sábado, setembro 29, 2012

Jerry Lee Lewis - 77 anos

Jerry Lee Lewis (29 de setembro de 1935) é um cantor, compositor e pianista norte-americano de rock and roll, considerado um dos pioneiros do género. Esteve no Hall of Fame do Rock And Roll em 1986 e em 2005. Em 2004, a revista Rolling Stone colocou-o em vigésimo quarto lugar no seu ranking dos 100 melhores artistas de todos os tempos.

Nascido em Ferriday, Louisiana, Jerry Lee Lewis demonstrou talento natural para tocar piano desde cedo. Apesar da pobreza, os seus pais conseguiram um empréstimo para comprar um piano, hipotecando a própria casa, e com um ano Jerry já desenvolvera seu próprio estilo de tocar. Assim como Elvis Presley, ele cresceu cantando música gospel nas igrejas pentecostais sulistas. Em 1950, ele entrou para o Southwestern Bible Institute em Texas, mas foi expulso por má-conduta (como, por exemplo, tocar versões rock and roll dos cânticos da igreja).
Deixando a música religiosa para trás, ele tornou-se parte do recém-surgido movimento rock and roll, lançando sua primeira gravação em 1954. Lewis desenvolveu um som misto de rhythm and blues, boogie-woogie, gospel e country. Dois anos depois, no estúdio da Sun Records em Memphis, Tennessee, o produtor e engenheiro-de-som Jack Clement gravou com Lewis pelo selo enquanto seu dono, Sam Phillips, viajava para a Flórida. Como consequência, Lewis juntou-se a Elvis Presley, Roy Orbison, Carl Perkins e Johnny Cash na lista de astros que começaram sua carreira no Sun Studios na mesma época.
A primeira gravação de Lewis nos estúdios da Sun foi de sua distinta versão da balada country “Crazy Arms”. Em 1957, seu piano e o puro som rock de “Whole Lotta Shakin’ Goin’ On” renderam-no fama internacional. Logo viria “Great Balls Of Fire”, o seu maior sucesso. Vendo e ouvindo Jerry Lee Lewis tocar, Elvis disse que, se conseguisse tocar piano daquele jeito, não cantava nunca mais.
As apresentações de Lewis eram dinâmicas. Ele chutava o banquinho do piano da sua frente para poder tocar de pé, deslizava e batia suas mãos pelas teclas, subia no piano, pisava nas teclas e até mesmo sentava em cima delas. Chegou a deitar fogo num piano, deitando fluido de isqueiro dentro da cauda do mesmo, somente por ter de deixar Chuck Berry encerrar o show, facto que ele não aceitava. O seu estilo frenético pode ser conferido em filmes como High School Confidential e The Girl Can't Help It.
A turbulenta vida pessoal de Lewis era mantida em segredo do público até que, durante uma turnê britânica em 1958, a imprensa descobriu que a esposa do astro (então com 23 anos) era Myra Gale Brown, sua prima de segundo grau. A situação provocou um escândalo público e a turnê foi cancelada depois de apenas três shows.
O escândalo seguiu Lewis para a casa na América e, como resultado, ele quase foi banido do cenário musical. O seu único sucesso durante a época foi uma versão de “What’d I Say”, de Ray Charles lançada em 1961. A sua popularidade ia-se reerguendo aos poucos na Europa, especialmente no Reino Unido e na Alemanha. Um álbum ao vivo desta época, ‘’Live At The Star Club, Hamburg” (1964), gravado com o The Nashville Teens, é considerado como um dos melhores discos ao vivo de rock de todos os tempos. Entretanto, a fama se afastava dele cada vez mais nos Estados Unidos. Depois de mais de uma década tocando rock and roll, em 1968 Lewis começou a focar a sua carreira na música country, obtendo sucesso considerável. Embora continuasse a tocar e viajar em turnê, ele nunca mais conseguiria alcançar o nível de sucesso que tinha antes do escândalo de 1958 (apesar do sucesso internacional do compacto “Chantilly Lace” em 1973).
Marcado por problemas com álcool e drogas depois de se separar de Myra em 1970, as tragédias continuariam quando seu filho Jerry Lee Lewis Jr., de 19 anos, morreu em um acidente automobilístico em 1973. No começo dos anos sessenta ele já havia perdido o seu primeiro filho, Steve Allen Lewis, que se afogou numa piscina. O próprio comportamento irresponsável de Lewis no final dos anos 70 levou-o a ser internado depois de quase morrer de úlcera. Depois disso, a sua quarta esposa morreu afogada em uma piscina, em circunstâncias suspeitas. Pouco mais de um ano depois, a sua quinta esposa seria encontrada morta de overdose de metadona. Também viciado em drogas, Jerry Lee Lewis decidiu se recuperar na Betty Ford Clinic.
Enquanto celebrava seu quadragésimo-primeiro aniversário em 1976, Lewis baleou acidentalmente seu baixista Butch Owens na barriga. Pensando que a arma estava descarregada, ele a apontou para o colega de brincadeira e apertou o gatilho. Owens milagrosamente sobreviveu. Poucas semanas depois, em 23 de novembro, Lewis foi preso novamente por um incidente com armas, desta vez na mansão de Elvis Presley em Graceland. Lewis fora convidado por Presley, mas os seguranças não sabiam da visita. Quando questionado por eles o que fazia na frente do portão, Lewis mostrou uma arma e disse brincando que estava ali para matar Elvis.
Apesar de seus problemas pessoais, seu talento musical nunca foi questionado. Apelidado The Killer (O Matador) por sua voz poderosa e sua técnica ao piano, ele foi descrito por seu colega Roy Orbison como o melhor artista cru da história da música rock. Em 1986 Jerry Lee Lewis foi incluído na primeira leva de artistas a serem homenageados no Hall da Fama do Rock and Roll.
No mesmo ano ele voltou ao Sun Studios em Memphis para reunir-se com Orbison, Cash e Perkins e gravar o álbum Class of '55. Mas aquela não era a primeira vez que ele se juntava a Cash e Perkins no Sun Studios. Em 4 de dezembro de 1956 Elvis Presley apareceu para visitar Phillips. Na época Perkins estava no estúdio gravando algumas canções, com Lewis tocando no piano. Os três então começaram uma jam sessiom, e Phillips deixou a fita gravando. Mais tarde ele telefonou para Cash e trouxe-o para se juntar aos outros. Essas gravações, a maioria de canções gospel, sobreviveriam e seriam lançadas anos depois em um CD sob o título de Million Dollar Quartet. Entre as faixas também estavam “Brow Eyed Handsome Man”, de Chuck Berry, “Don’t Forgive Me”, de Pat Boone e Elvis fazendo uma imitação de Jackie Wilson, que participava então do grupo Billy Ward and the Dominoes, cantando “Don’t Be Cruel”.
Em 1989 um longa metragem baseado no começo da carreira de Lewis, intitulado Great Balls of Fire!, trouxe Jerry de volta aos holofotes. O filme foi baseado em um livro escrito por sua ex-esposa Myra, e no papel principal estava Dennis Quaid, com participações de Winona Ryder e Alec Baldwin.
Lewis nunca deixou de fazer turnês, e os fãs que o viram se apresentar dizem que ele ainda consegue fazer um show único, sempre imprevisível, empolgante e pessoal. Depois de anos sem gravar nada, Lewis lançou um novo álbum em 2006 chamado "Last Man Standing" (último homem em pé). O álbum teve um grande sucesso de público e de crítica, sendo considerado por muitos como um dos melhores álbuns da carreira de Lewis. Em fevereiro de 2005, ele ganhou um “Prémio Pelo Conjunto da Obra” da Record Academy, que também organiza os Grammys. Nessa altura foi anunciado que seu novo álbum seria gravado com uma formação que inclui Eric Clapton, B. B. King, Bruce Springsteen, Mick Jagger e Keith Richards.




Lech Walesa nasceu há 69 anos

Lech Wałęsa (Popowo, 29 de setembro de 1943) é um político polaco e ativista dos Direitos Humanos. Foi um dos fundadores do sindicato Solidarność (Solidariedade) e presidente da Polónia, entre 1990 e 1995, sendo o primeiro após a derrocada do comunismo. Foi ainda agraciado com o Nobel da Paz de 1983.
Em 1967 começou a trabalhar como electricista no estaleiro naval de Gdansk, onde assistiu à repressão de manifestações operárias pela força das armas. Estes acontecimentos trágicos levaram-no a lutar pela constituição de sindicatos livres no país.
Wałęsa tornar-se-ia, com efeito, fundador e líder do Solidariedade, a organização sindical independente do Partido Comunista que obteve importantes concessões políticas e económicas do Governo polaco em 1980-1981, sendo nessa altura ilegalizado e passando à clandestinidade.
Em 1980, Wałęsa liderou o movimento grevista dos trabalhadores do estaleiro de Gdansk, cerca de 17 000 que protestavam contra a carestia de vida e as difíceis condições de trabalho. A greve alargou-se rapidamente a outras empresas.
Com dificuldade, as reivindicações dos trabalhadores acabaram por ser concedidas. As reivindicações sociais dos trabalhadores tomaram consequências claramente políticas quando foi assinado um acordo que lhes garantia o direito de se organizarem livremente, bem como a garantia da liberdade política, de expressão e de religião.
O facto de ter liderado as paralisações dos grevistas e de ser católico deu a Wałęsa uma grande base de apoio popular, mas os seus ganhos tiveram um carácter efémero ante a resistência do regime. Em 13 de dezembro de 1981 o Governo impôs a lei marcial, e a maioria dos líderes foram presos, incluindo Wałęsa, até 14 de novembro de 1982. Em 8 de outubro de 1982 o Solidariedade foi considerado ilegal.
O país passou a ser governado pelo general Wojciech Jaruzelski. A agitação operária continuou, embora de forma mais contida. Wałęsa só seria libertado em 1982. Um ano depois era-lhe atribuído o Nobel da Paz. Ele foi incapaz de aceitá-lo pessoalmente, temendo que o governo  polaco o impedisse de voltar ao país. Então, sua esposa Danuta aceitou o prémio em seu lugar.
O Solidariedade saiu da clandestinidade após negociações com o Governo em 1988-1989, assim como outras organizações sindicais. Com o desmoronamento do Bloco de Leste e a liberalização democrática do regime, ficou consagrada a realização de eleições livres.
Em 9 de dezembro de 1990 Wałęsa foi eleito presidente. Em 1995 realizaram-se novas eleições presidenciais, mas Wałęsa foi derrotado por uma diferença de 3 pontos percentuais no segundo turno. Nas eleições presidenciais de 2000 não conseguiu para além de 1% dos votos, devido a uma crescente insatisfação da opinião polaca em relação às suas posições.
Em 2006 Wałęsa saiu do Solidariedade, manifestando diferenças com o partido Lei e Justiça, e a ascensão ao poder de Lech e Jarosław Kaczyński.
 

O massacre de Babi Yar foi há 71 anos

Selo postal ucraniano feito para recordar o 70º aniversário da tragédia em Babi Yar

Babi Yar é uma ravina existente em Kiev, capital da Ucrânia, que ficou conhecida na história como local de um dos maiores massacres de judeus e civis da então União Soviética pelos nazis, durante a II Guerra Mundial.
Em 29 e 30 de setembro de 1941, 92.771 civis ucranianos judeus foram levados a Babi Yar e assassinados coletivamente, num dos maiores massacres em massa da história. Nos meses que seguiram, milhares de outros judeus e não-judeus russos foram capturados, trazidos à ravina e fuzilados, num total de cerca de 100.000 mortos.

A ravina de Babi Yar é mencionada por registos históricos desde 1401 e através dos tempos sua área foi usada para diferentes propósitos, incluindo campos militares e cemitérios, um dos quais, judeu, foi fechado em 1937. Após a invasão da URSS pelas tropas nazistas em junho de 1941, a cidade de Kiev acabou caindo em mãos alemães depois de 45 dias de batalha, em 19 de setembro. Poucos dias após a ocupação, as execuções começaram com o fuzilamento de 700 pacientes de um hospital psiquiátrico da cidade.
Em 28 de setembro, um aviso foi afixado pelos postes e muros de Kiev, dirigido aos judeus:
Ordena-se a todos os judeus residentes de Kiev e suas vizinhanças que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 08.00 horas da manhã de segunda-feira, 29 de setembro de 1941 portando documentos, dinheiro, roupas de baixo, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados.
Os judeus levados à ravina esperavam ser embarcados em comboios. A multidão de homens, mulheres e crianças era suficientemente grande para que ninguém tomasse conhecimento do que estava para acontecer a não ser tarde demais. Todos passavam por um corredor de soldados gritando, em grupos de dez e fuzilados; ao escutarem o barulho das metralhadoras do grupo da frente, já não tinham como escapar.
O massacre foi realizado em dois dias, a cargo da unidade C do Einsatzgruppen, o esquadrão da morte das SS, apoiados por membros de um batalhão das Waffen-SS; unidades da polícia ucraniana também seriam usadas para agrupar e conduzir os judeus até o local de fuzilamento, o que provocaria uma grande discussão na Ucrânia após a guerra.
Além deste massacre, Babi Yar foi alvo de milhares de outras execuções durante os dois anos de ocupação nazi de Kiev. O número total de mortos na ravina não é bem conhecido, mas o número mais aceite, cerca de 100 mil, foi fornecido pelo cálculo de moradores obrigados a enterrar os corpos. Tempos depois, o campo de concentração de Syrets foi erguido no local e nele internados prisioneiros de guerra russos, civis comunistas e combatentes da resistência, que ali eram executados.
Quando os nazis se retiraram de Kiev, fizeram tentativas de esconder os sinais das atrocidades cometidas durante os anos de ocupação. Entre agosto e setembro de 1943, o campo de Syrets foi parcialmente demolido e diversos corpos exumados e queimados, sendo as cinzas espalhadas pelas áreas vizinhas. Na noite de 29 de setembro de 1943, quando o campo estava sendo desmantelado, rebentou uma revolta entre os prisioneiros e quinze deles conseguiram escapar; após retomar o controle da situação, os alemães fuzilaram os 311 sobreviventes.

Quando o Exército Vermelho retomou o controlo de Kiev, em novembro de 1943, o campo foi transformado num local de internamento de prisioneiros alemães e utilizado até 1946, quando foi totalmente demolido. Nos anos 50 e 60, o local transformou-se num grande parque e num complexo de apartamentos.
O governo soviético sempre desencorajou que se desse ênfase ao massacre de judeus em Babi Yar, preferindo oficialmente que a tragédia fosse lembrada como um crime cometido contra todo o povo soviético e a população de Kiev. Diversas tentativas de se erguer um memorial judeu no local dos massacres foram adiadas. Em 1976 foi erguido um memorial em honra de todos os cidadãos soviéticos ali fuzilados, mas, apenas em 1991, com o fim da URSS, os judeus puderam finalmente erguer seu próprio monumento.
Sobre Babi Yar, o escritor e sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel escreveu:
As testemunhas oculares disseram que, por meses após as mortes, o solo de Babi Yar continuava a esguichar geysers de sangue.

O Infante Santo nasceu há 610 anos

 (imagem daqui)

O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (29 de setembro 14025 de junho 1443), foi um príncipe de Portugal da Dinastia de Avis. Fernando era o oitavo filho do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.
Fernando cedo se mostrou interessado na questão religiosa e, ainda muito jovem, foi ordenado Grão Mestre da Ordem de Avis pelo seu pai. Por ser o irmão mais novo, não tem acesso, como os mais velhos, a tantas riquezas, e intenta pôr-se ao serviço do Papa, do Imperador, ou de outro soberano europeu para ganhar prestígio e prebendas. Por motivação dos irmãos mais velhos acaba por desistir, virando as suas atenções para a luta em Marrocos, da qual lhe poderia vir imensa fortuna.
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabelece-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta (conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão, o Infante D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte (que morreu vítima da epidemia de peste que contaminou o Reino e ao que parece, de desgosto pelo fracasso da expedição a Tânger e do cativeiro de D. Fernando), o que impediu um desfecho favorável à situação.
Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta. Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado e diversas ocorrências ocorridas com os governadores da praça-forte levam a que D. Fernando assuma o seu cativeiro com resignação cristã e morra no cativeiro de Fez em 1443 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.
Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger. De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a Norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando, seu tio.
Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solenemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.
O seu culto religioso foi aprovado em 1470.




D. Fernando Infante de Portugal

Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.

in Mensagem - Fernando Pessoa

Miguel de Cervantes nasceu, provavelmente, há 465 anos

Miguel de Cervantes Saavedra (Alcalá de Henares, 29 de setembro de 1547 - Madrid, 22 de abril de 1616) foi romancista, dramaturgo e poeta castelhano.A sua obra-prima, Dom Quixote, muitas vezes considerado o primeiro romance moderno, é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerado um dos melhores romances já escritos. O seu trabalho é considerado entre os mais importantes em toda a literatura. A sua influência sobre a língua castelhana tem sido tão grande que o castelhano é frequentemente chamado de La lengua de Cervantes (A língua de Cervantes).

(imagem daqui)

Exortação a Sancho

Senhor meu, Sancho Pança enlouquecido
Servo vencido
Na terra sonhada
Olha esta Ibéria que te foi roubada,
E que só terá paz quando for tua.

Ergue a fronte dobrada
E começa a façanha prometida!
Cumpre o voto da nova arremetida,
Feito aos pés de quem foi
O destemido herói
Da batalha de ser fiel à vida!

Nega-te a ser passiva testemunha
Do amor cobiçoso
Que os falsos namorados
Fazem crer impoluto e arrebatado
Àquele que reflecte o céu lavado
Nos olhos confiados.

Venha o teu grito de transfigurado:
Ai, no se muera!... E a Donzela acorda
E renega o idílio traiçoeiro.
Venha o Sancho da lança e do arado,
E a Dulcineia terá, vivo a seu lado,
O senhor D. Quixote verdadeiro!

in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga

Miguel de Unamuno nasceu há 148 anos

Miguel de Unamuno y Jugo (Bilbao, 29 de septiembre de 1864Salamanca, 31 de diciembre de 1936) fue un escritor y filósofo español perteneciente a la generación del 98. En su obra cultivó gran variedad de géneros literarios como novela, ensayo, teatro y poesía. Fue, asimismo, diputado del Congreso de los Diputados de 1931 a 1933 por la circunscripción de Salamanca.


Unamuno

D. Miguel...

Fazias pombas brancas de papel
Que voavam da Ibéria ao fim do mundo
Unamuno Terceiro!
(Foi o Cid o primeiro
D. Quixote o segundo.)

Amante duma outra Dulcineia,

Ilusória, também
(Pátria, mãe,
Ideia
E namorada),
Era seu defensor quando ninguém
Lhe defendia a honra ameaçada!

Chamado pelo aceno da miragem,

Deixava o Escorial onde vivia,
E subia, subia,
A requestar na carne da paisagem
A alma que, zeloso, protegia.


in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga

sexta-feira, setembro 28, 2012

Sismo sentido nos Açores - ilha de Santa Maria

Recebido via e-mail do Instituto de Meteorologia (IM):

O Instituto de Meteorologia informa que no dia 28.09.2012 pelas 00.47 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 3.1 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 20 km a Sul de Santo Espírito (Santa Maria).

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima II/III (escala de Mercalli modificada) na região de Almagreira (Ilha de Santa Maria).

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores

NOTA - mapa do epicentro:

Víctor Jara nasceu há 80 anos

(imagem daqui)

Víctor Lidio Jara Martínez (San Ignacio, 28 de setembro de 1932 - Santiago, 16 de setembro de 1973) foi um professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, músico e ativista político chileno.
Nascido numa família de camponeses, Jara se tornou um reconhecido diretor de teatro, dedicando-se ao desenvolvimento da arte no país, dirigindo uma vasta gama de obras locais, assim como clássicos da cena mundial. Simultaneamente, desenvolveu uma carreira no campo da música, desempenhando um papel central entre os artistas neo-folclóricos que estabeleceram o movimento da Nueva Canción Chilena, que gerou uma revolução na música popular de seu país durante o governo de Salvador Allende. Também era professor, tendo lecionado Jornalismo na Universidade do Chile.
Logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, Jara foi preso, torturado e fuzilado. O seu corpo foi abandonado na rua de um bairro de lata de Santiago.






Victor Jara - Cancion Del Árbol Del Olvido
Letra: Fernán Silva Valdéz, uruguayo (1887 – 1975)
Música: Alberto Ginastera, argentino (1916-1983)
Compuesta en 1938

Para no pensar en vos
en el árbol del olvido
me acosté una nochecita
vidalita, y me quedé bien dormido.

Al despertar de aquel sueño
pensaba en vos otra vez
pues me olvidé de olvidarte
vidalita, en cuanto me acosté.

Ben E. King nasceu há 74 anos

Ben E. King (Benjamin Earl King, nome de batismo Benjamin Earl Nelson) nascido em 28 de setembro de 1938, é um cantor soul americano. Nasceu em Henderson, Carolina do Norte, e mudou-se para o Harlem, em New York, com a idade de 9 anos. Ele é talvez mais conhecido como vocalista e co-compositor da música Stand by Me do Álbum Don't Play That Song, gravado em 1961 e lançado em 1962 pela gravadora Atco Records.

Ben E. King começou como cantor de soul no início dos Anos 60. Em 1958, Ben Nelson juntou-se a um grupo de "doo wop" chamado "The Five Crowns". Mais tarde, naquele ano, o agente do "The Drifters" despediu todos os membros e trocou-os pelo pessoal do "The Five Crowns". Nelson ajudou a escrever "There Goes My Baby", o primeiro sucesso dessa nova versão dos "The Drifters". Também fez o vocal solo em "Save the Last Dance for Me", uma canção escrita por Doc Pomus e Mort Shuman. Cantou, também, em "Dance With Me", "This Magic Moment", "I Count the Tears" e "Lonely Winds". Ben E. King gravou dez canções com o "The Drifters".
Em 1960, ele deixou o "The Drifters" após não ter conseguido um aumento de salário. Neste ponto ele assumiu o nome de Ben E. King em preparação para a carreira solo. Permanecendo na Atlantic Records, King acertou em seu primeiro sucesso com estilo: a balada "Spanish Harlem" (1961). "Stand by Me" foi sua próxima gravação. Escrita por King junto com Jerry Leiber e Mike Stoller,
"Stand by Me" foi votada com uma das Canções do Século pela "Recording Industry Association of America".
"Stand by Me" e "Spanish Harlem" foram nomeadas como duas das "500 Canções que Moldaram o Rock and Roll" pelo "The Rock and Roll Hall of Fame" e, ambas, ganharam um "Grammy Hall of Fame Award".
Seus outros clássicos são "Don't Play That Song (You Lied)" (que foi regravada por Aretha Franklin), "Love", "Seven Letters", "How Can I Forget", "On the Horizon", "Young Boy Blues", e outras.
As gravações de King continuaram indo bem até 1964. As bandas pop inglesas começaram a dominar o cenário musical, mas King continuou a fazer sucesso no "R&B". No verão de 1963, Ben E. King colocou uma canção entre as 30 mais: a poderosa "I (Who Have Nothing)", (essa até o Status Quo regravou). Outros sucessos foram: "What is Soul?" (1967), "Supernatural Thing, part 1" (1975), e a reedição, em 1986, de "Stand by Me," que foi parte da trilha-sonora do filme com o mesmo nome, chamado, no Brasil, de "Conta Comigo" (filme baseado no conto "The Body" de Stephen King).
Em 1998, gravou um álbum infantil intitulado "I Have Songs In My Pocket", escrito e produzido por Bobby Susser, o qual ganhou um prêmio "Best Vacation Products Award For Children". Em 2007, King apresentou "Stand By Me" no programa "Late Show with David Letterman". Ahmet Ertegün disse que King tem uma das grandes vozes na história do Soul.
Atualmente, King trabalha em sua fundação: a "Stand By Me Foundation".




Brigitte Bardot faz hoje anos

Brigitte Anne-Marie Bardot (Paris, 28 de setembro de 1934) é uma atriz e cantora francesa. Conhecida mundialmente por suas iniciais, BB, é considerada o grande símbolo sexual dos anos 50 e anos 1960. Tornou-se ativista dos direitos animais, após se retirar do mundo do entretenimento e se afastar da vida pública.
Foi eleita pela revista americana TIME um dos cem nomes mais influentes da moda.




Hubble morreu há 59 anos

Famoso por ter descoberto que as até então chamadas nebulosas eram na verdade galáxias fora da Via Láctea, e que estas se estavam a afastar umas das outras a uma velocidade proporcional à distância que as separa.
O seu nome foi, justamente, dado ao primeiro telescópio espacial, posto em órbita em 1990, para estudar o espaço sem as distorções causadas pela atmosfera, e que ainda hoje funciona.



Telescópio Espacial Hubble - Hubble Space Telescope (HST)

Miles Davis morreu há 21 anos

Miles Dewey Davis Jr (Alton, 26 de maio de 1926Santa Monica, 28 de setembro de 1991) foi um trompetista, compositor e bandleader de jazz norte-americano.
Considerado um dos mais influentes músicos do século XX, Davis esteve na vanguarda de quase todos os desenvolvimentos do jazz desde a Segunda Guerra Mundial até a década de 1990. Ele participou em várias gravações do bebop e das primeiras gravações do cool jazz. Foi parte do desenvolvimento do jazz modal, e também o jazz fusion originou-se a partir do trabalho dele com outros músicos no final da década de 1960 e no começo da década de 1970.
Miles Davis pertenceu a uma classe tradicional de trompetistas de jazz, que começou com Buddy Bolden e desenvolveu-se com Joe "King" Oliver, Louis Armstrong, Roy Eldridge e Dizzy Gillespie. Ao contrário desses músicos ele nunca foi considerado com um alto nível de habilidade técnica. O seu grande êxito como músico, entretanto, foi ir mais além do que ser influente e distinto em seu instrumento, e moldar estilos inteiros e maneiras de fazer música através dos seus trabalhos. Muitos dos mais importantes músicos de jazz fizeram seu nome na segunda metade do século XX nos grupos de Miles Davis, incluindo: Joe Zawinul, Chick Corea e Herbie Hancock, os saxofonistas John Coltrane, Wayne Shorter, George Coleman e Kenny Garrett, o baterista Tony Williams e o guitarrista John McLaughlin.
Como trompetista Davis tinha um som puro e claro, mas também uma incomum liberdade de articulação e altura. Ele ficou conhecido por ter um registro baixo e minimalista de tocar, mas também era capaz de conseguir alta complexidade e técnica com seu trompete.
Em 13 de março de 2006, Davis foi postumamente incluído no Rock and Roll Hall of Fame. Ele foi também incluído no St. Louis Walk of Fame, Big Band and Jazz Hall of Fame, e no Down Beat's Jazz Hall of Fame.


Hoje é o dia em que nasceram El-Rei D. Carlos I e a Rainha Dona Amélia

D. Carlos I de Portugal, de nome completo: Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha (Palácio da Ajuda, Lisboa, 28 de setembro de 1863 - Terreiro do Paço, Lisboa, 1 de fevereiro de 1908) foi o penúltimo Rei de Portugal.
Nascido em Lisboa, era filho do rei Luís I de Portugal e da rainha Maria Pia de Sabóia, tendo subido ao trono em 1889. Foi cognominado O Diplomata (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII do Reino Unido, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), O Martirizado e O Mártir (em virtude de ter morrido assassinado), ou O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco).

D. Carlos era um apreciador das tecnologias que começavam a surgir no princípio do século XX. Instalou luz eléctrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a electrificação das ruas de Lisboa. Embora fossem medidas sensatas, contribuíram para a sua impopularidade visto que o povo as encarou como extravagâncias desnecessárias. Foi ainda um amante da fotografia e autor do espólio fotográfico da Família Real. Foi ainda um pintor de talento, com preferências por aguarelas de pássaros que assinava simplesmente como "Carlos Fernando". Esta escolha de tema refletia outra das suas paixões, a ornitologia. Recebeu prémios em vários certames internacionais e realizou ensaios notáveis na área de cerâmica.
Para além da ornitologia, era um apaixonado pela oceanografia, tendo adquirido um iate, o Amélia, especificamente para se dedicar a campanhas oceanográficas. Estabeleceu uma profunda amizade com Alberto I, Príncipe do Mónaco, igualmente um apaixonado pela oceanografia e as coisas do mar. Desta relação nasceu o Aquário Vasco da Gama, que pretendia em Portugal desempenhar papel semelhante ao Museu Oceanográfico do Mónaco. Alguns trabalhos oceanográficos realizados por D. Carlos, ou por ele patrocinados, foram pioneiros na oceanografia mundial. Honrando esta faceta do monarca, a Armada Portuguesa opera atualmente um navio oceanográfico com o nome de D. Carlos I.
D. Carlos foi também um excelente agricultor, tendo tornado rentáveis as seculares propriedades da Casa de Bragança (património familiar destinado a morgadio dos herdeiros da Coroa), produzindo vinho, azeite, cortiça, entre outros produtos, tendo também organizado uma excelente ganadaria e incentivado a preservação dos prestigiados cavalos de Alter.
Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, ao lado do filho que com ele foi assassinado. As urnas com tampas transparentes ficaram aí depositadas durante 25 anos. Só em 1933 é que uma comissão privada abriu uma subscrição nacional que levou à inauguração de dois belos túmulos, concebidos pelo arquiteto Raúl Lino, junto dos quais está uma figura feminina, representando "A Dor", esculpida por Francisco Franco, conjunto esse que ainda hoje pode ser visto.

O Sobreiro (1905), pintura de D. Carlos I



D.ª Maria Amélia Luísa Helena de Orleães GCNSC (Twickenham, 28 de setembro de 1865 - Chesnay, 25 de outubro de 1951) foi a última Rainha de facto de Portugal.
Durante a sua vida, D. Amélia perdeu todos os seus familiares diretos: defrontou-se com o assassinato do marido, o Rei Carlos I, e do filho mais velho, D. Luís Filipe (episódio conhecido como regicídio de 1908); vinte e quatro anos mais tarde, recebeu a notícia da morte do segundo e último filho, o futuro Rei Manuel II; e também ficou de luto com a morte de sua filha, a Infanta D. Maria Ana de Bragança, nascida em um parto prematuro.
Ela foi o único membro da família real portuguesa exilada após a implantação da república - facto ocorrido a 5 de outubro de 1910 - que visitou Portugal em vida, bem como o último membro a morrer, aos oitenta e seis anos. Amélia de Orleães viveu sofridas décadas de exílio, entre Inglaterra e França, onde aguentou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Esta frase estava entre as suas últimas palavras:
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Quero bem a todos os portugueses, mesmo àqueles que me fizeram mal.
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D. Amélia era a filha primogénita de Luís Filipe, conde de Paris (neto do último rei da França, Luís Filipe I, e como tal pretendente ao trono francês) e de Maria Isabel de Orleães-Montpensier, infanta da Espanha, filha do duque António de Montpensier. Através de sua irmã Luísa, a princesa é tia-avó do rei Juan Carlos I da Espanha.
D. Amélia passou parte da infância em Inglaterra, onde nasceu, devido ao exílio a que a sua família estava sujeita desde que Napoleão III assumira o trono da França, em 1848. Somente após a queda do império, em 1871, os Orleães puderam regressar ao país. A princesa teve então a esmerada educação reservada às princesas, embora o seu pai apenas fosse pretendente à coroa.
A princesa cresceu em grandes casas e frequentemente viajava para a Áustria e Espanha, onde visitava seus parentes da família real espanhola (sua avó materna era filha de Fernando VII). D. Amélia adorava teatro e ópera. Uma ávida leitora, escrevia para seus autores favoritos e, ademais, tinha dons para pintura.



O matrimónio de D. Amélia de Orleães com o Príncipe Real D. Carlos, Duque de Bragança, ocorreu após falharem várias hipóteses de uma união com a família imperial austríaca e a família real espanhola.
É dito que Otto von Bismarck foi contrário ao seu noivado com o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, cujo assassinato, após a tragédia de Sarajevo, foi uma das causas da Primeira Guerra Mundial. D. Amélia poderia ter ficado no lugar de Sofia, Duquesa de Hohenberg, também assassinada na ocasião. Porém, ironicamente, ela acabou tendo uma experiência semelhante ainda antes da morte do arquiduque: o Regicídio de 1908.
Apesar do casamento arranjado, D. Amélia e D. Carlos apaixonaram-se um pelo outro. A 18 de maio de 1886, a futura Duquesa de Bragança partiu de França. Ao chegar a Pampilhosa, terá descido do comboio com o pé esquerdo. No dia seguinte, em 19 de maio, às 5 horas da tarde, a princesa conheceu a corte em Lisboa, que estava à sua espera. Foi bem recebida pelos sogros, o rei Luís I e a rainha Maria Pia.
O casamento foi celebrado no dia 22 de maio de 1886, na Igreja de São Domingos, e grande parte do povo lisboeta saiu às ruas para acompanhar a cerimónia. O Duque e a Duquesa de Bragança mudaram-se para sua nova residência, o Palácio de Belém, onde nasceriam os dois filhos: D. Luís Filipe e o futuro D. Manuel II de Portugal. Eles também tiveram uma filha, D. Maria Ana, nascida em 14 de dezembro de 1887, mas essa sobreviveu por poucas horas.
Em outubro de 1889, com a morte do sogro, D. Amélia, então com apenas vinte e quatro anos, tornou-se rainha de Portugal. Contudo, o reinado de seu marido, titulado Carlos I, enfrentava crises políticas, tais como o Ultimato britânico de 1890, e a insatisfação popular; crescia o ódio à família real portuguesa. Em janeiro de 1891, em Porto, houve uma rebelião republicana, mas foi sufocada.
Em 1892, D. Amélia recebeu a Rosa de Ouro do Papa Leão XIII.
Como rainha, porém, D. Amélia desempenhou um papel importante. Com sua elegância e caráter culto, influenciou a corte portuguesa. Interessada pela erradicação dos males da época, como a pobreza e a tuberculose, fundou dispensários, sanatórios, lactários populares, cozinhas económicas e creches. Todavia, suas obras mais conhecidas são as fundações do Instituto de Socorros a Náufragos (em 1892); do Museu dos Coches Reais (1905); do Instituto Pasteur em Portugal (Instituto Câmara Pestana); e da Assistência Nacional aos Tuberculosos.
A propaganda republicana, que estava ganhando força, apelidava-a de "beata gastadora e leviana".
Como mãe, a rainha soube dar uma excelente educação aos seus dois filhos, alargando-lhes os horizontes culturais com uma viagem pelo Mediterrâneo, a bordo do iate real Amélia, mostrando-lhes as antigas civilizações romana, grega e egipcía.
O regicídio de 1 de fevereiro de 1908 lançou-a num profundo desgosto, do qual D. Amélia jamais se recuperou totalmente. Retirou-se então para o Palácio da Pena, em Sintra, não deixando porém de procurar apoiar, por todos os meios, o seu jovem filho, o rei D. Manuel II, no período em que se assistiu ao degradar das instituições monárquicas. Encontrava-se justamente no Palácio da Pena, quando eclodiu a revolução de outubro de 1910.
Após a proclamação da República Portuguesa, em 5 de outubro de 1910, D. Amélia seguiu o caminho do exílio com o resto da família real portuguesa para Londres, Inglaterra. Depois do casamento de D. Manuel II, com Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen, a rainha passou a residir em Château de Bellevue, perto de Versalhes, em França. Em 1932, D. Manuel II morreu inesperadamente em Twickenham, o mesmo subúrbio londrino onde sua mãe havia nascido.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo Salazar ofereceu-lhe asilo político em Portugal, mas D. Amélia permaneceu em França ocupada, com imunidade diplomática portuguesa.
Após o fim da guerra, em 8 de junho de 1945, regressou a Portugal, numa emocionante jornada, visitando o Santuário de Fátima e todos os lugares que lhe estavam ligados, com exceção de Vila Viçosa, apesar da grande afeição que sentia por esta vila alentejana.
Pouco antes da sua visita a Portugal, D. Amélia aceitara ser madrinha de baptismo de Dom Duarte Pio de Bragança, confirmando a reconciliação dos dois ramos da família Bragança.
No dia 25 de outubro de 1951, a rainha D. Amélia faleceu em sua residência em Versalhes, aos oitenta e seis anos. Tinha sido atingida por um fatal ataque de uremia, morrendo às 09.35 horas da manhã. O corpo da rainha foi então trasladado pela fragata Bartolomeu Dias para junto do marido e dos filhos, no panteão real dos Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora. Esse foi o seu último desejo na hora de sua morte. O funeral teve honras de Estado e foi visto por grande parte do povo de Lisboa.

quinta-feira, setembro 27, 2012

Música para uma colega e amiga que hoje faz anos...

Para a Luísa, a nossa alentejana preferida, uma música para matar as saudades e desejar um feliz aniversário...


Saudades de Lhasa...