sexta-feira, outubro 19, 2012

Portugal e a Cultura estão mais pobres...

Prémio Camões 2011
Morreu o escritor Manuel António Pina


O Prémio Camões de 2011 estava internado no Hospital de Santo António no Porto. Morreu esta tarde.Tinha 68 anos. O velório vai ser amanhã na Igreja do Foco.

Quando, em 2011, Manuel António Pina soube que lhe tinha sido atribuído o Prémio Camões por toda a sua obra - que inclui poesia, crónica, ensaio, literatura infantil e peças de teatro – afirmou: “É a coisa mais inesperada que podia esperar”.

Também a sua poesia tinha sentido de humor – o que é raro na poesia portuguesa - e mantinha vivo o diálogo com Fernando Pessoa. Na literatura infantil, Pina mostrava também essa tradição do “non sense”, da brincadeira sem deixar de lado a complexidade.

Era um cinéfilo e sabia cenas de alguns filmes de cor. Numa pequena biografia publicada há alguns anos na imprensa francesa dizia-se que gostava de “cultivar a imagem de poeta de ‘série B’ – para usar uma metáfora cinematográfica – neutralizando assim a tentação de fazer ‘a grande poesia’ fruto de auto-ironia e de uma dimensão manifestamente lúdica dos seus textos”.

Costumava citar Luiz Pacheco, que dizia que daqui a cem anos ninguém se lembrará do que escrevemos, para contrapor que essa meta acabava: já daqui a um ano. No entanto os seus livros, nomeadamente os infantis que formaram a geração que hoje tem mais de 40 anos, continuam a ser reeditados e não envelheceram.

Quando em 2011 foi publicada pela Assírio & Alvim, “Todas as palavras – Poesia Reunida (1974-2011)” o crítico Pedro Mexia lembrava no “Expresso”, que “os primeiros poemas de M. A. Pina, não sendo estritamente políticos, documentam uma certa ‘paz dos cemitérios’ e sugerem que ‘não é possível dizer mais nada mas também não é possível ficar calado’. Embora seja tarde, talvez não seja ainda demasiado tarde.”

O título do seu primeiro livro de poesia, “Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo Calma é Apenas um Pouco Tarde”, que foi publicado em 1974 tem sido lembrado nas redes sociais e em cartazes espalhados pelo Porto. É uma iniciativa POP para se criar uma versão nacional e actual do cartaz “keep calm and carry on” que, dizem na página que mantém no Facebook, contou com “o apoio e incentivo directo” de Manuel António Pina. O cartaz original foi criado para ser afixado em Londres, caso houvesse invasão alemã durante a II Guerra Mundial. O cartaz português retoma o título de Pina e é uma homenagem ao poeta “pelas palavras que há muito tempo escreve”: “Não é o fim nem o princípio do mundo, calma é a apenas um pouco tarde” procura “de certa forma, sensibilizar, motivar e mobilizar as pessoas tal como o da situação original”, explicam no Facebook.

O escritor que nasceu, em 1943, no Sabugal, na Beira Alta, vivia no Porto desde os 17 anos numa casa com muitos gatos, que lhe davam material de sobra para os poemas. Conta-se, e foi relatado no “JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias” em 2001, que durante a visita a uma exposição de retratos de escritores portugueses na Feira do Livro de Frankfurt, Helmut Kohl terá parado em frente da fotografia de Manuel António Pina e de um gato e perguntado quem era o escritor. Responderam-lhe que era “o do bigode”. E o chanceler terá dito: “Bigodes têm os dois”. Além de integrar a representação oficial da literatura portuguesa na Feira do Livro de Frankfurt, em 1997, o escritor esteve também na comitiva do Salão do Livro de Paris, em 2000, e no Salão do Livro de Genève, em 2001.

Durante a infância, foi-lhe difícil fazer amigos. Andou de terra em terra por causa da profissão do pai que era chefe das Finanças e também tinha o cargo de juiz das execuções fiscais. A família nunca chegava a ficar mais de seis anos em cada localidade. Foi o pai que o ensinou a ler e a escrever mesmo antes de ir para a escola e treinava a ler os títulos do “1º de Janeiro”. Desde os seis ou sete anos que escrevia poemas, que a sua mãe guardava, e embora só tivesse publicado o primeiro livro de poemas em 1974, começou a escrevê-lo em 1965.

Numa entrevista que deu ao “JL”, e 2001, contou que num dia de grande trovoada a mãe o foi encontrar de joelhos a escrever em cima de uma cadeira. Pensou que o filho estava a rezar mas afinal, Pina estava a escrever “uns versinhos sobre a história do milagre das rosas”. Era a sua maneira de combater o medo que tinha da trovoada. “Hoje, já não me assustam as trovoadas, mas continuo a escrever porque tenho medo. Se calhar, medo de ter medo, como dizia o O’Neill”, acrescentou.Tinha mais de 50 livros publicados e muitos dos seus livros nasceram da leitura de ensaios, disse na entrevista que deu depois de receber o Prémio Camões 2011 ao PÚBLICO. As suas amigas psicanalistas diziam-lhe que se não escrevesse, seria um bom cliente. Por isso brincava dizendo que a escrita lhe dava para poupar muito dinheiro.

Foi só depois do nascimento das suas filhas, a Sara em 1970 e a Ana em 1974, que começou a escrever literatura infantil. Em 1988 recebeu o Prémio do Centro Português para o Teatro para a Infância e Juventude (CPTIJ) pelo conjunto da sua obra neste domínio. Em 1993, recebeu o Prémio Nacional de Crónica, Press Club/ Clube de Jornalistas.

Em 2002, com a publicação de “Atropelamento e Fuga”, recebeu o Prémio da Crítica, atribuído pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários, ao conjunto da sua obra poética. Pelo livro de poesia “Os Livros”, editado pela Assírio & Alvim em 2003, recebeu o Prémio Luís Miguel Nava de Poesia e Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/ CTT. E em 2004, foi-lhe atribuído o Prémio de Crónica da Casa da Imprensa, pelo seu conjunto de crónicas publicadas em jornais e revistas.

Apesar de ter pensado ir para a Academia Militar, licenciou-se em direito em Coimbra. Inscreveu-se como voluntário porque os pais não tinham dinheiro para que vivesse lá. “Completei o curso sem assistir a nenhuma aula. Passava, às vezes, uns 15 dias em Coimbra, mas era para ir às aulas de Literatura do Vítor Aguiar e Silva, e também às do Paulo Quintela. Toda a gente pensava que eu as frequentava por causa das raparigas de Letras”, contou numa entrevista à revista do Clube de Jornalistas.

Foi tendo vários empregos: nas Contribuições e Impostos, a fazer inquéritos de rua, agência de informações comerciais, na Comissão dos Vinhos Verdes e ainda foi vendedor e deu aulas de português. Nos anos 80 exerceu advocacia mas desistiu da carreira para ir “trabalhar com palavras”.

Foi jornalista do “Jornal de Notícias” durante 30 anos, onde começou a trabalhar em 1971 quando ainda cumpria o serviço militar através de um concurso. Nessa altura, em tempos de ditadura, assinava com os seus nomes do meio: António Mota. E como não podia aparecer nas fotografias das entrevistas ou reportagens de frente, os fotógrafos chamavam-lhe o Sr. Costas. Desde 2001 que era colaborador permanente desta publicação e escrevia também para outros jornais e revistas.

Foi professor da Escola Superior de Jornalismo do Porto e membro do Conselho de Imprensa. Foi bolseiro do Centro Internacional de Teatro de Berlim junto do Grips Theater, na Alemanha, e poeta residente convidado da cidade de Villeneuve-sur-Lot, em França.

Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema e à televisão, transpostas para BD, bem como musicadas e editadas em disco. Trabalhou muito com a Companhia de Teatro portuense Pé de Vento.

Recentemente o Teatro O Bando apresentou o espectáculo “Ainda Não É o Fim”, a partir das suas crónicas e poemas e o encenador João Brites, considerou que os excertos dos textos de Manuel António Pina eram “um abrigo” onde aquela companhia de teatro podia “exercer a experimentação enquanto componente indissociável da criação”.

Para os amigos, como Osvaldo Silvestre, era “um privilégio ouvir Manuel António Pina discorrer, ao seu modo, sobre um assunto”. Todos os fiéis leitores da crónica diária, “Por outras Palavras”, que o escritor mantinha na última página do “JN”, o sabem. Gostava de jogar às cartas, de xadrez e do jogo oriental Go. Foi praticante da arte marcial vietnamita Viet Vo Dao (cinturão castanho) e foi chefe de redacção da revista de artes marciais “Shinkai”. Desde 2005 que era comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2001 recebeu a Medalha de Ouro de Mérito da Cidade do Porto e em 2005, um voto de louvor da Câmara Municipal do Porto pelo conjunto da sua obra literária.

"Um sítio onde pousar a cabeça" é o título do documentário, uma produção da RTP com realização de Alberto Serra e Ricardo Espírito Santo, dedicado à sua vida e à sua obra.

O corpo do escritor estará, este sábado, em câmara ardente na Igreja do Foco, no Porto, entre as 16.00 e as 22.00 horas, e a missa será celebrada no domingo às 09.30 horas. O funeral seguirá para o cemitério do Prado do Repouso.”

in Público - ler notícia

NOTA: era um escritor do meu concelho (Sabugal) que era muito apreciados, em todas as suas vertentes (jornalista, poeta, escritor de literatura infantil e muitas outras coisas) cá em casa; o meu marido apreciava a sua fina ironia, a sua estranha poesia e sua capacidade de resposta a provocações (veja-se o caso de, quando insultado pelo atual Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, lhe respondeu desta espantosa forma). Ficamos mais pobres e um pouco tristes, mas fica uma imensa obra que nos dará ainda, durante muitos anos, muito prazer...

A Noite Sangrenta da I república foi há 91 anos

Noite Sangrenta é a designação pela qual ficou conhecida a revolta radical de marinheiros e arsenalistas, que ocorreu em Lisboa a 19 de outubro de 1921, no decurso da qual foram assassinados, entre outros, António Granjo, então presidente do Ministério, Machado Santos e José Carlos da Maia, dois dos históricos da Proclamação da República Portuguesa, o comandante Freitas da Silva, secretário do Ministro da Marinha, e o coronel Botelho de Vasconcelos, antigo apoiante de Sidónio Pais no Arsenal da Marinha.
Na origem da revolta estive a demissão do governo de Liberato Damião Ribeiro Pinto, e a sua condenação a um ano de detenção (confirmada a 10 de setembro de 1921 pelo Conselho Superior de Disciplina do Exército), um conjunto de militares ligados àquela força policial, a que se juntaram militares do Exército e da Armada, se sublevou.

A visão do teatro e televisão do acontecimento
Os trágicos acontecimentos da noite de 19 de outubro de 1921 inspiraram espectáculo de teatro O Mistério da Camioneta Fantasma e a mini-série da RTP, Noite Sangrenta, ambas produções de 2010, ano em que se comemorava o centenário da implantação da República Portuguesa.


A infame camioneta (imagem daqui)


19 de outubro de 1921

O 19 de outubro de 1921 foi o fim da 1ª República. Formalmente ela continuou até 28 de maio de 1926. Pelo meio, alguns episódios grotescos de um regime em degenerescência: as governações de António Maria da Silva, o carbonário tornado o chefe todo poderoso do PRP e dos respectivos caciques, directas ou por interpostos testas de ferro; a eleição de Teixeira Gomes para a Presidência da República, uma manobra de Afonso Costa para tentar regressar ao poder; a renúncia de Teixeira Gomes quando percebeu que nem conseguia o regresso de Afonso Costa, nem passaria de um títere nas mão do odiado chefe do PRP: renunciou e abandonou o país no primeiro barco que zarpou da barra de Lisboa com destino ao estrangeiro.
Entre o assassinato de Sidónio Pais e os massacres de 19 de Outubro de 1921, Portugal, teoricamente um regime parlamentar, viveu sob uma ditadura tutelada pelos arruaceiros e rufias dos cafés e tabernas de Lisboa e pela Guarda Nacional Republicana, uma Guarda Pretoriana do regime, bem municiada de artilharia e armamento pesado, concentrada na zona de Lisboa e cujos efectivos passaram de 4575 homens em 1919 para 14 341 em 1921, chefiados por oficiais «de confiança», com vencimentos superiores aos do exército. A queda do governo de Liberato Pinto, o principal cacique e mentor da GNR, em Fevereiro de 1921, colocou as instituições democráticas na mira dos arruaceiros e pretorianos do regime a que se juntaram sindicalistas, anarquistas, efectivos do corpo de marinheiros, etc. O governo de António Granjo, formado a 30 de Agosto, era o alvo.
O nó górdio foi o caso Liberato Pinto, entretanto julgado e condenado em Conselho de Guerra por causa das suas actividades conspirativas. Juntamente com o Mundo, a Imprensa da Manhã, jornal sob a tutela de Liberato Pinto, atacavam diariamente o governo, tentando provar, através de documentos falsos, que o Governo projectava o cerco de Lisboa por forças do Exército, para desarmar a Guarda Nacional Republicana. No Diário de Lisboa apareceram, entretanto, algumas notas relativas ao futuro movimento. Em 18 de Agosto, um informador anónimo dizia da futura revolta: «Mot d'ordre: a revolução é a última. Depois, liquidar-se-ão várias pessoas».
O coronel Manuel Maria Coelho era o chefe da conjura. Acompanhavam-no, na Junta, Camilo de Oliveira e Cortês dos Santos, oficiais da G. N. R., e o capitão-de-fragata Procópio de Freitas. O republicanismo histórico do primeiro aliava-se às forças armadas, que seriam o pilar da revolução. Depois de uma primeira tentativa falhada, em que alguns dos seus chefes foram presos e libertos logo a seguir, o movimento de 19 de Outubro de 1921 desenrolou-se num dia apenas, entre a manhã e a noite. Três tiros de canhão disparados da Rotunda pela artilharia pesada da GNR tiveram a sua resposta no Vasco da Gama. Passavam à acção as duas grandes forças da revolta. A Guarda concentrou os seus elementos na Rotunda; o Arsenal foi ocupado pelos marinheiros sublevados, que não encontraram qualquer resistência; núcleos de civis armados percorreram a cidade em serviço de vigilância e propaganda. Os edifícios públicos, os centros de comunicações, os postos de comando oficiais caíram rapidamente em poder dos sublevados. Às 9, uma multidão de soldados, marinheiros e civis subiu a Avenida para saudar a Junta vitoriosa. Instalado num anexo do hospital militar de Campolide, o seu chefe, o coronel Manuel Maria Coelho, presidia àquela vitória sem luta.
Em face da incapacidade de resistir, às dez da manhã, António Granjo escreveu ao Presidente da República: «Nestes termos, o governo encontra-se sem meios de resistência e defesa em Lisboa. Deponho, por isso, nas mãos de V. Ex.a a sorte do Governo...» António José de Almeida respondeu-lhe, aceitando a demissão: «Julgo cumprir honradamente o meu dever de português e de republicano, declarando a V. Ex.a que, desde este momento, considero finda a missão do seu governo...» Recebida a resposta, António Granjo retirou-se para sua casa. Eram duas da tarde.
O PR recusou-se a ceder aos sublevados. Afiançou que preferiria demitir-se a indigitar um governo imposto pelas armas. Às onze da noite, ainda sem haver solução institucional, Agatão Lança avisou António José de Almeida que algo de grave se estava a passar. Perante tal, conforme descreveu depois o PR, «Corri ao telefone e investi o cidadão Manuel Maria Coelho na Presidência do Ministério, concedendo-lhe os poderes mais amplos e discricionários para que, sob a minha inteira responsabilidade, a ordem fosse, a todo o transe, mantida».
Passando a palavra a Raul Brandão (Vale de Josafat, págs. 106-107), «Depois veio a noite infame. Veio depois a noite e eu tenho a impressão nítida de que a mesma figura de ódio, o mesmo fantasma para o qual todos concorremos, passou nas ruas e apagou todos os candeeiros. Os seres medíocres desapareceram na treva, os bonifrates desapareceram, só ficaram bonecos monstruosos, com aspectos imprevistos de loucura e sonho...».
Sentindo as ameaças que se abatiam sobre ele, António Granjo buscou refúgio na casa de Cunha Leal. Cunha Leal tinha simpatias entre os revoltosos (tinha aliás sido sondado para ser um dos chefes do movimento, mas recusara) e Granjo considerou-se a salvo. Todavia, a denúncia de uma porteira guiou os seus perseguidores que tentaram entrar na casa de Cunha Leal para deter António Granjo. Cunha Leal impediu-os, mas a partir desse momento ficaram sem possibilidades de fuga porque, pouco a pouco, o cerco apertara-se e grupos armados vigiavam a casa. Apelos telefónicos junto de figuras próximas dos chefes da sublevação, que pudessem dar-lhes auxílio, não surtiram efeito.
Perto das nove da noite compareceu um oficial da marinha, conhecido de ambos, que afirmou que levaria Granjo para bordo do Vasco da Gama, um lugar seguro. Cunha Leal vacilou. Granjo mostrou-se disposto a partir. Cunha Leal acompanhou-o, exigindo ao oficial da marinha que desse a palavra de honra de que não seriam separados. Meteram-se na camioneta que afinal não os levaria ao refúgio do Vasco de Gama, mas ao centro da sublevação.
A camioneta chegou ao Terreiro do Paço onde os marinheiros e os soldados da Guarda apuparam e tentaram matar António Granjo. Cunha Leal conseguiu então salvá-lo. A camioneta entrou, por fim, no Arsenal e os dois políticos passaram ao pavilhão dos oficiais. Um grupo rodeou Cunha Leal e separou-o de Granjo, apesar dos seus protestos. Os seus brados levaram a que um dos sublevados disparasse sobre ele, atingindo-o três vezes, um dos tiros, gravemente, no pescoço. Foi conduzido ao posto médico do Arsenal.
Entretanto, vencida a débil resistência de alguns oficiais, marinheiros e soldados da GNR invadiram o quarto onde estava António Granjo e descarregaram as suas armas sobre ele. Caiu crivado. Um corneteiro da Guarda Nacional Republicana cravou-lhe um sabre no ventre. Depois, apoiando o pé no peito do assassinado, puxou a lâmina e gritou: «Venham ver de que cor é o sangue do porco!»
A camioneta continuou a sua marcha sangrenta, agora em busca de Carlos da Maia, o herói republicano do 5 de outubro e ministro de Sidónio Pais. Carlos da Maia inicialmente não percebeu as intenções do grupo de marinheiros armados. Tinha de ir ao Arsenal por ordem da Junta Revolucionária. Na discussão que se seguiu só conseguiu o tempo necessário para se vestir. Então, o cabo Abel Olímpio, o Dente de Ouro, agarrou-o pelo braço e arrastou-o para a camioneta que se dirigiu ao Arsenal. Carlos da Maia apeou-se. Um gesto instintivo de defesa valeu-lhe uma coronhada brutal. Atordoado pelo golpe, vacilou, e um tiro na nuca acabou com a sua vida.
A camioneta, com o Dente de Ouro por chefe, prosseguiu na sua missão macabra. Era seguida por uma moto com sidecar, com repórteres do jornal Imprensa da Manhã. Bem informados como sempre, foram os próprios repórteres que denunciaram: «Rapazes, vocês por aí vão enganados... Se querem prender Machado Santos venham por aqui...». Acometido pela soldadesca, Machado Santos procurou impor a sua autoridade: «Esqueceis que sou vosso superior, que sou Almirante!». Dente de Ouro foi seco: «Acabemos com isto. Vamos». Machado Santos sentou-se junto do motorista, com Abel Olímpio, o Dente de Ouro, a seu lado. Na Avenida Almirante Reis, a camioneta imobiliza-se devido a avaria no motor. Dente de Ouro e os camaradas não perdem tempo. Abatem ali mesmo Machado Santos, o herói da Rotunda.
Não encontraram Pais Gomes, ministro da Marinha. Prenderam o seu secretário, o comandante Freitas da Silva, que caiu, crivado de balas, à porta do Arsenal. O velho coronel Botelho de Vasconcelos, um apoiante de Sidónio, foi igualmente fuzilado. Outros, como Barros Queirós, Cândido Sotomayor, Alfredo da Silva, Fausto Figueiredo, Tamagnini Barbosa, Pinto Bessa, etc., salvaram a vida por acaso.
Os assassinos foram marinheiros e soldados da Guarda. Estavam tão orgulhosos dos seus actos que pensaram publicar os seus nomes na Imprensa da Manhã, como executores de Machado Santos. Não o chegaram a fazer devido ao rápido movimento de horror que percorreu toda a sociedade portuguesa face àquele massacre monstruoso. Mas quem os mandou matar?
O horror daqueles dias deu lugar a uma explicação imediata, simples e porventura correcta: os assassínios de 19 de outubro tinham sido a explosão das paixões criadas e acumuladas pelo regime. Determinados homens mataram; a propaganda revolucionária impeliu-os e a explosão da revolução permitiu-lhes matar. No enterro de António Granjo, Cunha Leal proclamou essa verdade: «O sangue correu pela inconsciência da turba - a fera que todos nós, e eu, açulámos, que anda solta, matando porque é preciso matar. Todos nós temos a culpa! É esta maldita política que nos envergonha e me salpica de lama». No mesmo acto, afirmaria Jaime Cortesão: «Sim, diga-se a verdade toda. Os crimes, que se praticaram, não eram possíveis sem a dissolução moral a que chegou a sociedade portuguesa».
Com o tempo, os republicanos procuraram outras explicações. Não podiam aceitar a explicação simples que teria sido a sua acção, o radicalismo da sua política, a imundície que haviam lançado desde 1890 sobre toda a classe política, a sua retórica de panegírico aos atentados bombistas (desde que favoráveis), aos regícidas, a desencadear tanta monstruosidade. Significava acusarem-se a si próprios. Outras explicações foram aparecendo, sempre mais tortuosas, acerca dos eventuais culpados: conspiração monárquica; Cunha Leal (apesar de ter sido quase morto); Alfredo da Silva (apesar de, nessa noite, ter escapado à justa e tido que se refugiar em Espanha) uma conspiração monárquica e ibérica; a Maçonaria (a acção da Maçonaria sobre a Guarda, impelindo-a para a revolução, era constante, mas isso não significa que desse ordens para aqueles crimes)
Os assassinados na Noite Sangrenta não seriam, entre os republicanos, aqueles que mais hostilidade mereceriam dos monárquicos. Eram republicanos moderados. O furor dos assassinos liquidara homens tidos, na sua maior parte, como simpatizantes do sidonismo. Não se tratava de vingar outubro de 1910, mas sim dezembro de 1917. Carlos da Maia e Machado Santos foram ministros de Sidónio Pais. Botelho de Vasconcelos, coronel na Rotunda, às ordens de Sidónio Pais. Se as matanças de 19 de outubro de 1921 foram uma vingança terão de ser referenciadas à República Nova e não ao 5 de outubro. Aliás, num gesto significativo, os revolucionários libertaram o assassino de Sidónio Pais.
Há na Noite Sangrenta factos que se impõem de maneira evidente. A 20 de outubro, a Imprensa da Manhã reivindicou para si a glória de ter preparado o movimento, mas repudiou as suas trágicas consequências, especialmente a morte de Granjo. Ora anteriormente, dia após dia, aquele diário havia acusado e ameaçado Granjo, injuriando-o sistematicamente. Como podia agora lavar as mãos da sua morte? Aliás, a atitude dos assassinos foi concludente: depois de matarem Machado Santos, dirigiram-se na camioneta da morte à Imprensa da Manhã para lhe agradecerem o apoio e para aquela publicar os nomes dos que tinham fuzilado o Almirante. Um deles confessou mais tarde que Machado Santos havia sido localizado por informações de jornalistas da Imprensa da Manhã. Os assassinos procuravam a satisfação e a glória de uma obra realizada, no diário matutino onde se proclamara a necessidade dessa realização.
Os assassinos nunca esperaram ser castigados. Mesmo durante o julgamento sempre esperaram a absolvição. Quando foram condenados, entre gritos de vingança e de apoio à «República radical», alguns acusaram altos oficiais de não terem autoridade moral para os condenarem, pois estavam por detrás da carnificina. Os assassinos tinham, de certo modo, razão: eles tinham agido dentro da lógica que o republicanismo tinha instilado neles. Em todos os regimes que nascem e se sustentam no crime e no terror (por muito justa que a causa possa ser), há sempre o momento (ou os momentos) em que a revolução devora os próprios filhos.
Para terminar devo referir que nem Manuel Maria Coelho, nem nenhum dos «outubristas», conseguiu formar um governo estável. O horror fez todos os nomes sonantes recusarem fazer parte de um governo de assassinos. Menos de dois meses depois da revolução, António José de Almeida, em 16 de dezembro de 1921, entregou a chefia do ministério a Cunha Leal.
A GNR foi pouco a pouco desmantelada e reduzida a uma força de policiamento rural.
A república ficara ferida de morte.

El-Rei D. Luís I morreu há 123 anos

D. Luís I de Portugal (nome completo: Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Valfando de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança) (Lisboa, 31 de outubro de 1838 - Cascais, 19 de outubro de 1889) foi o segundo filho da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando II. Luís herdou o trono depois da morte do seu irmão mais velho, D. Pedro V em 1861. Ficou conhecido como O Popular, devido à adoração pelo seu povo; Eça de Queirós chamou-lhe O Bom.

D. Luís herdou a coroa em novembro de 1861, sucedendo ao seu irmão Pedro V por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a 22 de dezembro do mesmo ano. A 27 de setembro do ano seguinte casa-se, por procuração, com D. Maria Pia de Sabóia, filha do rei Vitor Emanuel II da Itália. Quando infante serviu na Marinha, visitando a África Portuguesa. Exerce o seu primeiro comando naval em 1858.
Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de William Shakespeare.

(...)

D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela oceanografia. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos oceanos em busca de espécimes.
D. Luís seguiu os passos de sua mãe - D. Maria II, mandando construir e fundar associações culturais. Em 1 de junho de 1871, D. Luís esteve no Seixal (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da Sociedade Filarmónica União Seixalense. Neste mesmo dia terminava a Guerra Franco-Prussiana.
Morre subitamente no seu palácio de verão, na cidadela de Cascais, a 19 de outubro de 1889. Sucede-lhe o seu filho Carlos, sob o nome de Carlos I de Portugal.
No dizer dos biógrafos, D. Luís, era: "muito agradável e liberal. [...] A Sr.ª D. Maria Pia, dizia que ele era um pouco doido, aludindo acertas aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos, e um bom mestre-escola [...]"

O homem responsável pela independência de Moçambique (e pela expulsão dos moçambicanos brancos) morreu há 26 anos

Graça Machel, Nicolae Ceauşescu e Samora Machel, em Maputo, em 1979

Samora Moisés Machel (Madragoa - atualmente Chilembene, Gaza, 29 de setembro de 1933 - Montes Libombos, 19 de outubro de 1986) foi um militar moçambicano, líder revolucionário de inspiração socialista, que liderou a Guerra da Independência de Moçambique e se tornou o seu primeiro presidente após a sua independência, de 1975 a 1986.
Carinhosamente conhecido como «Pai da Nação», morreu quando o avião em que regressava ao Maputo se despenhou em território sul-africano. Em 1975-1976 foi-lhe atribuído o Prémio Lénine da Paz.

quinta-feira, outubro 18, 2012

O General Gomes Freire de Andrade foi enforcado há 195 anos

Gomes Freire de Andrade e Castro (Viena, 27 de janeiro de 1757 - Forte de São Julião da Barra, 18 de outubro de 1817) foi um general português.

Biografia
Teve a educação que na época se costumava dar aos filhos da nobreza. Seu pai, António Ambrósio Pereira Freire de Andrade e Castro, fora um óptimo colaborador do marquês de Pombal na campanha contra a Companhia de Jesus, sendo o filho Gomes Freire enviado para Portugal com 24 anos de idade, em fevereiro de 1781, já com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo em 1782 promovido a alferes. Passou à Armada Real, embarcando em 1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas de Carlos III de Espanha no bombardeamento de Argel.
Regressou a Lisboa em setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em abril de 1788 voltou ao antigo regimento no posto de sargento-mor.
Tendo alcançado licença para servir no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia. Em São Petersburgo terá conquistado as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de 1788-1789, comandada pelo príncipe Potemkin, ter-se-á distinguido nas planícies do rio Danúbio, na Guerra da Criméia e sobretudo no cerco de Oczakow, alegadamente o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de outubro de 1788 depois de cerco prolongado. Na hora das condecorações esqueceram-se dele, negando-lhe a Comenda de São Jorge. Mas ele protesta, pede atestados de heroísmo ao coronel Markoff, e a imperatriz condescende atribuindo-lhe o posto de coronel do seu exército, que em 1790 lhe foi confirmado no exército português, mesmo ausente.
Foi iniciado na Maçonaria antes de 1785, provavelmente em Viena na Loja Zur gekrönten Hoffnung (À Esperança Coroada), a cujo quadro pertencia, juntamente com Wolfgang Amadeus Mozart, em 1790. Tinha então o grau de Mestre. Ocupa o cargo de Venerável da Loja Regeneração.
Depois, na esquadra do príncipe de Nassau, salva-se milagrosamente durante a batalha naval de Schwensk, quando os canhões suecos fazem ir a pique a "bateria flutuante" que ele comandava. Perdeu-se toda a tripulação, mas Gomes Freire conseguiu salvar-se, acabando por receber o hábito de São Jorge, uma das Ordens mais importantes da Rússia, não das mãos da imperatriz, como se tem dito, mas sim das do príncipe de Nassau, em nome da imperatriz. Houve rumores de simpatia e entusiasmo da imperatriz por Freire de Andrade, aparentemente confirmado pelas desinteligências entre ele e o príncipe de Potemkin, favorito conhecido.
Voltou a Lisboa, nomeado coronel do regimento do marquês das Minas, prestes a embarcar para a Catalunha, na divisão que Portugal enviava auxiliar a Espanha contra a República francesa e a que chegou em 11 de novembro de 1793, seguindo por terra. Nesta expedição iam estrangeiros no Estado-Maior: o duque de Northumberland, general e par de Inglaterra, o príncipe de Luxemburgo Montmorency, o conde de Chalons, o conde de Liautaud. O Regimento de Freire de Andrade e o de Cascais ocuparam a povoação de Rebós, na sua linha de batalha, correndo logo às trincheiras da ponte de Ceret, onde o exército espanhol estava a ponto de capitular. A acção do Regimento terá sido brilhante, apesar do mau desempenho de Gomes Freire de Andrade, carregando os franceses com brio em combate a 26 de novembro de 1793. Em Arles, acampou em quartéis de inverno seu Regimento e o de Cascais, que constituíam a 2° Brigada, comandada por ele. Segundo Latino Coelho, começa aí a evidenciar-se o espírito indisciplinado e irrequieto de Gomes Freire; desordeiro e intrigante, "o animo altivo do coronel, avesso, como era a toda a sujeição, difundia na divisão auxiliar o fermento da indisciplina".
Mas apesar das vitórias do exército hispano-português sobre os republicanos da Convenção, a guerra do Roussillon ia-se tornar armadilha, os espanhóis tinham 18 mil feridos em hospitais e os portugueses mil homens fora de combate, enquanto os franceses recebiam constantes reforços. Em 29 de abril de 1794 o general Dugommier atacou a esquerda do exército espanhol, composta de corpos da divisão portuguesa, que sustentou o fogo do romper da manhã às 14.00 horas, salvando o exército espanhol.
Em 1801 reúne-se em sua casa a assembleia que levou à organização definitiva da Maçonaria Portuguesa, com a posterior criação do Grande Oriente Lusitano em 1802, sendo eleito como um dos seus principais dignatários.
Regressado a Portugal, veio a integrar a "Legião Portuguesa" criada por Junot e que, sob o comando do marquês de Alorna, partiu para França em Abril de 1808, onde vem a ser recebida por Napoleão Bonaparte no dia 1 de junho. Participou na campanha da Rússia.
Entretanto, fez parte da Loja Militar Portuguesa Chevaliers de la Croix (Cavaleiros da Cruz), em Grenoble, entre 1808 e 1813, onde vem a ser o 5.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, de 1815 ou 1816 a 1817.
(imagem daqui)
Acusação e execução
Libertado Portugal da ocupação das tropas francesas, e após a derrota de Napoleão, Freire de Andrade ao regressar a Portugal, veio a ser implicado e acusado de liderar uma conspiração em 1817 contra a monarquia de Dom João VI, que em Portugal continental era representada pela Regência, então sob o governo militar britânico do marechal William Carr Beresford. Foi detido, preso, condenado à morte e enforcado junto ao Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, por crime de traição à Pátria junto com outras onze pessoas: o coronel Manuel Monteiro de Carvalho, os majores José Campelo de Miranda e José da Fonseca Neves e mais oito oficiais do Exército. Essa data, 18 de outubro, foi, durante mais de um século, dia de luto na Maçonaria Portuguesa. Ainda hoje o seu nome é venerado como um dos grandes maçons e mártires da Liberdade de todos os tempos, tendo sido numerosas as lojas crismadas com o seu nome e abundantes os iniciados que o escolheram como nome simbólico.
Após o julgamento e execução do tenente-general e outros, Beresford deslocou-se ao Brasil para pedir mais poderes. Havia pretendido suspender a execução da sentença até que fosse confirmada pelo soberano mas a Regência, "melindrando-se de semelhante insinuação como se sentisse intuito de diminuir-se-lhe a autoridade, imperiosa e arrogante ordena que se proceda à execução imediatamente".
Este procedimento da Regência e de Lord Beresford, comandante em chefe britânico do Exército português e regente de facto do reino de Portugal, levou a protestos e intensificou a tendência antibritânica, o que conduziu o país à Revolução do Porto e à queda de Beresford (1820), impedido de desembarcar em Lisboa ao retornar do Brasil, onde conseguira de D. João VI maiores poderes.

Melina Mercouri nasceu há 92 anos

Melina Amalia Mercouri (Atenas, 18 de outubro de 1920 - Nova York, 6 de março de 1994), mais conhecida como Melina Mercouri, foi uma atriz, cantora e ativista política grega. Fez parte do Parlamento Helénico e, em 1981, tornou-se a primeira mulher a ser Ministra da Cultura na Grécia.
O seu avô, Spyros Merkouris, foi presidente da câmara de Atenas por muitos anos, o seu pai era membro do Parlamento e o seu tio era George S. Mercouris, líder do Partido Socialista Nacional da Grécia e foi presidente do Banco da Grécia durante a ocupação da Grécia pelo Eixo, na Segunda Guerra Mundial.
O seu primeiro filme, Stella (1955), foi dirigido por Michael Cacoyannis, o diretor de Zorba, o grego. Foi ele que a levou para Cannes, onde o filme foi indicado à Palma de Ouro. Lá, Melina conheceu o diretor Jules Dassin, com quem viveria até morrer. O casal não teve filhos.
Melina tornou-se conhecida mundialmente quando estrelou, em 1960, o filme Never on Sunday, de Jules Dassin, que lhe rendeu o prémio de Melhor Atriz no Festival de Cannes e uma indicação ao Óscar de melhor atriz. Em 1978, Melina encerrou sua carreira no cinema para se dedicar à política.
Durante o período da ditadura militar na Grécia, Melina morou na França. Quando a Gr´cia voltou à democracia, ela primeiro foi eleita para o Parlamento; depois, foi a primeira mulher a ser Ministra da Cultura no país por dois mandatos consecutivos; finalmente trabalhou, novamente no mesmo cargo, em 1993 e 1994. Como Ministra da Cultura, lutou para retomar os famosos Mármores de Elgin, que foram retirados do Partenon grego.
Morreu em Nova York, de cancro do pulmão, aos 73 anos. O seu corpo foi trazido para Atenas, onde teve funerais de primeiro-ministro.


O Judeu foi queimado há 273 anos

(imagem daqui)

António José da Silva, dito o judeu, nascido no Brasil colónia, (Rio de Janeiro, 8 de maio de 1705 - Lisboa, 19 de outubro de 1739) nasce numa fazenda nos arredores do Rio de Janeiro e muda-se para a Candelária com a família. Batizado, mas de origem judaica, será levado à Lisboa, vítima de perseguição que dizimará a comunidade dos cristãos-novos do Rio de Janeiro em 1712. Dramaturgo e escritor, será preso pela Inquisição portuguesa junto com a mulher grávida, Leonor Maria, a mãe, tia, o irmão André e sua mulher e será queimado em auto-de-fé na fogueira. A sua vida é retratada no filme luso-brasileiro O Judeu (1995).

Biografia
António José era filho do advogado e poeta João Mendes da Silva e pensa-se que terá conseguido manter a sua fé judaica secretamente. Sua mãe, Lourença Coutinho foi menos bem sucedida. Acusada de judaísmo, foi deportada para Portugal onde foi processada pela Inquisição. O pai de António decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher, levando o jovem António consigo.
António José da Silva estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1725. Interessado pela dramaturgia, escreveu uma sátira, o que serviu de pretexto às autoridades para prendê-lo, acusado de práticas judaizantes. Foi torturado, tendo ficado parcialmente inválido durante algumas semanas, o que o impediu de assinar a sua "reconciliação" com a Igreja Católica, acabando por fazê-lo em auto-de-fé. Finalmente libertaram-no.
António José da Silva iniciou-se na advocacia mas acabaria por se dedicar à escrita, tendo-se tornado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.

Obra
Foi um escritor profícuo, tendo escrito sátiras, criticando a sociedade portuguesa da época. As suas comédias ficaram conhecidas como a obra do "Judeu" e foram encenadas frequentemente em Portugal nos anos da década de 1730. Influenciado pelas ideias igualitárias do Iluminismo francês, o dramaturgo ligou-se a um grupo de “estrangeirados”, formado por eminentes figuras como o brasileiro Alexandre de Gusmão (1695-1753), o principal conselheiro do rei D. João V. Sua obra teatral inspirava-se no espírito e na linguagem do povo, rompendo com os modelos clássicos e incorporando o canto e a música como elemento do espetáculo. Oito de suas óperas, publicadas em 1744, em dois volumes, na série que ostenta o título Theatro comico portuguez, foram recuperadas em 1940, pelo pesquisador Luís Freitas Branco. Mais tarde o musicólogo Felipe de Souza confirmou a parceria de António José com o Padre Antonio Teixeira, autor das músicas.

Inquisição
Em 1737, António foi preso pela Inquisição, juntamente com a mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, com quem casara em 1728, que era sua prima e também judia). A mãe e a mulher seriam libertadas posteriormente.
António José da Silva foi novamente torturado. Descobriram que era circuncisado. Uma escrava negra testemunhou que ele observava o Shabbat. O processo decorreu com notória má-fé por parte do tribunal e António José da Silva foi condenado, apesar de a leitura da sentença deixar transparecer que ele não seria, de facto, judaizante.
Como era regra com os prisioneiros que, condenados, afirmavam desejar morrer na fé católica, António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-Fé em Lisboa, em outubro de 1739. A sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.

O Judeu e a posterioridade
A história deste autor inspirou Bernardo Santareno, ele próprio de origem judaica, a escrever a peça O Judeu, que, por sua vez, tem o mesmo titulo que a obra do romancista português Camilo Castelo Branco, que retrata a vida de varias gerações da família de António José da Silva até à sua morte.
Mais recentemente, a vida de António José da Silva foi encenada por Tom Job Azulay no filme O Judeu, de 1995. No filme, António José foi interpretado pelo ator Felipe Pinheiro, que faleceu ainda durante as filmagens.



Ne-Yo faz hoje 33 anos

Shaffer Chimere Smith (Camden, 18 de outubro de 1979), mais conhecido pelo seu nome artístico Ne-Yo, é um cantor de pop/R&B, compositor, produtor, dançarino e ator norte-americano.

Nascido no dia 18 de outubro de 1979, Ne-Yo lançou seu primeiro disco em 2006, com 27 anos de idade, chamado In My Own Words. O álbum obteve sucesso com praticamente todas as quinze faixas. No Brasil, os singles foram So Sick e Sexy Love. Com este trabalho, Ne-Yo recebeu Disco de Platina, estreou na primeira posição da Billboard 200 e vendeu cerca de 300 mil cópias.
No ano de 2007 lançou o segundo disco, chamando-se Because of You. Imitando o sucesso do primeiro, estreou também em primeiro lugar na Billboard 200, tornando-se o segundo álbum número um do cantor. Com as músicas de trabalho "Because of You" e "Crazy", esta última com a participação de Jay-Z, Ne-Yo atingiu o topo de paradas pop sem maiores dificuldades. Como prova desta repercussão, o disco vendeu em torno de 250 mil cópias somente na primeira semana, e mais de um milhão e meio no mundo todo até hoje. Ainda no ano de 2007, Ne-Yo participou dos filmes Save the Last Dance 2 e Stomp The Yard.
Em 2008, teve aparições nos programas Las Vegas e All My Children. No segundo semestre do mesmo ano, lançou o seu terceiro disco chamado Year of the Gentleman, cujas músicas de trabalhos são Closer, Miss Independent e Mad. Entre seus mais novos hits de sucesso encontra-se "Never Knew I Needed" que é um single promocional para o filme da Walt Disney The Princess and the Frog (A Princesa e o Sapo). O cantor também teve participações em outros hits tal como "Hate That I Love You" com Rihanna; "Bust It Baby" com Plies; "Knock You Down" com Keri Hilson & Kanye West e "Be On You" com Flo Rida.
Além de cantar, ele dança, interpreta e compõe músicas para ele e para outros cantores como Beyoncé e Rihanna. Para a Beyoncé ele compôs Irreplaceable, e, para Rihanna, compôs "Take a Bow" e "Russian Roulette", entre outras. Ne-Yo também compôs musicas para o cantor Usher que, como Beyoncé e Rihanna, faz grande sucesso nos Estados Unidos. Para muitos que ouvem suas músicas há uma influência clara do cantor Michael Jackson. Sobre isto, Ne-Yo comentou que, se pudesse, estaria participando no novo álbum de Michael Jackson, assim como também nos de Whitney Houston e Britney Spears. Em 2010 participou do remix para o single Angels Cry com Mariah Carey, tendo grande exito mundial.
Na noite de 12 de novembro de 2010, uma sexta-feira, nasceu sua filha, fruto de seu relacionamento com a namorada Monyett Shaw, chamada Madilyn Grace Smith. Ela estava prevista para chegar ao mundo em janeiro, mas nasceu prematura. Em outubro de 2011, nasceu o seu segundo filho, Mason Evan Smith.
Em 2012 juntou-se à equipe de Cee Lo Green no reality show musical da NBC, The Voice, como mentor auxiliar.


Chuck Berry - 86 anos

Chuck Berry ou Charles Edward Anderson Berry (Saint Louis, 18 de outubro de 1926) é um compositor, cantor e guitarrista americano. É apontado por muitos como o inventor do rock & roll. Apesar de ninguém poder garantir que criou o rock & roll sozinho, já que o estilo é produto de um contexto do pós-guerra nos Estados Unidos e da mistura de blues, country, música gospel e folk que era feita por vários músicos durante a época, Chuck Berry é considerado, e correctamente, um dos pioneiros do estilo justamente por ter feito a mistura funcionar. De um forma geral só se pode afirmar que o rock & roll foi criado pelos seus pioneiros, o que inclui vários músicos.
Foi eleito pela revista Rolling Stone o 5º maior artista da música de todos os tempos, e foi considerado o sétimo melhor guitarrista do mundo pela mesma revista.

Hoje é um dia importante para o reggae...

Peter Tosh (18 de outubro de 194411 de setembro de 1987) foi um pioneiro músico de reggae/ska, conhecido pela sua militância, por ser bem-instruído e por se meter frequentemente em confusões.

Batizado Winston Hubert McIntosh, e nascido em Westmoreland, ele cresceu em Kingston, Jamaica, no bairro de Trenchtown. Embora seu a sua pouca paciência o metesse frequentemente em confusões, o jovem McIntosh começou a cantar e a tocar guitarra bem cedo, inspirado pelas estações americanas que ele conseguia sintonizar no seu rádio. No começo dos anos 1960 ele conheceu Bob Marley e Bunny Livingston, formando o grupo Wailing Wailers. Depois que Marley regressou dos Estados Unidos em 1966, os três passaram a seguir a religião Rastafari, mudando o nome da banda para The Wailers.
Eles conseguem um contrato com a Island Records, lançando Catch a Fire em 1972 e Burnin' em 1973. Neste mesmo ano, Tosh vê-se envolvido em um sério acidente automobilístico: o seu carro cai de uma ponte, matando a sua namorada e deixando Tosh com uma fratura grave no crânio. Ele sobrevive, mas torna-se uma pessoa com quem ainda é mais difícil de se lidar. Depois do presidente da Island, Chris Blackwell, se recusar a lançar o seu disco a solo em 1974, Tosh e Bunny deixam os Wailers, citando o tratamento injusto que recebiam de Blackwell, que Tosh chamava de "pior que os brancos". Ele lança seu disco a solo em 1976 pela CBS, Legalize It; a faixa-título logo tornaria-se o hino do movimento pró-marijuana, além de ser a favorita nos shows de Tosh, tornando-se o single mais vendido da ilha, a despeito da proibição de que tocasse nas rádios. Sempre mostrando seu lado militante, ele lança Equal Rights em 1977, tentando obter reconhecimento das massas e mantendo seu ponto de vista militante, mas não foi muito bem sucedido, principalmente se comparado com Bob Marley.
No final dos anos 70 lança os discos Bush Doctor e Mystic Man e em 1981 lança Wanted Dread And Alive, álbuns que não foram muito aclamados pelo público. Depois do lançamento de Mama Africa em 1983 (onde está incluído o seu maior sucesso, a regravação da canção clássica do músico norte-americano Chuck Berry, Johnny B. Goode) ele entra num auto-imposto exílio, procurando auxílio espiritual de curandeiros africanos enquanto tentava livrar-se de um contrato de distribuição de seus discos na África do Sul.

Em 1987, Peter Tosh parecia estar voltando a fazer sucesso; naquele ano, recebeu um Grammy pela Melhor Performance de Reggae, pelo álbum No Nuclear War. No entanto, no dia 11 de setembro, um gang de três homens invadiu sua casa, exigindo dinheiro. Diante da negativa de Tosh, dispararam contra ele e o seu amigo, o DJ Jeff "Free I" Dixon. O líder do gang era Dennis "Leppo" Lobban, um homem de quem Peter Tosh havia ficado amigo e ajudado até mesmo a encontrar um emprego, depois de cumprir uma longa sentença na prisão. Leppo entregou-se às autoridades, foi julgado e condenado na mais curta deliberação de jurados da história da Jamaica: onze minutos. Foi condenado à morte, porém a sua sentença foi alterada para prisão perpétua em 1995 e ele continua, até hoje, na cadeia. Nenhum de seus dois supostos cúmplices foram encontrados, embora existam rumores de que ambos teriam sido assassinados.




Lucky Philip Dube (Ermelo, 3 de agosto de 1964 - Rosettenville, 18 de outubro de 2007) foi um cantor de reggae sul-africano.
Gravou 22 álbuns em zulu, inglês e africâner em um período de vinte e cinco anos de carreira e foi o artista sul-africano que mais vendeu disco na história do reggae.

(...)

Em 1989 ele ganhou quatro Prémios OKTV para Prisoner, Captured Live ganhou outro para o ano seguinte e ainda outros dois para House of Exile no ano seguinte. O seu álbum de 1993, Victims, vendeu mais de um milhão de cópias vendidas no mundo todo. Em 1995 ele ganhou um contrato com a Motown para gravação e distribuição a nível mundial. O seu álbum Trinity foi o primeiro lançamento pela Tabu Motown Records depois da passagem para a empresa.
Em 1996, ele lançou um álbum de compilação, Serious Reggae Business, que o levou a ganhar os prémios "Best Selling Recording Artista Africano" no World Music Awards e do "Artista Internacional do Ano", no Gana Music Awards. Os seus próximos três álbuns venceram, cada  um, um prémio Music Awards Sul Africano. O seu álbum seguinte, Respect, te uma versão europeia através de um acordo com a Warner Music. Dube fez uma turnê internacional, com artistas como Sinéad O'Connor, Peter Gabriel e Sting. Ele apareceu no 1991 Reggae Sunsplash (inclusivamente nesse ano, foi convidado para voltar ao palco para um longo encore de 25 minutos) e, em 2005, tocou no evento Live 8, em Joanesburgo.
Além do desempenho musical, Dube foi também um ator, aparecendo em filmes como Voice In The Dark, Getting Lucky e Lucky Strikes Back.


quarta-feira, outubro 17, 2012

Eminem - 40 anos!

Eminem, nome artístico de Marshall Bruce Mathers III (St. Joseph, 17 de outubro de 1972), é um rapper, compositor, produtor musical e ator norteamericano. Adquiriu rápida popularidade em 1999 com o lançamento do disco The Slim Shady LP, o qual venceu o Grammy Award de Melhor Álbum de Rap. O seu trabalho seguinte, The Marshall Mathers LP, tornou-se o álbum solo mais vendido na história dos Estados Unidos. Tal facto o tornou conhecido no mundo inteiro, e ajudou para a divulgação de sua gravadora, a Shady Records, e do seu grupo, o D12.
The Marshall Mathers LP e o seu terceiro disco, The Eminem Show também conquistaram o Grammy Awards, tornando ele o primeiro artista a conquistar o prémio de Melhor Álbum de Rap por três vezes consecutivas. Em 2003, venceu o Óscar de melhor canção original com "Lose Yourself", que esteve presente no seu filme semi-biográfico 8 Mile. "Lose Yourself" iria tornar-se o single que por maior tempo ocupou a primeira posição das paradas de hip hop. Em 2004, boatos sobre o fim de sua carreira foram anunciados após o lançamento do álbum Encore, que foram encerrados com o anúncio de Relapse, oficialmente disponibilizado em 15 de maio de 2009. De acordo com a Nielsen SoundScan, Eminem é o artista que mais vendeu na década nos Estados Unidos e atualmente está na 71ª posição recordistas de vendas de discos da história do país segundo o ranking da RIAA, e no mundo tem mais de 90 milhões de álbuns vendidos, tornando-o um dos artistas recordistas de vendas de discos. Em 2010, lançou Recovery, no qual estava presente o single "Love the Way You Lie", cujo videoclipe recebeu mais de 430 milhões de visualizações no YouTube. Recovery tornou-se o sexto álbum consecutivo de Eminem a estrear na primeira posição das paradas do Estados Unidos. De início, o álbum ficou por cinco semanas consecutivas no topo, retornando posteriormente para outras duas, e somando sete semanas em primeiro lugar, no total.
Eminem foi escolhido como o 79° na lista dos "100 Melhores Artistas de Todos os Tempos" da VH1. Em uma lista similar, foi colocado em 82° pela revista Rolling Stone. Incluindo o trabalho com o D12, Eminem acumula 9 álbuns no topo da Billboard Top 200, sendo 7 a solo (seis de estúdio e um de compilação) e 2 com o D12. Ele tem 13 singles na primeira posição em todo o mundo. Tal sucesso fez Eminem ser reconhecido pela Billboard como o Artista da Década. De acordo com a mesma Billboard, o rapper teve dois dos cinco álbuns mais vendidos entre 2000 e 2009. Eminem também já vendeu mais de 17 milhões de downloads de suas músicas apenas nos Estados Unidos. Em 2010, a MTV classificou Eminem como o sétimo maior ícone da história da música pop.

Chopin morreu há 163 anos

Frédéric François Chopin também chamado Fryderyk Franciszek Chopin (Żelazowa Wola, 1 de março de 1810 - Paris, 17 de outubro de 1849) foi um pianista polaco radicado na França e compositor para piano da era romântica. É amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história. A sua técnica refinada e sua elaboração harmónica têm sido comparadas historicamente com as de outros génios da música, como Mozart e Beethoven, assim como sua duradoura influência na música até os dias de hoje.