Começo de vida e carreira
MacManus nasceu no St. Mary's Hospital em Paddington,
Londres, vivendo na região até os dezasseis anos. Já com uma família musical (o pai, Ross MacManus, cantava com Joe Loss), MacManus mudou-se com a mãe para
Liverpool em
1971. Foi ali que formou a primeira banda,
Flip City, com um estilo calcado no
pub rock; tocaram até
1975/
76, época em que MacManus passou a viver em Londres com a esposa e filho.
Teve diversos empregos enquanto continuava a compor, e iniciou uma tentativa agressiva de conseguir um contrato, o que provocou um incidente com prisão por atitute suspeita no local de uma reunião de executivos de gravadora. Depois de mandar uma fita
demo, foi contratado pela Stiff Records. O empresário na Stiff, Jake Rivera, sugeriu a mudança de nome (usando o primeiro nome de
Elvis Presley e o sobrenome artístico de seu pai, "Day Costello", para formar “Elvis Costello”) e juntou-o com uma banda de country/soft rock chamada “Clover”.
Anos 70
O primeiro álbum de Costello,
My Aim Is True (
1977) foi de um sucesso comercial moderado, com ele aparecendo na capa usando os óculos que se tornariam sua marca registada, e beirando uma semelhança chocante com
Buddy Holly. Este lançamento viu Costello promovido por Stiff como um artista New Wave e punk, apesar do facto de o álbum apresentar a conservadora balada “Alison” (uma de suas canções mais conhecidas). No mesmo ano Costello recrutou a sua própria banda,
The Attractions, composta por Steve Nieve (
piano), Bruce Thomas (
baixo) e Pete Thomas (
bateria). Ele lançou o seu primeiro compacto de sucesso, o cinematográfico “Watching The Detectives”, gravado com Nieve e mais Steve Goulding (bateria) e Andrew Bodnar (baixo), ambos integrantes da banda Graham Parker & The Rumour.
Depois de uma badalada turnê com outros artistas da Stiff (capturada no álbum
Live Stiffs, notável pela versão do sucesso de Burt Bacharach/Hal David “I Just Don’t Know What To Do With Myself”), a banda lançou
This Year’s Model (
1978), uma gravação frenética preenchida com rouca energia e os versos afiados de Costtelo.
Em
1977 Costello participou do
Saturday Night Live. Durante os ensaios, ele e o Attractions tocaram “Less Than Zero”. Mas quando chegou a hora da apresentação, Costello e sua banda fizeram apenas a introdução da música e então – para o choque dos produtores do programa – parou tudo, desculpou-se com a plateia e começou uma versão de “Radio, Radio”, que o programa pediu que não tocassem devido a sua mensagem anticorporativista (Costello também afirmou achar que “Less Than Zero” não faria muito sentido para o público americano). O produtor Lome Michaels ficou furioso, não só com o desafio de Costello mas também porque o programa foi tirado do ar. Costello só seria convidado a tocar no Saturday Night Live novamente em
1989, não aparecendo em mais nenhum programa de televisão americano nos anos seguintes a esse incidente.
1979 foi sem dúvida nenhuma o ano do auge do sucesso comercial de Costello com o lançamento de
Armed Forces (intitulado originalmente de
Emotional Fascism). Inspirada pelas turnês constantes, a banda estava em fina forma e Costello evoluiu notavelmente no seu talento de compositor, passando a tratar de assuntos pessoais e políticos. Também encontrou tempo naquele ano para produzir o álbum de estreia da banda de
ska The Specials.
O seu sucesso nos E.U.A foi severamente prejudicado, entretanto, quando Costello chamou
Ray Charles de “crioulo cego e ignorante” durante uma discussão com
Bonnie Bramlett no bar do hotel
Holiday Inn em Columbus, Ohio (sendo um comentário particularmente esquisito, pois Elvis trabalhava constantemente na campanha britânica
Rock Against Racism tanto antes quanto depois disso). Um contido Costello desculpou-se em uma conferência de imprensa em
Nova York, dizendo que estava bêbado e que disse aquilo só para provocar Bramlett (e conseguiu; ela lhe deu um murro). Em seu encarte da versão remasterizada de
Get Happy!!, Costello escreveu que recusou um convite para conhecer Charles pouco tempo depois do infame incidente: “qualquer desculpa depois de todos esses anos seria mais do que embaraçosa para todos os presentes, e tudo que eu pude fazer foi virar meu rosto em vergonha e frustração sabendo que aquela era uma mão que eu provavelmente nunca apertaria… eu também descobri que a culpa é um fogo que arde sem qualquer sinal de limitação”. O incidente com Bonnie inspirou Costello a compor
Riot Act, canção presente no álbum
Get Happy!.
Anos 80
Possivelmente como outra afirmação de seu auto-imposto débito com a música negra, o álbum seguinte de Costello e o Attractions,
Get Happy!!, foi um inventivo pastiche do pop da new wave com a
soul music. Seria o primeiro e, juntamente com
King Of America, provavelmente o mais bem sucedido dos muitos experimentos de Costello com géneros além dos quais ele é commumente associado. A brevidade das canções (20 faixas em aproximadamente 45 minutos) formatou o novo estilo da banda. Liricamente, as canções eram repletas da marca registada de Costello - o jogo de palavras - ao ponto de ele sentir mais tarde como se estivesse tornando-se uma auto-paródia, diminuindo o ritmo em composições posteriores.
Trust, de 1981, soava mais
pop, mas o resultado geral era claramente influenciado pelas tensões crescentes entre a banda, particularmente entre Bruce e Pete Thomas. Apesar de seu ecletismo, ‘’Trust’’ não obteve muita repercussão e foi o primeiro álbum de Costello a não gerar compactos de sucesso.
Depois da insatisfação comercial de
Trust, Costello deu um tempo da carreira de compositor e a banda seguiu para
Nashville para gravar
Almost Blue, um álbum de versões de sucessos da
música country compostos por Hank Williams (“Why Don’t You Lije Me (Like You Used To Do?)”), Merle Haggard, (“Tonight The Bottle Let Me Down”) e Gram Parsons (“How Much I Lied”). Com críticas variadas, algumas das quais acusavam Costello de estar ficando sofisticado.
Imperial Bedroom, de 1982, marcou um som mais obscuro, quase
barroco, para Costello, em grande parte devido à produção de Geof Emerick, famoso por ser o engenheiro-de-som de várias gravações dos
Beatles. Apresentando uma gama superior de canções – tanto musicalmente quanto liricamente – este permanece como um de seus álbuns mais aclamados pela crítica, mas, novamente, fracassou em gerar compactos de sucesso. Costello disse não ter gostado da promoção do estúdio para o álbum, com fracos anúncios consistindo apenas da frase “Obra Prima?”.
1983 viu o lançamento de outra experimentação de pop-soul com
Punch The Clock, com coros femininos e até uma banda de metais. Foi deste álbum que saiu o sucesso internacional “Everyday I Write The Book”, ilustrado por um profético videoclipe que apresentava sósias do príncipe Charles e da princesa Diana passando por uma crise doméstica em uma casa suburbana.
A tensão entre a banda estava passando a ficar insuportável, e Costello, começando a se sentir esgotado, anunciou a sua retirada e a separação do grupo logo depois da gravação de
Goodbye Cruel World, em
1984. Com um número de canções fracas (e mesmo as melhores, mal produzidas), o disco não obteve muita repercussão, e até os mais fanáticos seguidores de Costello consideram
Goodbye como seu pior álbum.
A saída dos palcos de Costello, embora de vida curta, foi acompanhada por duas coletâneas, Elvis Costello: The Man no Reino Unido, Europa e Austrália e The Best of Elvis Costello and the Attractions nos E.U.A.
Em
1985, Costello juntou-se ao seu amigo
T-Bone Burnett para gravar um compacto chamado “The People’s Limousine” sob o pseudónimo de “The Coward Brothers”. Neste mesmo ano, Costello produziu
Rum, Sodomy and the Lash para a banda punk/folk
The Pogues. Foi aí que ele conheceu a sua segunda esposa, Cait O’Riordan, baixista do Pogues.
Já em
1986 Costello estava se preparando para retomar a sua carreira. Trabalhando nos Estados Unidos com Burnett, mais uma banda contendo vários músicos de apoio de Elvis Presley e uma parte da formação dos Attractions, ele produziu
King of America, um álbum firmado no som do
violão country, complementado por algumas de suas melhores composições por um bom tempo. Foi nesta época que ele voltou legalmente a se chamar Declan MacManus, acrescentando um Aloysius como um nome do meio extra.
No final do mesmo ano, ele voltou ao estúdio com o Attractions e gravou Blood And Chocolate, proclamado por um fervor pós-punk que não se via desde This Year’s Model, de 1978. Também marcou o retorno do produtor Nick Lowe, que produziu os primeiros cinco álbuns de Costello. Foi neste disco que ele usou pela primeira vez seu alter-ego “Napoleon Dynamite” (este apelido havia sido usado anteriormente em 1982, quando o lado-B do compacto “Imperial Bedroom” foi creditado à “Napoleon Dynamite & The Royal Guard”.)
Em
1987 Costello, com um novo contrato pela
Warner Bros., deu início ao que seria uma longa parceria com
Paul McCartney. Eles compuseram diversas canções juntos, incluindo “Veronica” e “Pads, Paws and Claws” do álbum
Spike (1989, disco que também contém
God´s Comic) e “So Like Candy” e “Playboy to a Man” de
Mighty Like A Rose (1991), ambos álbuns de Costello, e “My Brave Face”, “Don’t Be Careless Love”, “That Day Is Done” e “You Want Her Too”, de
Flowers in the Dirt, “Back On My Feet” (Lado B do single
Once Upon A Long Ago) e “The Lovers The Never Were” e “Mistress and Maid” de
Off The Ground, lançados por McCartney. Em 1989, ele participou de um especial pela
HBO,
Roy Orbison and Friends, A Black and White Night, estrelando seu ídolo de longa data
Roy Orbison, e foi convidado a participar no Saturday Night Live pela primeira vez desde 1977.
Anos 90
Em
1991 Costello lançou o supracitado
Mighty Like A Rose, nesta época deixando crescer uma infame e longa barba.
Em
1993 Costello provou das águas da música clássica com uma aclamada colaboração com o Brodsky Quartet em
The Juliet Letters. Costello retornaria ao
rock and roll no ano seguinte, com um projeto que o reuniu com os The Attractions,
Brutal Youth. Um álbum de versões gravado cinco anos antes foi lançado em
1995, ‘’Kojak Variety’’, seguido em
1996 por um álbum de canções que ele escrevera originalmente para outros artistas,
All This Useless Beauty. Este foi o último álbum de seu contrato com a Warner Bros.
Em 1996 ele colaborou com
Burt Bacharach em uma canção chamada “God Give Me Strength” para o filme ‘’Grace Of My Heart’’. Esta colaboração levou a dupla a compor e gravar um álbum juntos,
Painted From Memory, lançado em
1998 sob seu novo contrato com a Mercury Records.
Para o vigésimo quinto aniversário de Saturday Night Live, Costello foi convidado para o programa, onde ele reviveu sua abrupta troca de músicas de 1977. Desta vez, entretanto, ele interrompeu “Sabotage”, dos
Beastie Boys, e eles ficaram como sua banda de apoio em “Radio, Radio”.
2000 até ao presente
Em
2001, Costello foi anunciado como o “artista em residência” na
UCLA (embora ele tenha terminado fazendo menos aparições do que o previsto) e compôs músicas para um
ballet. Também produziu e participou de um álbum da cantora de
ópera Anne Sofie von Otter,
For The Stars.
Em
2002 ele lançou um novo álbum,
When I Was Cruel, viajando em turnê com uma nova banda, os Imposters (os Attractions com um baixista diferente, Davey Farragher). Costello separou-se da sua segunda esposa, Cait O’Riordan, no final do mesmo ano.
Em março de
2003, Elvis Costello & The Attractions foram incluídos no
Hall da Fama do Rock and Roll. Em maio, o seu casamento com a cantora de
jazz canadiana Diana Krall foi anunciado. Setembro viu o lançamento de
North, um álbum de baladas ao piano. Em dezembro, Costello e Krall casaram na mansão londrina de
Elton John. Em
2004 a canção “Scarlet Tide” (co-escrita por Costello e T-Bone Burnett e usada no filme ‘’Cold Mountain’’) foi indicada para o
Óscar; ele tocou-a na sessão de prémios com
Alison Krauss, que a canta na banda sonora oficial.
Em julho de 2004 o primeiro trabalho orquestral em larga larga escala de Costello,
Il Sogno, foi apresentado em Nova York. O trabalho, um ballet inspirado na obra “Sonho de Uma Noite de Verão” de
William Shakespeare foi representado pela trupe de dança
italiana Aterballeto, sendo um sucesso de crítica. Enquanto o escrevia, Costello propositadamente recusou-se a ouvir as interpretações anteriores de
Mendelssohn e
Britten para preservar a sua própria originalidade. Uma gama de estilos e temas musicais foi usado para representar os diferentes elementos dos personagens.
Il Sogno foi lançado em CD em setembro do mesmo ano pela
Deustche Grammophon.
Costello também lançou outro álbum naquele mesmo mês: The Delivery Man, um álbum de rock gravado em Oxford, Miss. Composto na sua maioria de blues, country e folk, The Delivery Man foi aclamado pela crítica com um dos melhores álbuns de Costello, e dá continuação à busca pessoal de Elvis de lançar um disco diferente em cada um dos selos da gravadora Universal.
Ainda no contexto do álbum
The Delivery Man, em outubro de
2005, Costello esteve no Brasil, desta vez não como "atração-extra" (como no
Free Jazz de 1995), mas como principal atrativo do
TIM Festival daquele ano. Fez 3 shows, nos quais realizou um memorável apanhado de sua carreira: um no
Rio de Janeiro, outro em
Belo Horizonte e ainda um em
São Paulo. Neste último houve um aparecimento significativo de grandes nomes da música nacional.
Tem sido necessário lidar com as falsidades das propagandas, os jogos duplos e a linguagem histérica da política, a vaidade e o egocentrismo dos comunicadores públicos, de modo a seguir meus próprios pensamentos conflituantes.
Elvis Costello