo uma missão hidrográfica na costa ocidental de África de 1835 a 1838.
Casou no Canadá, em outubro de 1839, com Sarah Antoinette, filha de Henry Veicht, da ilha da Madeira.
Comandou o HMS Styx no levantamento hidrográfico dos Açores de 15 de setembro de 1841 a janeiro de 1845.
Comandou o iate William and Mary de 7 de janeiro de 1845 a 1846.
Alexander Thomas Emeric Vidal faleceu a 5 de fevereiro de 1863.
    
Levantamento hidrográfico dos Açores
Comandando o vapor de rodas HMS Styx, foi encarregue em 1841 pelo almirantado britânico de proceder ao levantamento hidrográfico do arquipélago dos Açores. Os trabalhos de campo prolongaram-se de setembro de 1841 a 1845. As cartas resultantes desse levantamento foram as primeiras a representar o arquipélago com rigor, permanecendo em uso quase um século. Serviram de base a várias edições, incluindo pelo menos uma da responsabilidade da Armada portuguesa. Na literatura de temática açoriana aparecem frequentes referências a estas cartas e ao seu autor, normalmente referido como "Capitão Vidal" ou "A. T. E. Vidal".
Para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, as expedições do Capitão Vidal permitiram a realização de alguns estudos de história natural. Entre os estudos realizados, contam-se os trabalhos de herborização e pesquisa botânica de Hewett Cottrell Watson, levados a cabo durante a campanha que teve lugar de maio a setembro de 1842. Tais trabalhos originaram a publicação de várias listas das plantas existentes nos Açores, posteriormente consolidadas no capítulo sobre botânica intitulado Botany of the Azores, escrito por Watson, e inserto na obra Natural History of the Azores or Western Islands, editada em 1870 por Frederick du Cane Godman.
Em homenagem ao Capitão Vidal, Hewett Cottrell Watson propôs a criação do género Vidalia, no qual incluiu a margarida endémica açoriana Bellis azorica Hochstetter ex Seubert, e atribuiu o nome de Campanulla vidalii Watson (E. C. Watson, in Hookers’s Icones Pl.: t. 684) à atual Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer.
Apesar de trabalhos posteriores não terem confirmado a validade sistemática do género Vidalia, a homenagem a Vidal teve êxito, já que a Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer, espécie única do único género endémico de plantas dos Açores, é hoje a mais conhecida das endémicas açorianas, sendo cultivada pelas suas vistosas flores e comercializada como vidalia (ou vidália) nos mercados internacionais de flores e sementes.
 
 

sexta-feira, fevereiro 02, 2024

O Doutor Luis Nabais Conde morreu há um ano...

Luis Nabais Conde (1937-2023) nos Himalaias (fotografia de autor desconhecido cedida por Pedro Dinis)

  

Luís Eduardo Nabais Conde (Estoril, 1 de fevereiro de 1937 - Barreiro, 2 de fevereiro de 2023) foi licenciado em Ciências Geológicas na Universidade de Coimbra, naturalista no Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da mesma Universidade, sob orientação do João Cotelo Neiva (2017-2015). Ingressou nos Serviços Geológicos onde desenvolveu trabalhos de cartografia geológica, com destaque para a carta tectónica da Ibéria (1974). Nos anos 70 assume responsabilidades na área da prospeção na antiga Sociedade Mineira de Santiago (Aljustrel). Foi o sócio nº 2 da Associação Portuguesa de Geólogos e membro durante 30 anos até 2007. 
 
 

 
Nasceu em 1937 e, após a licenciatura em Ciências Geológicas na Universidade de Coimbra, ocupou o lugar de naturalista no então Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico, atual Departamento de Ciências da Terra, sob orientação do Professor Cotelo Neiva. Ulteriormente, e dada a sua natural aptidão para a geologia de campo, ingressa nos Serviços Geológicos de Portugal onde desenvolve trabalhos de cartografia geológica em diferentes regiões do país. Mais tarde, assume responsabilidades na área da prospeção na antiga Sociedade Mineira de Santiago (Aljustrel) e, após uma breve experiência no apoio a trabalhos de construção de túneis rodoviários na ilha da Madeira, ingressa novamente na Universidade de Coimbra onde, durante alguns anos, foi responsável por várias disciplinas, com destaque para a Deteção Remota, Depósitos Minerais e Cartografia Geológica. Durante este período realizou também prestações se serviço de relevância, em especial na área da energia.


in Professores in memoriam (DCT - UC)

domingo, novembro 12, 2023

A cartografia geológica portuguesa acessível para visualização on-line e download...!


   
O geoPortal da Energia e Geologia é uma infraestrutura de serviços integrados de suporte à gestão e visualização de dados espaciais, que visa disponibilizar, em ambiente web, a informação georreferenciada relacionada com as diferentes atividades do Laboratório Nacional de Energia e Geologia.

Esta aplicação facilita a partilha, pesquisa e disponibilização de dados espaciais institucionais, e apresenta as seguintes funcionalidades:

  • Metadados: serviço de pesquisa e consulta do catálogo de metadados;
  • Bases de Dados Online: aplicações que possibilitam a pesquisa e consulta de informação;
  • Dados Abertos: acesso livre a um conjunto de dados geográficos;
  • Visualizadores de Mapas: visualização e download de mapas e de informação espacial do LNEG, com 3 Visualizadores de Mapas: 2D, 3D e Observação da Terra.

 

    

  • Página onde pode efetuar o download gratuito de cartografia geológica do LNEG - AQUI
  • Ver on line Cartas Geológicas de Portugal, escala 50.000, de Portugal continental - AQUI


in geoPortal do LNEG

quinta-feira, agosto 31, 2023

Bougainville morreu há 212 anos...

Louis Antoine de Bougainville (Paris, 11 de Novembro de 1729 - Paris, 31 de Agosto de 1811) foi um oficial, navegador e escritor francês.
Recebeu o título de conde em 1808.
Na juventude estudou direito, mas logo abandonou a profissão. Em 1753 entrou no exército, no corpo dos mosqueteiros. Com 25 anos, publicou um tratado de cálculo integral como suplemento do tratado de De l'Hôpital, Des infiniment petits.
Em 12 de outubro de 1754 foi enviado a Londres como secretário da embaixada da França e tornou-se membro da Royal Society.
Primeiro ajudante (aide de camps) de Montcalm em 1756, ao lado do qual combateu em 1759, tornou-se capitão de fragata em 1753 e tentou em vão colonizar as ilhas Malvinas (1763-1765).
"Participou ativamente da guerra franco-inglesa no Canadá", diz a "Brasiliana da Biblioteca Nacional", pg 49, "e realizou três viagens às Malvinas, com interesse de transportar os colonos canadianos para as ilhas. Mesmo com as enormes perdas da guerra, procurou convencer o governo francês a reforçar as frotas naval e mercantil, com a finalidade de alargar e recuperar o império francês. Nos mares do sul, segundo o militar viajante, os franceses encontrariam as especiarias, o ouro e produtos tropicais perdidos para os ingleses. Os novos territórios forneceriam ainda elementos preciosos para a História Natural".
Em 1766 Bougainville recebeu de Luís XV de França a missão de navegar ao redor do globo em uma expedição com um naturalista, cartógrafo e astrónomo. Tornou-se o 14° navegador da história, e o primeiro francês a conseguir o feito: a realização dessa volta ao mundo revigorou o prestígio da França após suas humilhantes derrotas durante a Guerra dos sete anos.
Bougainville zarpou em 1766 com dois navios, La Boudeuse e L'Etoile. Esteve no Rio de Janeiro em 1767 e reuniu dados sobre as fortificações, administração e comércio. "Se inicialmente recebera boa acolhimento das autoridades locais, incidentes no sul, envolvendo portugueses e espanhóis, provocaram mudança na atitude do vice-rei em relação aos franceses", segundo conta Maria Fernanda Bicalho. Ele e os seus oficiais foram proibidos de permanecer nos arredores da cidade, inviabilizando a coleta de espécies vegetais pelo naturalista Philibert Commerson, célebre por suas ideias conservacionistas. Em seu álbum Pitoresco, entretanto, retrata os principais monumentos naturais e artificiais e o aspeto geral das cidades e populações: a prancha 34, por exemplo, reproduz a "Cascade de la Grande Tijuca, près Rio-Janeiro", que é hoje chamada a cascatinha da Tijuca, no Parque do Açude, Alto da Boa Vista.
Visitou a ilha do Taiti em abril de 1768 e por pouco perdeu a oportunidade de se tornar o seu descobridor, desconhecendo a visita anterior de Samuel Wallis, no HMS Dolphin, menos de um ano antes. Em março de 1769, a expedição completou sua circum-navegação e chegou em Saint-Malo, com a perda de somente sete dos 200 homens que compunham a tripulação, facto excecional naquela época, e um crédito extra ao bom comando da expedição de Bougainville. A sua viagem foi também excecional pelo facto de ter sido a primeira a incluir uma mulher, Jeanne Baré, empregada do naturalista da expedição acima mencionado, Philibert Commerçon.
Descrevendo o Taiti no seu livro de 1771 Voyage autour du Monde, Bougainville ofereceu visão de um paraíso terrestre onde homens e mulheres viviam felizes, em completa inocência, longe da corrupção da civilização. Ele ilustrou o conceito de "nobre selvagem", e influenciou as ideias utópicas de filósofos como Jean-Jacques Rousseau antes do advento da Revolução francesa.
   

sábado, julho 22, 2023

Mais ferramentas no GoogleMaps...

Mapas da Google têm três funções “secretas”

Se não sabe onde estacionou o carro, se quer viajar até 1923 ou se quiser entrar no mundo da realidade virtual, o Google Maps ajuda.

Os mapas da Google são uma aplicação utilizada milhões de vezes todos os dias e, mesmo assim, ainda tem funções que milhões não conhecem.

Quase 20 anos depois da sua criação (2005), ainda estamos a descobrir novidades. Até porque as novidades são constantes.

A Agência Texty partilhou quatro funções “secretas” do Google Maps. Deixamos aqui três e depois vamos à quarta.

A primeira permite descobrir onde estacionou o carro. Sim, acontece muitas vezes em centros comerciais. Tem uma função chamada ‘Guardar local de estacionamento’: dá para acrescentar notas, fotos e vídeos do local em que o veículo está.

Viajar no tempo também é possível. Quer dizer, mais ou menos. Os mapas da Google permitem ver fotografias panorâmicas de outros tempos, na ‘Vista de rua’; há um relógio lá no canto que permite selecionar o ano que queremos recuperar.

O Google Maps permite ainda viajar através da realidade virtual: depois de definirmos o trajeto que vamos percorrer, escolhemos a opção de ir a pé e selecionamos a opção ‘Vista em direto’, ou Live View. A partir daí, a câmara do telemóvel serve para a Google nos guiar em tempo real.

Por fim, o que não será assim tão “secreto”, pelo menos em Portugal, é o facto de o Google Maps ajudar quando escolhemos o melhor transporte público para a nossa viagem. Os mapas também calculam as melhores opções, quer seja de autocarro, metro ou comboio. Incluindo por vezes boleias da Uber.

 

in ZAP

quinta-feira, março 23, 2023

O geólogo William Smith nasceu há 254 anos

 
William Smith, conhecido como Strata Smith, (Churchill, Oxfordshire, 23 de março de 1769 - Northampton, Northamptonshire, 28 de agosto de 1839) foi um geólogo britânico. É considerado o "pai da geologia inglesa".
O seu trabalho mais famoso é conhecido como "The Map That Changed the World" (O mapa que mudou o Mundo), um mapa geológico detalhado da Inglaterra, do País de Gales e de uma parte da Escócia. O seu trabalho, no início, não recebeu o devido valor; foi plagiado, e, arruinado financeiramente, passou muito tempo na prisão. A nova ciência da Geologia e as realizações de Smith só foram reconhecidas no final da sua vida.
Recebeu a primeira Medalha Wollaston, concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1831.
   
O famoso mapa geológico de Smith da Grã-Bretanha (1815)
   

domingo, fevereiro 05, 2023

O cartógrafo e naturalista Alexander Thomas Emeric Vidal morreu há cento e sessenta anos

      
Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – Clifton, Bristol, 5 de fevereiro de 1863) foi oficial da marinha real britânica, notabilizando-se pelos seus trabalhos hidrográficos, tendo participado em expedições destinadas a cartografar os Grandes Lagos canadianos (1815), a costa de África:1822 – África do Sul; 1822-1824 – costa oriental até Zanzibar e às Seychelles; 1824 – costa ocidental até à Gâmbia; 1835-1838 – Madeira e costa ocidental de África; e os Açores (1841 e 1845).

Biografia
A. T. E. Vidal nasceu em 1792, o filho mais novo de Emeric Vidal, também oficial da Royal Navy.
Assentou praça como voluntário no HMS Illustrious a 1 de dezembro de 1803, permanecendo naquele navio até 1805. terminado o seu tirocínio no mar, inscreveu-se no Royal Naval College, em Portsmouth, instituição que frequentou entre 22 de maio de 1807 e outubro de 1809.
Terminado o curso, embarcou como guarda-marinha no HMS Lavinia em novembro de 1809, nele permanecendo até 1812. Entre este ano e 1814, passou por diversas unidades navais, tendo-se dedicado à navegação e à hidrografia.
Promovido a tenente a 6 de fevereiro de 1815, parte a bordo do HMS Niobe numa missão hidrográfica destinada ao levantamento dos Grandes Lagos canadianos, missão em que permanece de fevereiro a novembro desse ano.
Serviu no HMS Levin, sob o comando de Owen, na expedição hidrográfica à costa de África (Levin e Barracouta, 1822; Table Bay, 1822-1824; costa oriental de África até Zanzibar e as Seychelles, 1825; costa ocidental de África, até à Gâmbia, 1818 - 1823).
Assumiu funções de comando a 15 de maio de 1823 no HMS Barracouta. Foi promovido a capitão (captain) da Royal Navy a 4 de outubro de 1825.
Durante um curto período em 1831 comandou o HMS Pike. Nomeado para o comando do HMS Aetna, levou a cabo uma missão hidrográfica na costa ocidental de África de 1835 a 1838.
Casou no Canadá, em outubro de 1839, com Sarah Antoinette, filha de Henry Veicht, da ilha da Madeira.
Comandou o HMS Styx no levantamento hidrográfico dos Açores de 15 de setembro de 1841 a janeiro de 1845.
Comandou o iate William and Mary de 7 de janeiro de 1845 a 1846.
Alexander Thomas Emeric Vidal faleceu a 5 de fevereiro de 1863.
    
Levantamento hidrográfico dos Açores
Comandando o vapor de rodas HMS Styx, foi encarregue em 1841 pelo almirantado britânico de proceder ao levantamento hidrográfico do arquipélago dos Açores. Os trabalhos de campo prolongaram-se de setembro de 1841 a 1845. As cartas resultantes desse levantamento foram as primeiras a representar o arquipélago com rigor, permanecendo em uso quase um século. Serviram de base a várias edições, incluindo pelo menos uma da responsabilidade da Armada portuguesa. Na literatura de temática açoriana aparecem frequentes referências a estas cartas e ao seu autor, normalmente referido como "Capitão Vidal" ou "A. T. E. Vidal".
Para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, as expedições do Capitão Vidal permitiram a realização de alguns estudos de história natural. Entre os estudos realizados, contam-se os trabalhos de herborização e pesquisa botânica de Hewett Cottrell Watson, levados a cabo durante a campanha que teve lugar de maio a setembro de 1842. Tais trabalhos originaram a publicação de várias listas das plantas existentes nos Açores, posteriormente consolidadas no capítulo sobre botânica intitulado Botany of the Azores, escrito por Watson, e inserto na obra Natural History of the Azores or Western Islands, editada em 1870 por Frederick du Cane Godman.
Em honra do Capitão Vidal, Hewett Cottrell Watson propôs a criação do género Vidalia, no qual incluiu a margarida endémica açoriana Bellis azorica Hochstetter ex Seubert, e atribuiu o nome de Campanulla vidalii Watson (E. C. Watson, in Hookers’s Icones Pl.: t. 684) à atual Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer.
Apesar de trabalhos posteriores não terem confirmado a validade sistemática do género Vidalia, a homenagem a Vidal teve êxito, já que a Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer, espécie única do único género endémico de plantas dos Açores, é hoje a mais conhecida das endémicas açorianas, sendo cultivada pelas suas vistosas flores e comercializada como vidalia (ou vidália) nos mercados internacionais de flores e sementes.
 
(imagem daqui)
   

quarta-feira, agosto 31, 2022

Bougainville morreu há 211 anos

  
Louis Antoine de Bougainville (Paris, 11 de Novembro de 1729 - Paris, 31 de Agosto de 1811) foi um oficial, navegador e escritor francês.
Recebeu o título de conde em 1808.
Na juventude estudou direito, mas logo abandonou a profissão. Em 1753 entrou no exército, no corpo dos mosqueteiros. Com 25 anos, publicou um tratado de cálculo integral como suplemento do tratado de De l'Hôpital, Des infiniment petits.
Em 12 de outubro de 1754 foi enviado a Londres como secretário da embaixada da França e tornou-se membro da Royal Society.
Primeiro ajudante (aide de camps) de Montcalm em 1756, ao lado do qual combateu em 1759, tornou-se capitão de fragata em 1753 e tentou em vão colonizar as ilhas Malvinas (1763-1765).
"Participou ativamente da guerra franco-inglesa no Canadá", diz a "Brasiliana da Biblioteca Nacional", pg 49, "e realizou três viagens às Malvinas, com interesse de transportar os colonos canadianos para as ilhas. Mesmo com as enormes perdas da guerra, procurou convencer o governo francês a reforçar as frotas naval e mercantil, com a finalidade de alargar e recuperar o império francês. Nos mares do sul, segundo o militar viajante, os franceses encontrariam as especiarias, o ouro e produtos tropicais perdidos para os ingleses. Os novos territórios forneceriam ainda elementos preciosos para a História Natural".
Em 1766 Bougainville recebeu de Luís XV de França a missão de navegar ao redor do globo em uma expedição com um naturalista, cartógrafo e astrónomo. Tornou-se o 14° navegador da história, e o primeiro francês a conseguir o feito: a realização dessa volta ao mundo revigorou o prestígio da França após suas humilhantes derrotas durante a Guerra dos sete anos.
Bougainville zarpou em 1766 com dois navios, La Boudeuse e L'Etoile. Esteve no Rio de Janeiro em 1767 e reuniu dados sobre as fortificações, administração e comércio. "Se inicialmente recebera boa acolhimento das autoridades locais, incidentes no sul, envolvendo portugueses e espanhóis, provocaram mudança na atitude do vice-rei em relação aos franceses", segundo conta Maria Fernanda Bicalho. Ele e os seus oficiais foram proibidos de permanecer nos arredores da cidade, inviabilizando a coleta de espécies vegetais pelo naturalista Philibert Commerson, célebre por suas ideias conservacionistas. Em seu álbum Pitoresco, entretanto, retrata os principais monumentos naturais e artificiais e o aspeto geral das cidades e populações: a prancha 34, por exemplo, reproduz a "Cascade de la Grande Tijuca, près Rio-Janeiro", que é hoje chamada a cascatinha da Tijuca, no Parque do Açude, Alto da Boa Vista.
Visitou a ilha do Taiti em abril de 1768 e por pouco perdeu a oportunidade de se tornar o seu descobridor, desconhecendo a visita anterior de Samuel Wallis no HMS Dolphin, menos de um ano antes. Em março de 1769, a expedição completou sua circum-navegação e chegou em Saint-Malo, com a perda de somente sete dos 200 homens que compunham a tripulação, fato excecional naquela época, e um crédito extra ao bom comando da expedição de Bougainville. A sua viagem foi também excecional pelo facto de ter sido a primeira a incluir uma mulher, Jeanne Baré, empregada do naturalista da expedição acima mencionado, Philibert Commerçon.
Descrevendo o Taiti no seu livro de 1771 Voyage autour du Monde, Bougainville ofereceu visão de um paraíso terrestre onde homens e mulheres viviam felizes, em completa inocência, longe da corrupção da civilização. Ele ilustrou o conceito de "nobre selvagem", e influenciou as ideias utópicas de filósofos como Jean-Jacques Rousseau antes do advento da Revolução francesa.
  

quarta-feira, março 23, 2022

O geólogo William Smith nasceu há 253 anos

 
William Smith, conhecido como Strata Smith, (Churchill, Oxfordshire, 23 de março de 1769 - Northampton, Northamptonshire, 28 de agosto de 1839) foi um geólogo britânico. É considerado o "pai da geologia inglesa".
O seu trabalho mais famoso é conhecido como "The Map That Changed the World" (O mapa que mudou o Mundo), um mapa geólogico detalhado da Inglaterra, do País de Gales e de uma parte da Escócia. O seu trabalho, no início, não recebeu o devido valor; foi plagiado, e, arruinado financeiramente, passou muito tempo na prisão. A nova ciência da Geologia e as realizações de Smith só foram reconhecidas no final da sua vida.
Recebeu a primeira Medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1831.
   
O famoso mapa geológico de Smith da Grã-Bretanha (1815)
   

sábado, fevereiro 05, 2022

O cartógrafo e naturalista Alexander Thomas Emeric Vidal morreu há 159 anos

      
Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – Clifton, Bristol, 5 de fevereiro de 1863) foi oficial da marinha real britânica, notabilizando-se pelos seus trabalhos hidrográficos, tendo participado em expedições destinadas a cartografar os Grandes Lagos canadianos (1815), a costa de África:1822 – África do Sul; 1822-1824 – costa oriental até Zanzibar e às Seychelles; 1824 – costa ocidental até à Gâmbia; 1835-1838 – Madeira e costa ocidental de África; e os Açores (1841 e 1845).

Biografia
A. T. E. Vidal nasceu em 1792, o filho mais novo de Emeric Vidal, também oficial da Royal Navy.
Assentou praça como voluntário no HMS Illustrious a 1 de dezembro de 1803, permanecendo naquele navio até 1805. terminado o seu tirocínio no mar, inscreveu-se no Royal Naval College, em Portsmouth, instituição que frequentou entre 22 de maio de 1807 e outubro de 1809.
Terminado o curso, embarcou como guarda-marinha no HMS Lavinia em novembro de 1809, nele permanecendo até 1812. Entre este ano e 1814, passou por diversas unidades navais, tendo-se dedicado à navegação e à hidrografia.
Promovido a tenente a 6 de fevereiro de 1815, parte a bordo do HMS Niobe numa missão hidrográfica destinada ao levantamento dos Grandes Lagos canadianos, missão em que permanece de fevereiro a novembro desse ano.
Serviu no HMS Levin, sob o comando de Owen, na expedição hidrográfica à costa de África (Levin e Barracouta, 1822; Table Bay, 1822-1824; costa oriental de África até Zanzibar e as Seychelles, 1825; costa ocidental de África, até à Gâmbia, 1818 - 1823).
Assumiu funções de comando a 15 de maio de 1823 no HMS Barracouta. Foi promovido a capitão (captain) da Royal Navy a 4 de outubro de 1825.
Durante um curto período em 1831 comandou o HMS Pike. Nomeado para o comando do HMS Aetna, levou a cabo uma missão hidrográfica na costa ocidental de África de 1835 a 1838.
Casou no Canadá, em outubro de 1839, com Sarah Antoinette, filha de Henry Veicht, da ilha da Madeira.
Comandou o HMS Styx no levantamento hidrográfico dos Açores de 15 de setembro de 1841 a janeiro de 1845.
Comandou o iate William and Mary de 7 de janeiro de 1845 a 1846.
Alexander Thomas Emeric Vidal faleceu a 5 de fevereiro de 1863.
    
Levantamento hidrográfico dos Açores
Comandando o vapor de rodas HMS Styx, foi encarregue em 1841 pelo almirantado britânico de proceder ao levantamento hidrográfico do arquipélago dos Açores. Os trabalhos de campo prolongaram-se de setembro de 1841 a 1845. As cartas resultantes desse levantamento foram as primeiras a representar o arquipélago com rigor, permanecendo em uso quase um século. Serviram de base a várias edições, incluindo pelo menos uma da responsabilidade da Armada portuguesa. Na literatura de temática açoriana aparecem frequentes referências a estas cartas e ao seu autor, normalmente referido como "Capitão Vidal" ou "A. T. E. Vidal".
Para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, as expedições do Capitão Vidal permitiram a realização de alguns estudos de história natural. Entre os estudos realizados, contam-se os trabalhos de herborização e pesquisa botânica de Hewett Cottrell Watson, levados a cabo durante a campanha que teve lugar de maio a setembro de 1842. Tais trabalhos originaram a publicação de várias listas das plantas existentes nos Açores, posteriormente consolidadas no capítulo sobre botânica intitulado Botany of the Azores, escrito por Watson, e inserto na obra Natural History of the Azores or Western Islands, editada em 1870 por Frederick du Cane Godman.
Em honra do Capitão Vidal, Hewett Cottrell Watson propôs a criação do género Vidalia, no qual incluiu a margarida endémica açoriana Bellis azorica Hochstetter ex Seubert, e atribuiu o nome de Campanulla vidalii Watson (E. C. Watson, in Hookers’s Icones Pl.: t. 684) à actual Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer.
Apesar de trabalhos posteriores não terem confirmado a validade sistemática do género Vidalia, a homenagem a Vidal teve êxito, já que a Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer, espécie única do único género endémico de plantas dos Açores, é hoje a mais conhecida das endémicas açorianas, sendo cultivada pelas suas vistosas flores e comercializada como vidalia (ou vidália) nos mercados internacionais de flores e sementes.
   

terça-feira, agosto 31, 2021

O navegador, naturalista, cartógrafo e astrónomo Bougainville morreu há 210 anos

  
Louis Antoine de Bougainville (Paris, 11 de Novembro de 1729 — Paris, 31 de Agosto de 1811) foi um oficial, navegador e escritor francês.
Recebeu o título de conde em 1808.
Na juventude estudou direito, mas logo abandonou a profissão. Em 1753 entrou no exército, no corpo dos mosqueteiros. Com 25 anos, publicou um tratado de cálculo integral como suplemento do tratado de De l'Hôpital, Des infiniment petits.
Em 12 de Outubro de 1754 foi enviado a Londres como secretário da embaixada da França e se tornou membro da Royal Society.
Primeiro ajudante (aide de camps) de Montcalm em 1756, ao lado do qual combateu em 1759, tornou-se capitão de fragata em 1753 e tentou em vão colonizar as ilhas Malvinas (1763-1765).
"Participou activamente da guerra franco-inglesa no Canadá", diz a "Brasiliana da Biblioteca Nacional", pg 49, "e realizou três viagens às Malvinas, com interesse de transportar os colonos canadianos para as ilhas. Mesmo com as enormes perdas da guerra, procurou convencer o governo francês a reforçar as frotas naval e mercantil, com a finalidade de alargar e recuperar o império francês. Nos Mares do Sul, segundo o militar viajante, os franceses encontrariam as especiarias, o ouro e produtos tropicais perdidos para os ingleses. Os novos territórios forneceriam ainda elementos preciosos para a História Natural".
Em 1766 Bougainville recebeu de Luís XV de França a missão de navegar ao redor do globo em uma expedição com um naturalista, cartógrafo e astrónomo. Tornou-se o 14° navegador da história, e o primeiro francês a conseguir o feito: a realização dessa volta ao mundo revigorou o prestígio da França após suas humilhantes derrotas durante a Guerra dos sete anos.
Bougainville zarpou em 1766 com dois navios, La Boudeuse e L'Etoile. Esteve no Rio de Janeiro em 1767 e reuniu dados sobre as fortificações, administração e comércio. "Se inicialmente recebera boa acolhida das autoridades locais, incidentes no sul, envolvendo portugueses e espanhóis, provocaram mudança na atitude do vice-rei em relação aos franceses", segundo conta Maria Fernanda Bicalho. Ele e seus oficiais foram proibidos de permanecer nos arredores da cidade, inviabilizando a colecta de espécies vegetais pelo naturalista Philibert Commerson, célebre por suas ideias conservacionistas. Em seu álbum Pitoresco, entretanto, retrata os principais monumentos naturais e artificiais e o aspecto geral das cidades e populações: a prancha 34, por exemplo, reproduz a "Cascade de la Grande Tijuca, près Rio-Janeiro", que é hoje chamada a cascatinha da Tijuca, no Parque do Açude, Alto da Boa Vista.
Visitou a ilha de Taiti em Abril de 1768 e por pouco perdeu a oportunidade de se tornar seu descobridor, desconhecendo a visita anterior de Samuel Wallis no HMS Dolphin menos de um ano antes. Em Março de 1769, a expedição completou sua circum-navegação e chegou em Saint-Malo, com a perda de somente sete dos 200 homens que compunham a tripulação, fato excepcional naquela época, e um crédito extra ao bom comando da expedição de Bougainville. Sua viagem foi também excepcional pelo fato de ter sido a primeira a incluir uma mulher, Jeanne Baré, empregada do naturalista da expedição acima mencionado, Philibert Commerçon.
Descrevendo o Taiti no seu livro de 1771 Voyage autour du Monde, Bougainville ofereceu visão de um paraíso terrestre onde homens e mulheres viviam felizes, em completa inocência, longe da corrupção da civilização. Ele ilustrou o conceito de "nobre selvagem", e influenciou as ideias utópicas de filósofos como Jean-Jacques Rousseau antes do advento da Revolução francesa.
  

terça-feira, março 23, 2021

O geólogo William Smith nasceu há 252 anos

 
William Smith, conhecido como Strata Smith, (Churchill, Oxfordshire, 23 de março de 1769 - Northampton, Northamptonshire, 28 de agosto de 1839) foi um geólogo britânico. É considerado o "pai da geologia inglesa".
O seu trabalho mais famoso é conhecido como "The Map That Changed the World" (O mapa que mudou o Mundo), um mapa geólogico detalhado da Inglaterra, do País de Gales e de uma parte da Escócia. O seu trabalho, no início, não recebeu o devido valor; foi plagiado, e, arruinado financeiramente, passou muito tempo na prisão. A nova ciência da Geologia e as realizações de Smith só foram reconhecidas no final da sua vida.
Recebeu a primeira Medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1831.
   
O famoso mapa geológico de Smith da Grã-Bretanha (1815)
   

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

O cartógrafo e naturalista Alexander Thomas Emeric Vidal morreu há 158 anos

   
Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – Clifton, Bristol, 5 de fevereiro de 1863) foi oficial da marinha real britânica, notabilizando-se pelos seus trabalhos hidrográficos, tendo participado em expedições destinadas a cartografar os Grandes Lagos canadianos (1815), a costa de África:1822 – África do Sul; 1822-1824 – costa oriental até Zanzibar e às Seychelles; 1824 – costa ocidental até à Gâmbia; 1835-1838 – Madeira e costa ocidental de África; e os Açores (1841 e 1845).

Biografia
A. T. E. Vidal nasceu em 1792, o filho mais novo de Emeric Vidal, também oficial da Royal Navy.
Assentou praça como voluntário no HMS Illustrious a 1 de dezembro de 1803, permanecendo naquele navio até 1805. terminado o seu tirocínio no mar, inscreveu-se no Royal Naval College, em Portsmouth, instituição que frequentou entre 22 de maio de 1807 e outubro de 1809.
Terminado o curso, embarcou como guarda-marinha no HMS Lavinia em novembro de 1809, nele permanecendo até 1812. Entre este ano e 1814, passou por diversas unidades navais, tendo-se dedicado à navegação e à hidrografia.
Promovido a tenente a 6 de fevereiro de 1815, parte a bordo do HMS Niobe numa missão hidrográfica destinada ao levantamento dos Grandes Lagos canadianos, missão em que permanece de fevereiro a novembro desse ano.
Serviu no HMS Levin, sob o comando de Owen, na expedição hidrográfica à costa de África (Levin e Barracouta, 1822; Table Bay, 1822-1824; costa oriental de África até Zanzibar e as Seychelles, 1825; costa ocidental de África, até à Gâmbia, 1818 - 1823).
Assumiu funções de comando a 15 de maio de 1823 no HMS Barracouta. Foi promovido a capitão (captain) da Royal Navy a 4 de outubro de 1825.
Durante um curto período em 1831 comandou o HMS Pike. Nomeado para o comando do HMS Aetna, levou a cabo uma missão hidrográfica na costa ocidental de África de 1835 a 1838.
Casou no Canadá, em outubro de 1839, com Sarah Antoinette, filha de Henry Veicht, da ilha da Madeira.
Comandou o HMS Styx no levantamento hidrográfico dos Açores de 15 de setembro de 1841 a janeiro de 1845.
Comandou o iate William and Mary de 7 de janeiro de 1845 a 1846.
Alexander Thomas Emeric Vidal faleceu a 5 de fevereiro de 1863.
  
Levantamento hidrográfico dos Açores
Comandando o vapor de rodas HMS Styx, foi encarregue em 1841 pelo almirantado britânico de proceder ao levantamento hidrográfico do arquipélago dos Açores. Os trabalhos de campo prolongaram-se de setembro de 1841 a 1845. As cartas resultantes desse levantamento foram as primeiras a representar o arquipélago com rigor, permanecendo em uso quase um século. Serviram de base a várias edições, incluindo pelo menos uma da responsabilidade da Armada portuguesa. Na literatura de temática açoriana aparecem frequentes referências a estas cartas e ao seu autor, normalmente referido como "Capitão Vidal" ou "A. T. E. Vidal".
Para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, as expedições do Capitão Vidal permitiram a realização de alguns estudos de história natural. Entre os estudos realizados, contam-se os trabalhos de herborização e pesquisa botânica de Hewett Cottrell Watson, levados a cabo durante a campanha que teve lugar de maio a setembro de 1842. Tais trabalhos originaram a publicação de várias listas das plantas existentes nos Açores, posteriormente consolidadas no capítulo sobre botânica intitulado Botany of the Azores, escrito por Watson, e inserto na obra Natural History of the Azores or Western Islands, editada em 1870 por Frederick du Cane Godman.
Em honra do Capitão Vidal, Hewett Cottrell Watson propôs a criação do género Vidalia, no qual incluiu a margarida endémica açoriana Bellis azorica Hochstetter ex Seubert, e atribuiu o nome de Campanulla vidalii Watson (E. C. Watson, in Hookers’s Icones Pl.: t. 684) à actual Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer.
Apesar de trabalhos posteriores não terem confirmado a validade sistemática do género Vidalia, a homenagem a Vidal teve êxito, já que a Azorina vidalii (H.C.Watson) Feer, espécie única do único género endémico de plantas dos Açores, é hoje a mais conhecida das endémicas açorianas, sendo cultivada pelas suas vistosas flores e comercializada como vidalia (ou vidália) nos mercados internacionais de flores e sementes.

sábado, agosto 11, 2018

Pedro Nunes morreu há 440 anos

Pedro Nunes (Alcácer do Sal, 1502 - Coimbra, 11 de agosto de 1578), com o nome latinizado Petrus Nonius, foi um matemático português.
Foi um dos maiores vultos científicos do seu tempo. Contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da navegação teórica, tendo-se dedicado, entre outros, aos problemas matemáticos da cartografia. Foi ainda inventor de vários instrumentos de medida, incluindo o "anel náutico", o "instrumento de sombras", e o nónio (nonius, o seu sobrenome em latim, mas também, erradamente, conhecido como vernier).
Traduziu para a língua portuguesa o Tratado da Esfera de Johannes de Sacrobosco (1537), os capítulos iniciais das Novas Teóricas dos Planetas de Georg von Peuerbach (por vezes referido como Jorge Purbáquio) e o livro primeiro da Geografia de Ptolomeu.
Em 1544 foi-lhe confiada a cátedra de matemática da Universidade de Coimbra, a maior distinção que se podia conferir, no país, à época, a um matemático.
Subsistem ainda hoje dúvidas sobre a origem familiar de Pedro Nunes. Judeu ou não, o certo é que os seus netos Matias Pereira e Pedro Nunes Pereira foram detidos, interrogados e condenados pelo Santo Ofício, sob a acusação de judaísmo. O primeiro esteve detido de 31 de maio de 1623 a 4 de junho de 1631; o segundo, em Lisboa, de 6 de junho de 1623 a 1632.
  
Biografia
A infância de Pedro Nunes é pouco conhecida. Estudou na Universidade de Salamanca talvez de 1521 a 1522, e na Universidade de Coimbra (que então ainda estava em Lisboa) onde obteve a graduação em Medicina em 1525. No século XVI a Medicina recorria à Astrologia, vindo assim a dominar as disciplinas de Astronomia e Matemática. Posteriormente prosseguiu os seus estudos de Medicina, mas também lecionou várias disciplinas na Universidade de Coimbra, incluindo Moral, Filosofia, Lógica e Metafísica. Quando, em 1537, a universidade retornou para Coimbra, ele transferiu-se para lá, para lecionar matemática, cargo que manteve até 1562. À época, esta era uma disciplina nova naquela instituição, tendo sido criada com o intuito de fornecer as instruções técnicas necessárias para a navegação, que se tornara um tópico vital no país, à época. A matemática tornou-se uma disciplina independente em 1544.
Além de se dedicar ao ensino, foi nomeado Cosmógrafo Real em 1529 e tornou-se o primeiro Cosmógrafo-mor do Reino em 1547, cargo que exerceu até ao seu falecimento.
Em 1531, El-Rei D. João III de Portugal encarregou-o da educação dos seus irmãos mais novos, Luís e Henrique. Anos depois, foi também responsável pela educação do neto de Sua Majestade (e também futuro rei), D. Sebastião.
É possível que durante a sua estadia em Coimbra, Christopher Clavius tenha assistido às aulas de Pedro Nunes, sendo assim influenciado pelo seu trabalho.
Nónio original de Pedro Nunes
  
Contributos para a Ciência
Pedro Nunes viveu num período de transição, onde a ciência mudou de uma índole teórica (e onde o principal papel dos cientistas era comentar os trabalhos dos autores precedentes), para a provisão de dados experimentais, ambos como forma de informação e método de confirmar as teorias existentes. Nunes foi, acima de tudo, um dos últimos grandes comentadores, como mostra o seu primeiro trabalho publicado, mas também reconhecia a importância da experimentação.
Nunes acreditava que o conhecimento científico devia ser partilhado. Assim, o seu trabalho original foi impresso em três línguas diferentes: português, latim - para atingir a comunidade académica europeia -, e ainda um (Livro de algebra en arithmetica y geometria) em espanhol, o que foi considerado surpreendente por alguns historiadores, dado que a Espanha era então o principal adversário de Portugal no domínio dos mares.
Muito do seu trabalho está relacionado com a navegação. Foi ele o primeiro a perceber por que um navio que mantivesse uma rota fixa não conseguiria navegar através de uma circunferência, o caminho mais curto entre dois pontos na terra, mas deveria antes seguir a "linha de rumo" por um rota em espiral chamada loxodrómica. A posterior invenção dos logaritmos permitiram a Gottfried Leibniz estabelecer a equação algébrica para a loxodrómica.
No seu Tratado em Defensão da Carta de Marear, 300 anos antes de Mauritus Cornelius Escher, argumenta que uma carta náutica deveria ter circunferências paralelas e meridianos desenhados como linhas rectas. Ele também mostrava-se capaz de resolver todos os problemas que isto causava, uma situação que durou até Gerardo Mercator desenvolver a chamada "projecção de Mercator", sistema que é usado até hoje.
É no mesmo "Tratado de Defensão da Carta de Marear" que Pedro Nunes exalta as navegações portuguesas: "E fizeram o Mar tão chão, que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena Ilha, alguns Baixos ou sequer algum Penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto".
Nunes debruçou-se sobre vários problemas práticos de navegação respeitantes à correcção da rota, ao mesmo tempo que tentava desenvolver métodos mais precisos para determinar a posição de um navio. Os seus métodos para determinar as latitudes e corrigir os desvios das agulhas magnéticas foram empregados com sucesso por D. João de Castro nas suas viagens a Goa e ao mar Vermelho.
Ele criou o nónio para melhorar a precisão dos instrumentos. A sua adaptação ao quadrante foi utilizada por Tycho Brahe que, contudo, o considerava demasiado complexo. Mais tarde foi aperfeiçoado por Pierre Vernier para a sua forma actual.
Pedro Nunes também trabalhou em diversos problemas mecânicos, de um ponto de vista matemático. Ele foi provavelmente o último grande matemático a fazer aperfeiçoamentos significativos ao sistema de Ptolomeu (um modelo geocêntrico), contudo isso perdeu importância devido ao novo modelo de Nicolau Copérnico, o heliocêntrico, que o substituiu.
Nunes conheceu o trabalho de Copérnico, mas só lhe fez uma pequena referência nos seus trabalhos publicados, afirmando que era um matematicamente correcto. Ao fazer isto, aparentemente estaria a evitar opinar sobre a questão se seria a Terra ou o Sol o centro do sistema.
Ele também resolveu o problema de encontrar o dia com o menor crepúsculo, para qualquer posição, bem como a sua duração. Este problema per se não teria grande importância, mas serve para demonstrar o génio de Nunes, usado mais de um século depois por Johann e Jakob Bernoulli com menos sucesso. Eles conseguiram encontrar a solução para o menor dia, mas não conseguiram determinar a sua duração, possivelmente porque perderam-se em detalhes de cálculo diferencial, que era um campo recente da matemática naquele tempo. Isto também mostra que Pedro Nunes era um pioneiro na resolução de problemas de máximos e mínimos, que só se popularizaram no século seguinte, com o uso do cálculo diferencial.
Em agosto de 2009, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Academia de Ciências de Lisboa (re)publicaram as obras completas de Pedro Nunes.
  
Traduções comentadas e expandidas
Trabalhos originais
  • Tratado em defensão da carta de marear (1539)
  • Tratado sobre certas dúvidas da navegação (1547)
  • De crepusculis (Sobre o Crepúsculo) (1542)
  • De erratis Orontii Finei (Sobre os erros de Orontii Finei) (1546)
  • Petri Nonii Salaciensis Opera, (1566) - expandido, corrigido e reeditado como De arte adqueratione navigandi (1573)
  • Livro de algebra en arithmetica y geometria
Efígie de Pedro Nunes no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, Portugal
 
Homenagens
  • A efígie de Pedro Nunes aparecia nas antigas moedas de 100 escudos.
  • O asteróide 5313 Nunes foi batizado em sua honra.