A
Guerra do Yom Kippur, também conhecida como
Guerra Árabe-Israelita de 1973,
Guerra de Outubro,
Guerra do Ramadão ou ainda
Quarta Guerra Árabe-Israelita, foi um
conflito militar ocorrido de
6 a
26 de outubro de
1973, entre uma coligação de estados árabes, liderados por
Egipto e
Síria, contra
Israel. O episódio começou com um contra-ataque inesperado do Egipto e Síria. Coincidindo com o dia do feriado judaico do
Yom Kippur, Egipto e Síria cruzaram as linhas de cessar-fogo no
Sinai e nos
Montes Golã, respectivamente, que tinham sido ocupadas, por Israel, já em 1967, durante a
Guerra dos Seis Dias.
Inversamente ao fator surpresa, usado pelos israelitas na guerra dos
seis dias, durante os primeiros dias, egípcios e sírios avançaram
recuperando partes dos seus territórios. O cenário começou a
inverter-se para o lado de Israel na segunda semana de luta, pois
Israel fez com que os sírios retrocederem nos Montes Golã, enquanto o
Egito manteve a sua posição no Sinai, fechando a comunicação entre a
linha Bar-Lev e Israel, porém este também sem comunicação com o Egito.
Este desenvolvimento levou as duas superpotências da época, os
EUA, a defender os interesses de Israel, e a
URSS, dos países árabes, a uma tensão diplomática. Mas um cessar-fogo das
Nações Unidas entrou em vigor de forma cooperativa em 25 de outubro de 1973.
Ao término das hostilidades, as forças israelitas, já recuperadas das
baixas iniciais e com um esmagador poderio militar, tinham entrado
profundamente no território dos países árabes e encontravam-se a 40 km
de
Damasco, capital da
Síria, a qual foi intensamente bombardeada, e 101 km do Cairo, capital
egípcia.
Resumo
O
Presidente Gamal Abdel Nasser do Egito, morreu em setembro de
1970. Sucedeu-lhe o vice-presidente
Anwar Sadat,
considerado mais moderado e pragmático que Nasser. Como meta do seu
governo, resolve neutralizar a política expansionista do Estado de
Israel e ao mesmo tempo assegurar a sua posição de liderança no mundo
árabe. Decide, então, retomar a
península do Sinai. O plano para um ataque a Israel sem aviso, em conjunto com a Síria, recebeu o nome de código
Operação Badr (palavra
árabe
que significa "lua cheia"), sugerindo usar a maré cheia (fenómeno da
atração gravitacional exercido entre a lua e a terra) para transpor os
obstáculos bélicos instalados por israelitas ao longo do
canal de Suez.
Para tanto, os egípcios, recorrem a utilização possantes bombas de sucção e usam as águas do canal como agente de
erosão hídrica,
destruindo as fundações da (até então) intransponível e elaborada
barreira, de 50 metros de altura, construída pelos israelitas com a
areia do deserto para guarnecer toda a margem ao norte do canal de Suez
contra os exércitos árabes.
Com o corte, feito à custa de jatos de água, os soldados egípcios, em
questões de horas, puderam abrir diversas passagens ao longo dos 160
quilómetros das fortificações integrantes da
linha Bar-Lev, alcançando o lado desprotegido das casamatas israelitas e, consequentemente, obrigando os israelitas a render-se.
Enquanto o Egito atacava as posições israelitas desprotegidas na
Península do Sinai, as forças sírias atacaram os baluartes dos
Montes Golã. Nessa investida, graves perdas foram infligidas ao exército israelita. Contudo, após três semanas de luta, as
Forças de Defesa de Israel (FDI) obrigaram as tropas árabes a retroceder, e as fronteiras iniciais reconfiguraram-se.
Batalhas navais
A
Batalha de Latakia entre os sírios e os israelitas aconteceu a 7
de outubro, segundo dia do conflito. Com uma nítida vitória israelita,
que demonstrou a eficácia dos barcos militares equipados com sistema
de autodefesa ECM. A marinha israelita também demonstrou a sua
superioridade naval no
Mediterrâneo com uma segunda vitória em 9 de outubro, na
Batalha de Baltim, afundando três barcos da marinha egípcia. As batalhas de Latakia e Baltim "mudaram favoravelmente a situação para Israel".
Cinco noites depois da Batalha de Baltim, cinco barcos da marinha
israelita entraram no porto egípcio de Ras Ghareb, onde mais de
cinquenta pequenas embarcações do Egito estavam ancoradas, incluindo
barcos de pesca armados e carregados com tropas e munições. Na batalha
que se seguiu 19 destes foram afundados.
Quando terminou o conflito, pode-se dizer que o balanço foi muito positivo para Israel.
Consequências
A guerra teve implicações profundas para muitas nações. O
Mundo Árabe, que havia sido humilhado pela derrota desproporcional da aliança Egípcio-Sírio-Jordaniana, durante a
Guerra dos Seis Dias,
sentiu-se psicologicamente vingado pelos seus momentos de vitórias no
início do conflito, apesar do resultado final. Esse sentimento de
vingança pavimentou o caminho para o processo de paz que se seguiu,
assim como liberalizações como a política de
infitah do Egito. Os
Acordos de Camp David (1978),
que vieram pouco depois, levaram a relações normalizadas entre Egito e
Israel - a primeira vez que um país árabe reconheceu o estado
israelita. O Egito, que já vinha se afastando da
União Soviética, então deixou a
esfera de influência soviética completamente.
Uma das consequências desta guerra foi a
crise do petróleo, já que os estados árabes, membros da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) boicotaram os
Estados Unidos e os países
europeus
que apoiavam a sobrevivência de Israel. Se a curto prazo a medida
agravou a crise económica mundial, a longo prazo a comunidade
internacional aprendeu a usar fontes alternativas de energia, e
inclusive algumas áreas do planeta começaram a descobrir que também
possuíam petróleo, como foi o caso da região do
Mar do Norte, na Europa, do
Alasca, nos Estados Unidos, da
Venezuela, do
México, da
África do Sul, da
União Soviética e, também, no
Brasil.
Forças do Egito cruzando o Canal de Suez, a 07 de outubro de 1973