sexta-feira, julho 03, 2020

Laura Branigan nasceu há 63 anos

    
Laura Ann Branigan Kruteck (Brewster, 3 de julho de 1957East Quogue, 26 de agosto de 2004) foi uma cantora e atriz norte-americana conhecida mundialmente como Laura Branigan.
Laura nasceu em 3 de julho de 1957 em Brewster, no Condado de Putnam, estado de Nova Iorque.
Casou-se em 1981 com o advogado Lawrence Kruteck, 20 anos mais velho que ela. Pouco depois de ter sido diagnosticado um cancro do cólon ao seu marido, retirou-se temporariamente da cena musical, em 1994, para o acompanhar nos tratamentos, até à morte do seu companheiro, em 15 de junho de 1996.
Ficou mundialmente famosa devido a grandes hits músicais como "Gloria", "Solitaire", "How Am I Supposed To Live Without You, "Self Control", "Ti Amo", "Spanish Eddie", "I Found Someone", "Power of Love", "Shattered Glass", "Never In A Million Years" e "Over You".
Faleceu subitamente, em sua casa, em Long Island, Nova Iorque, a 26 de agosto de 2004, vítima de um aneurisma cerebral não-diagnosticado. Tinha apenas 47 anos de idade.
Laura Branigan começou a carreira fazendo coros para Leonard Cohen, nos anos 70, e no ano de 1973 entrou para a banda Meadow no qual fez alguns vocais a solo, porém a banda não obteve sucesso, e desapareceu no mesmo ano.
Em 1981 seria lançado o seu primeiro álbum solo, intitulado "Silver Dreams". Deste álbum algumas faixas chegaram a ser executadas em rádios, o single "Looking For A Number One" chegou a ser lançado oficialmente e a canção "Fools Affair" teve um video-clipe. Porém nas vésperas de lançamento o álbum foi cancelado.
Tornou-se conhecida do público em 1982, após o sucesso de "Gloria", versão de uma canção do cantor e compositor italiano Umberto Tozzi que lhe rendeu sua primeira indicação ao Grammy. E assim, veio o primeiro álbum a solo intitulado "Branigan", além de "Glória" o álbum tem outros sucessos como "All Night With Me".
Em 1983 lançou seu segundo álbum intitulado "Branigan 2" e trouxe as baladas românticas "Solitaire" e "How Am I Supposed to Live Without You" (gravada mais tarde por Michael Bolton) que conseguiram manter o nível de sucesso atingido por "Gloria". A cantora também gravou neste mesmo ano a canção "Imagination" para a banda sonora de "Flashdance", e também fez sua primeira atuação como atriz no episódio "Fox Trap" da série CHiPs no qual interpretou a personagem "Sarah".
Em 1984 lançou o seu terceiro álbum intitulado "Self Control", versão do italiano Raf, cujo vídeo, dirigido por William Friedkin, foi inicialmente banido da MTV por ser muito "sexualmente sugestivo". Além de "Self Control" o álbum teve outros singles de sucesso como "The Lucky One" e "Ti Amo", nova versão de um sucesso de Tozzi. Foi o álbum mais vendido de Laura Branigan. No mesmo ano gravou a canção "Hot Night" para a banda sonora do filme "Ghostbusters" ("Os Caça-Fantasmas") e participou da série Automan no episódio "Murder MTV". Ainda em 1984 gravou a canção "Sharp-Shooter", para o filme "Body Rock".
1985 é o ano do álbum "Hold Me", o seu quarto álbum de estúdio. Este álbum trouxe grandes sucessos como "Spanish Eddie", "I Found Someone" (dois anos depois regravada por Cher) e "Maybe Tonight". Trouxe também sucessos moderados como "Forever Young" (regravação de um sucesso do grupo Alphaville) e "Tenderness". Neste mesmo ano Laura Branigan atua no seu primeiro papel de protagonista, no filme Mugsy's Girls, também conhecido como Delta Pi. No filme Laura interpreta "Monica", e contracena com Ruth Gordon.
Em 1987 foi lançado o quinto álbum, "Touch", que incluía o tema "Shattered Glass" produzido por Stock-Aitken & Waterman. Esse disco teve como grande sucesso a canção "The Power of Love", regravação da canção de Jennifer Rush que havia feito algum sucesso dois anos antes. Porém, na versão de Branigan o "The" foi omitido do título, ficando apenas "Power of Love". O álbum teve também sucessos moderados como "Cry Wolf" e "Spirit of Love".
No ano de 1988 Laura Branigan protagoniza o seu segundo filme chamado Backstage. No filme seu personagem é "Kate Lawrence" uma estrela pop americana. No mesmo ano gravou o dueto "Come Into My Life" com Joe Esposito, para a banda sonora de Um príncipe em Nova York; e também "Your Love" para o filme Salsa - O Filme Quente.
Em 1990 lançou o seu sexto álbum de estúdio como o nome de "Laura Branigan (álbum)". O álbum teve grande repercussão, e trouxe sucessos como "Moonlight On Water" e "Never In A Million Years". Músicas que não foram singles oficiais também ganharam popularidade como é o caso da balada romântica "No Promise, No Guarantee" e as dançáveis "Turn The Beat Around" e "Reverse Psychology".
Em 1991 atuou na série Monsters no episódio "A Face fo Radio", onde interpretou a personagem "Amanda Smith-Jones".
Em 1993 foi o ano de "Over My Heart", o sétimo álbum de estúdio da cantora. Este porém, não foi muito bem aceite pela crítica, talvez pelo facto de ser um álbum mais independente e pessoal de Laura Branigan. Mas mesmo assim teve como grande sucesso a canção "Over You", e sucessos moderados como "Didn't We Almost Win It All" e "It's Been Hard Enough Getting Over You".
Em 1995 lançou "Dim All the Lights", regravação da canção de Donna Summer, que seria seu último single, para a sua primeira coletânea oficial chamada "The Best of Branigan" a coletânea trouxe também a regravação de "Show Me Heaven". Neste mesmo ano Laura Branigan se afastou definitivamente da indústria musical para cuidar do marido, a quem havia sido diagnosticado cancro.
Em 2002 interpretou Janis Joplin na peça Love, Janis, sendo alternante da cantora Amy Jo Johnson. A peça musical, que ganhou notoriedade como um tributo à cantora Janis Joplin, foi exibida no circuito teatral fora da Broadway. Ainda nesse ano, "Self Control" foi incluída no popular jogo eletrónico Grand Theft Auto: Vice City.
Em 2004, ano de sua morte, foi lançado o álbum "Remember Me: The Last Recordings" que contém algumas faixas inéditas gravadas por Branigan e novos vocais para "Gloria" e "Self Control". O álbum teve quatro singles "The Challenge", "The Winner Takes It All" (regravação do grupo ABBA), "Gloria 2004" e "Self Control 2004".
Em 2006 o seu maior hit "Gloria" foi incluído na trilha sonora do popular jogo eletrónico Grand Theft Auto: Vice City Stories
Em 2007 o seu hit "How Am I Supposed to Live Without You" apareceu na série Todo Mundo Odeia o Chris, no episódio "Everybody Hates the Bachelor Pad". E no mesmo ano o hit "Self Control" tocou na série Arquivo Morto no episódio "Shuffle, Ball Change".
   
  

Brian Jones morreu há 51 anos


Lewis Brian Hopkin Jones (Cheltenham, Gloucestershire, 28 de fevereiro de 1942 - Essex, 3 de julho de 1969) foi um músico inglês e membro-fundador da banda The Rolling Stones.
Filho de um engenheiro da marinha inglesa, Lewis Jones, com uma dona de casa, Brian era conhecido pela sua versatilidade musical, tocando vários instrumentos diferentes, ainda que se tenha notabilizado como guitarrista da banda. Músico de origem clássica (Brian aprendeu a tocar com a sua mãe, que dava aulas de piano numa Igreja próxima) era inicialmente o único músico da banda capaz de ler e escrever partituras.
Durante o seu período nos Rolling Stones ele manteve uma inventividade que gerou o Rolling Stones Rock'n Roll Circus, entre outros. Costumava usar roupas extravagantes, além de um estilo de vida baseado no "sexo, drogas e rock'n roll".
Apesar da fama e fortuna originada pelo sucesso da banda, Brian acabou por ceder ao uso desregrado de drogas, o que lhe valeu a saída do grupo, em 8 de junho de 1969. Menos de um mês depois, no dia 3 de julho, Brian foi encontrado afogado na piscina de sua casa, Cotchford Farm, em Sussex, antiga casa do escritor A. A. Milne, criador do Ursinho Pooh, que o músico adorava. Desde a sua morte, tida oficialmente como acidental, muitas dúvidas e livros encheram os media, alimentando muitas teorias conspiratorias.
Apesar dos poucos anos de vida é considerado um dos mentores do estilo adotado pela banda. Deixou um grande número de fãs que praticam um culto da sua imagem e contribuição musical até os dias de hoje.
Na primavera de 1962, Jones convidou Jagger e Richards para formar uma banda, que se chamaria The Rolling Stones, inspirado numa citação de uma canção de Muddy Waters (Rollin' Stone) que dizia: "… pedras rolantes não criam musgo…", e cujo nome foi utilizado oficialmente, pela primeira vez, na sua apresentação no Marquee Club de Londres, em 12 de julho de 1962.
Embora não tivesse a mesma facilidade de Keith e Jagger para compor músicas, ele era um grande instrumentista, sendo, com George Harrison, um dos primeiros músicos de rock a introduzir a cítara em suas músicas. Tocava gaita tão bem quanto guitarra, assim como vários outros instrumentos, sendo responsável por várias contribuições marcantes em músicas dos Stones, como a harpa em "You got the Silver", saxofone em "Dandelion", acordeão em Back Street Girl, entre outras. Fez os slides de guitarra na versão dos Stones de "I wanna be your man", em "I'm king bee" e outros. Também tocou o saxfone na música dos Beatles, "You Know My Name (Look Up the Number)", em 8 de junho de 1967. Ainda em 1967, ele compôs a banda sonora do filme A Degree Of Murder, no qual Anita Pallenberg, (a sua namorada na época) atuou como protagonista.
Foi afastado da banda em 1969, por causa de sua dependência de drogas, sendo substituído por Mick Taylor. O seu último álbum feito com os Stones foi Let it Bleed, e ele tocou apenas em algumas músicas.
   
  

Romé de l'Isle, o criador da moderna cristalografia, morreu há 230 anos

   Estátua de Jean-Baptiste Romé de l'Isle em sua cidade natal, Gray (Haute-Saône)
    
Jean-Baptiste Louis Romé de l'Isle (Gray, 26 de agosto de 1736 - Paris, 3 de julho de 1790) foi um mineralogista francês.
É considerado o criador da moderna cristalografia. Formulou a lei de constância dos ângulos interfaciais, no seu Tratado sobre Cristalografia (1772), baseado nas observações do geólogo Nicolaus Steno.
Em 1775 foi eleito membro estrangeiro da Academia Real das Ciências da Suécia.

Kafka nasceu há 137 anos

   
Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883 - Klosterneuburg, 3 de junho de 1924) foi um dos maiores escritores de ficção do século XX. Kafka era de origem judaica, nasceu em Praga, Áustria-Hungria (atual República Checa), e escrevia em língua alemã. O conjunto de seus textos - na maioria incompletos e publicados postumamente - situa-se entre os mais influentes da literatura ocidental.
Em obras como a novela A Metamorfose (1915) e romances como O Processo (1925) e O Castelo (1926), retratam indivíduos preocupados com um pesadelo de um mundo impessoal e burocrático.
   

João Rasteiro faz hoje 55 anos

   
João Rasteiro (Ameal, Coimbra, 1965) é um poeta português e ensaísta. É licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Universidade de Coimbra. Vive e trabalha actualmente em Coimbra, na Casa da Escrita, da Câmara Municipal Coimbra.
 
Biografia
Para além da sua escrita; essencialmente poesia, mas também alguma ficção e ensaio, traduziu para o português vários poemas da língua castelhana, de Harold Alvarado Tenorio a Miro Villar, Juan Armando Rojas Joo, Enrique Villagrasa, Juan Carlos García Hoyuelos e Antonio Colinas.
É Vogal de Direcção do Pen Clube Português e integra os Conselhos Editoriais das revistas DEVIR - Revista Ibero-americana de Cultura e “Folhas - letras & outros ofícios”.
Possui diversos poemas publicados em várias revistas e antologias em Portugal, Brasil, Moçambique, Itália, França, Colômbia, Honduras, Nicarágua,Finlândia, República Checa, Hungria, Chile, México, USA, e Espanha e vários poemas traduzidos para o espanhol, italiano, catalão, inglês, francês, holandês, checo, japonês, finlandês, húngaro, occitano e persa.
"Em João Rasteiro vamos encontrar uma poesia cujas principais referências e influências se vão encontrar em nomes como os dos poetas Herberto Helder, Fiama Hasse Pais Brandão ou Daniel Faria, mas também em nomes como os de Charles Bernstein ou Gertrude Stein. É uma poesia do corpo, físico e essencialmente do corpo da linguagem": (sic) ( Graça Capinha, Universidade de Coimbra).
Em 2005 integrou a antologia: “Cânticos da Fronteira/Cânticos de la Frontera (Trilce Ediciones - Junta de Castilha y León). Em 2007 fez parte do grupo de poetas convidados para o VI Encontro Internacional de Poetas de Coimbra, organizados pelo grupo de estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi também um dos poetas convidados para o III Festival Internacional de Poesia de Granada, Nicarágua. Em 2008 integrou a antologia "O Reverso do Olhar" - exposição Internacional de Surrealismo Actual. Em 2009 integrou a antologia: “Portuguesia: Minas entre os povos da mesma língua – antropologia de uma poética” (livro-DVD), organizada pelo poeta brasileiro Wilmar Silva e que engloba poéticas de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-leste, Goa,Macau e Galiza. Em 2009 integrou o livro de ensaios “O que é a poesia?”, organizado pelo brasileiro Edson Cruz. Em 2010 integrou a antologia "Poesia do Mundo VI", resultante dos VI[1] organizados pelo Grupo de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Em 2011 integrou o livro "Três Poetas Portugueses" [Editora RG, São Paulo), organizado pelo poeta Álvaro Alves de Faria. Em 2012 integrou a antologia de poesia portuguesa contemporânea "Corté la naranja en dos", (México, Ediciones Libera) com compilação e tradução de Fernando Reyes da Universidade Nacional Autónoma do México. Tem participado e diversos festivais literários (essencialmente de poesia), tanto em Portugal, como no estrangeiro. Em 2014, no âmbito dos XVII Encontros de Poetas Iberoamericanos (Salamanca), em que participou como poeta convidado, viu apresentado pelo poeta Antonio Colinas (com tradução de Alfredo Pérez Alencart e capa e imagens de Miguel Elias) no Centro de Estudos Brasileiros da USAL (Universidade de Salamanca) o seu livro “Salamanca ou a memória do Minotauro”. Em 2016, conjuntamente com Paulo José Miranda, foi poeta convidado a representar Portugal, no Festival de poesia VOIX VIVES, de Méditerranée en Méditerranée, em Sète, Languedoc, França.
Integra, desde a sua fundação, conjuntamente com Miguel Carvalho, Seixas Peixoto, Pedro Prata, Luiz Morgadinho e Rik Lina (Hol.), o "Cabo Mondego Section of the Portuguese Surrealism”, tendo participado na exposição “Surrealism in 2012” do Goggleworks Center for the Arts, Reading, EUA, com trabalhos individuais e colectivos, executados em parceria com os elementos do grupo.
Em 2009 e 2018 organizou antologias dedicadas à poesia portuguesa, respectivamente: "Poesia Portuguesa Hoje" (Arquitrave, Colômbia) e "Aquí, en Esta Babilonia" (Amargord, Espanha).
   
  
Com a morte, também o amor

Um dia, o excelso dilúvio do sangue
queimará a noite, também os livros
jazerão sós sob as túnicas de Istambul,
"com a morte, também o amor devia
acabar" – num único e violento segredo.

A melancolia esvoaçará dos orifícios
expiando a culpa, as criaturas cinzentas
comover-se-ão fartas pelo calor do tacto,
perecerão sozinhas - como a sua progénie.

E haverá a celebração dos precipícios
urdindo o beneplácito das heras, pois a flor
é um corpo excessivamente fresco e mortal,
o sangue, na primavera, é mais vermelho
que o barro nu – a terra é um lírio dobrado.

Porque amor e morte têm existência própria
convertem-se, mas os seus monstros subsistem
e subsistirão recolhidos à agonia do tempo
amando-se pelo ventre - até ao fim do mundo.

 

in Tríptico da Súplica (2011) - João Rasteiro

Jim Morrison morreu há 49 anos

   
James "Jim" Douglas Morrison (Melbourne, Flórida, 8 de dezembro de 1943 - Paris, 3 de julho de 1971) foi um cantor, compositor e poeta norte-americano, mais conhecido como o vocalista da banda de rock The Doors. Foi o autor da maior parte das letras da banda. Após aumento explosivo da fama dos The Doors em 1967, Morrison desenvolveu uma grave dependência de álcool que, juntamente com o consumo de drogas, culminou na sua morte, com 27 anos de idade, em Paris. Alguns dizem que veio a falecer devido a uma overdose de heroína, mas como não foi realizada autópsia, a causa exata de sua morte ainda é contestada.
Morrison era conhecido por muitas vezes dizer as suas Spoken word e poesias improvisadas enquanto a banda tocava ao vivo. Devido às suas performances e à sua personalidade selvagem, ele é considerado por críticos e fãs como um dos vocalistas mais icónicos, carismático e pioneiro do rock da história da música. Morrison foi classificado na 47° posição na lista da revista Rolling Stone dos "100 Maiores Cantores de Todos os Tempos ", e em 22° lugar na lista da revista Classic Rock dos "50 maiores cantores de rock".
   
    
  

Mark Sandman, vocalista dos Morphine, morreu há vinte e um anos

                                               
Mark Sandman (Newton, 24 de setembro de 1952 - Palestrina, 3 de julho de 1999) foi um músico dos Estados Unidos. Fundou a banda de blues Treat Her Right, que lançou três discos: Treat Her Right (1986), Tied To The Tracks (1989) e What's Good For You (1991).
Inovou ao criar a banda Morphine, que fazia uma fusão vitoriosa de rock e jazz. Formada apenas por baixo, sax e bateria, além da intervenção eventual de alguns outros instrumentos, a música do grupo servia de base para que Sandman, com sua voz aveludada, cantasse as suas belas poesias.
Mark veio a falecer, em 1999, durante um show na Itália, vítima de um ataque cardíaco fulminante.
   

quinta-feira, julho 02, 2020

Porque os outros se mascaram mas tu não...



Poesia adequada à data...

(imagem daqui)
 
Porque
 
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
 
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
 
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
 
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
 
  
Sophia de Mello Breyner Andresen

Oitenta e oito anos de saudade...

(imagem daqui)
     
Regulus
 
Não há sombra para nela abrigares
o olhar das estilhas da luz no amanhecer.
 
Nenhuma trama nasce dos teus passos
que o vento não apague, com o andar.
  
Sem passado, tens por céu um alvo
neutro como o horizonte. Não há intenção
  
por detrás do sono dos teus passos,
posto que é tudo deserto à tua volta.
  
As cidades foram o lugar de uma morte espaçosa
enquanto a chama ia medrando no calor.
  
  
in As Esperas e outros poemas (1997) - Paulo Teixeira

Zélia Gattai nasceu há 104 anos

(imagem daqui)
   
Zélia Gattai Amado (São Paulo, 2 de julho de 1916 - Salvador, 17 de maio de 2008) foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste.
  
Início
Filha dos imigrantes italianos, Angelina e Ernesto Gattai, é a mais nova de cinco irmãos. Nasceu e morou durante toda a infância na Alameda Santos, 8, Consolação, em São Paulo.
Zélia participava, com a família, do movimento político-operário anarquista que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, no início do século XX. Aos vinte anos, casou-se com Aldo Veiga. Deste casamento, que durou oito anos, teve um filho, Luís Carlos, nascido na cidade de São Paulo, em 1942.
   
Jorge Amado e Zélia
Leitora entusiasta de Jorge Amado, Zélia Gattai conheceu-o em 1945, quando trabalharam juntos num movimento pela amnistia dos presos políticos. A união do casal deu-se poucos meses depois. A partir de então, Zélia Gattai trabalhou ao lado do marido, passando, à máquina, os seus originais e auxiliando-o no processo de revisão.
Em 1946, com a eleição de Jorge Amado para a Câmara Federal, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro, onde nasceu o filho João Jorge, em 1947. Um ano depois, com o Partido Comunista declarado ilegal, Jorge Amado perdeu o mandato, e a família teve que se exilar.
Viveram em Paris durante três anos, período em que Zélia Gattai fez os cursos de civilização francesa, fonética e língua francesa na Sorbonne. De 1950 a 1952, a família viveu na Checoslováquia, onde nasceu a filha Paloma. Foi neste tempo de exílio que Zélia Gattai começou a fazer fotografias, tornando-se responsável pelo registo, em imagens, de cada um dos momentos importantes da vida do escritor baiano.
Em 1963, mudou-se com a família para a casa do Rio Vermelho, em Salvador, na Bahia, onde tinha um laboratório e se dedicava à fotografia, tendo lançado a fotobiografia de Jorge Amado intitulada Reportagem incompleta.
   
Escritora
Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, Anarquistas, graças a Deus, ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil. A sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.
Anarquistas, graças a Deus, foi adaptado para mini-série pela Rede Globo e Um chapéu para viagem foi adaptado para o teatro.
   
Homenagens
Baiana por merecimento, Zélia Gattai recebeu em 1984 o título de cidadã da Cidade do Salvador.
Na França, recebeu o título de cidadã de honra da comuna de Mirabeau (1985) e a Comenda des Arts et des Lettres, do governo francês (1998). Recebeu ainda, no grau de comendadora, as ordens do Mérito da Bahia (1994) e do Infante Dom Henrique (Portugal, 1986).
A prefeitura de Taperoá, no estado da Bahia, homenageou Zélia Gattai dando o nome da escritora à sua Fundação de Cultura e Turismo, em 2001.
Em 2001, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 23, anteriormente ocupada por Jorge Amado, que teve Machado de Assis como primeiro ocupante e José de Alencar como patrono. No mesmo ano, foi eleita para a Academia de Letras da Bahia e para a Academia Ilheense de Letras. Em 2002, tomou posse nas três. É mãe de Luís Carlos, Paloma e João Jorge. É amiga de personalidades e gente simples. No lançamento do livro Jorge Amado: um baiano romântico e sensual, em 2002, numa livraria de Salvador, estavam pessoas como António Carlos Magalhães, Sossó, Calasans Neto, Auta Rosa, Bruna Lima, Antonio Imbassahy e James Amado, entre outros.
Ao lançar seu primeiro livro, Anarquistas graças a Deus, Zélia Gattai recebeu o Prémio Paulista de Revelação Literária de 1979. No ano seguinte, recebeu o Prémio da Associação de Imprensa, o Prémio McKeen e o Troféu Dante Alighieri. A Secretaria de Educação do Estado da Bahia concedeu-lhe a Medalha Castro Alves, em 1987. Em 1988, recebeu o Troféu Avon, como destaque da área cultural e o Prémio Destaque do Ano de 1988, pelo livro Jardim de inverno. O livro de memórias Chão de meninos recebeu o Prémio Alejandro José Cabassa, da União Brasileira de Escritores, em 1994.
   

El-Rei D. Manuel II faleceu há 88 anos...

   
D. Manuel II de Portugal (nome completo: Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orleães Saboia e Saxe-Coburgo-Gotha) (15 de novembro de 18892 de julho de 1932) foi o trigésimo-quinto e último Rei de Portugal. D. Manuel II sucedeu ao seu pai, o Rei D. Carlos I, depois do assassinato deste e do seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. Luís Filipe, a 1 de fevereiro de 1908. Antes da sua ascensão ao trono, D. Manuel foi duque de Beja e Infante de Portugal.
(...)
Morte
Faleceu inesperadamente na sua residência, a 2 de julho de 1932, sufocado por um edema da glote. O governo português, chefiado por António de Oliveira Salazar, autorizou a sua sepultura em Lisboa, organizando o funeral com honras de Estado. Os seus restos mortais chegaram a Portugal, em 2 de agosto, sendo sepultados no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.
   
Balanço
Passou à história com os cognomes O Patriota, pela preocupação que os assuntos pátrios sempre lhe causaram; O Desventurado, em virtude da Revolução que lhe retirou a coroa; O Estudioso ou o Bibliófilo (devido ao seu amor pelos livros antigos e pela literatura portuguesa). Os monárquicos chamavam-lhe O Rei-Saudade, pela saudade que lhes deixou, após a abolição da monarquia.
   
(imagem daqui)
  

Nabokov morreu há 43 anos


Vladimir Vladimirovich Nabokov (São Petersburgo, 22 de abril de 1899 - Montreux, Suíça, 2 de julho de 1977) foi um escritor russo-americano. Nabokov escreveu os seus primeiros nove romances em russo e então chegou à fama internacional como um mestre estilista de prosa em inglês. Também fez contribuições para a entomologia e tinha interesse em problemas de xadrez.
Lolita (1955) é frequentemente citado entre os seus romances mais importantes e é o mais conhecido, apresentando o amor por intrincado jogo de palavras e o detalhe descritivo que caracteriza todas as suas obras. O romance foi classificado na quarta posição na lista dos 100 melhores romances da Modern Library. A sua autobiografia, intitulada Speak, Memory foi colocada na oitava posição na lista dos livros de não-ficção da Library Modern.
Nascido numa família da antiga aristocracia, em 1919, a instabilidade produzida pela revolução bolchevique (1917) obrigou-o a abandonar a União Soviética. Estudou em Cambridge e licenciou-se em literatura russa e francesa. Mudou-se para Berlim, onde iniciou sua produção literária e intenso trabalho como tradutor.
Em 1926, foi publicado o seu primeiro romance, Maria, acolhido com interesse e consideração. Fugindo dos exércitos nazis e após uma estada em Paris, chegou em 1940 aos Estados Unidos, onde se dedicou ao ensino de língua e literatura russa em várias universidades. Embora continuasse a escrever na sua língua materna, começou também a escrever em inglês, publicando o seu primeiro romance nesta língua em 1941 (The Real Life of Sebastian Knight). Publicou, em 1955, o polémico romance Lolita em inglês.
A partir de 1958, o sucesso alcançado por seus livros permitiu-lhe dedicar-se inteiramente aos seus principais interesses, a literatura e a entomologia.
   

Christoph Willibald Gluck nasceu há 306 anos

   
    
ChristophWillibald Gluck (Berching, 2 de julho de 1714 - Viena, 15 de novembro de 1787) foi um compositor musical alemão. Juntamente com o seu principal libretista, Ranieri de' Calzabigi (1714-1795), Gluck foi responsável pela “segunda reforma da ópera”. O impacto dessa reforma ecoou durante muito tempo na história da música. Por conta disso, durante mais de um século a obra de Gluck representou uma fronteira intransponível - nenhuma ópera séria, anterior à sua reforma, era representada de forma regular.
 
  

Hemingway morreu há 59 anos

   
Ernest Miller Hemingway (Oak Park, 21 de julho de 1899 - Ketchum, 2 de julho de 1961) foi um escritor norte-americano.
Trabalhou como correspondente de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola e a experiência inspirou uma de suas maiores obras, Por Quem os Sinos Dobram. No fim da Segunda Guerra Mundial instalou-se em Cuba.
  
Biografia
Hemingway fazia parte da comunidade de escritores expatriados em Paris, conhecida como "geração perdida", nome inventado e popularizado por Gertrude Stein. Levando uma vida turbulenta, Hemingway casou-se quatro vezes, além de ter tido vários relacionamentos românticos. Em 1952 publica "O Velho e o Mar", com o qual ganhou o prémio Pulitzer (1953), considerada a sua obra-prima. Foi laureado com o Nobel de Literatura de 1954.
A vida e a obra de Hemingway tem intensa relação com a Espanha, país onde viveu durante quatro anos. Uma breve passagem, mas marcante para um escritor americano que estabeleceu uma relação emotiva e ideológica com os espanhóis. Em Pamplona, meados do século XX, fascinado pelas touradas, a ponto de tornar-se um toureiro amador, transporta essa experiência para dois livros: O Sol Também Se Levanta (1926) e Por Quem os Sinos Dobram (1940). Ao cobrir a Guerra Civil Espanhola (1937) – como jornalista do North American Newspaper Alliance, não hesitou em se aliar às forças republicanas contra o fascismo.
Ainda muito jovem, decidiu ir à Europa pela primeira vez, quando a Grande Guerra assombrava o mundo (1918). Hemingway havia terminado o ensino secundário em Oak Park e trabalhado como jornalista no Kansas City Star. Tentou alistar-se, mas foi preterido por ter um problema na visão. Decidido a ir à guerra, conseguiu uma vaga de motorista de ambulância na Cruz Vermelha. Na Itália, apaixonou-se pela enfermeira Agnes Von Kurowsky, a sua inspiração na criação da heroína de Adeus às Armas (1929) – a inglesa Catherine Barkley. Atingido por uma bomba, retornou para Oak Park que, depois do que viu na Itália, tornou-se monótona demais.
   
Casamentos
Volta à Europa (Paris), em 1921, recém-casado com Elizabeth Hadley Richardson, no seu primeiro casamento, com quem teve um filho. Na ocasião, trabalhava para o Toronto Star Weeky e, em início de carreira, aproximou-se de outros principiantes na escrita: Ezra Pound (1885 – 1972), Scott Fitzgerald (1896 – 1940) e Gertrude Stein (1874 – 1940).
O seu segundo casamento (1927) foi com a jornalista de moda Pauline Pfeiffer. Com ela teve dois filhos. Em 1928, o casal decidiu morar em Key West, na Flórida. O escritor sentiu falta da vida de jornalista e correspondente internacional. O casamento com Pauline era instável. Nessa época conhece Joe Russell, dono do Sloppy Joe’s Bar e companheiro de farra. Já na década de 1930, resolveu partir com o amigo para uma pescaria. Dois dias em alto-mar que terminaram em Havana, capital cubana, para onde voltava anualmente na época da pesca do merlim (entre os meses de maio e julho). Hospedava-se no hotel Ambos Mundos, em plena Habana Vieja, bairro mais antigo da cidade que se tornava o lar do escritor, e os cenários que comporiam a sua história e a da própria ilha pelos próximos 23 anos. Duas décadas de turbulências que teriam como desfecho a revolução socialista e o suicídio do escritor.
Em Cuba, o escritor apaixonou-se por Jane Mason, casada com o diretor de operações da Pan American Airways e tornaram-se amantes. Em 1936, novamente apaixonado, desta feita pela destemida jornalista Martha Gellhorn, motivo do segundo divórcio, confirmando o que previu o seu amigo, Scott Fitzgerald, quando eles se conheceram em Paris: “Você vai precisar de uma mulher a cada livro”. Assim, Hemingway partiu para a Espanha, onde Martha já estava e, no meio da guerra, os dois viveram um romance que resultou no seu terceiro casamento. Quando a república caiu e a Europa vivia o prenúncio de um conflito generalizado, Hemingway retornou a Cuba com Martha.
Em 1946, o escritor casa-se pela quarta e última vez com Mary Welsh, também jornalista, mas tímida e disposta a viver ao lado de um Hemingway cada vez mais instável emocionalmente.
  
Suicídio
Ao longo da vida do escritor, o tema suicídio aparece em textos, cartas e conversas com muita frequência. O seu pai suicidou-se em 1929, por causa de problemas de saúde e financeiros. A sua mãe, Grace, dona de casa e professora de canto e ópera, atormentava-o com a sua personalidade dominadora. Ela enviou-lhe pelo correio a pistola com a qual o seu pai se havia matado. O escritor, atónito, não sabia se ela queria que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança.
Aos 61 anos e enfrentando problemas de hipertensão, diabetes, depressão e perda de memória, Hemingway decidiu-se pela primeira alternativa.
Todas as personagens deste escritor se defrontaram com o problema da "evidência trágica" do fim. Hemingway não pôde aceitá-la. A vida inteira jogou com a morte, até que, na manhã de 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho, utilizou uma arma de caça e disparou contra si mesmo.
Encontra-se sepultado em Ketchum Cemetery, Ketchum, Condado de Blaine, Idaho nos Estados Unidos.
   

Os Estados Unidos deixaram de ostracizar negros e mulheres há 56 anos

   
A Lei de Direitos Civis de 1964 foi decretada em 2 de julho de 1964 com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população afro-americana e feminina, por causa do Movimento dos direitos civis. A lei também pôs fim às segregações raciais em locais públicos e privados, permitindo aos cidadãos negros frequentar os mesmos ambientes e gozar dos mesmos direitos legais que os brancos - Martin Luther King foi quem conseguiu que essa lei fosse criada em benefício dos negros e mulheres norte americanos.
   

Sophia morreu há dezasseis anos...

(imagem daqui)
   
Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de novembro de 1919 - Lisboa, 2 de julho de 2004) foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999. Desde 2014 está no Panteão Nacional.
  
Biografia
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro de 1919 no Porto. Sophia era filha de Maria Amélia de Mello Breyner e de João Henrique Andresen, com origem dinamarquesa pelo lado paterno, pois o seu bisavô, Jan Heinrich Andresen, desembarcou um dia no Porto e nunca mais abandonou esta região, tendo o seu filho João Henrique comprado, em 1895, a Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botânico do Porto. Como afirmou em entrevista, em 1993, essa quinta "foi um território fabuloso com uma grande e rica família servida por uma criadagem numerosa". A mãe, Maria Amélia de Mello Breyner, é filha do Tomás de Mello Breyner, conde de Mafra, médico e amigo do rei D. Carlos. Maria Amélia é também neta do conde Henrique de Burnay, um dos homens mais ricos do seu tempo.
Criada na velha aristocracia portuguesa, educada nos valores tradicionais da moral cristã, foi dirigente de movimentos universitários católicos quando frequentava Filologia Clássica na Universidade de Lisboa (1936-1939) que nunca chegou a concluir. Colaborou na revista Cadernos de Poesia, onde fez amizades com autores influentes e reconhecidos: Ruy Cinatti e Jorge de Sena. Veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal, apoiando o movimento monárquico e denunciando o regime salazarista e os seus seguidores. Ficou célebre como canção de intervenção dos Católicos Progressistas a sua "Cantata da Paz", também conhecida e chamada pelo seu refrão: "Vemos, Ouvimos e Lemos. Não podemos ignorar!"
Casou-se, em 1946, com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mãe de cinco filhos: uma professora universitária de Letras, um jornalista e escritor (Miguel Sousa Tavares), um pintor e ceramista e mais uma filha que é terapeuta ocupacional e herdou o nome da mãe. Os filhos motivaram-na a escrever contos infantis.
Em 1964 recebeu o Grande Prémio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores pelo seu livro Livro Sexto. Já depois da Revolução de 25 de Abril, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo círculo do Porto numa lista do Partido Socialista, enquanto o seu marido navegava mais tarde rumo ao Partido Social Democrata.
Distinguiu-se também como contista (Contos Exemplares) e autora de livros infantis (A Menina do Mar, O Cavaleiro da Dinamarca, A Floresta, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana, etc.). Foi também tradutora de Dante Alighieri e de Shakespeare e membro da Academia das Ciências de Lisboa. Para além do Prémio Camões, foi também distinguida com o Prémio Rainha Sofia, em 2003.
Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de julho de 2004, em Lisboa, no Hospital da Cruz Vermelha. O seu corpo foi sepultado no Cemitério de Carnide. Em 20 de fevereiro de 2014, a Assembleia da República decidiu homenagear por unanimidade a poetisa com honras de Panteão e a cerimónia de trasladação teve lugar a 2 de julho de 2014.
Desde 2005, no Oceanário de Lisboa, os seus poemas, com ligação forte ao Mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposição, permitindo aos visitantes absorverem a força da sua escrita enquanto estão imersos numa visão de fundo do mar.
   
Caracterização da obra
Da sua infância e juventude, a autora recorda sobretudo a importância das casas, lembrança que terá grande impacto na sua obra, ao descrever as casas e os objectos dentro delas, dos quais se lembra. Explica isso do seguinte modo: "Tenho muita memória visual e lembro-me sempre das casas, quarto por quarto, móvel por móvel e lembro-me de muitas casas que desapareceram da minha vida (…). Eu tento «representar», quer dizer, "voltar a tornar presentes» as coisas de que gostei e é isso o que se passa com as casas: quero que a memória delas não vá à deriva, não se perca".
Está presente em Sophia também uma ideia da poesia como valor transformador fundamental. A sua produção corresponde a ciclos específicos, com a culminação da actividade da escrita durante a noite: "não consigo escrever de manhã, (…) preciso daquela concentração especial que se vai criando pela noite fora.". A vivência nocturna da autora é sublinhada em vários poemas ("Noite", "O luar", "O jardim e a noite", "Noite de Abril", "Ó noite"). Aceitava a noção de poeta inspirado, afirmava que a sua poesia lhe acontecia, como a Fernando Pessoa: "Fernando Pessoa dizia: «Aconteceu-me um poema». A minha maneira de escrever fundamental é muito próxima deste «acontecer». (…) Encontrei a poesia antes de saber que havia literatura. Pensava mesmo que os poemas não eram escritos por ninguém, que existiam em si mesmos, por si mesmos, que eram como que um elemento do natural, que estavam suspensos imanentes (…). É difícil descrever o fazer de um poema. Há sempre uma parte que não consigo distinguir, uma parte que se passa na zona onde eu não vejo". A sua própria vida e as suas próprias lembranças são uma inspiração para a autora, pois, como refere Dulce Maria Quintela, ela "fala de si, através da sua poesia".
Sophia de Mello Breyner Andresen fez-se poeta já na sua infância, quando, tendo apenas três anos, foi ensinada "A Nau Catrineta" pela sua ama Laura):
"Havia em minha casa uma criada, chamada Laura, de quem eu gostava muito. Era uma mulher jovem, loira, muito bonita. A Laura ensinou-me a "Nau Catrineta" porque havia um primo meu mais velho a quem tinham feito aprender um poema para dizer no Natal e ela não quis que eu ficasse atrás… Fui um fenómeno, a recitar a "Nau Catrineta", toda. Mas há mais encontros, encontros fundamentais com a poesia: a recitação da "Magnífica", nas noites de trovoada, por exemplo. Quando éramos um pouco mais velhos, tínhamos uma governanta que nessas noites queimava alecrim, acendia uma vela e rezava. Era um ambiente misto de religião e magia… E de certa forma nessas noites de temporal nasceram muitas coisas. Inclusivamente, uma certa preocupação social e humana ou a minha primeira consciência da dureza da vida dos outros, porque essa governanta dizia: «Agora andam os pescadores no mar, vamos rezar para que eles cheguem a terra» (…)."
Baseando-nos nas observações de Luísa Pessoa, desenvolvamos alguns dos tópicos mais relevantes na sua criação literária:
A infância e juventude – constituem para a Autora um espaço de referência ("O jardim e a casa", Poesia, 1944; "Casa", Geografia, 1967; "Casa Branca", Poesia, 1944; "Jardim Perdido", Poesia, 1944; "Jardim e a Noite", Poesia, 1944).
O contacto com a Natureza também marcou profundamente a sua obra. Era para a Autora um exemplo de liberdade, beleza, perfeição e de mistério e é largamente citada da sua obra, quer citada pelas alusões à terra (árvores, pássaros, o luar), quer pelas referências ao mar (praia, conchas, ondas).
O Mar é um dos conceitos-chave na criação literária de 'Sophia de Mello Breyner Andresen: "Desde a orla do mar/ Onde tudo começou intacto no primeiro dia de mim". O efeito literário da inspiração no Mar pode se observar em vários poemas, como, por exemplo, "Homens à beira-mar" ou "Mulheres à beira-mar". A autora comenta isso do seguinte modo:
"Esses poemas têm a ver com as manhãs da Granja, com as manhãs da praia. E também com um quadro de Picasso. Há um quadro de Picasso chamado Mulheres à beira-mar. Ninguém dirá que a pintura do Picasso e a poesia de Lorca tenham tido uma enorme influência na minha poesia, sobretudo na época do Coral… E uma das influências do Picasso em mim foi levar-me a deslocar as imagens."
Outros exemplos em que claramente se percebe o motivo do mar são: "Mar" em Poesia, 1944; "Inicial" em Dual, 1972; "Praia" em No Tempo dividido; "Praia" em Coral, 1950; "Açores" em O Nome das Coisas, 1977. Neles exprime-se a obsessão do mar, da sua beleza, da sua serenidade e dos seus mitos. O Mar surge aqui como símbolo da dinâmica da vida. Tudo vem dele e tudo a ele regressa. É o espaço da vida, das transformações e da morte.
A cidade constitui outro motivo frequentemente repetido na obra de SMB ("Cidade" em Livro Sexto, 1962; "Há Cidades Acesas", Poesia, 1944; "Cidade" em Livro Sexto, 1962; "Fúrias", Ilhas, 1989). A cidade é aqui um espaço negativo. Representa o mundo frio, artificial, hostil e desumanizado, o contrário da natureza e da segurança.
Outro tópico acentuado com frequência na obra de Sophia é o tempo: o dividido e o absoluto que se opõem. O primeiro é o tempo da solidão, medo e mentira, enquanto o tempo absoluto é eterno, une a vida e é o tempo dos valores morais ("Este é o Tempo", Mar Novo, 1958; "O Tempo Dividido", No Tempo Dividido, 1954). Segundo Eduardo Prado Coelho, o tempo dividido é o tempo do exílio da casa, associado com a cidade, porque a cidade é também feita pelo torcer de tempo, pela degradação.
'Sophia de Mello Breyner Andresen era admiradora da literatura clássica. Nos seus poemas aparecem frequentemente palavras de grafia antiga (Eurydice, Delphos, Amphora). O culto pela arte e tradição próprias da civilização grega são lhe próximos e transparecem pela sua obra ("O Rei de Itaca", O Nome das Coisas, 1977; "Os Gregos", Dual, 1972; "Exílio", O Nome das Coisas, 1977; "Soneto de Eurydice", No Tempo Dividido, "Crepúsculo dos Deuses", Geografia; "O Rei de Itaca", O Nome das Coisas, 1977; "Ressurgiremos", Livro Sexto, 1962).
Além dos aspectos temáticos referidos acima, vários autores sublinham a enorme influência de Fernando Pessoa na obra de 'Sophia de Mello Breyner Andresen. O que os dois autores têm em comum é: a influência de Platão, o apelo ao infinito, a memória de infância, o sebastianismo e o messianismo, o tom formal que evoca Álvaro de Campos. A figura de Pessoa encontra-se evocada múltiplas vezes nos poemas de Sophia ("Homenagem a Ricardo Reis", Dual, 1972; "Cíclades (evocando Fernando Pessoa)", O Nome das Coisas, 1977).
De modo geral, o universo temático da autora é abrangente e pode ser representado pelos seguintes pontos resumidos:
Quanto ao estilo de linguagem de 'Sophia de Mello Breyner Andresen, podemos constatar que Sophia de Mello Breyner tem um estilo característico, cujas marcas mais evidentes são: o valor hierático da palavra, a expressão rigorosa, o apelo à visão clarificadora, riqueza de símbolos e alegorias, sinestesias e ritmo evocador de uma dimensão ritual. Nota-se uma "transparência da palavra na sua relação da linguagem com as coisas, a luminosidade de um mundo onde intelecto e ritmo se harmonizam na forma melódica, perfeita".
A opinião sobre ela de alguns dos mais importantes críticos literários portugueses é a mesma: o talento da autora é unanimemente apreciado. Eduardo Lourenço afirma que a Sophia de Mello Breyner tem uma sabedoria "mais funda do que o simples saber", que o seu conhecimento íntimo é imenso e a sua reflexão, por mais profunda que seja, está exposta numa simplicidade original. Seguem alguns exemplos de outros estudiosos a comprovar essa opinião:

"A sua sensibilidade de poeta oscila entre o modernismo de expressão e um classicismo de tom, caracterizado por uma sobriedade extremamente dominada e por uma lucidez dialéctica que coloca muitas das suas composições na linha dos nossos melhores clássicos."
Álvaro Manuel Machado, Quem é Quem na Literatura Portuguesa

"Sophia de Mello Breyner Andresen é, quanto a nós, um caso ímpar na poesia portuguesa, não só pela difusa sedução dos temas ou pelos rigores da expressão, mas sobretudo por qualquer coisa, anterior a isso tudo, em que tudo isso se reflecte: uma rara exigência de essencial-idade".
David Mourão-Ferreira, Vinte Poetas Contemporâneos

"A poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen é (…) uma das vozes mais nobres da poesia portuguesa do nosso tempo. Entendamos, por sob a música dos seus versos, um apelo generoso, uma comunhão humana, um calor de vida, uma franqueza rude no amor, um clamor irredutível de liberdade – aos quais, como o poeta ensina, devemos erguer-nos sem compromissos nem vacilações."
Jorge de Sena, "Alguns Poetas de 1938" in Colóquio: Revista de Artes e Letras, nº 1, 01.01.59
Pranto pelo Dia de Hoje

Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruído
Por troças por insídias por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias tão subtis e tão peritas
Que nem podem sequer ser bem descritas

 

in Livro Sexto (1962) - Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, julho 01, 2020

Não sei porque te foste embora...



Hoje é dia de ouvir Fado...


Erros meus, má fortuna, amor ardente
 
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.
 
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
 
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
 
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
 
 
Luís de Camões

Hoje é dia de ouvir Amália...