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quinta-feira, maio 23, 2024

Savonarola foi queimado há 526 anos

   

Girolamo Savonarola (Ferrara, 21 de setembro de 1452 - Florença, 23 de maio de 1498), cujo nome é por vezes traduzido como Jerónimo Savonarola ou Hieronymous Savonarola, foi um padre dominicano e pregador na Florença renascentista que ficou conhecido por supostas profecias, pela destruição de objetos de arte e artigos de origem secular e seus apelos de reforma da igreja católica.

Savonarola veio de uma antiga e tradicional família de Ferrara. Devotou-se ao estudo da filosofia e medicina e em 1474, durante uma viagem a Faenza, ouviu um sermão proferido por um padre agostiniano, que o fez resolver renunciar ao mundo, entrando na ordem dominicana em Bolonha sem o conhecimento dos seus pais.

Savonarola denominava-se um profeta (diferente das conotações atuais, na idade média o termo profeta era aplicado a políticos e religiosos que, segundo as crenças, podiam interpretar os eventos do mundo como sinais da vontade divina) e escreveu sobre suas supostas visões em seu Compendium revelationum, em que ele associava a corrupção do clero com um dilúvio de pecados e libertinagem e o rei Carlos VIII da França a um "novo Ciro". Quando a França invadiu a Itália e ameaçou intervir em Florença em 1494, essas profecias pareceram se realizar e Savonarola conseguiu suporte público para afastar os Médici do poder e declarar Florença uma "república popular".

Em 1495, quando Florença recusou participar da Santa Liga junto ao Vaticano para se opor à invasão francesa, Savonarola foi convocado a Roma pelo papa Alexandre VI. Savonarola recusou a convocação e prosseguiu a desafiar o papa, pregando sob uma proibição, declarando Florença uma nova Jerusalém: o novo centro do cristianismo no mundo, e começando uma campanha puritana que é lembrada especialmente em virtude das suas recorrentes "fogueiras das vaidades". Nesses eventos, obras de arte, livros e outros objetos que eram considerados produtos da vaidade humana, luxo desnecessário ou de natureza imoral eram coletados e queimados publicamente. Obras de Ovídio, Propertius, Dante, Boccaccio, Botticelli e Lorenzo di Credi, entre outros, foram queimadas nesses eventos, que por sua vez não passaram despercebidos pelo Vaticano. Em retaliação, o papa excomungou Savonarola, em maio de 1497, e ameaçou uma interdição a Florença.

Uma ordália foi proposta por um pregador rival em Florença em 1498 para testar a investidura divina de Savonarola, o que resultou em um fiasco e reverteu a opinião popular contra ele, sendo Savonarola preso com mais dois frades seus aliados. Sob tortura, Savonarola confessou que havia inventado suas visões e profecias e, em 23 de maio de 1498, a igreja católica e as autoridades civis condenaram os três frades à morte por enforcamento e a serem queimados em praça pública. No entanto, é importante notar que a confissão de Savonarola sob tortura pode ter sido obtida de forma coerciva e, portanto, não pode ser considerada completamente confiável. Além disso, muitas das visões e profecias atribuídas a Savonarola são ainda objeto de debate e interpretação por historiadores e estudiosos da época.

Durante sua campanha reformadora, Savonarola recebeu apoio de jovens seguidores que passaram a ser conhecidos como "piagnoni", que tentaram manter a sua política durante o século seguinte, mas o movimento foi afinal desmantelado pelo restabelecimento dos Médici no poder. 

   

Enforcamento e incineração do corpo de Savonarola na Piazza della Signoria

 

Savonarola, acreditando ser a voz de Deus, tinha o hábito de clamar para que o Poder Divino o fulminasse, se ele estivesse errado, e dizia estar disposto a caminhar sobre o fogo para provar a retitude de suas pregações. Quando um frade franciscano aceitou o desafio, dizendo que achava que ele seria queimado, mas que seu sacrifício serviria para tirar a ilusão do povo, Savonarola não se mostrou mais disposto e desistiu da prova.

Um frei dominicano, discípulo de Savonarola, aceitou o desafio em seu lugar, e o circo foi armado, em Florença. A multidão compareceu para assistir a uma tragédia ou a um milagre. O representante de Savonarola, porém, inventou uma desculpa para não caminhar sobre o fogo e, após vários insultos de lado a lado, acabou não havendo a esperada ordália pelo fogo.
Depois desse fiasco, a influência de Savonarola foi diminuindo, e logo seus inimigos o levaram à autoridade secular. Algumas confissões foram obtidas sob tortura, e ele foi condenado à morte na fogueira. 

 

segunda-feira, março 25, 2024

Catarina de Siena nasceu há 677 anos

   
Catarina de Siena
, nascida Caterina Benincasa (Siena, 25 de março de 1347 - Roma, 29 de abril de 1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase um século no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.

Nascida em Siena, cresceu lá e queria muito cedo se consagrar a Deus, contra a vontade de seus pais. Ela juntou-se às irmãs da Penitência de São Domingos e fez seus votos lá. Muito rapidamente marcada por fenómenos místicos, como estigmas e casamento místico, ela deu-se a conhecer.

Ela acompanhou o capelão dominicano na ida à audiência com o Papa em Avignon, como embaixadora de Florença, uma cidade em guerra com o papa. A sua influência no papa Gregório XI desempenha um papel comprovado na sua decisão de deixar Avignon para voltar para Roma. Ela é então enviada por ele para negociar a paz com Florença. Com Gregório XI morto e com a paz concluída, ela voltou a Siena. Ela dita então aos seus secretários o seu conjunto de tratados espirituais, O Diálogo.

Catarina de Siena é uma das figuras mais destacadas do catolicismo medieval, pela forte influência que teve na história do papado. Ela está por trás do retorno do papa de Avignon para Roma e, em seguida, realizou inúmeras missões por ordem do papa, algo bastante raro para uma simples freira na Idade Média. Ela também influenciou fortemente Santa Rosa de Lima.

O grande cisma do Ocidente levou Catarina de Siena a ir a Roma com o papa. Ela enviou numerosas cartas aos príncipes e cardeais, para promover a obediência ao Papa Urbano VI e defender o que ela chamou de "vaso da Igreja". Ela morre 29 de abril de 1380, exausta por suas penitências. Urbano VI celebra o seu funeral e enterro na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, em Roma.

Desde 18 de junho de 1866 que é a padroeira da Itália, juntamente com São Francisco de Assis. Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI e, em 1 de outubro de 1999, João Paulo II nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com São Bento, Santos Cirilo & Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).
   

quarta-feira, março 06, 2024

Tomás de Aquino morreu há 750 anos

  
Tomás de Aquino
(Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de março de 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e Doutor da Igreja Católica, cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.
O seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Nas suas duas summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
     
        

quarta-feira, janeiro 10, 2024

Hoje foi Dia de São Gonçalo de Amarante...!

  
Gonçalo de Amarante
(Arriconha, 1187 - Amarante, 10 de janeiro de 1262), membro da Ordem dos Pregadores ou Dominicanos, foi um eclesiástico português. Gozando de grande devoção popular que irradiou a partir do norte do país, é popularmente conhecido como São Gonçalo de Amarante, mas, na realidade, é considerado beato pela Igreja Católica, pelo que a forma correta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante.

 


terça-feira, maio 23, 2023

Savonarola foi queimado há 525 anos

   

Girolamo Savonarola (Ferrara, 21 de setembro de 1452 - Florença, 23 de maio de 1498), cujo nome é por vezes traduzido como Jerónimo Savonarola ou Hieronymous Savonarola, foi um padre dominicano e pregador na Florença renascentista que ficou conhecido por supostas profecias, pela destruição de objetos de arte e artigos de origem secular e seus apelos de reforma da igreja católica.

Savonarola veio de uma antiga e tradicional família de Ferrara. Devotou-se ao estudo da filosofia e medicina e em 1474, durante uma viagem a Faenza, ouviu um sermão proferido por um padre agostiniano, que o fez resolver renunciar ao mundo, entrando na ordem dominicana em Bolonha sem o conhecimento dos seus pais.

Savonarola denominava-se um profeta (diferente das conotações atuais, na idade média o termo profeta era aplicado a políticos e religiosos que, segundo as crenças, podiam interpretar os eventos do mundo como sinais da vontade divina) e escreveu sobre suas supostas visões em seu Compendium revelationum, em que ele associava a corrupção do clero com um dilúvio de pecados e libertinagem e o rei Carlos VIII da França a um "novo Ciro". Quando a França invadiu a Itália e ameaçou intervir em Florença em 1494, essas profecias pareceram se realizar e Savonarola conseguiu suporte público para afastar os Médici do poder e declarar Florença uma "república popular".

Em 1495, quando Florença recusou participar da Santa Liga junto ao Vaticano para se opor à invasão francesa, Savonarola foi convocado a Roma pelo papa Alexandre VI. Savonarola recusou a convocação e prosseguiu a desafiar o papa, pregando sob uma proibição, declarando Florença uma nova Jerusalém: o novo centro do cristianismo no mundo, e começando uma campanha puritana que é lembrada especialmente em virtude das suas recorrentes "fogueiras das vaidades". Nesses eventos, obras de arte, livros e outros objetos que eram considerados produtos da vaidade humana, luxo desnecessário ou de natureza imoral eram coletados e queimados publicamente. Obras de Ovídio, Propertius, Dante, Boccaccio, Botticelli e Lorenzo di Credi, entre outros, foram queimadas nesses eventos, que por sua vez não passaram despercebidos pelo Vaticano. Em retaliação, o papa excomungou Savonarola, em maio de 1497, e ameaçou uma interdição a Florença.

Uma ordália foi proposta por um pregador rival em Florença em 1498 para testar a investidura divina de Savonarola, o que resultou em um fiasco e reverteu a opinião popular contra ele, sendo Savonarola preso com mais dois frades seus aliados. Sob tortura, Savonarola confessou que havia inventado suas visões e profecias e, em 23 de maio de 1498, a igreja católica e as autoridades civis condenaram os três frades à morte por enforcamento e a serem queimados em praça pública. No entanto, é importante notar que a confissão de Savonarola sob tortura pode ter sido obtida de forma coerciva e, portanto, não pode ser considerada completamente confiável. Além disso, muitas das visões e profecias atribuídas a Savonarola são ainda objeto de debate e interpretação por historiadores e estudiosos da época.

Durante sua campanha reformadora, Savonarola recebeu apoio de jovens seguidores que passaram a ser conhecidos como "piagnoni", que tentaram manter a sua política durante o século seguinte, mas o movimento foi afinal desmantelado pelo restabelecimento dos Médici no poder. 

   

Enforcamento e incineração do corpo de Savonarola na Piazza della Signoria

 

Savonarola, acreditando ser a voz de Deus, tinha o hábito de clamar para que o Poder Divino o fulminasse, se ele estivesse errado, e dizia estar disposto a caminhar sobre o fogo para provar a retitude de suas pregações. Quando um frade franciscano aceitou o desafio, dizendo que achava que ele seria queimado, mas que seu sacrifício serviria para tirar a ilusão do povo, Savonarola não se mostrou mais disposto e desistiu da prova.

Um frei dominicano, discípulo de Savonarola, aceitou o desafio em seu lugar, e o circo foi armado, em Florença. A multidão compareceu para assistir a uma tragédia ou a um milagre. O representante de Savonarola, porém, inventou uma desculpa para não caminhar sobre o fogo e, após vários insultos de lado a lado, acabou não havendo a esperada ordália pelo fogo.
Depois desse fiasco, a influência de Savonarola foi diminuindo, e logo seus inimigos o levaram à autoridade secular. Algumas confissões foram obtidas sob tortura, e ele foi condenado à morte na fogueira. 

 

in Wikipédia

sábado, março 25, 2023

Catarina de Siena nasceu há 676 anos

   
Catarina de Siena
, nascida Caterina Benincasa (Siena, 25 de março de 1347 - Roma, 29 de abril de 1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase um século no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.

Nascida em Siena, cresceu lá e queria muito cedo se consagrar a Deus, contra a vontade de seus pais. Ela juntou-se às irmãs da Penitência de São Domingos e fez seus votos lá. Muito rapidamente marcada por fenómenos místicos, como estigmas e casamento místico, ela deu-se a conhecer.

Ela acompanhou o capelão dominicano na ida à audiência com o Papa em Avignon, como embaixadora de Florença, uma cidade em guerra com o papa. A sua influência no papa Gregório XI desempenha um papel comprovado na sua decisão de deixar Avignon para voltar para Roma. Ela é então enviada por ele para negociar a paz com Florença. Com Gregório XI morto e com a paz concluída, ela voltou a Siena. Ela dita então aos seus secretários o seu conjunto de tratados espirituais, O Diálogo.

Catarina de Siena é uma das figuras mais destacadas do catolicismo medieval, pela forte influência que teve na história do papado. Ela está por trás do retorno do papa de Avignon para Roma e, em seguida, realizou inúmeras missões por ordem do papa, algo bastante raro para uma simples freira na Idade Média. Ela também influenciou fortemente Santa Rosa de Lima.

O grande cisma do Ocidente levou Catarina de Siena a ir a Roma com o papa. Ela enviou numerosas cartas aos príncipes e cardeais, para promover a obediência ao Papa Urbano VI e defender o que ela chamou de "vaso da Igreja". Ela morre 29 de abril de 1380, exausta por suas penitências. Urbano VI celebra o seu funeral e enterro na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, em Roma.

Desde 18 de junho de 1866 que é a padroeira da Itália, juntamente com São Francisco de Assis. Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI e, em 1 de outubro de 1999, João Paulo II nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com São Bento, Santos Cirilo & Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).
   

segunda-feira, março 06, 2023

São Tomás de Aquino morreu há 749 anos

  
Tomás de Aquino
(Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de março de 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e Doutor da Igreja Católica, cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.
O seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Nas suas duas summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
     
        

terça-feira, janeiro 10, 2023

Hoje é Dia de São Gonçalo de Amarante...!

  
Gonçalo de Amarante
(Arriconha, 1187 - Amarante, 10 de janeiro de 1262), membro da Ordem dos Pregadores ou Dominicanos, foi um eclesiástico português. Gozando de grande devoção popular que irradiou a partir do norte do país, é popularmente conhecido como São Gonçalo de Amarante, mas, na realidade, é considerado beato pela Igreja Católica, pelo que a forma correta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante.

 


    

sexta-feira, março 25, 2022

Santa Catarina de Siena nasceu há 675 anos

   
Catarina de Siena
, nascida Caterina Benincasa (Siena, 25 de março de 1347 - Roma, 29 de abril de 1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase um século no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.

Nascida em Siena, ela cresceu lá e queria muito cedo se consagrar a Deus, contra a vontade de seus pais. Ela se juntou às irmãs da Penitência de São Domingos e fez seus votos lá. Muito rapidamente marcada por fenómenos místicos, como estigmas e casamento místico, ela deu-se a conhecer.

Ela acompanhou o capelão dominicano na ida a audiência com o Papa em Avignon, como embaixadora de Florença, uma cidade em guerra com o papa. A sua influência no papa Gregório XI desempenha um papel comprovado na sua decisão de deixar Avignon para voltar para Roma. Ela é então enviada por ele para negociar a paz com Florença. Com Gregório XI morto e com a paz concluída, ela voltou a Siena. Ela dita então aos seus secretários o seu conjunto de tratados espirituais O Diálogo.

Catarina de Siena é uma das figuras mais destacadas do catolicismo medieval, pela forte influência que teve na história do papado. Ela está por trás do retorno do papa de Avignon para Roma e, em seguida, realizou inúmeras missões por ordem do papa, algo bastante raro para uma simples freira na Idade Média. Ela também influenciou fortemente Santa Rosa de Lima.

O grande cisma do Ocidente levou Catarina de Siena a ir a Roma com o papa. Ela enviou numerosas cartas aos príncipes e cardeais, para promover a obediência ao Papa Urbano VI e defender o que ela chamou de "vaso da Igreja". Ela morre 29 de abril de 1380, exausta por suas penitências. Urbano VI celebra o seu funeral e enterro na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, em Roma.

Desde 18 de junho de 1866, ela é padroeira da Itália juntamente com São Francisco de Assis. Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI e, em 1 de outubro de 1999, João Paulo II nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com São Bento, Santos Cirilo & Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).
   

segunda-feira, março 07, 2022

São Tomás de Aquino morreu há 748 anos

  
Tomás de Aquino
(Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de março de 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e Doutor da Igreja Católica, cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.
O seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Nas suas duas summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
     
        

segunda-feira, janeiro 10, 2022

Hoje é Dia de São Gonçalo de Amarante...!

  
Gonçalo de Amarante
(Arriconha, 1187 - Amarante, 10 de janeiro de 1262), membro da Ordem dos Pregadores ou Dominicanos, foi um eclesiástico português. Gozando de grande devoção popular que irradiou a partir do norte do país, é popularmente conhecido como São Gonçalo de Amarante, mas, na realidade, é considerado beato pela Igreja Católica, pelo que a forma correta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante.

 


quinta-feira, março 25, 2021

Santa Catarina de Siena nasceu há 674 anos

 
Catarina de Siena
, nascida Caterina Benincasa (Siena, 25 de março de 1347 - Roma, 29 de abril de 1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase um século no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.
Desde 18 de junho de 1866, ela é uma das duas padroeiras da Itália juntamente com São Francisco de Assis. Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada Doutora da Igreja pelo papa Paulo VI e, em 1 de outubro de 1999, São João Paulo II nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com São Bento, Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).

domingo, março 07, 2021

Tomás de Aquino morreu há 747 anos


Tomás de Aquino
(Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de março de 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e Doutor da Igreja Católica, cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.
O seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Nas suas duas summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
   
     

quinta-feira, fevereiro 06, 2020

A Beata Joana de Portugal (também apelidada de Santa Joana Princesa) nasceu há 568 anos

  
Santa D. Joana de Portugal, também chamada Santa Joana Princesa, embora oficialmente apenas seja reconhecida pela Igreja Católica como Beata (6 de fevereiro de 1452 - 12 de maio de 1490), foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, filha do rei D. Afonso V e da sua primeira mulher, a rainha D. Isabel.
Chegou a ser jurada Princesa herdeira da Coroa de Portugal, título que manteve até ao nascimento do seu irmão, o futuro rei D. João II.
Foi regente do reino em 1471, por altura da expedição de D. Afonso V a Arzila.
Após recusar veementemente várias propostas de casamento, Joana nunca chegou a professar votos de freira dominicana, por ser princesa real e potencial herdeira do trono. No entanto viveu a maior parte da sua vida no Convento de Jesus de Aveiro, desde 1475 até à sua morte, seguindo em tudo a regra de vida e estilo das monjas.
Foi também uma grande apoiante do irmão, o rei João II de Portugal.
A princesa Joana foi beatificada em 1693 pelo Papa Inocêncio XII, tendo festa a 12 de maio. O Papa Paulo VI, a 5 de janeiro de 1965, declarou-a especial protectora da cidade de Aveiro.
  
   

sábado, março 25, 2017

Catarina de Siena nasceu há 670 anos

Catarina de Siena, nascida Caterina Benincasa (Siena, 25 de março de 1347 - Roma, 29 de abril de 1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase um século no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.
Desde 18 de junho de 1866, ela é uma das duas padroeiras da Itália juntamente com São Francisco de Assis. Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada Doutora da Igreja pelo papa Paulo VI e, em 1 de outubro de 1999, São João Paulo II nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com São Bento, Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

A Beata Joana de Portugal (também chamada Santa Joana Princesa) nasceu há 563 anos

D. Joana de Portugal, Ordem dos Pregadores - Ordem Dominicana - também chamada Santa Joana Princesa, embora oficialmente apenas seja reconhecida pela Igreja Católica como Beata (Lisboa, 6 de fevereiro de 1452 - Aveiro, 12 de maio de 1490) foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, filha do rei D. Afonso V e de sua primeira mulher, a rainha D. Isabel.
Chegou a ser jurada Princesa Herdeira da Coroa de Portugal, título que manteve até ao nascimento do seu irmão, o futuro rei D. João II.
Foi regente do reino em 1471, por altura da expedição de D. Afonso V e do filho (o Príncipe Perfeito, futuro D. João II) a Arzila.
Foi também uma grande apoiante do irmão, El-Rei D. João II de Portugal.


terça-feira, fevereiro 18, 2014

O beato e pintor Fra Angelico morreu há 559 anos

Retrato póstumo de Fra Angelico

Giovanni da Fiesole, nascido Guido di Pietro Trosini, mais conhecido como Fra Angelico, (Vicchio di Mugello, 1387 - Roma, 18 de fevereiro de 1455) foi um pintor italiano, considerado o artista mais importante da península itálica na época do gótico tardio até ao início do Renascimento.
É também chamado Beato Angelico, fra Giovanni ou fra Giovanni da Fiesole (fra é italiano para frei ou frade) por ter ingressado no convento dominicano de Fiesole, em 1407. Guido di Pietro, ou Guidolino "da Pietro" (i.e., filho de Pietro), porém, era o seu nome de batismo.
Ao ingressar no convento já tinha recebido treino artístico. Entre 1409 e 1418 foi exilado, com o resto da comunidade, por se oporem ao Papa Alexandre V. Em 1436, ele e a comunidade deslocaram-se para o Convento de São Marcos, em Florença, onde começou a pintar as paredes. Em 1447 e 1448 esteve em Roma, e de novo em 1452, trabalhando na corte do papa, decorando as paredes da capela do Papa Nicolau V, no Vaticano e aceitando encomendas em Orvieto. Prior do Convento de Fiesole entre 1448 e 1450, continuou a trabalhar em Roma e Florença.
Supõe-se que estudou a arte da iluminura com Lorenzo Monaco, cultivador do estilo gótico internacional. Influenciado por Gentile da Fabriano, e por Lorenzo Ghiberti, Fra Angelico adotou novas formas da renascença em seus afrescos e nos painéis, desenvolvendo um estilo único, caracterizado por cores suaves, claras, formas elegantes, composições muito contrabalançadas. Acrescenta a sua linguagem pictórica as contribuições de Masaccio, enriquecidas com um achado genial: o uso da luz com uma intenção nada naturalista mas estética, expressa através de um uso inteligente da cor. A sua pintura, essencialmente religiosa, está dominada por um espírito contemplativo, pois concebe a pintura como uma espécie de oração. Os seus temas mais frequentes e característicos são a Virgem com o Menino, a coroação da Virgem e a Anunciação. Nas suas representações do paraíso, pinta com dedicação e amor franciscanos flores e ervas dos prados por onde caminham os escolhidos. Uma das suas obras de mais substância é «A Descida», em que se presta mais atenção à veneração e amor dos santos do que ao sofrimento de Cristo.
Do ponto de vista técnico, Fra Angélico parte do gosto preciosista e delicado do gótico internacional, enriquecido com o interesse pela perspetiva, característico da época. Insiste mais na linha que na cor. Pelos seus temas, pelo seu tratamento da natureza, pela sua incorporação da arquitectura, é inequivocamente renascentista. Pinta frequentemente em colaboração com os seus discípulos.
Em suas pinturas também expressa o sentimento interior das pessoas, como na obra O Juízo Final, Fra Angelico tenta expressar o amargo e a alegria numa sintonia de cores vivas saindo do padrão medieval, que era voltado somente para Deus e entrando no renascimento, que era voltado para o homem.
A maior parte das suas obras conservam-se no claustro, nas celas e nas salas do mencionado Convento de S. Marcos, cujas paredes mostram murais com cenas e figuras religiosas («Dois Dominicanos Atendendo Jesus Peregrino», «S. Pedro Mártir»). De entre os frescos da Capela Nicolina, a capela do Papa Nicolau V no Vaticano, destacam-se «A Lenda da Santo Estêvão» e «A Lenda de S. Lourenço».
Entre as suas obras principais estão o "Retábulo da Madona", em Perugia; a "Coroação da Virgem cercada por anjos músicos" (Louvre, Paris); o "Cristo cercado de anjos, patriarcas, santos e mártires" (National Gallery, Londres); a "Anunciação" (Prado, Madrid); e o "Juízo final" (Galeria Nacional, Roma).
Foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1982, passando a ser chamado "Beato Fra Angelico".
No dia 14 de novembro de 2006 foram encontrados mais dois painéis por eles pintados, perdidos há mais de 200 anos, numa modesta casa em Oxford, na Inglaterra.

Adoração dos Reis Magos (National Gallery, Washington, D.C.)

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

A Infanta Joana de Portugal, também chamada Santa Joana Princesa, nasceu há 562 anos

Infanta D. Joana de Portugal, conhecida como a Princesa Santa Joana

Santa D. Joana de Portugal, também chamada Santa Joana Princesa embora oficialmente apenas seja reconhecida pela Igreja Católica como Beata (Lisboa, 6 de fevereiro de 1452 - Aveiro, 12 de maio de 1490) foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, filha do rei D. Afonso V e de sua primeira mulher, a rainha D. Isabel.
Chegou a ser jurada Princesa Herdeira da Coroa de Portugal, título que manteve até ao nascimento do seu irmão, o futuro rei D. João II.
Foi regente do reino em 1471, por altura da expedição de D. Afonso V a Arzila.
Foi também uma grande apoiante do irmão, El-Rei D. João II de Portugal.

(...)

Joana nunca chegou a professar votos de freira dominicana, por ser princesa real e potencial herdeira do trono. No entanto viveu a maior parte da sua vida no Convento de Jesus de Aveiro, desde 1475 até à sua morte, seguindo em tudo a regra de vida e estilo das monjas.

terça-feira, janeiro 10, 2012

Hoje é dia de S. Gonçalo

São Gonçalo (O.P.) (também conhecido como São Gonçalo de Amarante; Arriconha, Tagilde, Vizela, 1187 - Amarante, 10 de Janeiro de 1259), eclesiástico português considerado beato pela Igreja Católica, gozando de grande devoção popular. Existem, em sua honra, as Festas de São Gonçalo. A forma correcta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante.
Nasceu Gonçalo de Amarante, da família dos Pereiras, no lugar de Arriconha, freguesia de Tagilde, próximo de Vizela, igualmente concelho de Vizela. Em Arriconha não falta, desde tempos imemoriais, a capela dedicada a São Gonçalo.
Os seus pais eram pessoas de nobre linhagem e deram ao seu filho uma esmerada educação cristã não só pela palavra como, sobretudo, pelos exemplos das suas virtudes cristãs.
Atingido o uso da razão, foi confiado a um douto e virtuoso sacerdote sob cuja direcção iniciou os seus estudos. Chamava a atenção a sua modéstia, a candura, o esforço em se aperfeiçoar na prática da vida cristã e os progressos que ia fazendo nos estudos. Entre outros foram estes os motivos principais que moveram o Arcebispo de Braga a admiti-lo, como seu familiar, e, sob os auspícios do Prelado, cursou as disciplinas eclesiásticas, vindo a ser ordenado sacerdote e nomeado Pároco da freguesia de São Paio (ou São Pelágio) de Riba-Vizela, apesar da sua humildade e resistência.
No desempenho do seu múnus pastoral começou a brilhar na prática das virtudes, sobressaindo no zelo apostólico, na castidade e na prática das obras de misericórdia para com os pobres, gastando a maior parte dos rendimentos da paróquia em aliviar as suas necessidades materiais, sem esquecer as necessidades espirituais do seu rebanho, prodigalizando a todos amor e consolação.
Alimentava, no seu coração, um desejo ardente de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os lugares santos da Palestina a fim de melhor viver as mistérios cristãos. Obtida a licença do seu bispo, deixou os seus paroquianos ao cuidado dum sobrinho sacerdote e peregrinou: primeiro, a Roma, donde passou a Jerusalém e demais terras da Palestina, onde se demorou catorze anos. Entretanto, começou a sentir certo remorso por tão longo abandono da sua paróquia, avivaram-se as saudades da pátria e dos seus filhos espirituais e veio-lhe, ao íntimo, o pressentimento dos males espirituais de que padeciam, provocados por tão longa ausência e possível falta de zelo de seu sobrinho. Foram motivos mais que suficientes para regressar, apesar dos inumeráveis incómodos e perigos que a viagem supunha.
O seu sobrinho, além de o não aceitar e não reconhecer como verdadeiro e legítimo pároco, escorraçou-o de casa e conseguiu, mediante documentos falsos, provar ao Arcebispo D. Silvestre Godinho que Gonçalo morrera e ser nomeado pároco da freguesia.
Resignado com semelhante atitude, deixou S. Paio de Riba-Vizela e foi-se pregando o Evangelho por aquelas terras até à margem do Tâmega, vindo a encontrar o lugar onde hoje é a cidade de Amarante, então sítio inculto e quase despovoado, mas apto para a vida eremítica. Construiu uma pequena ermida que dedicou a Nossa Senhora da Assunção, nela se recolheu, saindo, de vez em quando, a pregar nos arredores e consagrando o tempo que lhe sobrava à oração e à penitência.
Sentia, no entanto, necessidade de encontrar um caminho mais seguro em ordem a alcançar a glória eterna. Jejuou uma Quaresma inteira a pão e água e suplicou fervorosamente a Nossa Senhora lhe alcançasse do Senhor esta graça… Diz-se que a Virgem Maria lhe apareceu e lhe disse procurasse a Ordem em que iniciavam o seu Ofício com a Saudação angélica ou Ave-Maria. Essa Ordem era a dos Pregadores ou Dominicanos.
Encaminhou-se para o Convento de Guimarães da Ordem dos Pregadores, recentemente fundado por São Pedro González Telmo, grande apóstolo da região de Entre-Douro e Minho, o qual lhe deu o hábito e, uma vez feito o noviciado, ao modo daquele tempo, o admitiu à profissão religiosa e, depois de algum tempo lhe deu licença para, com um outro religioso, voltar para o seu eremitério de Amarante, continuando a sua vida evangélica e caritativa.
Com o seu ministério operou muitas conversões, levou o povo à prática duma autêntica vida cristã, sem esquecer de os promover socialmente em muitos aspectos. Sobressai neste particular a construção de uma ponte em granito sobre o rio Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras circunvizinhas e levando os moradores mais abastados a darem ajuda vultosa para assim pagarem aos operários.
O povo atribui-lhe muitos milagres, mesmo de ordem material, desde o começo até terminar a construção da referida ponte.
Concluída a ponte, S. Gonçalo viveu ainda alguns anos dedicado à pregação e à vida de oração, enriquecendo-se de virtudes e merecimentos. Reza a tradição que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua santa morte para a qual se preparou com a recepção dos Sacramentos da Igreja. Descansou santamente no Senhor, a 10 de Janeiro de 1262. O seu venerado corpo, após a celebração das solenes exéquias por sua alma, foi sepultado na referida ermida, continuando a efectuar-se muitos milagres, atribuídos à sua intercessão.
Mais tarde, a ermida primitiva construída por S. Gonçalo foi ampliada em igreja. Sobre esta, em 1540, D. João III mandou erguer o sumptuoso templo e convento que ainda hoje existem e que são monumento histórico da cidade de Amarante de que S. Gonçalo pode muito bem ser considerado segundo fundador.
Efectuaram-se três Processos canónicos em ordem à Beatificação e Canonização de S. Gonçalo, o último dos quais foi levado a cabo por D. Rodrigo Pinheiro, Bispo do Porto, por comissão do Papa Pio IV (1561). A instâncias de EI-Rei D. Sebastião, do Arcebispo de Braga, da Ordem dos Pregadores, do Cardeal D. Henrique e da população de Amarante, a sentença de Beatificação foi promulgada a 16 de Setembro de 1561 pelo representante da Sé Apostólica, confirmando-se a concessão de lhe tributar culto público permitido antes pelo Papa Júlio III (1551).
Mais tarde, o Papa Clemente X, em 10 de Julho de 1671, estendeu a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o reino de Portugal a concessão de honrarem este glorioso Santo, um dos santos mais populares de Norte a Sul do País, especialmente no Norte, com Missa e Ofício litúrgicos próprios. O seu culto espalhou-se pelos domínios ultramarinos de Portugal, chegando à Índia e ao Brasil, como o confirma um longo e engenhoso sermão do Padre António Vieira sobre S. Gonçalo. É celebrado a 10 de Janeiro.
Tornou-se o santo patrono da cidade de Amarante, onde faleceu, e ainda das cidades de São Gonçalo do Amarante nos estados brasileiros do Rio Grande do Norte e do Ceará (nessas cidades homónimas também o padroeiro permaneceu idêntico).
É, no entanto, importante salientar que Gonçalo de Amarante, apesar de chamado Santo pelo povo, na verdade é apenas Beato, porque o processo de canonização nunca foi levado a bom termo, ao contrário da sua beatificação. Deste modo, a forma correcta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante, o que é atestado pelos calendários litúrgicos portugueses.
Os moradores do Bairro da Beira Mar, na freguesia da Vera Cruz, em Aveiro, tratam, carinhosamente, São Gonçalo de Amarante por São Gonçalinho. A capela existente neste bairro aveirense em honra deste santo é conhecida como Capela de São Gonçalinho.
Em várias cidades do Brasil, como Cajari, Matinha e Viana, no Maranhão, e Cuiabá, em Mato Grosso, também festejam com devoção São Gonçalo de Amarante, com uma dança folclórica, o Baile de São Gonçalo.