(imagem daqui)
Fernando Echevarría (Cabezón de la Sal, Santander, Espanha, 26 de fevereiro de 1929 - Porto, 4 de outubro de 2021) foi um poeta português. Nascido na Cantábria, filho de pai português e mãe espanhola,
veio com dois anos para Portugal, para Vila Nova de Gaia, onde fez os
seus estudos de ensino secundário e cursou Humanidades. Aos dezassete
anos voltou para Espanha, onde estudou Filosofia e Teologia,
sem concluir qualquer curso. Optou pela carreira docente, primeiro no
Porto e depois, já exilado em Paris, para onde parte em 1961 e onde
passou novamente a residir desde 1966, após ter estado em Argel, entre
1963 e 1966, residindo desde então na cidade-luz. Embora sendo
fluente noutras línguas, escreveu sempre em português e só
ocasionalmente nas línguas castelhana e francesa (parte da sua obra está
traduzida em francês, castelhano, inglês e romeno). Colaborou em
várias revistas literárias portuguesas como Anto, Graal, Cavalo Azul, Eros, Colóquio/Letras, A Phala, Hífen e Limiar.
A sua poesia, com um barroquismo intenso, que lhe caldeia o estilo,
faz adivinhar o seu fascínio pela poesia de Gôngora e pelas “analogias
truncadas” de Mallarmé. Já a busca de um lirismo abstracto e essencial
aproximava-o de dois grupos de poetas espanhóis: a Geração de 98, com poetas como António Machado e Juan Ramón Jiménez, e da Geração de 27, com Jorge Guillén e Pedro Salinas como exemplos. Pode dizer-se que a poesia de Echevarría se se insere na corrente antirrealista
dos anos 50 do século XX, marcada sobretudo pela sensibilidade
metafísica e artística e pelo "imaginismo".
in Wikipédia
Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.
Instala-te nas minas.
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.
Dá-me um beijo ou a morte.
Anda. Avança.
Deixa lá a esperança
para quem a suporte.
Mas o mar e os montes...
isso, sim.
Não te amedrontes.
Atira-os sobre mim.
Atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.
Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.
Mar e montes teus beijos, meu amor!...
in Poesia 1956-1979 (1989) - Fernando Echevarría
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