(imagem daqui)
António José da Silva, dito o judeu, nascido no Brasil colónia, (Rio de Janeiro, 8 de maio de 1705 - Lisboa, 19 de outubro de 1739)
nasce numa fazenda nos arredores do Rio de Janeiro e muda-se para a
Candelária com a família. Batizado, mas de origem judaica, será levado à
Lisboa, vítima de perseguição que dizimará a comunidade dos
cristãos-novos do Rio de Janeiro em 1712. Dramaturgo e escritor, será preso pela Inquisição
portuguesa junto com a mulher grávida, Leonor Maria, a mãe, tia, o
irmão André e sua mulher e será queimado em auto-de-fé na fogueira. A sua vida é
retratada no filme luso-brasileiro O Judeu (1995).
Biografia
António José era filho do advogado e poeta João Mendes da Silva
e pensa-se que terá conseguido manter a sua fé judaica secretamente.
Sua mãe, Lourença Coutinho foi menos bem sucedida. Acusada de judaísmo,
foi deportada para Portugal onde foi processada pela Inquisição. O pai de António decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher, levando o jovem António consigo.
António José da Silva estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1725.
Interessado pela dramaturgia, escreveu uma sátira, o que serviu de
pretexto às autoridades para prendê-lo, acusado de práticas judaizantes.
Foi torturado, tendo ficado parcialmente inválido durante algumas
semanas, o que o impediu de assinar a sua "reconciliação" com a Igreja Católica, acabando por fazê-lo em auto-de-fé. Finalmente libertaram-no.
António José da Silva iniciou-se na advocacia mas acabaria por se
dedicar à escrita, tendo-se tornado o mais famoso dramaturgo português
do seu tempo.
Obra
Foi um escritor profícuo, tendo escrito sátiras,
criticando a sociedade portuguesa da época. As suas comédias ficaram
conhecidas como a obra do "Judeu" e foram encenadas frequentemente em
Portugal nos anos da década de 1730. Influenciado pelas ideias igualitárias do Iluminismo francês, o dramaturgo ligou-se a um grupo de “estrangeirados”, formado por eminentes figuras como o brasileiro Alexandre de Gusmão (1695-1753), o principal conselheiro do rei D. João V.
Sua obra teatral inspirava-se no espírito e na linguagem do povo,
rompendo com os modelos clássicos e incorporando o canto e a música como
elemento do espetáculo. Oito de suas óperas, publicadas em 1744, em dois volumes, na série que ostenta o título Theatro comico portuguez, foram recuperadas em 1940, pelo pesquisador Luís Freitas Branco. Mais tarde o musicólogo Felipe de Souza confirmou a parceria de António José com o Padre Antonio Teixeira, autor das músicas.
Inquisição
Em 1737, António foi preso pela Inquisição,
juntamente com a mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, com quem casara em
1728, que era sua prima e também judia). A mãe e a mulher seriam
libertadas posteriormente.
António José da Silva foi novamente torturado. Descobriram que era circuncisado. Uma escrava negra testemunhou que ele observava o Shabbat.
O processo decorreu com notória má-fé por parte do tribunal e António
José da Silva foi condenado, apesar de a leitura da sentença deixar
transparecer que ele não seria, de facto, judaizante.
Como era regra com os prisioneiros que, condenados, afirmavam desejar morrer na fé católica, António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-Fé em Lisboa, em outubro de 1739. A sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.
O Judeu e a posterioridade
A história deste autor inspirou Bernardo Santareno, ele próprio de origem judaica, a escrever a peça O
Judeu, que, por sua vez, tem o mesmo titulo que a obra do romancista
português Camilo Castelo Branco, que retrata a vida de varias gerações
da família de António José da Silva até à sua morte.
Mais recentemente, a vida de António José da Silva foi encenada por Tom Job Azulay no filme O Judeu, de 1995. No filme, António José foi interpretado pelo ator Felipe Pinheiro, que faleceu ainda durante as filmagens.
in Wikipédia
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