quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Sismo sentido em Portugal continental

Recebido via e-mail do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA):

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera informa que no dia 20.02.2014 pelas 02.27 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 3,6 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 20 km a Sul de Setúbal.

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima IV (escala de Mercalli modificada) nas regiões de Setúbal, Alcácer do Sal, Grandola e Sines.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IPMA na Internet (www.ipma.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil (www.prociv.pt).
NOTA: o sismo foi procedido por um provável abalo premonitório, três minutos antes, quase no mesmo local e com 3,1 de magnitude. Mais dados do sismo:

Data (TU)Lat.Lon.Prof.Mag.Ref.GrauLocal
2014-02-20 02:27 38,34 -8,88 11 3,6 S Setúbal III/IVAljustrel

Mapa do epicentro:


Sismograma de hoje, obtido pelo geofone de Évora com o sismo e abalo premonitório:



Mapa da zona que sentiu o sismo (intensidade - fonte IPMA):

Ian Brown - 51 anos

Ian George Brown (Warrington, 20 February 1963) is an English musician, best known as the lead singer of the alternative rock band The Stone Roses, which broke up in 1996 but are, since 2012, reunited and touring again. Since the break-up of the Stone Roses he has led a successful solo career. His latest studio album My Way was released on 28 September 2009.


Há quatro anos, a Meteorologia e os erros humanos levaram a uma grande catástrofe na Madeira

Ribeira de Santa Luzia transbordando para a Rua 5 de outubro

Danos: 217 milhões de euros
Vítimas: 47 mortos, 600 desalojados e 250 feridos

O temporal na ilha da Madeira em 2010 foi uma sequência de acontecimentos iniciados por forte precipitação durante a madrugada do dia 20 de fevereiro, seguida por uma subida do nível do mar. Estes acontecimentos provocaram inundações e derrocadas ao longo das encostas da ilha, em especial na parte sul.

Ribeira de Santa Luzia, antes das cheias - o sedimento depositado atingiu a altura do caminho público, após as inundações

Causas
Na origem do fenómeno esteve um sistema frontal de forte atividade, associado a uma depressão que se deslocou a partir dos Açores, segundo o Instituto de Meteorologia. O choque da massa de ar polar com a tropical deu origem a uma superfície frontal, que, aliada à elevada temperatura da água do oceano, acelerou a condensação, causando uma precipitação extremamente elevada num curto espaço de tempo. A orografia da ilha contribuiu para aumentar os efeitos da catástrofe. É claro que, aliado a valores de precipitação recorde, erros de planeamento urbanístico, tais como o estreitamento de leitos das ribeiras e a construção legal ou ilegal dentro ou muito próximo dos cursos de água, bem como falta de limpeza e acumulação de lixo nos leitos de ribeiras de menor dimensão, tenham tornado a situação ainda mais grave.

Efeitos
A parte baixa da cidade do Funchal foi inundada e a circulação viária foi impedida por pedras e troncos de árvore arrastados pelas ribeiras de São João, Santa Luzia e João Gomes. Na freguesia do Monte, a capela de Nossa Senhora da Conceição, ao Largo das Babosas, foi levada pela força das águas, junto com algumas das residências vizinhas. Alguns populares conseguiram salvar a imagem da virgem e vários ornamentos.
Foram confirmados 47 mortos, 600 desalojados e 250 feridos. O Curral das Freiras esteve acessível, embora com acesso condicionado. A freguesia da Serra de Água, a montante da Ribeira Brava, esteve completamente inacessível. Eram evidentes os sinais de destruição provocados pelas enxurradas, com as zonas altas do concelho do Funchal e, também, no concelho da Ribeira Brava a serem as mais afetadas.
A quantidade de água que caiu no dia 20 de fevereiro de 2010 sobre a ilha da Madeira, em particular no Pico do Areeiro, foi o valor mais alto jamais registado em Portugal. Neste cume, o segundo mais alto da ilha, foram registados 185 litros por metro quadrado, sendo que os valores mais altos registados em Portugal, que até aquela altura não chegavam aos 120. O Funchal, com uma média anual de 750 l/m² registou, em poucas horas, 114 l/m² de precipitação.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Nicolau Copérnico nasceu há 541 anos

Nicolau Copérnico (Toruń, 19 de fevereiro de 1473 - Frauenburgo, 24 de maio de 1543) foi um astrónomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico.
A sua teoria do Heliocentrismo, que colocava o Sol no centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente teoria Geocêntrica (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.

O cantor Seal faz hoje 51 anos

Seal Henry Olusegun Olumide Adeola Samuel (Londres, 19 de fevereiro de 1963) é um músico, cantor e compositor, que, entre os seus maiores sucessos, tem a canção Kiss from a Rose, que serviu de banda sonora ao filme Batman Forever e pela qual recebeu três prémios Grammy em 1995. No total, o cantor já ganhou três prémios Brit Awards, na categoria de melhor cantor masculino, quatro prémios Grammy e um MTV Video Music Award.

Biografia
Filho de pais nigerianos e neto de brasileiro, Seal passou os seus primeiros quatro anos de vida com os seus pais adotivos, Frank e Barbara, em Romford, Essex, até que a sua mãe biológica veio buscá-lo. Sentado com ela no autocarro, lembra-se de ter gritado durante todo o caminho até a casa, em Brixton. Dois anos depois, a sua mãe e o namorado decidiram voltar para a Nigéria e Seal foi viver com o pai, um homem violento, que trabalhava como bombeiro em Paddington, na City of Westminster, no centro de Londres, onde Seal cresceu. Mais tarde obteve um diploma de arquitetura e teve vários empregos em Londres, antes de se tornar cantor profissional.
Embora sempre tenha havido especulações sobre a causa das cicatrizes no seu rosto, elas não são o resultado de nenhum tipo de rito tribal de escarificação. O cantor sofre de lúpus eritematoso discóide (DLE). Seal revelou que foi atingido com esse síndrome enquanto adolescente, uma condição em que as células do sistema imune atacam vários tecidos do corpo e uma inflamação intensa, que se desenvolve na pele, particularmente nas áreas expostas ao sol, e que, se não tratada com um protetor solar e anti-inflamatórios, pode deixar cicatrizes. A doença causou-lhe não somente as cicatrizes na face como também provocou perda de cabelos, mas está em remissão há anos.
Foi casado com a modelo alemã Heidi Klum, mas, em janeiro de 2012, foi anunciada a sua separação após 7 anos de casamento. O casal tem três filhos biológicos (dois rapazes e uma rapariga) e Seal adotou ainda a primeira filha de Heidi, nascida de uma relação prévia.


Tony Iommi - 66 anos

Anthony Frank "Tony" Iommi (Birmingham, 19 de fevereiro de 1948) é um músico britânico. Ele é conhecido mundialmente por ser guitarrista e membro fundador da banda pioneira do metal Black Sabbath e do projeto Heaven & Hell, com o vocalista Dio. Foi considerado o 25º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone.
Foi-lhe recentemente diagnosticado um linfoma em fase inicial. O anúncio foi feito no dia 9 de janeiro de 2012.

Biografia
Tony Iommi é conhecido principalmente por seus riffs vigorosos e pesados e por basear a maioria dos seus solos em pentatónica menor. Começou a se interessar por música na adolescência, quando ter algumas aulas de piano, mas logo perdeu o interesse pelo instrumento e decidiu aprender guitarra. Segundo ele, o grupo que mais o inspirou foi a banda de Hank Marvin, The Shadows.
Por causa de um acidente de trabalho a trajetória musical de Iommi teve quase a terminar logo na juventude. O acidente ocorreu na fábrica onde trabalhara, quando ele foi chamado para operar uma prensa mecânica no lugar de um colega que havia faltado. Num momento de distração acabou colocando a mão direita na máquina que puxou de volta num reflexo de retração, decepando a falange distal dos dedos do meio e anelar. Sendo canhoto, a mão acidentada era a que ele usava para articular as notas no braço da guitarra e devido a gravidade do acidente, fora desencorajado a voltar a tocar o instrumento, pelos vários médicos que tinha consultado.
A motivação para continuar tocando foi reencontrada um dia na casa de um amigo, ao ouvir um guitarrista belga de jazz, Django Reinhardt, que tocava apenas usando os dedos indicador e médio. Empolgado com o facto, Tony Iommi começou a usar encaixes improvisados de plástico derretido nas pontas dos dedos para poder tocar, que foram depois substituídos por próteses.
Desde a formação dos Black Sabbath, em 1968, até hoje, Tony Iommi é um músico ativo e, entre outros projetos, foi o único membro que nunca deixou a banda. Além dos trabalhos nos Black Sabbath, ele possui também 3 trabalhos a solo em parceria com Glenn Hughes e músicos convidados. Em 1968, teve uma breve passagem pela banda Jethro Tull, substituindo o recém-saído guitarrista Mick Abrahams, na lendária apresentação do Rolling Stones Rock and Roll Circus. Desde início dos Black Sabbath até os dias atuais, Tony utiliza da guitarra Gibson SG.


Beth Ditto, a invulgar vocalista da banda The Gossip, faz hoje 33 anos


Carreira
Ditto tornou-se famosa em novembro de 2006 quando foi selecionada pela revista britânica NME como a pessoa mais fixe no mundo do rock. Ficando em primeiro na edição anual chamada "Cool List". A revista citou a sua "inconformidade", como a razão para ser a escolhida - Beth é lésbica, uma sincera defensora dos direitos dos homossexuais, pesa 95 kg e estava envolvida numa relação homossexual fixa. O avanço da canção da banda "Standing in the Way of Control", foi escrita por Ditto como uma resposta à decisão do governo americano de negar o direito ao casamento de casais LGBT.
Ditto foi nomeada a "Mulher Mais Sexy do Ano" na NME Awards 2007, onde também cantou Temptation com o ex-vocalista dos Pulp, Jarvis Cocker. Ela solicitou que The Gossip fosse a banda de suporte na turnê "soul-sucking" dos Scissor Sisters. Contudo, em 2007 ela apareceu ao lado de Ana Matronic e Jake Shears dos Scissor Sisters, na Transmissão de show de música britânica, onde discutiram a turnê em conjunto e quanto todos lhe tinham apreciado. Ela ficou em 10ª na lisa "Women Who Rock Right Now" da spinner.com.
Recentemente ela recusou-se ir às lojas Topshop, alegando o seu descontentamento com a indisponibilidade de roupas no seu tamanho. Ela foi tão longe como a oferta de desenhar roupas para ela dizendo: "Dêm-me trabalho. Quero desenhar. Quero que vocês façam roupa para miúdas e miúdos gordos. Quero que façam tamanhos grandes."
Ditto tem gravado um álbum a solo, produzido por Calvin Johnson, no seu Dub Narcotic Studio. O álbum ainda não foi lançado comercialmente. Ditto também gravou um dueto com Johnson: a faixa "Lightning Rod For Jesus" aparece no álbum solo de Johnson de 2002, What Was Me.
Ditto escreve uma coluna de consultoria no jornal britânico The Guardian, que aparece na sua seção 'G2' às sextas-feiras, intitulado "What Would Beth Ditto Do?".
Beth Ditto lançou um EP homónimo este ano, com 4 faixas inéditas, pela "DeConstrution Records". O primeiro single é "I Wrote The Book". Ditto já havia feito parceria com o duo inglês de música eletrónica em "Cruel Intentions". No clipe de I Wrote The Book, Ditto faz homenagem ao clipe Justify My Love, de Madonna.


Bon Scott morreu há 34 anos

Ronald Belford Scott (Kirriemuir, 9 de julho de 1946 - Londres, 19 de fevereiro de 1980), mais conhecido pelo nome artístico de Bon Scott, foi um cantor escocês. Ele ficou mundialmente conhecido por ser vocalista e compositor da banda de rock australiana AC/DC de 1974 a 1980.
Em 2006, a revista Hit Parader colocou Scott como o 5º melhor vocalista de heavy metal de todos os tempos.
Iniciou sua carreira com a banda The Spektors, logo depois formando The Valentines, onde conhecera seu amigo Vince Lovergrove, que trabalharia no seu próximo projeto, os Fraternity; logo após a separação do grupo, integrou os AC/DC, onde lançou sete discos, vindo a falecer logo após o lançamento do último álbum com Bon nos vocais, Highway to Hell, que os levou à fama mundial. Depois da sua morte foi substituído por Brian Johnson. Antes de substituir Dave Evans nos vocais, era motorista de carrinhas.
Biografia
As suas bandas anteriores incluíram The Spektors e Valentines, nas quais não realizou trabalho semelhante ao feito com os AC/DC. Outro grupo no qual participou foi os Mount Lofty Rangers.
Bon estava a trabalhar como motorista da banda AC/DC quando foi chamado para tocar como baterista. Mas rapidamente Bon passou a ser o vocalista da banda, pois dizia que o cantor era o que arranjava mais namoradas na época.
A sua influência musical inicial veio do pai, que era músico na sua cidade natal, na Escócia. Bon tocava bateria, gaita de fole, como pode ser ouvido na canção "It's a Long Way to the Top", e também tocava flauta doce - veja-se a música "Seasons of Change", dos Fraternity (antiga banda de Bon). As suas letras abordavam principalmente temas como mulheres, carros, bebidas e divertimento.
   
Morte
A sua morte até hoje não foi bem explicada, após a turnê de divulgação do álbum Highway to Hell pela Europa, Bon resolveu passar uns dias em Londres, para rever amigos. A tragédia teve início numa tradicional noite de bebedeira, coisa que a Bon estava realmente acostumado. Bon e um amigo seu, chamado Alistar Kinnear, foram tomar algumas bebidas no Music Machine, um clube noturno localizado em Camden Town. Depois de muitas rodadas, a dupla foi para Ashby Court, onde Bon vivia naquela época. No caminho, Bon desmaiou no banco de trás do veículo. Kinnear não ligou e seguiu em frente. Quando chegou à casa do vocalista do AC/DC, Kinnear tentou acordar Bon e levá-lo para a cama, porém não conseguiu acordar o seu companheiro, que estava num avançado estado de embriaguez. Kinnear desistiu da ideia e seguiu dirigindo para o seu próprio apartamento. Chegando lá, nova tentativa frustrada de tirar o amigo, bêbado, do veículo. Assim decidiu deixar Bon dormindo no banco de trás do automóvel, um Renault 5, em Overhill Road, uma estrada em Dulwich. Quando Kinnear voltou na manhã seguinte para ver seu amigo, já era tarde demais. Bon estava morto, praticamente congelado dentro do pequeno automóvel. Ele ainda levou o amigo às pressas para o Kings College Hospital, de Londres, que declarou que o músico já chegou sem vida nas Urgências. O atestado de óbito informou que Bon Scott havia falecido por causa de overdose e ‘death by misadventure’ (morte por desventura, ou por desgraça). Nos jornais da época foi também noticiado que o músico teria sufocado com o próprio vómito e que a baixa temperatura da madrugada e as suas constantes crises de asma colaboraram para a tragédia daquela fria manhã de 19 de fevereiro de 1980, um dos dias mais tristes do rock n’ roll.
Após a entrada de Brian Johnson o som do AC/DC mudou, mas sem perder as suas características, perdendo um pouco do balanço e da influência dos blues que emanavam de Bon, mas ganhando outras que com Bon talvez nunca fossem exploradas. Bon também é considerado por várias pesquisas um dos melhores cantores de rock. Numa lista divulgada pela revista Kerrang, Bon Scott ficou na 5ª posição dos maiores ícones do rock.


Falco nasceu há 57 anos

Falco com Claudia Wohlfromm (1997)

Falco (Viena, 19 de fevereiro de 1957 - Puerto Plata, 6 de fevereiro de 1998) foi o pseudónimo com que o cantor austríaco Johann (Hans) Hölzel se apresentava.
Estudou no Conservatório de Música de Vienna. Antes de obter sucesso internacional, tocava baixo na banda de hard rock austríaca Drahdiwaberl. Como artista a solo, Falco sempre se interessou pelos sons e ritmos da música rap, tornando-se um dos primeiros na Europa a incorporar tal estilo nas músicas pop e rock. Ele é mais conhecido internacionalmente pela canção "Rock Me Amadeus" (inspirada pelo filme Amadeus) de seu álbum Falco 3, que se tornou um "hit" mundial em 1986, atingindo o número 1 na lista dos singles mais vendidos nos Estados Unidos da Revista Billboard.
Outros hits conhecidos internacionalmente incluem: "Der Kommissar" de seu álbum de 1982 Einzelhaft e "Vienna Calling" de Falco 3. Uma versão em inglês de "Der Kommissar" foi feita pela banda After the Fire, que acabou se tornando um hit ao atingir o top 5 da Revista Billboard em 1983. A canção de Falco "Jeanny" causou controvérsia ao ser lançada como um single na Alemanha, já que contava a história de um violador. Várias estações de rádios e DJs recusaram a tocar a canção em toda a Europa, mas nem isso a impediu de se tornar um grande "hit" em vários países europeus.
Falco morreu, com várias fraturas na cabeça, após o seu carro colidir com um autocarro, perto do estação turística de Puerto Plata, na República Dominicana, com 40 anos de idade. Antes de morrer, ele estava a ponderar um regresso ao mundo da música. Está sepultado no Cemitério Central de Viena.


terça-feira, fevereiro 18, 2014

O beato e pintor Fra Angelico morreu há 559 anos

Retrato póstumo de Fra Angelico

Giovanni da Fiesole, nascido Guido di Pietro Trosini, mais conhecido como Fra Angelico, (Vicchio di Mugello, 1387 - Roma, 18 de fevereiro de 1455) foi um pintor italiano, considerado o artista mais importante da península itálica na época do gótico tardio até ao início do Renascimento.
É também chamado Beato Angelico, fra Giovanni ou fra Giovanni da Fiesole (fra é italiano para frei ou frade) por ter ingressado no convento dominicano de Fiesole, em 1407. Guido di Pietro, ou Guidolino "da Pietro" (i.e., filho de Pietro), porém, era o seu nome de batismo.
Ao ingressar no convento já tinha recebido treino artístico. Entre 1409 e 1418 foi exilado, com o resto da comunidade, por se oporem ao Papa Alexandre V. Em 1436, ele e a comunidade deslocaram-se para o Convento de São Marcos, em Florença, onde começou a pintar as paredes. Em 1447 e 1448 esteve em Roma, e de novo em 1452, trabalhando na corte do papa, decorando as paredes da capela do Papa Nicolau V, no Vaticano e aceitando encomendas em Orvieto. Prior do Convento de Fiesole entre 1448 e 1450, continuou a trabalhar em Roma e Florença.
Supõe-se que estudou a arte da iluminura com Lorenzo Monaco, cultivador do estilo gótico internacional. Influenciado por Gentile da Fabriano, e por Lorenzo Ghiberti, Fra Angelico adotou novas formas da renascença em seus afrescos e nos painéis, desenvolvendo um estilo único, caracterizado por cores suaves, claras, formas elegantes, composições muito contrabalançadas. Acrescenta a sua linguagem pictórica as contribuições de Masaccio, enriquecidas com um achado genial: o uso da luz com uma intenção nada naturalista mas estética, expressa através de um uso inteligente da cor. A sua pintura, essencialmente religiosa, está dominada por um espírito contemplativo, pois concebe a pintura como uma espécie de oração. Os seus temas mais frequentes e característicos são a Virgem com o Menino, a coroação da Virgem e a Anunciação. Nas suas representações do paraíso, pinta com dedicação e amor franciscanos flores e ervas dos prados por onde caminham os escolhidos. Uma das suas obras de mais substância é «A Descida», em que se presta mais atenção à veneração e amor dos santos do que ao sofrimento de Cristo.
Do ponto de vista técnico, Fra Angélico parte do gosto preciosista e delicado do gótico internacional, enriquecido com o interesse pela perspetiva, característico da época. Insiste mais na linha que na cor. Pelos seus temas, pelo seu tratamento da natureza, pela sua incorporação da arquitectura, é inequivocamente renascentista. Pinta frequentemente em colaboração com os seus discípulos.
Em suas pinturas também expressa o sentimento interior das pessoas, como na obra O Juízo Final, Fra Angelico tenta expressar o amargo e a alegria numa sintonia de cores vivas saindo do padrão medieval, que era voltado somente para Deus e entrando no renascimento, que era voltado para o homem.
A maior parte das suas obras conservam-se no claustro, nas celas e nas salas do mencionado Convento de S. Marcos, cujas paredes mostram murais com cenas e figuras religiosas («Dois Dominicanos Atendendo Jesus Peregrino», «S. Pedro Mártir»). De entre os frescos da Capela Nicolina, a capela do Papa Nicolau V no Vaticano, destacam-se «A Lenda da Santo Estêvão» e «A Lenda de S. Lourenço».
Entre as suas obras principais estão o "Retábulo da Madona", em Perugia; a "Coroação da Virgem cercada por anjos músicos" (Louvre, Paris); o "Cristo cercado de anjos, patriarcas, santos e mártires" (National Gallery, Londres); a "Anunciação" (Prado, Madrid); e o "Juízo final" (Galeria Nacional, Roma).
Foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1982, passando a ser chamado "Beato Fra Angelico".
No dia 14 de novembro de 2006 foram encontrados mais dois painéis por eles pintados, perdidos há mais de 200 anos, numa modesta casa em Oxford, na Inglaterra.

Adoração dos Reis Magos (National Gallery, Washington, D.C.)

A Rainha Maria I de Inglaterra nasceu há 498 anos

Maria I (Londres, 18 de fevereiro de 1516 – Londres, 17 de novembro de 1558) foi a Rainha da Inglaterra e Irlanda de julho de 1553 até sua morte. A sua perseguição e execução dos protestantes ingleses levou os seus oponentes a darem-lhe o epíteto de Maria Sangrenta.
Ela foi a única filha do rei Henrique VIII de Inglaterra e da sua primeira esposa, Catarina de Aragão a chegar à idade adulta. O seu meio-irmão mais novo, Eduardo VI, sucedeu Henrique em 1547. Ele tentou retirar Maria da linha de sucessão por diferenças religiosas, ao descobrir que estava com uma doença terminal. Após a sua morte, Joana Grey, prima em segundo grau dos dois, foi inicialmente proclamada rainha. Maria reuniu uma força no Leste de  Anglia e depôs Joana, que acabou sendo decapitada. Ela casou em 1554 com Filipe de Espanha, tornando-se rainha consorte da Espanha na ascensão dele ao trono, em 1556.
Como a quarta monarca da Casa de Tudor, Maria é mais lembrada por restaurar o Catolicismo Romano, depois do curto reinado protestante de seu meio-irmão. Nos seus cinco anos de reinado, ela fez com que mais de 280 dissidentes religiosos fossem queimados. O seu reestabelecimento do catolicismo foi revertido após sua morte por sua meia-irmã e sucessora, Isabel I.

Brasão da Rainha Maria I de Inglaterra, bipartidas com as do marido, Filipe II de Espanha

Miguel Ângelo morreu há 450 anos

Sebastiano del Piombo: Retrato de Michelangelo, circa 1520–1525

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de março de 1475 - Roma, 18 de fevereiro de 1564), mais conhecido simplesmente como Miguel Ângelo, foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.
Ele desenvolveu o seu trabalho artístico durante mais de setenta anos, entre Florença e Roma, onde viveram os seus grandes mecenas, a família Medici de Florença, e vários papas romanos. Iniciou-se como aprendiz dos irmãos Davide e Domenico Ghirlandaio,  em Florença. Tendo o seu talento sido logo reconhecido, tornou-se um protegido dos Medici, para quem realizou várias obras. Depois fixou-se em Roma, onde deixou a maior parte de suas obras mais representativas. A sua carreira desenvolveu-se na transição do renascimento para o maneirismo e o seu estilo sintetizou influências da arte da antiguidade clássica, do primeiro renascimento, dos ideais do humanismo e do neoplatonismo, centrado na representação da figura humana e em especial no nu masculino, que retratou com enorme pujança. Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, destacando-se na escultura Baco, a Pietà, o David, os dois túmulos dos Medici e o Moisés; na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina e o Juízo Final no mesmo local, e dois afrescos na Capela Paulina; serviu como arquiteto da Basílica de São Pedro, implementando grandes reformas na sua estrutura e desenhando a cúpula, remodelou a praça do Capitólio romano e projetou diversos edifícios, e escreveu grande número de poesias.
Ainda em vida foi considerado o maior artista de seu tempo; chamavam-no de o Divino, e ao longo dos séculos, até os dias de hoje, vem sendo tido na mais alta conta, parte do reduzido grupo dos artistas de fama universal, de fato como um dos maiores que já viveram e como o protótipo do génio. Miguel Ângelo foi um dos primeiros artistas ocidentais a ter sua biografia publicada ainda em vida. A sua fama era tamanha que, como nenhum artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registos numerosos sobre a sua carreira e personalidade, e os objetos que ele usara ou simples esboços para as suas obras eram guardados como relíquias por uma legião de admiradores. Para a posteridade Miguel Ângelo permanece como um dos poucos artistas que foram capazes de expressar a experiência do belo, do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal.

Miguel Ângelo: Pietà, 1499 - Basílica de São Pedro, Vaticano

A Batalha de Almoster foi há 180 anos

(imagem daqui)

A Batalha de Almoster (por vezes também referida como Batalha de Santa Maria ou da Ponte de Santa Maria) foi travada em 18 de fevereiro de 1834, saldando-se por uma vitória das tropas liberais, comandadas pelo Marechal Saldanha, sobre as chamadas tropas absolutistas, ou legitimistas, comandadas pelo General Lemos.
Pela vitória nesta batalha o Marechal Saldanha, então Conde de Saldanha, recebeu os títulos de Marquês de Saldanha e Conde de Almoster, este último reservado aos herdeiros da Casa de Saldanha. Com a posterior elevação a Ducado os herdeiros da Casa de Saldanha passaram a usar o título de Marquês de Saldanha.

História
Santarém era o fulcro da guerra civil, mas o domínio da facção miguelista não existia apenas nesta cidade. Com efeito, apesar de várias vitórias liberais, no Norte as províncias de Trás-os-Montes, Minho e Beira Alta estavam ainda em poder de D. Miguel, que contava além disso com um vasto número de milícias que lhe eram fiéis no sul do País.
Foi então que Saldanha, comandante das forças liberais, estabeleceu o plano de, sem deixar de manter o cerco a Santarém, atacar com uma parte das suas tropas as cidades de Leiria e Coimbra, o que teria por efeito isolar os miguelistas que resistiam na capital ribatejana. As tropas de Saldanha fizeram a sua junção, em Rio Maior, com as que ele mandara ir de Lisboa e, em 16 de janeiro de 1834, foi lançado, por dois lados, o ataque a Leiria. Vendo-se na iminência de ficar com a retirada cortada, os miguelistas abandonaram sem demora o Castelo de Leiria e tentaram refugiar-se em Coimbra. Seguidamente, nos primeiros dias de fevereiro, o General Póvoas, comandante das tropas miguelistas, pôs em execução um plano para atacar os liberais que ocupavam Pernes e os que cercavam Santarém.
Prevendo a possibilidade de tal tentativa, Saldanha tomou as precauções necessárias, fazendo com que o plano se gorasse. Póvoas estabeleceu então novo projecto, que se baseava num ataque a Ponte de Asseca - em poder dos liberais - a fim de abrir caminho para Lisboa, onde deveria eclodir uma revolução miguelista. Dividindo-se em dois, no dia 18 de Fevereiro os miguelistas fizeram marchar as cerca de 4000 tropas do general Póvoas sobre Ponte de Asseca, embora sem efectuarem um ataque em larga escala que lhes permitisse conquistar posições. O seu objectivo era fazer uma manobra de diversão, para que fosse o General Lemos, que enquanto isso avançava com entre 4500 e 5000 homens em direcção a Almoster e Santa Maria, a romper as linhas dos liberais. Estes viam-se assim obrigados a estender a sua cortina defensiva, enfraquecendo-a. Contudo, os comandados de Saldanha tinham a seu favor o facto de o terreno por si ocupado ser extremamente difícil de conquistar, pois formava um desfiladeiro estreito, entre colinas cobertas de mato denso.
Embora Saldanha viesse mais tarde a ficar com a fama de ter compreendido desde logo os intuitos de Lemos, armando por isso uma cilada aos miguelistas, ao alegadamente permitir de forma deliberada que estes subissem o desfiladeiro uma vez passada a ponte de Santa Maria, tal teoria carece de qualquer fundamento tendo em conta os relatos da batalha de Luz Soriano e de outras crónicas coevas, tais como a do Barão de Saint Pardoux (A Guerra Civil em Portugal - 1833-1834). Segundo se depreende claramente da leitura de Luz Soriano, os liberais limitaram-se a seguir os movimentos dos miguelistas, respondendo-lhes apressadamente quando estes decidiram avançar, tendo Saldanha, mesmo nessa altura, dado mostras de grande indecisão.
Atacando então primeiro em campo aberto e, uma vez passada a ponte, pelo desfiladeiro acima (sempre debaixo de fogo inimigo), a infantaria miguelista foi conquistando terreno com grande bravura, mas à custa de pesadas baixas. Assim perderam a vida o General Santa Clara, quando carregava o inimigo, à frente das suas tropas, e o Brigadeiro Brassaget, que prontamente o substituiu na vanguarda, ao vê-lo cair. A sorte das armas manteve-se indecisa até ao momento em que, "por iniciativa própria", segundo Luz Soriano, o coronel Queirós vislumbrou a hipótese de atacar os miguelistas de flanco e, à frente dos Batalhões de Caçadores nº 2 e nº 12, cortou-lhes a retirada para a ponte de Santa Maria, ao passo que, com os Regimentos de Infantaria nº 3 e nº 6, o brigadeiro Brito lançava uma impetuosa carga à baioneta, ficando o nº1 de reserva. Quanto a Saldanha, comandava pessoalmente o Infantaria nº1 - o mesmo Regimento com que detivera, com notável mestria, mais de 20 anos antes, a célebre carga do Buçaco - e manteve-se sempre na retaguarda.
Só nessa altura os soldados de D. Miguel compreenderam a terrível situação em que se encontravam. Vendo a sua infantaria em riscos de ser dizimada, o General Lemos ainda fez avançar a cavalaria, mas o Brigadeiro Bacon, à cabeça dos experientes Lanceiros da Rainha (que, à semelhança do que acontecia em todo o exército liberal, contavam com um assinalável número de mercenários estrangeiros), gorou mais esse intento dos miguelistas. A derrota destes foi pesada, e as suas perdas excederam um milhar de homens. No entanto, a forma como retiraram foi, do ponto de vista militar, irrepreensível, o que evitou um número de baixas ainda maior. Do lado liberal houve também baixas de vulto a lamentar, tendo sido particularmente sentida a morte do Coronel Miranda.
Esta Batalha de Almoster significou, na opinião de muitos, o desmoronar das esperanças do irmão de D. Pedro IV de reconquistar Lisboa e, possivelmente, de vencer a guerra.

O grande poeta popular algarvio, António Aleixo, nasceu há 115 anos

Estátua de António Aleixo, em Loulé

António Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de fevereiro de 1899 - Loulé, 16 de novembro de 1949) foi um poeta popular português.

Biografia
Considerado um dos poetas populares algarvios de maior relevo, famoso pela sua ironia e pela crítica social, sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado por ter sido simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.
No emaranhado de uma vida cheia de pobreza, mudanças de emprego, emigração, tragédias familiares e doenças na sua figura de homem humilde e simples, havia o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo. Do seu percurso de vida fazem parte profissões como tecelão, guarda de polícia e servente de pedreiro, trabalho este que, como emigrante, foi exercido em França.
De regresso ao seu país natal, estabeleceu-se novamente em Loulé, onde passou a vender cautelas e a cantar as suas produções pelas feiras portuguesas, actividades que se juntaram às suas muitas profissões e que lhe renderia a alcunha de "poeta-cauteleiro".
Faleceu por conta de uma tuberculose, a 16 de novembro de 1949, doença que tempos antes havia também vitimado uma de suas filhas.

Estilo
Poeta possuidor de uma rara espontaneidade, de um apurado sentido filosófico e notável pela «capacidade de expressão sintética de conceitos com conteúdo de pensamento moral», António Aleixo tinha por motivos de inspiração desde as brincadeiras dirigidas aos amigos até à crítica sofrida das injustiças da vida. É notável em sua poesia a expressão concisa e original de uma "amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida".
A sua conhecida obra poética é uma parte mínima de um vasto repertório literário. O poeta, que escrevia sempre usando a métrica mais comum na língua portuguesa (heptassílabos, em pequenas composições de quatro versos, conhecidas como "quadras" ou "trovas"), nunca teve a preocupação de registar suas composições. Foi o trabalho de Joaquim de Magalhães, que se dedicou a compilar os versos que eram ditados pelo poeta no intuito de compor o primeiro volume de suas poesias (Quando Começo a Cantar), com o posterior registo do próprio poeta tendo o incentivo daquele mesmo professor, a obra de António Aleixo adquiriu algum trabalho documentado. Antes de Magalhães, contudo, alguns amigos do poeta lançaram folhetos avulsos com quadras por ele compostas, mais no intuito, à época, de angariar algum dinheiro que ajudasse o poeta na sua situação de miséria que com a intenção maior de permanência da obra na forma escrita.
Estudiosos de António Aleixo ainda conjugam esforços no sentido de reunir o seu espólio, que ainda se encontra fragmentado por vários pontos do Algarve, algum dele já localizado. Sabe-se também que vários cadernos seus de poesia foram queimados, como meio de defesa contra o vírus infeccioso da doença que o vitimou, sem dúvida um «sacrifício» impensado, levado a cabo pelo desconhecimento de seus vizinhos. Foi esta uma perda irreparável de um património insubstituível no vasto mundo da literatura portuguesa.

Reconhecimento
A partir da descoberta de Joaquim de Magalhães, o grande responsável por "passar a limpo" e registar a obra do poeta, António Aleixo passou a ser apreciado por inúmeras figuras da sociedade e do meio cultural algarvio. Também é digno de registo José Rosa Madeira, que o protegeu, divulgou e coleccionou os seus escritos, contribuindo no lançamento do primeiro livro, "Quando Começo a Cantar" (1943), editado pelo Círculo Cultural do Algarve.
A opinião pública aceitou a primeira obra de António Aleixo com bom agrado, tendo sido bem acolhida pela crítica. Com uma tiragem de cerca de 1.100 exemplares, o livro esgotou-se em poucos dias, o que proporcionou ao Poeta Aleixo uma pequena melhoria de vida, contudo ensombrada pela morte de uma filha sua, com tuberculose. Desta mesma doença viria o poeta a sofrer pelos tratamentos que a vida lhe foi impondo, tendo de ser internado no Hospital – Sanatório dos Covões, em Coimbra, a 28 de junho de 1943.
Em Coimbra começa uma nova era para o poeta que descobre novas amizades e deleita-se com novos admiradores, que reconhecem o seu talento, de destacar o Dr. Armando Gonçalves, o escritor Miguel Torga, e António Santos (Tóssan), artista plástico e autor da mais conhecida imagem do poeta algarvio, amigo do poeta que nunca o desamparou nas horas difíceis. Os seus últimos anos de vida foram passados ora no sanatório em Coimbra, ora no Algarve, em Loulé.
A 27 de maio de 1944 recebeu o grau de Oficial da Ordem do Mérito.

Homenagem e Consagração
Em homenagem ao poeta popular e à sua obra, muitos distritos portugueses atribuíram o seu nome a ruas e avenidas e até a diversas escolas, como:
  • O Liceu de Portimão passou a chamar-se Escola Secundária Poeta António Aleixo.
  • Em Coimbra - Na zona de Santa Clara e em Brasfemes.
  • Em Paço de Arcos, junto da Escola Náutica, também existe uma rua com o nome de António Aleixo.
  • Em Odivelas foi dado o nome do poeta a um largo.
  • Em Setúbal, o nome do poeta foi também atribuído a uma rua de um bairro da cidade, situado na zona do Centro Hospitalar.
  • Em Camarate, no Bairro São José
  • Em Albufeira, junto às praias no Algarve, e em muitas ruas espalhadas por esse Portugal fora e não só, pode-se ver e ouvir o nome do Poeta do Povo imortalizado em alguma placa.
  • Há alguns anos também passou a existir a «Fundação António Aleixo», com sede em Loulé e que já usufrui do Estatuto de Utilidade Pública, o que lhe permite atribuir bolsas de estudo aos mais carenciados, facto que deve ser encarado como bastante positivo.
  • O reconhecimento a este poeta tem-se repercutido noutros países de língua portuguesa, nos quais o nome de Aleixo foi imortalizado em instituições como, por exemplo, a Escola Poeta António Aleixo no Liceu Católico de São Paulo no Brasil.

Obra
António Fernandes Aleixo está hoje, bem enraizado e presente. As suas obras foram apresentadas na televisão, rádio e demais sistemas de informação, os seus versos incluídos em diversas antologias, o seu nome figura na história da literatura de língua portuguesa, é patrono de instituições e grupos político-culturais, existem medalhas cunhadas e monumentos erigidos em sua honra. Da sua autoria estão publicadas as seguintes obras:
  • Quando começou a cantar (1943);
  • Intencionais (1945);
  • Auto da vida e da morte (1948);
  • Auto do curandeiro (1949);
  • Auto do Ti Jaquim (1969) - incompleto;
  • Este livro que vos deixo (1969) - reunião de toda a obra do poeta;
  • Inéditos (1979) - tendo sido, estes quatro últimos, publicados postumamente.


Quando não tenhas à mão
Outro livro mais distinto,
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto

Forçam-me, mesmo velhote,
De vez em quando, a beijar
A mão que brande o chicote
Que tanto me faz penar.

Porque o mundo me empurrou,
Caí na lama, e então
Tomei-lhe a cor, mas não sou
A lama que muitos são.

Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.

Deixam-me sempre confuso
As tuas palavras boas,
Por não te ver fazer uso
Dessa moral que apregoas.

São parvos, não rias deles,
Deixa-os ser, que não são sós;
Às vezes rimos daqueles
Que valem mais do que nós.

À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra

Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo,
Calai-vos, que pode o povo
Qu'rer um mundo novo a sério.


Que importa perder a vida
Em luta contra a traição,
Se a Razão mesmo vencida,
Não deixa de ser Razão?

P'ra mentira ser segura
E atingir profundidade,
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade.

Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.

Enquanto o homem pensar
Que vale mais que outro homem,
São como os cães a ladrar,
Não deixam comer, nem comem.

Eu já não sei o que faça
P'ra juntar algum dinheiro;
Se se vendesse a desgraça
Já hoje eu era banqueiro.

A vida na grande terra
Corrompe a humanidade.
Entre a cidade e a serra
Prefiro a serra à cidade.

O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
- Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!

Eu já não sei o que faça
P'ra juntar algum dinheiro;
Se se vendesse a desgraça
Já hoje eu era banqueiro.

A vida na grande terra
Corrompe a humanidade.
Entre a cidade e a serra
Prefiro a serra à cidade.

O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
- Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!

Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que dizes.

Num arranco de loucura,
Filha desta confusão,
Vai todo o mundo à procura
Daquilo que tem à mão.

Vinho que vai para vinagre
Não retrocede o caminho;
Só por obra de milagre,
Pode de novo ser vinho.

Entre leigos ou letrados,
Fala só de vez em quando,
Que nós, às vezes, calados,
Dizemos mais que falando.

Quando te vês mal, e dizes
Que preferias a morte,
Pensa que outros menos felizes
Invejam a tua sorte.

Mentiu com habilidade,
Fez quantas mentiras quis;
Agora fala verdade
Ninguém crê no que ele diz.

Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida,
Tudo é miséria dourada.

Tem a música o poder
De tornar o homem feliz;
Nem há quem saiba dizer
Tanto quanto ela nos diz.

Quando os homens se convençam
Que a força nada faz,
Serão felizes os que pensam
Num mundo de amor e paz.

Gosto do preto no branco,
Como costumam dizer:
Antes perder por ser franco
Que ganhar por não ser.

Não sou esperto nem bruto,
Nem bem nem mal educado:
Sou simplesmente o produto
Do meio em que fui criado.

Queremos ver sempre à distância
O que não está descoberto,
Sem ligarmos importância
Ao que está à vista e perto.

Porque será que nós temos
Na frente, aos montes, aos molhos,
Tantas coisas que não vemos
Nem mesmo perto dos olhos?

Há pessoas muito altas
De nome ilustrado e sério,
Porque o oiro tapa as faltas
Da moral e do critério.

Quantas sedas aí vão,
Quantos colarinhos,
São pedacinhos de pão
Roubados aos pobrezinhos!

Julgam-me mui sabedor;
E é tão grande o meu saber
Que desconheço o valor
Das quadras que sei fazer.

Peço às altas competências
Perdão, porque mal sei ler,
P’ra aquelas deficiências
Que os meus versos possam ter.

Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem de comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

A quadra tem pouco espaço
Mas eu fico satisfeito
Quando numa quadra faço
Alguma coisa com jeito.

Nada direi, mas, enfim,
Vou ter a grande alegria
De a Arte dizer por mim
Tudo quanto eu vos diria.

Nos versos que se improvisem,
Os poetas sabem ler,
Para além do que eles dizem,
Tudo o que querem dizer.

Falemos sinceramente,
Como p'ra nós mesmos, a sós;
Lá longe de toda a gente,
Do mundo, e até de nós.

Após um dia tristonho
de mágoas e agonias
vem outro alegre e risonho:
são assim todos os dias.

Mentiu com habilidade,
Fez quantas mentiras quis;
Agora fala verdade,
Ninguém crê no que ele diz.

São parvos, não rias deles,
Deixa-os ser, que não são sós;
Às vezes rimos daqueles
Que valem mais do que nós.

Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.

Quando os Homens se convençam
Que à força nada se faz,
Serão f'lizes os que pensam
Num mundo de amor e paz.

A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente.

Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado;
O ribeirinho não morre,
Vai correr por outro lado.

Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os Homens são no fundo.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
- Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério.!

Ser criada de um ricaço,
Desses que temos a rodos,
É dar o primeiro passo
P'ra ser criada de todos.

Este livro que vos deixo
E que a minha alma ditou,
Vos dirá como o Aleixo
Viveu, sentiu e pensou.

 

in Este livro que vos deixo (1969) - António Aleixo

Música para geopedrados...



Utopia - Dulce Pontes
Letra e música: Zeca Afonso

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?