O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Se uma gaivota viesse trazer-me o céu de Lisboa no desenho que fizesse, nesse céu onde o olhar é uma asa que não voa, esmorece e cai no mar. Que perfeito coração no meu peito bateria, meu amor na tua mão, nessa mão onde cabia perfeito o meu coração. Se um português marinheiro, dos sete mares andarilho, fosse quem sabe o primeiro a contar-me o que inventasse, se um olhar de novo brilho no meu olhar se enlaçasse. Que perfeito coração no meu peito bateria, meu amor na tua mão, nessa mão onde cabia perfeito o meu coração. Se ao dizer adeus à vida as aves todas do céu, me dessem na despedida o teu olhar derradeiro, esse olhar que era só teu, amor que foste o primeiro. Que perfeito coração no meu peito morreria, meu amor na tua mão, nessa mão onde perfeito bateu o meu coração.
Amália da Piedade Rodrigues (Lisboa, 1 de julho de 1920 - Lisboa, 6 de outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada por muitos a voz suprema do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa,
foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no
mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde
não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa,
como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e
mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana,
espanhola, italiana, mexicana e brasileira). Marcante contribuição sua
para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas
de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados. Teve
ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e
letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O'Neill. Rodrigues falava e cantava em castelhano, galego, francês, italiano e inglês.
O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Entre sombras misteriosas Em rompendo ao longe estrelas Trocaremos nossas rosas Para depois esquecê-las
Se o meu sangue não me engana Como engana a fantasia Havemos de ir a Viana Ó meu amor de algum dia Ó meu amor de algum dia Havemos de ir a Viana Se o meu sangue não me engana Havemos de ir a Viana
Partamos de flor ao peito Que o amor é como o vento Quem para perde-lhe o jeito E morre a todo o momento
Se o meu sangue não me engana Como engana a fantasia Havemos de ir a Viana Ó meu amor de algum dia Ó meu amor de algum dia Havemos de ir a Viana Se o meu sangue não me engana Havemos de ir a Viana
Ciganos, verdes ciganos Deixai-me com esta crença Os pecados têm vinte anos Os remorsos têm oitenta
Nasceu no seio de uma família fidalga, filho de António Homem de Melo
e de Maria do Pilar da Cunha Pimentel, tendo, desde cedo, sido imbuído
de ideais monárquicos, católicos e conservadores. Foi sempre um
sincero amigo do povo e a sua poesia é disso reflexo. O seu pai,
pertenceu ao círculo íntimo do poeta António Nobre.
Estudou Direito em Coimbra, acabando por se licenciar em Lisboa, em 1926.
Exerceu a advocacia, foi subdelegado do Procurador da República e,
posteriormente, professor de português em escolas técnicas do Porto
(Mouzinho da Silveira e Infante D. Henrique), tendo sido diretor da
Mouzinho da Silveira. Membro dos Júris dos prémios do secretariado da
propaganda nacional. Foi um entusiástico estudioso e divulgador do
folclore português, criador e patrocinador de diversos ranchos
folclóricos minhotos, tendo sido, durante os anos 60 e 70, autor e apresentador de um popular programa na RTP sobre essa temática.
Pedro
Homem de Melo casou com Maria Helena Pamplona e teve dois filhos:
Maria Benedita, que faleceu ainda criança, e Salvador Homem de Melo, já
falecido, que foi casado com Maria Helena Moreira Telles da Silva, de
quem teve uma filha, Mariana Telles da Silva Homem de Mello, e depois
com Maria José Barros Teixeira Coelho, de quem teve uma filha, Rita
Teixeira Coelho Homem de Melo.
Foi um dos colaboradores do movimento da revista Presença.
Apesar de gabada por numerosos críticos, a sua vastíssima obra
poética, eivada de um lirismo puro e pagão (claramente influenciada por
António Botto e Federico García Lorca), está injustamente votada ao esquecimento. Entre os seus poemas mais famosos destacam-se Povo que Lavas no Rio e Havemos de Ir a Viana, imortalizados por Amália Rodrigues, e O Rapaz da Camisola Verde.
Afife (Viana do Castelo) foi a terra da sua adoção. Ali viveu durante anos, num local paradisíaco, no Convento de Cabanas, junto ao rio com o mesmo nome, onde escreveu parte da sua obra, "cantando" os costumes e as tradições de Afife e da Serra de Arga.
Música de Alain Oulman e letra de Alexandre O'Neill
Se uma gaivota viesse trazer-me o céu de Lisboa no desenho que fizesse, nesse céu onde o olhar é uma asa que não voa, esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração no meu peito bateria, meu amor na tua mão, nessa mão onde cabia perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro, dos sete mares andarilho, fosse quem sabe o primeiro a contar-me o que inventasse, se um olhar de novo brilho no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração no meu peito bateria, meu amor na tua mão, nessa mão onde cabia perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida as aves todas do céu, me dessem na despedida o teu olhar derradeiro, esse olhar que era só teu, amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração no meu peito morreria, meu amor na tua mão, nessa mão onde perfeito bateu o meu coração.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa,
foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no
mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora,
onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular
portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado
fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa,
americana, espanhola, italiana, brasileira). Marcante contribuição sua
para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar
poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de
musicados. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos
maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill e outros.
Filha de Albertino de Jesus Rodrigues, um músico sapateiro que, para
sustentar os quatro filhos e a mulher, Lucinda da Piedade Rebordão,
tentou a sua sorte em Lisboa. Amália nasceu a 1 de julho de 1920, porém apenas foi registada dias depois, tendo no seu assento de nascimento como nascida às cinco horas de 23 de julho de 1920, na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de julho ("no tempo das cerejas"), e dizia: Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.
Poema de Reinaldo Ferreira e música de Alain Oulman
Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!
E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.
Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?
Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.
Era um apaixonado pelos livros, pela música e por Amália. Foi apresentado a Amália, em 1962, por Luís de Macedo, diplomata em Paris, durante umas férias na Praia do Lisandro, perto da Ericeira. Oulman mostrou a Amália uma música que tinha composto ao piano, sobre o poema Vagamundo de Luís de Macedo.
O álbum Busto, editado em 1962, marcou o início de colaboração de Alain Oulman com Amália. Foi ele quem levou os poetas portugueses, como Luís de Camões, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill ou Manuel Alegre,
para dentro de casa de Amália. Alain Oulman é também considerado o
principal responsável por uma profunda alteração na música que a
acompanhava.
Foi também ele que compôs a música do conhecido fado A Minha terra é Viana do poeta Pedro Homem de Mello, do álbum Cantigas numa Língua Antiga.
Oulman, pessoa de esquerda, é perseguido e preso pela PIDE. Amália tudo fez para o apoiar aquando da sua prisão. É deportado para França.
"A sua ativa solidariedade com a luta antifascista portuguesa
levou-o a ser preso pela PIDE, sendo expulso de Portugal e fixando-se
definitivamente em Paris", lê-se no 'site' oficial do Partido Comunista Português.
Oulman escreveu a música para Meu Amor é Marinheiro, com base em A Trova do Amor Lusíada, que Manuel Alegre escreveu quando esteve preso em Caxias.
Após o 25 de abril de 1974,
Alain Oulman fez parte da minoria que defendeu Amália, quando esta
foi acusada de estar ligada ao anterior regime, escrevendo cartas para
os jornais "República" e "O Século".
"Alain Oulman, que em sucessivos discos publicados nos anos 50 e 60 soube transformar a fadista Amália Rodrigues - cuja popularidade era incontestada desde o final da Segunda Guerra
- na «Amalia», sem acento, que se tornou diva internacional. Oulman
divulgou a voz, mas soube renovar-lhe a cada passo os atributos com
desafios ousados: primeiro, já não apenas a guitarra e a viola, mas
também os acompanhamentos orquestrais, depois as variações sobre estes,
conduzindo-a ao extremo de um «jazz combo»."
"Eu tenho uma proximidade muito maior com a Amália dos anos 60,
do período do Oulman. Cabe tudo ali - e é isso que lhe dá dimensão.
Nós não podemos reduzi-la - como ela nunca se quis reduzir - a um
qualquer sub-género do seu reportório."
Se uma gaivota viesse trazer-me o céu de Lisboa no desenho que fizesse, nesse céu onde o olhar é uma asa que não voa, esmorece e cai no mar. Que perfeito coração no meu peito bateria, meu amor na tua mão, nessa mão onde cabia perfeito o meu coração. Se um português marinheiro, dos sete mares andarilho, fosse quem sabe o primeiro a contar-me o que inventasse, se um olhar de novo brilho no meu olhar se enlaçasse. Que perfeito coração no meu peito bateria, meu amor na tua mão, nessa mão onde cabia perfeito o meu coração. Se ao dizer adeus à vida as aves todas do céu, me dessem na despedida o teu olhar derradeiro, esse olhar que era só teu, amor que foste o primeiro. Que perfeito coração no meu peito morreria, meu amor na tua mão, nessa mão onde perfeito bateu o meu coração.
Erros meus, má fortuna, amor ardente Erros meus, má fortuna, amor ardente Em minha perdição se conjuraram; Os erros e a fortuna sobejaram, Que pera mim bastava amor somente. Tudo passei; mas tenho tão presente A grande dor das cousas que passaram, Que as magoadas iras me ensinaram A não querer já nunca ser contente. Errei todo o discurso de meus anos; Dei causa [a] que a Fortuna castigasse As minhas mal fundadas esperanças. De amor não vi senão breves enganos. Oh! quem tanto pudesse, que fartasse Este meu duro Génio de vinganças!
Era um apaixonado pelos livros, pela música e por Amália. Foi apresentado a Amália, em 1962, por Luís de Macedo, diplomata em Paris, durante umas férias na Praia do Lisandro, perto da Ericeira. Oulman mostrou a Amália uma música que tinha composto ao piano, sobre o poema Vagamundo de Luís de Macedo.
O álbum Busto, editado em 1962, marcou o início de colaboração de Alain Oulman com Amália. Foi ele quem levou os poetas portugueses, como Luís de Camões, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill ou Manuel Alegre,
para dentro de casa de Amália. Alain Oulman é também considerado o
principal responsável por uma profunda alteração na música que a
acompanhava.
Foi também ele que compôs a música do conhecido fado A Minha terra é Viana do poeta Pedro Homem de Mello, do álbum Cantigas numa Língua Antiga.
Oulman, pessoa de esquerda, é perseguido e preso pela PIDE. Amália tudo fez para o apoiar aquando da sua prisão. É deportado para França.
"A sua ativa solidariedade com a luta antifascista portuguesa
levou-o a ser preso pela PIDE, sendo expulso de Portugal e fixando-se
definitivamente em Paris", lê-se no 'site' oficial do Partido Comunista Português.
Oulman escreveu a música para Meu Amor é Marinheiro, com base em A Trova do Amor Lusíada, que Manuel Alegre escreveu quando esteve preso em Caxias.
Após o 25 de abril de 1974,
Alain Oulman fez parte da minoria que defendeu Amália, quando esta
foi acusada de estar ligada ao anterior regime, escrevendo cartas para
os jornais "República" e "O Século".
"Alain Oulman, que em sucessivos discos publicados nos anos 50 e 60 soube transformar a fadista Amália Rodrigues - cuja popularidade era incontestada desde o final da Segunda Guerra
- na «Amalia», sem acento, que se tornou diva internacional. Oulman
divulgou a voz, mas soube renovar-lhe a cada passo os atributos com
desafios ousados: primeiro, já não apenas a guitarra e a viola, mas
também os acompanhamentos orquestrais, depois as variações sobre estes,
conduzindo-a ao extremo de um «jazz combo»."
"Eu tenho uma proximidade muito maior com a Amália dos anos 60,
do período do Oulman. Cabe tudo ali - e é isso que lhe dá dimensão.
Nós não podemos reduzi-la - como ela nunca se quis reduzir - a um
qualquer sub-género do seu reportório."
Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!
E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.
Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?
Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.