quarta-feira, agosto 07, 2024
Hoje é dia de ouvir Fado de Coimbra...
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Marcadores: Edmundo Bettencourt, Fado de Coimbra, Fado dos olhos claros, Funchal, Madeira, música, poesia, Universidade de Coimbra
Música adequada à data...!
Canção do Alentejo - Edmundo Bettencourt
Lá vai Serpa, lá vai Moura
Ai, as Pias ficam no meio
Lá vai Serpa, lá vai Moura
Ai, as Pias ficam no meio
Quem vier à minha terra
Ai, não tem de que ter receio
Quem vier á minha terra
Ai, não tem de que ter receio
Teus olhos, linda morena,
Ai, Fazem-me a alma sombria
Teus olhos, linda morena,
Ai, Fazem-me a alma sombria
Quero-te mais, ó morena
Ai, Do que à luz de cada dia.
Quero-te mais, ó morena
Ai, Do que à luz de cada dia.
Postado por Geopedrados às 18:09 0 bocas
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Saudades dos fados de Edmundo Bettencourt...
Postado por Pedro Luna às 12:50 0 bocas
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Edmundo Bettencourt nasceu há 125 anos...
Edmundo Alberto Bettencourt (Funchal, 7 de agosto de 1899 - Lisboa, 1 de fevereiro de 1973) foi um cantor e poeta português notavelmente conhecido por interpretar o Fado e a Canção de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical. Notabilizou-se pela composição musical "Saudades de Coimbra" a qual é ainda hoje uma referência da música portuguesa universitária.
Edmundo era neto de Júlio César de Bettencourt, Morgado da Calheta. Caso o morgadio não tivesse sido extinto, Edmundo teria sido o Morgado.
Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra, foi funcionário público, até ser despedido, por o seu nome figurar entre os milhares de signatários das listas do MUD, desenvolvendo, então, a atividade de delegado de propaganda médica. Integrou o grupo fundador de Presença, cujo título sugerira, e em cujas edições publica O Momento e a Legenda. Dissocia-se do grupo presencista em 1930, subscrevendo com Miguel Torga e Branquinho da Fonseca uma carta de dissensão, onde é acusado o risco em que a revista incorria de enquadrar o "artista em fórmulas rígidas", esquecendo o princípio de "ampla liberdade de criação" defendido nos primeiros tempos" (cf. "O Modernismo em Portugal", entrevista de João de Brito Câmara a Edmundo de Bettencourt, reproduzida em A Phala, n.° 70, maio de 1999, p. 114). A redação de Poemas Surdos, entre 1934 e 40, alguns dos quais publicados na revista lisboeta Momento, permite antedatar o surto do surrealismo em Portugal, enquanto adesão a um "sistema de pensamento, no que ele tem de fuga à chamada realidade, repúdio dos valores duma civilização e esperança de ação num domínio onde por tradição ela é quase sempre negada", embora não seja possível esclarecer com especificidade qual foi o conhecimento que Bettencourt teve da lição surrealista francesa.
Frequentou os cafés Royal e Gelo, onde se reuniu a segunda geração surrealista, vindo a publicar seis inéditos no n.° 3 da revista Pirâmide (1959-1960), em cujas páginas, entre 59 e 60, foram dadas à luz algumas das produções do grupo do Gelo. Publicou ainda esparsamente outros poemas em Momento, Vértice, Búzio. Depois de um silêncio, que deve ser compreendido não como desistência "mas sim [como] uma peculiar forma de revolta que o poeta defende carinhosamente", colige toda a sua produção, permitindo a edição, em 1963, dos Poemas de Edmundo de Bettencourt, prefaciados por Herberto Helder, poeta que, pela primeira vez, faz justiça à originalidade do autor de Poemas Surdos, considerando-o "uma das pouquíssimas vozes modernas entre o milagre do Orpheu e o breve momento surrealista português" (HELDER, Herberto - "Relance sobre a Poesia de Edmundo de Bettencourt", prefácio a Poemas de Edmundo de Bettencourt, Lisboa, Portugália, 1963, p. XXXII). Com efeito, o versilibrismo, o imagismo e certa atmosfera onírica e irreal conferem à sua poesia um lugar de destaque no segundo modernismo, estabelecendo, simultaneamente, a ponte com o vanguardismo de Orpheu e com tendências surrealistas e imagistas verificadas em gerações posteriores à Presença.
in Wikipédia
Nebulosa
apenas, sob um céu menos escuro.
Quem vive para o futuro,
já o vive!
Futuro!
Quando te posso ver, por ti, plena aurora,
condena-te a presença:
és este agora
que possuo
como a abelha suga a rosa…
e sem que o resto me importe.
Mas ante sou depois, ver-te ou pensar-te
é ver uma nebulosa
– é como pensar na morte.
Edmundo Bettencourt
Postado por Fernando Martins às 01:25 0 bocas
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Que saudade de Edmundo Bettencourt...
Postado por Geopedrados às 00:12 0 bocas
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segunda-feira, julho 01, 2024
A Madeira foi descoberta (oficialmente...) há 605 anos...!
As ilhas do arquipélago da Madeira já seriam conhecidas antes da chegada dos europeus no século XIV, a crer em referências presentes em obras e cartas geográficas como o "Libro del Conoscimiento" (1348-1349), de autoria de um frade mendicante espanhol, no qual as ilhas são referidas pelo nome de "Leiname", "Diserta" e "Puerto Santo".
Postado por Fernando Martins às 06:05 0 bocas
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quarta-feira, maio 29, 2024
Saudades de Max...
Postado por Pedro Luna às 04:40 0 bocas
Marcadores: Fado, Humor, Madeira, Max, música, Pomba Branca, Teatro de Revista
Max faleceu há quarenta e quatro anos...
Maximiano de Sousa ou Max (Funchal, Madeira, 20 de janeiro de 1918 - 29 de maio de 1980) foi um cantor e fadista português.
Postado por Fernando Martins às 00:44 0 bocas
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sábado, abril 20, 2024
Notícia sobre quirópteros madeirenses...
Pequenos, peludos e voadores: os morcegos caçam pragas agrícolas na Madeira
Morcego-arborícola-da-madeira, uma subespécie endémica da ilha Ricardo Rocha
Estudo de cientistas portugueses conclui que 40% da dieta das três espécies destes mamíferos da ilha da Madeira é composta por insetos prejudiciais para a agricultura.
Na ilha da Madeira, há três espécies de morcegos que se alimentam de insetos. E uma equipa de cientistas portugueses investigou a dieta destes pequenos mamíferos voadores, recorrendo a uma avançada técnica genética, e concluiu que pelo menos 40% dos insetos que fazem parte da sua dieta são pragas agrícolas ou florestais, ou até vetores para a transmissão de doenças aos seres humanos.
A maior componente da dieta das três espécies de morcegos nativas da Madeira é composta por borboletas noturnas. Mas, embora a contribuição dos morcegos não seja muito conhecida, dão uma enorme ajuda aos agricultores, e ao controlo de outros insetos prejudiciais para a saúde humana. “Não estávamos à espera de que uma percentagem tão grande de presas correspondesse a pragas agrícolas ou florestais, prováveis, ou confirmadas”, disse Angelina Gonçalves, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e do laboratório associado CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, citada num comunicado de imprensa.
“As presas dos morcegos alimentam-se de um vasto leque de espécies, incluindo muitas de elevado interesse económico, como a bananeira, a estrelícia, e a cana-de-açúcar”, explicou ao Azul Ricardo Rocha, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, coordenador do trabalho publicado na semana passada na revista científica Journal of Mammology. Uma delas é a traça-da-bananeira (Opogona sacchari), que não só afecta as plantações de bananeiras, como também várias espécies ornamentais, como a famosa flor da Madeira, a estrelícia.
Mas quem são os morcegos madeirenses? “O morcego-da-madeira (Pipistrellus maderensis) habita apenas na Macaronésia, nos arquipélagos da Madeira, Canárias e provavelmente Açores”, explicou ao Azul Ricardo Rocha, “explorador” da National Geographic.
O morcego-arborícola-da-madeira (Nyctalus leisleri verrucosus) é uma subespécie endémica da Madeira. “Isto quer dizer que, apesar de a espécie ter uma distribuição mais ampla, as populações na Madeira são suficientemente diferentes para terem uma classificação própria”, indicou Ricardo Rocha.
Por fim, o morcego-orelhudo-cinzento (Plecotus austriacus), que tem uma distribuição muito mais alargada, pois existe em grande parte da Europa Ocidental, é o menos abundante na Madeira.
Código de barras genético
Como é que os cientistas analisaram a dieta destes voadores noturnos? Começaram por ter de apanhar um número significativo de morcegos das três espécies, usando redes colocadas em vários locais no Parque Ecológico do Funchal. “Foram muitas noites de trabalho árduo, mas com muito esforço conseguimos capturar mais de cem morcegos, o que nos permitiu examinar as diferenças alimentares entre as várias espécies”, adiantou Angelina Gonçalves, que é a primeira autora do estudo publicado na revista científica Journal of Mammology.
O método tradicional para perceber de que se alimenta um animal é analisar as suas fezes, quer por observação direta, quer ao microscópio, procurando vestígios daquilo de que se alimentou. “Mas como a maior parte dos morcegos caça no ar à noite e mastiga os fragmentos maiores das suas presas, estes métodos não são particularmente eficazes para analisar a sua dieta”, escrevem os investigadores no artigo.
Decidiram, portanto, usar uma técnica desenvolvida nos primeiros anos do século XXI, o código de barras de ADN. “Esta técnica tem vindo a ser cada vez mais usada em estudos de dieta”, comentou Ricardo Rocha, que dá uma explicação simples do que se trata: “De forma muito resumida, identificam-se segmentos de ADN que permitem diagnosticar determinados grupos taxonómicos – atuam como uma espécie de código de barras. Com isso, conseguimos perceber que presas foram consumidas pelos morcegos com uma resolução muito maior do que conseguíamos no passado.
“Este estudo foi um dos primeiros a usar este método do código de barras genético para avaliar a dieta de morcegos que vivem em ilhas, salientam os autores do artigo. Assim, avança em muito o conhecimento relativo à ecologia trófica [de alimentação] e serviços de supressão de pragas prestados por estes mamíferos ainda mal conhecidos”, escrevem no artigo científico.
Discretos e pouco estudados
Porque são os morcegos mal conhecidos? Responde Ricardo Rocha: “No geral, os morcegos são pouco estudados. Tendem a ser espécies pequenas, noturnas, e bastante discretas.” No caso de espécies insulares, que vivem em ilhas, essa falta de estudos é particularmente aguda, salienta.
“Este não é o padrão exclusivo dos morcegos. É um padrão geral dos vertebrados em ilhas. Salvo raras exceções, como por exemplo os tentilhões das Galápagos [aves], ou algumas aves marinhas, as espécies insulares tendem a ser particularmente pouco estudadas, se compararmos com as as espécies continentais”, explica Ricardo Rocha.
Os demais mamíferos da Madeira não são nativos. Alguns, como os gatos, são predadores de morcegos e outras espécies nativas, o que pode afetar eventuais serviços de ecossistema – como o potencial controlo de pragas, associado ao consumo de insetos nefastos à agricultura
terça-feira, fevereiro 20, 2024
Poema para recordar uma catástrofe...
Descida aos Infernos
I
Desço
pelo cascalho interno da terra,
onde o esqueleto da vida
se petrifica protestando.
Como um rio ao contrário, de águas povoadas
por alucinações mortas boiando levadas
para a alma da terra,
procuro os úberes do fogo.
Carlos de Oliveira
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Marcadores: aluvião da Madeira, Carlos de Oliveira, catástrofe, Descida aos Infernos, inundações, Madeira, poesia
Uma forte pluviosidade (e muita incúria...) mataram 47 pessoas na Madeira há catorze anos...
Ribeira de Santa Luzia transbordando para a Rua 5 de outubro
Salvamento, limpeza e apoio às vítimas
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Marcadores: aluvião da Madeira, catástrofe, Ecologia, Madeira, PDM, RAN, REN
domingo, fevereiro 04, 2024
Alberto João Jardim faz hoje oitenta e um anos
Foi presidente do Governo Regional da Madeira, entre 1978 e 2015.
(...)
A 10 de junho de 2014 bateu o recorde de longevidade no poder, recorde esse que pertencia a Oliveira Salazar (36 anos e 85 dias de governação).
Entre eleições Regionais, Autárquicas, Europeias, Presidenciais e Legislativas Nacionais averbou para o PSD-Madeira 46 vitórias eleitorais.quinta-feira, fevereiro 01, 2024
Edmundo Bettencourt morreu há cinquenta e um anos...
Edmundo Alberto Bettencourt (Funchal, 7 de agosto de 1899 - Lisboa, 1 de fevereiro de 1973) foi um cantor e poeta português notavelmente conhecido por interpretar o Fado e a Canção de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical. Notabilizou-se pela composição musical "Saudades de Coimbra" a qual é ainda hoje uma referência da música portuguesa universitária.
Edmundo era neto de Júlio César de Bettencourt, Morgado da Calheta. Caso os morgadios não tivessem sido extintos, Edmundo teria sido o Morgado.
Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra, foi funcionário público, até ser despedido, por o seu nome figurar entre os milhares de signatários das listas do MUD, desenvolvendo, então, a atividade de delegado de propaganda médica. Integrou o grupo fundador de Presença, cujo título sugerira, e em cujas edições publica O Momento e a Legenda. Dissocia-se do grupo presencista em 1930, subscrevendo com Miguel Torga e Branquinho da Fonseca uma carta de dissensão, onde é acusado o risco em que a revista incorria de enquadrar o "artista em fórmulas rígidas", esquecendo o princípio de "ampla liberdade de criação" defendido nos primeiros tempos" (cf. "O Modernismo em Portugal", entrevista de João de Brito Câmara a Edmundo de Bettencourt, reproduzida in A Phala, n.° 70, maio de 1999, p. 114). A redação de Poemas Surdos, entre 1934 e 40, alguns dos quais publicados na revista lisboeta Momento, permite antedatar o surto do surrealismo em Portugal, enquanto adesão a um "sistema de pensamento, no que ele tem de fuga à chamada realidade, repúdio dos valores duma civilização e esperança de ação num domínio onde por tradição ela é quase sempre negada", embora não seja possível esclarecer com especificidade qual foi o conhecimento que Bettencourt teve da lição surrealista francesa.
Frequentou os cafés Royal e Gelo, onde se reuniu a segunda geração surrealista, vindo a publicar seis inéditos no n.° 3 da revista Pirâmide (1959-1960), em cujas páginas, entre 59 e 60, foram dadas à luz algumas das produções do grupo do Gelo. Publicou ainda esparsamente outros poemas em Momento, Vértice, Búzio. Depois de um silêncio, que deve ser compreendido não como desistência "mas sim [como] uma peculiar forma de revolta que o poeta defende carinhosamente", colige toda a sua produção, permitindo a edição, em 1963, dos Poemas de Edmundo de Bettencourt, prefaciados por Herberto Helder, poeta que, pela primeira vez, faz justiça à originalidade do autor de Poemas Surdos, considerando-o "uma das pouquíssimas vozes modernas entre o milagre do Orpheu e o breve momento surrealista português" (HELDER, Herberto - "Relance sobre a Poesia de Edmundo de Bettencourt", prefácio a Poemas de Edmundo de Bettencourt, Lisboa, Portugália, 1963, p. XXXII). Com efeito, o versilibrismo, o imagismo e certa atmosfera onírica e irreal conferem à sua poesia um lugar de destaque no segundo modernismo, estabelecendo, simultaneamente, a ponte com o vanguardismo de Orpheu e com tendências surrealistas e imagistas verificadas em gerações posteriores à Presença.
in Wikipédia
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domingo, janeiro 14, 2024
John Dos Passos nasceu há 128 anos...
Escritor modernista norte-americano, John Roderigo Dos Passos nasceu em 1896, em Chicago.
Oriundo de uma família de origem portuguesa, era fruto de uma relação
ilegítima entre o seu pai, o advogado John Randolph Dos Passos, e Lucy
Sprigg.
Estudou na Choate School (atualmente Choate Rosemary Hall) em Wallingford, Connecticut em 1907, tendo viajado posteriormente com um professor particular numa viagem de 6 meses pela França, Inglaterra, Itália, Grécia e Médio Oriente para estudar arte clássica, arquitetura e literatura.
Licenciou-se em Harvard em 1916, partindo depois para Espanha para estudar arte e arquitetura. Em 1917 voluntariou-se para se juntar às tropas americanas durante a Primeira Guerra Mundial, ao lado dos amigos E. E. Cummings e Robert Hillyer, como condutor de ambulâncias. Regressando aos Estados Unidos, publicou a sua primeira obra, One Man's Initiation, em 1919. Com Manhattan Transfer (1925), romance que retrata em episódios a vida na cidade de Nova Iorque, obteve o reconhecimento da crítica. Publicou ainda a trilogia U.S.A., incluindo The 42nd Parallel (1930), 1919 (1932) e The Big Money (1936).
John Dos Passos e Hemingway tornaram-se amigos em Paris em 1923 (tendo-se conhecido brevemente quando conduziram ambulâncias em Itália em junho de 1918). Tinham muitos amigos em comum, tendo Dos Passos casado com uma paixoneta de escola secundária de Hemingway, Katy Smith. Em maio de 1937, em Espanha, zangaram-se devido a desentendimentos políticos: Hemingway era um apoiante da causa anti-fascista espanhola, enquanto Dos Passos tinha-se tornado desconfiado do comunismo e com a esquerda em geral.
No domínio da poesia, publicou, entre outras obras, A Pushcard at The Curb (1922). Também cultivou a narrativa de viagens, como, por exemplo, em Orient Express (1927). Nota-se neste autor uma evolução temática e filosófica, que começa por ser de carácter social, cheia de esperança, e passa por um ceticismo político, terminando nos últimos anos num conservadorismo ultradireitista. Dos Passos trabalhou como correspondente durante a Segunda Guerra Mundial.
Escreveu na revista Life em 7 de janeiro de 1946 citando que "o estupro brutal e álcool é o salário de um soldado", sobre os estupros e atrocidades cometidos pelos aliados na Alemanha pós guerra - o exército de assassinos e estupradores."
Morreu em 1970, aos 74 anos, estando enterrado no Yeocomico Episcopal Churchyard, Kinsale, Westmoreland County, Virgínia.
Quai de la Tournelle
I
In the dark the river spins,
Laughs and ripples never ceasing,
Swells to gurgle under arches,
Swishes past the hows of barges.
In its haste to swirl away
From the stone walls of the city
That has lamps that weight the eddies
Down with snaky silver glitter.
As it flies it calls me with it
Through the meadows to the sea.
I close the door on it, draw the bolts,
Climb the stairs to my silent room;
But through the window that swings open
Comes again its shuttle-song,
Spinning love and night and madness,
Madness of the spring at sea.
II
The streets are full of lilacs.
Lilacs in boys' buttonholes,
Lilacs at women's waists;
Arms full of lilacs, people trail behind them through the moist night
Long swirls of fragrance.
Fragrance of gardens,
Fragrance of hedgerows where they have wandered
All the May day,
Where the lovers have held each other's hands
And lavished vermilion kisses
Under the portent of the swaying plumes
Of the funereal lilacs.
The streets are full of lilacs
That trail long swirls and eddies of fragrance,
Arabesques of fragrance,
Like the arabesques that form and fade,
In the fleeting ripples of the jade-green river.
Postado por Fernando Martins às 01:28 0 bocas
Marcadores: John Dos Passos, literatura, Madeira, poesia, USA
sexta-feira, dezembro 15, 2023
D. José Tolentino Mendonça, o cardeal e poeta que é Prémio Pessoa 2023, nasceu há 58 anos
José Tolentino Calaça Mendonça, mais conhecido por José Tolentino de Mendonça (Machico, Madeira, 15 de dezembro de 1965) é um cardeal, poeta e teólogo português.
Atualmente é prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana. No dia 5 de outubro de 2019 foi elevado a Cardeal pelo Papa Francisco durante o Consistório Ordinário Público de 2019.
Teólogo e professor universitário, José Tolentino de Mendonça é também considerado uma das vozes mais originais da literatura portuguesa contemporânea e reconhecido como um eminente intelectual católico. A sua obra inclui poesia, ensaios e peças de teatro assinados como José Tolentino Mendonça.A casa onde às vezes regresso é tão distante
A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
in A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça
Postado por Fernando Martins às 00:58 0 bocas
Marcadores: cardeal, fé, Igreja Católica, José Tolentino Mendonça, Madeira, poesia
quinta-feira, novembro 23, 2023
Herberto Helder nasceu há noventa e três anos...
Filho de Romano Carlos de Oliveira (Funchal, Monte, batizado a 26 de novembro de 1895) e de Maria Ester dos Anjos Luís Bernardes (c. 1900 - 1938), tinha duas irmãs, Maria Regina e Maria Elora. Herberto Hélder nasceu no n.º284 da Rua da Carreira, numa casa que pertencia à família do cientista e naturalista madeirense Adolfo César de Noronha.
Casou duas vezes: com Maria Ludovina Dourado Pimentel (de quem teve uma filha, Gisela Ester Pimentel de Oliveira, por casamento Lopes da Conceição) e com Olga da Conceição Ferreira Lima.
Foi pai do jornalista Daniel Oliveira, nascido da relação que teve com Isabel Figueiredo.
A crítica literária aproxima sua linguagem poética do universo da alquimia, da mística, da mitologia edipiana e da imagem da Mãe.
Faleceu a 23 de março de 2015, vítima de ataque cardíaco, aos 84 anos, na sua casa, em Cascais. Menos de dois meses após a sua morte, em maio de 2015, foi publicado o último livro de originais do poeta, "Poemas canhotos", que tinha terminado pouco antes de morrer.Quem deita sal na carne crua deixa
a lua entrar pela oficina e encher o barro forte:
vasos redondos, os quadris
das fêmeas - e logo o meu dedo se poe a luzir
ao fôlego da boca: onde
o gargalo se estrangula e entre as coxas a fenda
é uma queimadura
vizinha
do coração - toda a minha mão se assusta,
transmuda,
se torna transparente e viva, por essa força que a traga
até dentro,
onde o sangue mulheril queimado
a arrasta pelos rins e aloja, brilhando
como um coração,
na garganta - o sal que se deita cresce sempre
ao enredo dos planetas: com unhas
frias e nuas
retrato as lunações, talho a carne límpida
- porque eu sou o teu nome quando
te chamas a toda a altura
dos espelhos e até ao fundo, se teus dedos abertos tocam
a estrela
como uma pedra fechada no seu jardim selvagem
entre a água: tu tocas
onde te toco, e os remoinhos da luz e do sal se tocam
na carne profunda: como em toda a olaria o movimento
toca a argila e a torna
atenta
à translação da casa pela paisagem rodando sobre si
mesma - a teia sensível,
que se fabrica no mundo entre a mão no sal
e a potência
múltipla de que esta escrita é a simetria,
une
tudo boca a boca: o verbo que estás a ser cada
tua morte
ao que ouço, quando a luz se empina e a noite inteira
se despenha
para dentro do dia: ou a mão que lanço sobre
esse cabelo animal
que respira no sono, que transpira
como barro ou madeira ou carne salgada
exposta
a toda a largura da lua: o que é grave, amargo, sangrento.
in PHOTOMATON & VOX (1995) - Herberto Helder
Postado por Fernando Martins às 00:09 0 bocas
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segunda-feira, agosto 07, 2023
Saudades de Edmundo Bettencourt - e de Coimbra...
Postado por Pedro Luna às 12:40 0 bocas
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Edmundo Bettencourt nasceu há 124 anos...
Edmundo Alberto Bettencourt (Funchal, 7 de agosto de 1899 - Lisboa, 1 de fevereiro de 1973) foi um cantor e poeta português notavelmente conhecido por interpretar o Fado e a Canção de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical. Notabilizou-se pela composição musical "Saudades de Coimbra" a qual é ainda hoje uma referência da música portuguesa universitária.
Edmundo era neto de Júlio César de Bettencourt, Morgado da Calheta. Caso o morgadio não tivesse sido extinto, Edmundo teria sido o Morgado.
Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra, foi funcionário público, até ser despedido, por o seu nome figurar entre os milhares de signatários das listas do MUD, desenvolvendo, então, a atividade de delegado de propaganda médica. Integrou o grupo fundador de Presença, cujo título sugerira, e em cujas edições publica O Momento e a Legenda. Dissocia-se do grupo presencista em 1930, subscrevendo com Miguel Torga e Branquinho da Fonseca uma carta de dissensão, onde é acusado o risco em que a revista incorria de enquadrar o "artista em fórmulas rígidas", esquecendo o princípio de "ampla liberdade de criação" defendido nos primeiros tempos" (cf. "O Modernismo em Portugal", entrevista de João de Brito Câmara a Edmundo de Bettencourt, reproduzida em A Phala, n.° 70, maio de 1999, p. 114). A redação de Poemas Surdos, entre 1934 e 40, alguns dos quais publicados na revista lisboeta Momento, permite antedatar o surto do surrealismo em Portugal, enquanto adesão a um "sistema de pensamento, no que ele tem de fuga à chamada realidade, repúdio dos valores duma civilização e esperança de ação num domínio onde por tradição ela é quase sempre negada", embora não seja possível esclarecer com especificidade qual foi o conhecimento que Bettencourt teve da lição surrealista francesa.
Frequentou os cafés Royal e Gelo, onde se reuniu a segunda geração surrealista, vindo a publicar seis inéditos no n.° 3 da revista Pirâmide (1959-1960), em cujas páginas, entre 59 e 60, foram dadas à luz algumas das produções do grupo do Gelo. Publicou ainda esparsamente outros poemas em Momento, Vértice, Búzio. Depois de um silêncio, que deve ser compreendido não como desistência "mas sim [como] uma peculiar forma de revolta que o poeta defende carinhosamente", colige toda a sua produção, permitindo a edição, em 1963, dos Poemas de Edmundo de Bettencourt, prefaciados por Herberto Helder, poeta que, pela primeira vez, faz justiça à originalidade do autor de Poemas Surdos, considerando-o "uma das pouquíssimas vozes modernas entre o milagre do Orpheu e o breve momento surrealista português" (HELDER, Herberto - "Relance sobre a Poesia de Edmundo de Bettencourt", prefácio a Poemas de Edmundo de Bettencourt, Lisboa, Portugália, 1963, p. XXXII). Com efeito, o versilibrismo, o imagismo e certa atmosfera onírica e irreal conferem à sua poesia um lugar de destaque no segundo modernismo, estabelecendo, simultaneamente, a ponte com o vanguardismo de Orpheu e com tendências surrealistas e imagistas verificadas em gerações posteriores à Presença.
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Nebulosa
apenas, sob um céu menos escuro.
Quem vive para o futuro,
já o vive!
Futuro!
Quando te posso ver, por ti, plena aurora,
condena-te a presença:
és este agora
que possuo
como a abelha suga a rosa…
e sem que o resto me importe.
Mas ante sou depois, ver-te ou pensar-te
é ver uma nebulosa
– é como pensar na morte.
Edmundo Bettencourt
Postado por Fernando Martins às 01:24 2 bocas
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Música de aniversariante de hoje...
Postado por Fernando Martins às 00:12 0 bocas
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