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quarta-feira, novembro 20, 2024

O ditador Francisco Franco morreu há 49 anos

     
Francisco Franco Bahamonde
(Ferrol, 4 de dezembro de 1892 - Madrid, 20 de novembro de 1975) foi um militar, chefe de estado e ditador espanhol. Conhecido como Generalíssimo, Francisco Franco ou simplesmente Franco, integrou o Golpe de Estado na Espanha em julho de 1936 contra o governo democrático da Segunda República, que levou à Guerra Civil Espanhola. Foi nomeado como chefe supremo das tropas sublevadas em 10 de outubro de 1936, sendo o chefe de Estado da Espanha desde o final do conflito até ao seu falecimento, em 1975, e como chefe de Governo entre 1938 e 1973.
Foi líder do partido único Falange Espanhola e das JONS (Juntas Ofensivas Nacional Sindicalistas), nos quais se apoiou para estabelecer um regime fascista no começo do seu governo, que mais tarde derivaria numa ditadura conhecida como franquismo, de tipo conservador, católico e anti comunista. A mudança do seu regime deveu-se à derrota do fascismo na Segunda Guerra Mundial. Aglutinou em torno do culto da sua imagem diferentes tendências do conservadorismo, nacionalismo e catolicismo, opostas à esquerda política e ao desenvolvimento de formas democráticas de governo.
Durante o seu mandato à frente do Exército e da Chefia do Estado, especialmente durante a Guerra Civil e os primeiros anos do regime, tiveram lugar múltiplas violações dos direitos humanos, segundo assinalam numerosas pesquisas históricas e denúncias de pessoas.  O número total de vítimas mortais varia em torno de centenas de milhares de pessoas que morreram, na maioria em campos de concentração, execuções extrajudiciais ou em prisão.
Ao contrário de Hitler e Mussolini, o governo de Franco, devido à teórica neutralidade na Segunda Guerra Mundial, resistiu ao fim da Segunda Guerra. Mas o líder fascista liderava um país industrialmente atrasado, mais pobre  do que as outras nações europeias. E, apesar de não gostar particularmente de futebol, viu no desporto uma forma da Espanha passar a ser conhecida positivamente no exterior. Depois de um governo de quase quarenta anos, Franco restaurou a monarquia e deixou o Rei Juan Carlos I como seu sucessor. Juan Carlos liderou a transição para a democracia, deixando a Espanha com seu atual sistema político.

Vida
Nascido Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde na cidade galega de Ferrol, estudou na Academia de Infantaria de Toledo. Entre 1912 e 1917, distinguiu-se nas campanhas bélicas do Marrocos espanhol. Após uma estada de três anos em Oviedo, voltou ao Marrocos, onde combateu às ordens de Rafael de Valenzuela y Urzaiz e de Millán Astray, destacando-se pelo seu valor e frieza no combate. Em 1923, apadrinhado por Afonso XIII, casou-se com Carmen Polo, de uma família da burguesia das Astúrias.
Destinado novamente a Marrocos, com a patente de tenente-coronel, assumiu o comando da Legião Espanhola em 1923 e participou ativamente no desembarque na baía de Alhucemas e na reconquista do Protetorado (1925). É considerado, juntamente com José Sanjurjo, o mais brilhante dos militares chamados africanistas. Entre 1928 e 1931 dirigiu a Academia Militar de Saragoça.
Quando da implantação da República (1931) foi afastado de cargos de responsabilidade e destacado para os governos militares da Corunha e das Baleares. Com o triunfo das forças de direita em 1933, regressou a altos cargos do Exército. Planificou a cruel repressão da Revolução das Astúrias (1934) com tropas da Legião. Quando José María Gil-Robles ocupou o Ministério da Guerra, foi nomeado Chefe do Estado-Maior Central (1935). Em 1936, o Governo da Frente Popular nomeou-o comandante militar das Canárias. Dali manteve contacto com Emilio Mola (chamado «O Diretor») e Sanjurjo, que preparavam o levantamento militar.
Em 17 de julho voou das Canárias até Marrocos, revoltou a guarnição e tornou-se comandante das tropas. Cruzou o Estreito de Gibraltar com meios precários (aviões cedidos por Mussolini e Hitler e navios de pouca tonelagem) e avançou até Madrid por Mérida, Badajoz e Talavera de la Reina. Apoderou-se rapidamente da direção militar e política da guerra (em setembro de 1936), e em 1 de outubro de 1936 converteu-se em Chefe do Estado, chefiando igualmente o Governo. Em abril de 1937 uniu os membros da Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista, FE-JONS, e os monárquicos carlistas da Comunhão Tradicionalista numa única força política, a FET y de las JONS (Falange Espanhola Tradicionalista e das JONS), e colocou-se à frente da nova organização como seu Chefe Nacional - Caudilho. Anos mais tarde, disse que apenas prestaria contas da sua atividade "perante Deus e perante a História".
Terminada a guerra civil espanhola empreende a reconstrução do país. Recebeu a condecoração portuguesa do Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 30 de junho de 1939. Não só não quer contar com os vencidos para esta tarefa, mas também a repressão e os fuzilamentos prolongam-se durante, pelo menos, um lustro. Cria um estado católico, autoritário e corporativo que recebe o nome de franquismo. Apesar das suas estreitas relações com a Alemanha e a Itália, mantém a neutralidade espanhola durante a Segunda Guerra Mundial. Terminada esta, os vencedores isolam o regime franquista. Contudo, este vai-se consolidando no poder, com a promulgação das novas Leis Fundamentais: criação das Cortes Espanholas (1942), o Foro dos Espanhóis (1945), Lei do Referendo Nacional (1945), Lei da Sucessão na Chefia do Estado (1947), etc.
Em 1953 são restabelecidas as relações diplomáticas com os Estados Unidos e, em 1955, o regime de Franco é reconhecido pela Organização das Nações Unidas. Recebeu a condecoração portuguesa da Banda das Três Ordens a 14 de fevereiro de 1962. Em 1966 promulga uma nova lei fundamental que junta às já existentes, a Lei Orgânica do Estado, e, três anos mais tarde, apresenta às Cortes, como sucessor a título de Rei, o príncipe Juan Carlos, neto de Afonso XIII. Em junho de 1973 cede a presidência do Governo ao seu mais direto colaborador, Luis Carrero Blanco. A morte deste, num atentado, poucos meses depois, é o princípio da decomposição do regime. Franco morre, após longa agonia, num hospital de Madrid.
       
        

segunda-feira, outubro 28, 2024

A Marcha sobre Roma, que levou o partido fascista ao poder na Itália, foi há cento e dois anos

  
A Marcha sobre Roma (em italiano: Marcia su Roma) foi uma vasta manifestação fascista, com características de golpe de estado, ocorrida a 28 de outubro de 1922 na capital da Itália, com o afluxo à cidade de dezenas de milhares de militantes fascistas, que reivindicavam o governo da Itália.
Este evento representou a ascensão ao poder do Partido Nacional Fascista (PNF) e o fim da democracia liberal, com a nomeação de Benito Mussolini como chefe de governo pelo rei Vítor Emanuel III.
  

domingo, outubro 20, 2024

O ditador que governou a Líbia durante quatro décadas foi brutalmente assassinado há 13 anos...

(imagem daqui)
     
Muammar Abu Minyar al-Gaddafi (Sirte, 7 de junho de 1942 - Sirte, 20 de outubro de 2011) foi um militar, político, ideólogo e ditador líbio, sendo o de facto chefe de estado do seu país entre 1969 e 2011.
Gaddafi chegou ao poder em 1969, sem derramar sangue, por meio de um golpe de estado e assumiu a função formal de Chefe da Nação até 1977, quando renunciou o comando do chamado Conselho do Comando Revolucionário da Líbia e alegou apenas ser uma figura simbólica do governo. Os seus críticos dizem que ele agia como um autocrata ou um demagogo, apesar do antigo governo líbio dizer que ele não detinha qualquer poder e o próprio Gaddafi tentava passar a imagem de um estadista e filósofo. Após Gaddafi renunciar ao cargo, ele ficou conhecido como o "Irmão Líder e Chefe da Grande Revolução de Jamahiriya Popular Socialista da Líbia" ou "líder Fraternal e chefe da revolução"; em 2008, durante um encontro de líderes africanos, alguns destes chamaram-no de "Rei dos Reis".
      
(...)
      
Em fevereiro de 2011, frente a protestos pedindo sua derrocada do poder, Gaddafi respondeu aos manifestantes com violência, porém as manifestações contrárias ao seu governo intensificaram-se. Então eclodiu no país uma violenta guerra civil, colocando em confronto forças leais e contrárias ao regime. Durante este conflito, Gaddafi foi acusado de cometer vários crimes contra a humanidade e um mandado de prisão foi expedido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional. Em agosto de 2011, tropas do Conselho Nacional de Transição (CNT) atacaram e conquistaram a capital, Trípoli, colocando assim Gaddafi e seu governo em fuga. A 20 de outubro, após 8 meses de guerra, o ex-líder foi morto em Sirte por simpatizantes do CNT. 
    
Morte
Em 20 de outubro de 2011, após a queda de Sirte, o último grande reduto das forças de Gaddafi, o Conselho Nacional de Transição informou oficialmente à Al Jazeera que Gaddafi havia sido capturado. De acordo com algumas fontes, Gaddafi teria sido ferido nas pernas ou levado dois tiros no peito. Segundo as primeiras informações, ele teria morrido em consequência desses ferimentos. Imagens de um vídeo amador mostravam o corpo ensanguentado de Gaddafi, ainda vivo, sendo carregado como um troféu em Sirte.
O primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, Mahmoud Jibril, confirmou a morte do ex-líder Muammar Kadhafi, durante os confrontos pela tomada da cidade de Sirte. "Esperávamos havia muito tempo por este momento. Muammar Kadhafi foi morto", afirmou à Associated Press. Segundo Jibril, a autópsia determinou que o líder deposto foi morto por um ferimento de bala na cabeça, após a sua captura. Jibril afirmou, durante entrevista coletiva, que Gaddafi estava em boa saúde e armado, quando foi encontrado. Enquanto era levado até uma camioneta, levou um tiro no braço ou na mão direita. Posteriormente, levou um tiro na cabeça, em circunstâncias pouco claras.
O corpo de Gaddafi foi levado para uma câmara frigorífica e ficou exposto para visita pública, juntamente com o corpo de seu filho, Mo'tassim, e do chefe militar do regime, Abu-Bakr Yunis Jabr, durante quatro dias. Posteriormente foram enterrados, num local secreto, numa simples e respeitosa cerimónia, de acordo com o governo líbio. De acordo com o jornal francês Le Figaro, o corpo de Muammar Gaddafi foi enterrado no meio do deserto num local não especificado, para evitar que o túmulo se torne um local de peregrinação dos seus partidários. No seu testamento político, divulgado pouco depois da sua morte, Gaddafi exortou o seu povo a continuar a lutar e resistindo de todas as formas contra o novo governo e deixou instruções sobre como ele gostaria de ser enterrado, à maneira muçulmana.

 

in Wikipédia

quarta-feira, outubro 16, 2024

O ditador comunista Enver Hoxha nasceu há 116 anos...

   
Enver Halil Hoxha (Gjirokastër, 16 de outubro de 1908  - Tirana, 11 de abril de 1985) foi o líder da Albânia do fim da Segunda Guerra Mundial até à sua morte, em 1985, na função de primeiro secretário do Partido Trabalhista da Albânia (Partido Comunista). Ele também atuou como primeiro-ministro da Albânia de 1944 a 1954, ministro da Defesa de 1944 a 1953, ministro das Relações Exteriores de 1946 a 1953, líder da Frente Democrática de 1945 até sua morte e comandante-em-chefe das Forças Armadas albanesas de 1944 até sua morte.
A liderança de Hoxha foi caracterizada pelo isolacionismo e sua aderência firme e manifesta ao marxismo-leninismo antirrevisionista da metade da década de 70 em diante. Após a sua rutura com o maoísmo, no fim da década de 70 e início da década de 80, inúmeros partidos maoístas declararam-se hoxhaístas. A Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (Unidade e Luta) é a mais conhecida coligação de tais partidos hoje em dia.
   
(...) 
   
Partido Trabalhista da Albânia - Partia e Punës e Shqipërisë
    
Religião
A Albânia, sendo o estado mais predominantemente muçulmano na Europa devido à influência turca, identificava, assim como o Império Otomano, religiões com etnias. No Império Otomano muçulmanos eram vistos como “turcos”, ortodoxos orientais eram vistos como “gregos” e católicos como “latinos.” Hoxha via isto como um sério problema, achando que isto inflamava tanto aos separatistas gregos no Épiro Setentrional e quanto também dividia a nação de um modo geral. A Lei de Reforma Agrária de 1945 confiscou grande parte da propriedade da igreja no país. Os católicos foram a primeira comunidade religiosa a ser alvo, já que o Vaticano foi visto como um agente do Fascismo e do anticomunismo. Em 1946, a Ordem Jesuíta, e, em 1947, os franciscanos foram banidos. O Decreto Nº. 743 (Sobre as Religiões) afetou uma igreja nacional e proibiu líderes religiosos de se associarem com potências estrangeiras.
O Partido focou-se na educação ateísta nas escolas. Esta tática foi eficaz, principalmente devido à política de aumento da taxa de natalidade encorajada após a guerra. Durante períodos sagrados como o Ramadão ou a Quaresma, muitos alimentos proibidos (laticínios, carne, etc.) foram distribuídos em escolas e fábricas e as pessoas que recusavam a comer tais comidas eram denunciadas. A partir de 6 de fevereiro de 1967, o Partido começou uma nova ofensiva contra as religiões. Hoxha, que havia declarado uma “Revolução Cultural e Ideológica” após ter sido parcialmente inspirado pela Revolução Cultural chinesa, encorajou estudantes e trabalhadores comunistas a usarem táticas mais enérgicas para promover o ateísmo, apesar do uso de violência ter sido inicialmente condenado.
De acordo com Hoxha, o surgimento de atividade antirreligiosa começou com a juventude. O resultado deste “movimento espontâneo, não provocado” foi o encerramento de 2.169 igrejas e mesquitas na Albânia. O ateísmo de estado tornou-se a política oficial e a Albânia foi declarada o primeiro estado ateu do mundo. Nomes de vilas e cidades de inspiração religiosa foram mudados, tal como nomes pessoais. Durante este período, nomes de inspiração religiosa também foram declarados ilegais. O “Dicionário de Nomes do Povo”, publicado em 1982, continha 3.000 nomes seculares que eram permitidos. Em 1992, Monsenhor Ivan Dias, o Núncio Papal para a Albânia, nomeado pelo Papa João Paulo II, disse que, dos trezentos padres católicos presentes na Albânia antes dos comunistas chegarem ao poder, apenas trinta sobreviveram. Toda prática religiosa e clerical foi banida e aquelas figuras religiosas que se recusassem a abrir mão das suas posições eram presas ou forçadas a esconderem-se.
     
(...)
     
O país
A Albânia era muito pobre e atrasada para os padrões europeus e possuía o padrão de vida mais baixo da Europa. Como resultado da auto-suficiência, a Albânia tinha uma dívida externa minúscula. Em 1983, a Albânia importou bens no valor de US$ 280 milhões, mas exportou bens no valor de US$ 290 milhões, produzindo um superavit comercial de US$ 10 milhões.
Em 1981 Hoxha ordenou a execução de muitos oficiais do Partido e do governo, numa nova purga. Foi comunicado que o primeiro-ministro, Mehmet Shehu, havia cometido suicídio em dezembro de 1981 e foi, subsequentemente, condenado como um “traidor” da Albânia e acusado de estar ao serviço de várias agências secretas estrangeiras. Acredita-se que ele foi assassinado ou atirou contra si mesmo , durante uma luta pelo poder ou devido a diferenças a respeito de política externa com Hoxha. Hoxha também escreveu uma grande quantidade de livros durante este período, resultando em mais de 65 volumes de obras completas, concentrados em seis volumes de obras selecionadas.
Posteriormente, Hoxha retirou-se parcialmente, devido à sua saúde debilitada, após ter sofrido um ataque cardíaco em 1973, do qual nunca recuperou completamente. Ele passou a maior parte das funções de estado para Ramiz Alia. Nos seus dias finais ele estava confinado a uma cadeira de rodas e sofria de diabetes - doença da qual sofria desde 1948 - e de isquemia cerebral - da qual sofria desde 1983. A morte de Hoxha, no dia 11 de abril de 1985, deixou para a Albânia um legado de isolamento e medo do mundo externo. Apesar de alguns progressos económicos alcançados por Hoxha, a economia do país estava em estagnação, a Albânia era o país mais pobre da Europa durante grande parte do período da Guerra Fria. No começo do século XXI, muito pouco do legado de Hoxha continua em curso na Albânia de hoje, desde a transição para o capitalismo, em 1992.
      

segunda-feira, outubro 14, 2024

O ditador Mobutu nasceu há 94 anos...

    
Mobutu Sese Seko Nkuku Ngbendu wa Za Banga (Lisala, Congo Belga, 14 de outubro de 1930 - Rabat, Marrocos, 7 de setembro de 1997). O seu nome significava em português: O Todo Poderoso Guerreiro que, Por Sua Força e Inabalável Vontade de Vencer, Vai de Conquista em Conquista, Deixando Fogo no Seu Rasto. O seu nome de batismo era Joseph-Desiré Mobutu. Foi o presidente do Zaire (atual República Democrática do Congo) entre 1965 e 1997. Com uma imagem marcada pelo uso de um barrete de pele de leopardo e uma bengala, fica para a história contemporânea de África como um dos mais poderosos governantes do continente.
Mobutu alistou-se em 1949 no exército, como sargento da Força Pública congolesa. Envolveu-se na luta pela independência, que foi conseguida em 1960, exercendo então o cargo de secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
Afastou-se depois da política, mas não da atividade militar, esfera em que foi consolidando a sua influência até que ela se tornou um incontornável poder, de facto, no país. Decidiu-se por uma iniciativa militar, em 1965, que afastou o presidente e o primeiro-ministro, declarando-se Mobutu o seu herdeiro espiritual. Dissolveu a Assembleia Nacional e assumiu a titularidade de todos os poderes (Legislativo, Executivo e Judicial), em regime de partido único, de tal forma que o seu nome veio a confundir-se com o próprio Estado.
Perante a comunidade internacional, alegou ser o único garante da unidade de um país multiétnico e, apesar da sua política ditatorial, foi apoiado pelos países ocidentais, que não queriam ver instalado um regime comunista em tão importante região africana. Em 1971, Mobutu mudou o nome do país e do importante rio internacional, ambos Congo, para Zaire.
Mobutu governava um dos países mais ricos do continente (entre outras potencialidades económicas, merece destaque a exploração de metais e pedras preciosas), mas o seu povo vivia cada vez mais abaixo do limiar da pobreza. A dívida externa chegava a atingir os 12 mil milhões de dólares. Em simultâneo, a fortuna pessoal de Mobutu, quase toda no estrangeiro, subia para índices estimados hoje em cerca de 7 mil milhões de dólares. O presidente concentrava nas suas mãos uma grande parte do Produto Interno Bruto do país.
Em 12 de dezembro de 1984 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1997 o regime de Mobutu chegou ao fim. Após 32 anos no poder, O Grande Leopardo (como era por vezes apelidado) viu-se obrigado a abandonar o país, deixando o poder a Laurent-Désiré Kabila, que durante muitos anos lhe vinha movendo uma luta de guerrilha. Morreu, de cancro da próstata, no exílio, em Rabat, Marrocos, em setembro de 1997.
   

segunda-feira, outubro 07, 2024

Porque, infelizmente, até os ditadores genocidas fazem anos...

Vladimir Putin a bordo de seu iate privado na baía de Sydney

Vladimir Vladimirovitch Putin (Leningrado, atualmente São Petersburgo, 7 de outubro de 1952), é o atual ditador presidente da Rússia, além de ter servido como agente do KGB no departamento exterior e chefe dos serviços secretos soviético e russo, KGB e FSB, respetivamente. Putin exerceu a presidência entre 2000 e 2008, além de ter sido primeiro-ministro em duas oportunidades: a primeira entre 1999 e 2000, e a segunda entre 2008 e 2012.

Putin governa a Rússia desde a renúncia de Boris Iéltsin, em 1999. O seu primeiro governo foi marcado por profundas reformas políticas e económicas, pelo estadismo, por novas tensões com os Estados Unidos e Europa Ocidental, pela rigidez com os rebeldes chechenos e pelo resgate do nacionalismo russo, atitudes que lembram em parte o regime soviético e o czarismo. Entre os eventos mais notáveis de seu governo, estão o decreto que permite a indicação dos governadores dos distritos russos pelo próprio presidente, a restauração do controle russo sobre a república separatista da Chechénia, os assassinatos não esclarecidos de vários seus opositores políticos, como Anna Politkovskaia e Alexander Litvinenko, o fim do colapso económico russo, a estatização de setores estratégicos que até então estavam nas mãos dos oligarcas russos e as consequentes prisões de muitos deles e vários desacordos diplomáticos com a OTAN, sendo os mais memoráveis deles a discussão quanto ao estabelecimento de mísseis no Leste Europeu, que levou Putin a criticar publicamente a política internacional norte-americana, e o apoio russo aos separatistas na Ucrânia, após este país ter se alinhado à Aliança Atlântica.

Por dezasseis anos, Putin foi oficial do KGB, o serviço secreto da União Soviética, chegando à patente de tenente-coronel. Ele se aposentaria das atividades militares para ingressar na política, em sua cidade, São Petersburgo, em 1991. Mudou-se para Moscou em 1996, para que fizesse parte da administração do então presidente Boris Iéltsin, na qual cresceu rapidamente, tornando-se presidente interino em 31 de dezembro de 1999, quando o presidente Iéltsin renunciou ao cargo inesperadamente. Putin venceria a eleição do ano seguinte, tornando-se de facto Presidente da Rússia, sendo reeleito em 2004. Putin foi impedido de concorrer para um terceiro mandato em 2008, já que, na época, a Constituição russa só permitia dois mandatos consecutivos. Assim sendo, seu aliado Dmitri Medvedev seria seu sucessor, o que levaria à escolha de Putin como primeiro-ministro do país, cargo que ele manteve até o final da presidência de Medvedev. Em Setembro de 2011, Putin anunciou que concorreria a um terceiro mandato nas eleições do ano seguinte, gerando diversos protestos nas principais cidades do país. Como esperado, Putin foi reeleito por mais seis anos, em seu terceiro mandato, que tem fim previsto para 2018.

Putin tem sido amplamente responsabilizado pelo retorno da estabilidade política e do progresso económico da Rússia, pondo fim à crise dos anos 90. Durante a primeira gestão de Putin (1999-2008), o lucro real aumentou em fator 2,5, e os salários mais que triplicaram. O desemprego e a pobreza caíram em mais da metade, e a satisfação de vida da população russa aumentou significativamente. O primeiro governo de Putin foi marcado pelo grande crescimento económico: a economia russa cresceu diretamente em oito anos, observando um aumento de 72% no PIB. Essas conquistas foram atribuídas pelos analistas à boa gestão macroeconómica, a importantes reformas fiscais, ao aumento do fluxo de capitais, ao acesso às finanças externas de baixo custo e a um aumento de cinco vezes no preço do petróleo e gás, que constituem os principais produtos de exportação da Rússia.

Como presidente da Rússia, Putin transformou em lei um aumento de 13% na taxa proporcional da receita, uma taxa reduzida de impostos sobre a receita, e novos códigos legais territoriais. Como primeiro-ministro, Putin foi responsável por reformas militares e policial de larga escala. Sua política energética afirmou a posição da Rússia como superpotência em energia. Putin apoiou indústrias de alta-tecnologia como as nucleares e de defesa. Um aumento no investimento de capital estrangeiro contribuiu pela explosão em certos setores, como na indústria automóvel. O desenvolvimento sob Putin incluiu a construção de oleodutos e gasodutos, a restauração do sistema de navegação por satélite GLONASS e a construção de infraestrutura para eventos internacionais.

Na Rússia, a liderança de Putin goza de considerável popularidade, com altas taxas de aprovação geral. Por outro lado, várias de suas ações têm sido caracterizadas pela oposição como antidemocráticas. Observadores ocidentais e organizações também juntaram vozes para criticar o governo de Putin. A classificação de 2011 do Índice de Democracia apontou que a Rússia está em "um longo processo de regressão graças à mudança de um governo híbrido para um regime autoritário" sob Putin. As cominicações diplomáticas reveladas pelo WikiLeaks alegam que a Rússia se tornou um "Estado mafioso virtual", devido à corrupção sistemática no governo de Putin. Alguns críticos o descrevem como ditador, alegações que o próprio Putin nega incondicionalmente. A Human Rights Watch em 2021 observa uma degradação contínua dos direitos humanos sob Putin.

sábado, outubro 05, 2024

O Chile disse NÃO ao ditador Pinochet há trinta e seis anos


El plebiscito nacional de Chile de 1988 fue un referéndum realizado en Chile el miércoles 5 de octubre de 1988, durante el Régimen Militar. Este plebiscito se llevó a cabo en aplicación de las disposiciones transitorias (27 a 29) de la Constitución Política de 1980, para decidir si Augusto Pinochet seguiría en el poder hasta el 11 de marzo de 1997.
El universo electoral habilitado para votar entonces ascendió a 7.435.913 personas. Del total de votos válidos, el resultado fue de 44,01% por el «Sí» y de 55,99% por el «No» - del total de votos escrutados, el «Sí» obtuvo el 43,01% y el «No», el 54,71%. Conforme a las disposiciones transitorias de la Constitución, el triunfo del «No» implicó la convocatoria de elecciones democráticas conjuntas de presidente y parlamentarios al año siguiente, que conducirían tanto al fin de la dictadura como al comienzo del periodo llamado transición a la democracia.
     

quarta-feira, setembro 11, 2024

Pinochet instituiu uma ditadura no Chile há 51 anos...


Em 11 de setembro de 1973, Salvador Allende, o presidente democraticamente eleito em 1970, sofreu um golpe de estado e o general Augusto Pinochet assumiu o governo, instaurando uma ditadura que iria perdurar por dezassete anos.
   

O ditador filipino Ferdinando Marcos nasceu há 107 anos...


 

Ferdinand Emmanuel Edralín Marcos (Sarrat, 11 de setembro de 1917 - Honolulu, Havaí, 28 de setembro de 1989) foi um político e advogado filipino, presidente de seu país de 1965 a 1986. Casado com Imelda Marcos, ex-vencedora de um concurso de beleza nas Filipinas, que também ficou conhecida pela sua grande coleção de sapatos.
Foi eleito para a Câmara dos Representantes, em 1949, e para o Senado em 1959. Depois de ter perdido as eleições presidenciais como candidato do Partido Liberal em 1964, veio a ser eleito presidente como candidato do Partido Nacionalista ainda em 1964, sendo reeleito em 1969 e ainda em 1981.
Durante o seu governo realizaram-se reformas económicas e sociais, assim como elaborou uma nova Constituição, que atribuía mais poderes à Presidência. A forte oposição levou-o a prender os seus líderes opositores e a instaurar a lei marcial, iniciando uma guerra de guerrilha pelos maoistas e separatistas muçulmanos. Levantou a lei marcial em 1981, mas, no entanto, a corrupção do Governo aumentou, bem como a pobreza e a guerrilha.
Em 1986, foi declarado oficialmente vencedor das eleições, mas suspeitou-se, a nível nacional e internacional, de fraude eleitoral maciça, tendo-se o exército então dividido e Marcos fugido para o Havai (já no curso da chamada Revolução de Edsa ou Revolução do Poder Popular) subindo ao poder Corazón Aquino, a viúva de Benigno Aquino, um dos seus grandes opositores, assassinado em 1983, a quando do seu regresso às Filipinas.
Em novembro de 2016 foi enterrado no Cemitério dos Heróis Filipinos.
     

sábado, setembro 07, 2024

O ditador Mobutu morreu há 27 anos

     
Mobutu Sese Seko Nkuku Ngbendu wa Za Banga (Lisala, Congo Belga, 14 de outubro de 1930 - Rabat, Marrocos, 7 de setembro de 1997), cujo nome significa em português: O Todo Poderoso Guerreiro que, Por Sua Força e Inabalável Vontade de Vencer, Vai de Conquista em Conquista, Deixando Fogo em Seu Rasto (e o nome de batismo Joseph-Desiré Mobutu), foi o presidente do Zaire (atual República Democrática do Congo) entre 1965 e 1997. Com uma imagem marcada pelo uso de um barrete de pele de leopardo e uma bengala, fica para a história contemporânea de África como um dos mais poderosos governantes do continente.
Mobutu alistou-se em 1949 no exército, como sargento da Força Pública congolesa. Envolveu-se na luta pela independência, que foi conseguida em 1960, exercendo então o cargo de secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
Afastou-se depois da política, mas não da atividade militar, esfera em que foi consolidando a sua influência até que ela se tornou um incontornável poder de facto no país. Decidiu-se por uma iniciativa militar, em 1965, que afastou o presidente e o primeiro-ministro, declarando-se Mobutu seu herdeiro espiritual. Dissolveu a Assembleia Nacional e assumiu a titularidade de todos os poderes (Legislativo, Executivo e Judicial), em regime de partido único, de tal forma que o seu nome se veio a confundir com o próprio Estado.
Perante a comunidade internacional, alegou ser o único garante da unidade de um país multiétnico e, apesar da sua política ditatorial, foi apoiado pelos países ocidentais, que não queriam ver instalado um regime comunista em tão importante região africana. Em 1971, Mobutu mudou o nome do país e do importante rio internacional, ambos apelidados de Congo, para Zaire.
Mobutu governava um dos países mais ricos do continente (entre outras potencialidades económicas, merece destaque a exploração de metais e pedras preciosas), mas o seu povo vivia cada vez mais abaixo do limiar da pobreza. A dívida externa chegava a atingir os 12 mil milhões de dólares. Em simultâneo, a fortuna pessoal de Mobutu, quase toda no estrangeiro, subia para índices estimados hoje em cerca de 7 mil milhões de dólares. O presidente concentrava nas suas mãos uma grande parte do Produto Nacional Bruto do país.
Em 12 de dezembro de 1984 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 16 de maio de 1997 o regime de Mobutu chegou ao fim. Após 32 anos no poder, o "Grande Leopardo" (como era por vezes apelidado) viu-se obrigado a abandonar o país, deixando o poder a Laurent-Désiré Kabila, que durante muitos anos, lhe vinha movendo luta através de guerrilha. Morreu, de cancro da próstata, no exílio, em Rabat, Marrocos, a 7 de setembro de 1997.
   

sexta-feira, agosto 30, 2024

O psicota bielorrusso, marionete de um ditador genocida russo, faz hoje setenta anos

   
Aleksandr Grigorievitch Lukashenko ou Łukašenka (Kopys, 30 de agosto de 1954) é o atual presidente da Bielorrússia. Eleito pela primeira vez a 20 de julho de 1994 e com mandato até 2001, foi sendo várias vezes reeleito. O seu governo é muito controverso: os seus apoiantes afirmam que a sua política económica salvou o país das piores consequências do capitalismo pós-soviético. Já seus opositores acusam-no de ser um ditador, sendo conhecido inclusive como "o último tirano da Europa". Os Estados Unidos e a União Europeia proibiram a entrega de vistos para si e à sua família. 
   
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Covid-19

O presidente bielorrusso, negacionista da pandemia de COVID-19, deu um discurso no qual disse que a doença não é nada grave, que poderia ser curada com vodka, sauna e trabalho no campo.

Grandes eventos como futebol e hóquei no gelo continuaram com sua agenda regularmente no país e Lukashenko chegou a dizer que jogar hóquei protege contra o vírus. "É melhor morrer de pé do que viver de joelhos! Não há vírus no gelo. Isto é um frigorífico. Eu vivo a mesma vida que sempre vivi, ainda ontem tive uma sessão de treino com a minha equipe. Encontrámo-nos, apertámos as mãos, abraçámo-nos, batemos uns nos outros".

Em 28 de julho de 2020, Lukashenko anunciou que testou positivo para a COVID-19 mas que já estava recuperado.

   
Nas eleições presidenciais

Logo após a sua reeleição em 2020, depois de 26 anos no poder, os bielorrussos começaram a protestar, dizendo que as eleições haviam sido fraudulentas. Segundo a Euronews em 11 de agosto, "Lukashenko diz que não passam de 'carneiros ao serviço das potências estrangeiras' e 'querem armar confusão no nosso país. Avisei que não iriam fazer o mesmo que na Ucrânia, por muito que queiram fazer isso. As pessoas têm de se acalmar'.

A sua opositora Svetlana Tikhanovskaya pediu a recontagem dos votos, mas teve que deixar o país logo após o pleito, refugiando-se na Lituânia. Antes, o marido de Svetlana, Sergei Tikhanovsky, um blogger popular, havia sido impedido de concorrer e enviado para a prisão.

Enquanto isto, Maria Vasilevich, escreveu no seu Instagram que os protestos deveriam parar. "Aqueles que causam desordem, parem com a agressão!", escreveu em seu Instagram.

 
Ligações com a Rússia e a China

Enquanto a União Europeia condenava a repressão aos protestos após as eleições de 2020, Lukashenko recebeu apoio da República Popular da China e da Rússia, de quem é aliado.

Em 3 de setembro de 2020, após o governo alemão ter noticiado no dia anterior que o opositor de Putin, Alexei Navalny, havia sido envenenado, Lukashenko disse que "não houve envenenamento de Navalny".

  
 
(imagem daqui)

quarta-feira, agosto 28, 2024

José Eduardo dos Santos, o ditador corrupto angolano, nasceu há 82 anos...

 

José Eduardo Van-Dúnem dos Santos (Luanda, 28 de agosto de 1942 – Barcelona, 8 de julho de 2022) foi um engenheiro, militar e político angolano que serviu como Presidente de Angola de 1979 a 2017. Como presidente, José Eduardo dos Santos também foi comandante-em-chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) e presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido que governou Angola desde que obteve independência em 1975.

Em 11 de março de 2016, ele anunciou que deixava a carreira política em 2018, ano em que completaria 76 anos. Porém acabou deixando o cargo em setembro de 2017, sendo sucedido por João Lourenço.

Faleceu em 8 de julho de 2022, de doença prolongada, internado nos cuidados intensivos de um centro médico da cidade de Barcelona, Espanha, aos 79 anos de idade. 
   
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José Eduardo dos Santos foi frequentemente associado à grande corrupção e ao desvio de recursos do petróleo, em grande parte proveniente da província de Cabinda. A sua família é detentora de imenso património, que inclui casas nas principais capitais europeias, participações em grandes empresas, sociedades controladoras em paraísos fiscais e contas bancárias na Suíça - um património acumulado ao longo de décadas de exercício do poder. Os seus oponentes acusam-no de ignorar as necessidades sociais e económicas de Angola, concentrando seus esforços em acumular riqueza na sua família, ao mesmo tempo em que silenciava a oposição ao seu governo.

Em 2012 cerca de 70% da população angolana vivia com menos de 2 dólares por dia, enquanto Santos e a sua família acumularam uma imensa fortuna, que inclui participações nas principais empresas do país, bem como em grandes empresas estrangeiras.

Santos enriqueceu desde que assumiu o poder, mas acumulou uma enorme quantidade de bens sobretudo depois da abertura de mercado. A partir do cessar-fogo de 1989/1992, quando grande parte da economia do país foi parcialmente privatizada, ele assumiu o controlo de diversas empresas emergentes e apoiou ofertas públicas de aquisição de várias outras companhias de exploração de recursos naturais.

Eventualmente o Parlamento de Angola considerou ilegal que o presidente, pessoalmente, tivesse participação financeira em empresas. Nesta sequência, a fortuna de sua filha, Isabel dos Santos, baseada na participação acionista em várias empresas angolanas e estrangeiras, passou a crescer exponencialmente. Paralelamente, o governo passou a assumir o controle acionista em empresas que o presidente indiretamente controlava.

Ao mesmo tempo, o orçamento governamental chegou a 69 mil milhões de dólares em 2012, graças aos rendimentos proporcionados pelo petróleo, os quais saltaram de 3 mil milhões de dólares, em 2002, para 60 mil milhões, em 2008. No entanto, segundo o Fundo Monetário Internacional, 32 mil milhões de dólares das receitas de petróleo desapareceram dos registos do governo. 

José Eduardo dos Santos e o regime que representava tornaram-se alvo de protestos políticos por parte dos jovens angolanos, desde fevereiro de 2011. Uma grande manifestação pública realizada em Luanda, no início de setembro de 2011, foi duramente reprimida pela polícia, com dezenas de pessoas detidas e vários manifestantes feridos. A contestação ocorre sob outras formas, inclusive pelo "kuduro", rap e através de redes sociais da Internet.

Em junho de 2016, José Eduardo dos Santos nomeou a filha Isabel dos Santos para as funções de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol. Um grupo de 12 juristas angolanos apresentou uma providência cautelar para suspender a eficácia da posse da empresária.
   

terça-feira, agosto 20, 2024

Slobodan Milosevic, ditador e genocida sérvio, nasceu há 83 anos...

   
Slobodan Milošević (Požarevac, 20 de agosto de 1941 - Haia, 11 de março de 2006) foi presidente da Sérvia de 1989 a 1997 e da República Federal da Jugoslávia de 1997 a 2000. Também foi o principal líder do Partido Socialista da Sérvia desde a sua fundação, em 1990.
Milošević renunciou à presidência jugoslava entre manifestações que se seguiram à concorrida eleição presidencial de 24 de setembro de 2000. Foi preso pelas autoridades federais jugoslavas em 31 de março do ano seguinte, sob suspeita de corrupção, abuso de poder e apropriação indevida. Foi também preso pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (TPII), um comité das Nações Unidas, sob a acusação de crimes contra a humanidade, de violar as leis e costumes de guerra, violações graves às Convenções de Genebra e genocídio, por seu papel durante as guerras na Croácia, Bósnia e Kosovo. A investigação inicial a respeito de Milošević não foi adiante, por falta de evidências concretas, o que motivou o primeiro-ministro sérvio, Zoran Đinđić, a enviá-lo para Haia, Países Baixos, sede do Tribunal Penal Internacional, para ser julgado pelos crimes de guerra.
Milošević foi responsável pela sua própria defesa; o julgamento terminou, no entanto, sem qualquer veredicto, já que ele acabou morrendo durante o seu decorrer, depois de quase cinco anos encarcerado na Prisão de Criminosos de Guerra, em Haia. Milošević sofria de doenças cardíacas e tinha hipertensão arterial, e morreu de um enfarte do miocárdio. O Tribunal negou qualquer responsabilidade sobre a morte de Milošević, alegando que ele se recusara a tomar os medicamentos que lhe foram receitados, e preferiu medicar-se por conta própria.
 

sexta-feira, agosto 16, 2024

O ditador Idi Amin morreu há 21 anos

Uma caricatura de Idi Amin em 1977 - Edmund S. Valtman
   
Idi Amin Dada (circa 1920Jeddah, Arábia Saudita, 16 de agosto de 2003) foi um ditador militar e o terceiro presidente de Uganda, entre 1971 e 1979. Amin alistou-se nos King's African Rifles, um regimento colonial britânico, em 1946, servindo na Somália e no Quénia. Eventualmente, ele chegou à patente de Major-General no exército do Uganda, e tornou-se Comandante antes de liderar um golpe de estado em 1971, depondo o então presidente Milton Obote. Mais tarde, como chefe de estado, ele auto-promoveu-se a Marechal de Campo.
O governo de Amin ficou caracterizado por violações dos direitos humanos, repressão política, perseguição étnica, assassinatos, nepotismo, corrupção e má gestão económica. O número de mortos durante seu regime ditatorial é estimado por observadores internacionais e grupos de direitos humanos como estando entre cem mil e quinhentos mil. Durante os seus anos no poder, Amin deixou de ser um anticomunista, com considerável apoio de Israel, e passou a ser apoiado por Muammar al-Gaddafi, a União Soviética e a Alemanha Oriental. Entre 1975 e 1976, ele foi o presidente da Organização da Unidade Africana, um grupo criado para promover a solidariedade entre as nações no continente. Entre 1977 e 1979, Uganda foi membro da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em 1977, quando o Reino Unido rompeu relações diplomáticas com o país, Amin declarou que havia derrotado os britânicos, adicionando "CBE", de "Conquistador do Império Britânico", aos seus títulos. O seu pomposo título completo era "Sua Excelência  o Presidente Vitalício, Marechal de Campo Alhaji Dr. Idi Amin Dada, VC, DSO, MC, CBE".
Após a Guerra Uganda-Tanzânia em 1978, onde Amin tentou anexar a região de Kagera, dissidentes conseguiram terminar com o seu regime de oito anos, forçando o seu exílio. Primeiro ele foi para a Líbia, depois para a Arábia Saudita, onde viveu até à sua morte, em 16 de agosto de 2003.
    
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Alistado no Exército britânico, foi inicialmente ajudante de cozinha do regimento britânico King's African Rifles. Impressionou com os seus 1,90 metros de altura e os seus 110 quilos, bem como a sua habilidade pugilística, que o converteram num campeão de boxe na categoria de pesos-pesados do seu país, de 1951 a 1960. Após a independência do país, em 1962, tornou-se chefe do Exército do presidente Milton Obote. Pouco tempo após assumir este cargo, Amin e Obote começaram a ter desavenças. A popularidade de Amin entre os militares e o atentado contra a vida de Obote em 1969 fizeram que ambos se tornassem rivais. Sabendo que o então presidente planeava prendê-lo por supostamente desviar fundos das forças armadas, Idi Amin patrocinou um golpe de estado com a ajuda do exército ugandês, em 25 de janeiro de 1971. Numa transmissão de rádio ao povo ugandês, Amin falou que era um soldado e não um político, e que libertaria todos os prisioneiros políticos e colocaria a economia do país em ordem novamente. Em 2 de fevereiro, ele declarou-se Comandante-em-chefe das forças armadas e presidente vitalício, impondo disciplina militar ao seu gabinete e colocou seus apoiantes em cargos proeminentes do seu governo. Obote e outros 20 mil soldados desertores e simpatizantes da oposição fugiram do país para o exílio em países vizinhos, como a Tanzânia. Em retaliação, Idi Amin começou a expurgar oficiais de lealdade duvidosa do Exército, o que terminou com a morte de mais de 5 mil militares. Muitos intelectuais, artistas e políticos também começaram a ser presos sob suspeita de fazer oposição ao governo.
Após o golpe, depois de alguns meses de moderação, iniciou rapidamente a arbitrariedade como estilo de seu governo, que durou oito anos, sendo um regime brutal que deixou um país arruinado e 400 mil ugandeses mortos. As perseguições, as mortes e os desaparecimentos tinham natureza étnica, política e financeira começaram pouco após sua chegada ao poder.
Demonstrando um temperamento megalómano, vingativo e violento, expulsou, em 1972, cerca de 40 mil asiáticos, descendentes de imigrantes do império britânico na Índia, dizendo que Deus lhe havia dito para transformar Uganda num país de homens negros. Uma figura grande e imponente, o seu comportamento excêntrico criou a imagem de um homem dado a explosões irregulares e foi chamado de "Big Daddy". Uma vez declarou-se "rei da Escócia", proibiu os hippies e as minissaias, e chegou a um funeral da realeza saudita usando um kilt. Certa vez (1999) disse a um jornal ugandês que gostava de tocar acordeão e de recitar o Alcorão. Ficou conhecido também por gozar com vários líderes internacionais: afirmava dar conselhos ao presidente americano Richard Nixon, criou o "Fundo Ugandês para a Salvação da Inglaterra" e cogitou propor a transferência da sede da ONU de Nova York para a capital de Uganda. Depois de assumir o poder (1971), tornou-se um ditador que violava os direitos humanos fundamentais durante um "reinado de horror", segundo a Comissão Internacional de Juristas.
Foi um dos déspotas mais sanguinários da África, tendo sido denunciado dentro e fora do continente por matar dezenas de milhares de pessoas durante seu governo. Algumas estimativas dizem que o número ultrapassa as cem mil pessoas. Muitos ugandeses acusavam o ex-campeão de boxe de manter cabeças decepadas no frigorífico, de alimentar crocodilos com cadáveres e de ter desmembrado uma das suas esposas. Alguns diziam que praticava canibalismo.
Rompeu relações diplomáticas com Israel, ordenou a expulsão de 90 mil asiáticos, a maioria comerciantes indianos e paquistaneses, e de vários judeus. Foi recebido, em 1975, pelo Papa Paulo VI como chefe em exercício da Organização da Unidade Africana. Foi notícia internacional em 1976 quando, depois do sequestro de um avião da Air France por terroristas palestinianos e da intervenção das Forças de Defesa de Israel (FDI) na operação militar conhecida como Operação Entebbe (ocorrida no aeroporto de Entebbe - nome do aeroporto onde se sucederam os factos, que fica nos arredores de Kampala, a 37 km do centro da cidade), foram libertados todos os reféns. O ataque deixou 31 mortos, entre eles 20 ugandeses, uma intervenção que foi encarada como uma humilhação pessoal, pois Idi Amin na ocasião declarava-se neutro para a imprensa internacional, quando na verdade apoiava os sequestradores palestinianos.
Rompeu em 1976 relações diplomáticas com o Reino Unido e, dois anos depois, fracassa um atentado contra ele nos subúrbios de Kampala. Após os assassinatos do bispo Luwum e dos ministros Oryema e Oboth Ofumbi em 1977, vários ministros e integrantes do governo de Amin desertaram ou fugiram do país. Em 1978, o apoio ao general Amin, dentro e fora de Uganda, havia declinado e com a economia e as infrestruturas da nação a entrar em colapso devido a má gestão, fez com que o número de inimigos do seu regime aumentasse. Em novembro de 1978, o vice do presidente Amin, o general Mustafa Adrisi, foi gravemente ferido num suspeito acidente de carro. As tropas que lhe eram leais decidiram amotinar-se. Idi Amin enviou forças do exército para enfrentar os amotinados, mas muitos já haviam fugido para a Tanzânia. Amin acusou o presidente daquele país, Julius Nyerere, de agressão contra Uganda, e ordenou a invasão de partes do território da Tanzânia e formalmente anexou uma secção da região de Kagera.
Em janeiro de 1979, o presidente tanzaniano Nyerere mobilizou o exército de seu país e contra atacou, com o apoio de grupos dissidentes ugandeses, como a Frente de Libertação Nacional de Uganda (UNLA). As forças de Amin recuaram frente à contra-ofensiva e, apesar do apoio militar vindo do ditador líbio, Muammar al-Gaddafi, ele foi obrigado a fugir do país, em 11 de abril de 1979, após a queda da capital, Kampala. Ele fugiu então para a Líbia, mas teve de procurar um novo refúgio quando Gaddafi o expulsou do país. Recebeu então asilo da Arábia Saudita em nome da caridade islâmica, onde passou a viver até o fim de sua vida, acompanhado pelas suas quatro esposas e seus mais de 50 filhos. Quando o seu estado de saúde se agravou, em julho, uma de suas quatro mulheres pediu para voltar a Uganda para morrer, mas o atual governo negou o pedido, sob o argumento que se retornasse ao país seria julgado pelas suas atrocidades.
Gravemente doente foi internado na Unidade de Tratamentos Intensivos e morreu no Hospital Especialista Rei Faisal, em Jeddah, Arábia Saudita, de complicações devido à falência múltipla de órgãos. Foi enterrado na cidade saudita de Jeddah, onde viveu a maior parte do tempo desde que foi deposto (1979), num pequeno funeral horas depois de sua morte no sábado, a 16 de agosto de 2003. Os ugandeses reagiram com uma mistura de alívio com a morte de um tirano sanguinário e de nostalgia por um líder que muitos aplaudiram por expulsar asiáticos que dominavam a vida económica local. Em 2007, foi lançado o filme "The Last King of Scotland" ("O Último Rei da Escócia"), que retrata as atrocidades de Idi Amin. O ator Forest Whitaker fez o filme, encarnando o ditador ugandês, papel pelo qual conquistou o Óscar da Academia como melhor ator.