segunda-feira, abril 01, 2013

Jimmy Cliff - 65 anos!

Jimmy Cliff, nome artístico de James Chambers, (Portmore, 1 de abril de 1948), é um músico jamaicano de reggae. É o menos compreendido de todos os grandes mestres do reggae, tendo sido acusado de abandonar as origens rastas, porém é respeitado por ter sido o primeiro a abrir as portas do sucesso ao reggae na Europa e no resto do mundo.
A sua religião causou-lhe muitos problemas na Jamaica com os rastas. Num incidente estranho, em um grande show com os Wailers, em Kingston, a capital da Jamaica, no final de 75, rastas radicais, indignados com a sua dedicação ao islamismo, chegaram a cuspir-lhe na cara. Este foi um dos motivos que o fez mudar-se para a Inglaterra.
A sua entrada no mundo da música mostra um dado curioso: Leslie Kong, proprietário de uma loja de discos, fez sucesso como produtor investindo exatamente em Jimmy ainda jovem. Mais tarde, o mesmo Kong teria o privilégio de encaminhar Bob Marley para a sua primeira gravação. Cliff alcançou notoriedade fora da ilha pela sua participação no filme The Harder They Come, produzido pela gravadora Island e protagonizado por ele e seus compatriotas Desmond Dekker, The Maytals e Melodians (os dois últimos, grupos vocais que, assim como o muçulmano Cliff, faziam uma celebração da vida mais suave e menos politizada que os Wailers).
Retratando o quotidiano dos adolescentes pobres de Trench Town, os rude boys, o filme foi mais uma arma da Island para difundir o reggae pelo mundo. Tal investimento nem seria necessário: o reggae conquistaria a ilha colonizadora mais cedo ou mais tarde.
Para Cliff a oportunidade não poderia ter sido melhor. Apesar do fracasso comercial, o filme fez muito mais para o seu marketing pessoal que a outra arma da Island: uma visita quase anónima ao Brasil, ainda em 1969, para participar do Festival Internacional da Canção (FIC).
Em 1980 fez uma digressão com Gilberto Gil, esgotando todos os auditórios onde cantou e tocou. Quatro anos depois ele repetiu a façanha, sozinho, em um ginásio em São Paulo e no programa de Chacrinha. Em 1990 Cliff participou do primeiro CD dos Cidade Negra, na música Mensagem, feita por Ras Bernardo. Em 1991 gravou, na Bahia, em Salvador, o CD Breakout, lançado em 1992. O disco contou com as participações de Olodum na música "Samba Reggae" e Araketu nas músicas "Breakout" e "War a Africa".
Em 1983, lançou o single "Reggae night" que foi um sucesso nas paradas desse ano e que relançou a sua carreira.

Em 1993 ele regravou "I Can See Clearly Now", de Johnny Nash, para a banda sonora do filme Jamaica Abaixo de Zero. Em 1997 ele esteve também no disco acústico dos Titãs, cantando "The Harder They Come", recriada numa versão em português, "Querem Meu Sangue".
Em 1999 Jimmy participou do CD do grupo Olodum. Dos artistas de reggae, Jimmy é o mais (talvez o único) influenciado pela MPB - várias das suas canções revelam esta identidade. Músicas como "Sittin' In Limbo", "Rebel In Me", "Wonderful World, Beautiful People", foram compostas em suas vindas ao Brasil. Ainda que a familiaridade com o Brasil seja grande o bastante para promover esta interação, Cliff sempre esteve à vontade para cruzar o reggae com outros géneros.
Ainda em 1964, ele deixou a Jamaica para ser cantor de soul na Inglaterra; no começo dos anos 80, enveredou pelos lados do funk e do pop da música, sempre se preocupando em renovar as suas influências, extraindo do pop mundial uma amálgama para catalisar uma comunhão das linhagens que circundam o universo musical negro.


Parece mentira, mas Mário Viegas morreu há 17 anos

(imagem daqui)

António Mário Lopes Pereira Viegas (Santarém, 10 de novembro de 1948 - Lisboa, 1 de abril de 1996) foi um actor, encenador e declamador português.
Reconhecido como um dos melhores actores da sua geração, despertou para o teatro ainda aluno da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Daí passou para a Escola de Teatro do Conservatório Nacional, tendo a sua estreia profissional no Teatro Experimental de Cascais.
Foi fundador de três companhias teatrais (a última das quais a Companhia Teatral do Chiado) e actuou em Moçambique, Macau, Brasil, Países Baixos e Espanha. Notabilizou-se como encenador, tendo dirigido obras de autores clássicos como Samuel Beckett, Eduardo De Filippo, Anton Tchekov, August Strindberg, Luigi Pirandello ou Peter Shaffer. Pela sua actividade foi distinguido, diversas vezes, com prémios e distinções, pela Casa da Imprensa, pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e pela Secretaria de Estado da Cultura, que lhe atribuiu o Prémio Garrett (1987). No estrangeiro foi premiado no Festival de Teatro de Sitges (1979), com a peça D. João VI de Hélder Costa, e no Festival Europeu de Cinema Humorístico da Corunha (1978), com filme O Rei das Berlengas, de Artur Semedo. O seu último êxito teatral foi a peça Europa Não! Portugal Nunca (1995).
No cinema participou em mais de quinze películas, entre elas O Rei das Berlengas (Artur Semedo - 1978), Azul, Azul (de José de Sá Caetano - 1986), Repórter X (José Nascimento - 1987), A Divina Comédia (Manoel de Oliveira - 1991), Rosa Negra (Margarida Gil - 1992) e Sostiene Pereira (Roberto Faenza - 1996), onde contracenou com Marcello Mastroianni. Teve uma colaboração regular com José Fonseca e Costa: Kilas, o Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983), A Mulher do Próximo (1988) e Os Cornos de Cronos (1991).
Deu-se a conhecer pelos seus recitais de poesia, gravando uma discografia de catorze títulos, com poemas de Fernando Pessoa, Luís de Camões, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Jorge de Sena, Ruy Belo, Eugénio de Andrade, Bertolt Brecht e Pablo Neruda, entre outros. Divulgou nomes como Pedro Oom ou Mário-Henrique Leiria. Na televisão contribuiu igualmente para a divulgação da poesia portuguesa, particularmente com duas séries dos programas Palavras Ditas (1984) e Palavras Vivas (1991). Foi colunista do Diário Económico, onde escreveu sobre teatro e humor. Publicou uma autobiografia, intitulada Auto-Photo Biografia (1995).
Em 1995 candidatou-se a deputado, como independente nas listas da União Democrática Popular, e à Presidência da República Portuguesa, também apoiado pela UDP (adoptando o slogan O sonho ao poder) e buscando apoio no meio universitário lisboeta.
Recebeu a Medalha de Mérito do Município de Santarém (1993) e o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (1994), das mãos de Mário Soares. Em 2001 o Museu Nacional do Teatro dedicou-lhe a exposição Um Rapaz Chamado Mário Viegas.



Cantiga dos Ais

Os ais de todos os dias,
os ais de todas as noites.
Ais do fado e do folclore,
o ai do ó ai ó linda.

Os ais que vêm do peito,
ai pobre dele, coitado
que tão cedo se finou!

Os ais que vêm da alma.
Ais d’ amor e de comédia,
ai pobre da rapariga
que se deixou enganar…
ai a dor daquela mãe.

Os ais que vêm do sexo,
os ais do prazer na cama.
Os ais da pobre senhora
agarrada ao travesseiro
ai que saudades, saudades,
os ais tão cheios de luto
da viúva inconsolável.
Ai pobre daquele velhinho:
_ai que saudades menina,
ai a velhice é tão triste.

Os ais do rico e do pobre
ai o espinho da rosa
os ais do António Nobre.
Ais do peito e da poesia
e os ais de outras coisas mais.
Ai a dor que tenho aqui,
ai o gajo também é,
ai a vida que tu levas,
ai tu não faças asneiras,
ai mulher és o demónio,
ai que terrível tragédia,
ai a culpa é do António!

Ai os ais de tanta gente…
ai que já é dia oito
ai o que vai ser de nós.

E os ais dos liriquistas
a chorar compreensão?
ai que vontade de rir.

E os ais de D. Dinis
Ai Deus e u é…

Triste de quem der um ai
sem achar eco em ninguém.
Os ais da vida e da morte
Ai os ais deste país…

Armindo Mendes de Carvalho


NOTA/ADENDA: por ser o Dia das Mentiras (e porque um gajo tem direito a enganar-se, há que dizer a verdade...) aumentámos numa década a data da morte de Mário Viegas (obrigado, amigo Carlos Faria, do blog GEOCRUSOE, pela atenta leitura, que nos levou a corrigir o título do post...!). Há ainda outro aspeto que queremos salientar: hoje, 01.04.2013, chegámos aos 100 seguidores...! Os nossos agradecimentos a quem nos segue, lê e critica!

William Harvey, o médico que conseguiu explicar o sistema circulatório sanguíneo, nasceu há 435 anos

William Harvey (Folkestone, 1 de abril de 1578 - Roehampton, 3 de junho de 1657) foi um médico britânico que pela primeira vez descreveu corretamente os detalhes do sistema circulatório do sangue ao ser bombeado por todo o corpo pelo coração.
Estudou Medicina na Universidade de Cambridge, onde, em 1602, se doutorou. Estudou entre 1597 e 1601 em Pádua com Fabrici de Aquapendente (Girolamo). Exerceu clínica em Londres e foi médico do St. Bartholomew's Hospital, sendo, em 1609, nomeado professor de Anatomia e Cirurgia no Royal College of Physicians.
Os seus estudos inspiraram as ideias de René Descartes, que na sua "Descrição do Corpo Humano", disse que as artérias e as veias eram tubos que levavam nutrientes a todo o corpo. Muitos acreditam que ele descobriu e expandiu as técnicas de medicina muçulmana, particularmente o trabalho de Ibn Nafis, que lançou os primeiros estudos sobre a maioria das veias e artérias no século XIII. Apesar da discussão que a sua descoberta desencadeou, as suas ideias acabaram por ser aceites ainda durante a sua vida. Na época em que a discussão decorria, os seus defensores eram apelidados pelos seus opositores de «circulatores».
São também notáveis os seus estudos sobre a geração da vida. Realizando trabalhos experimentais, utiliza os animais do parque do rei, concluindo que todo os seres vivos provêem de um ovo. Demitiu-se de todos os seus cargos em 1646, retirando-se para o campo, tendo recusado a presidência do Colégio dos Médicos, para que tinha sido eleito em 1654.
O historiador e vencedor do Pulitzer, Arthur Schlesinger Jr. incluiu William Harvey na lista das "Dez pessoas mais influentes do Segundo Milénio" na sua participação no World Almanac & Book of Facts.

Rachmaninoff nasceu há 140 anos

Sergei Vasilievich Rachmaninoff (Semyonovo, 1 de abril de 1873 - Beverly Hills, 28 de março de 1943) foi um compositor, pianista e maestro russo, um dos últimos grandes expoentes do estilo Romântico na música clássica europeia. "Sergei Rachmaninoff" foi como o próprio compositor grafou seu nome quando viveu no ocidente, durante a última metade de sua vida. Entretanto, transliterações alternativas de seu nome incluem Sergey ou Sergej, e Rachmaninov, Rachmaninow, Rakhmaninov ou Rakhmaninoff.
Rachmaninoff é tido como um dos pianistas mais influentes do Século XX. Seus trejeitos técnicos e rítmicos são lendários, e suas mãos largas eram capazes de cobrir um intervalo de uma 13ª no teclado (um palmo esticado de cerca de 30 centímetros). Especula-se se ele era ou não portador da Síndrome de Marfan, já que se pode dizer que o tamanho de suas mãos correspondia à sua estatura, algo entre 1,91 e 1,98 m. Ele também possuía a habilidade de executar composições complexas à primeira audição. Muitas gravações foram feitas pela Victor Talking Machine Company, com Rachmaninoff executando composições próprias ou de repertórios populares.
A sua reputação como compositor, por outro lado, tem gerado controvérsia desde a sua morte. A edição de 1954 do Grove Dictionary of Music and Musicians notoriamente desprezou a sua música, descrevendo-a como "monótona em textura… consistindo principalmente de melodias artificiais e feias" e previu seu sucesso como "não duradouro". A isto, Harold C. Schonberg em seu Vidas dos Grandes Compositores, respondeu, "é uma das colocações mais vergonhosamente snobes e mesmo estúpidas a ser encontrada num trabalho que se propõe a ser uma referência objetiva". De facto, não apenas os trabalhos de Rachmaninoff se tornaram parte do reportório padrão, mas a sua popularidade tanto entre músicos quanto entre ouvintes vem, no mínimo, crescendo desde a segunda metade do século XX, com algumas de suas sinfonias e trabalhos orquestrais, canções e músicas de coral sendo reconhecidas como obras-primas ao lado dos trabalhos para piano, mais populares.
As suas composições incluem, entre várias outras: quatro concertos para piano; a famosa Rapsódia sobre um tema de Paganini; três sinfonias; duas sonatas para piano; três óperas; uma sinfonia para coral (The Bells, ou Os Sinos, baseado no poema de Edgar Allan Poe); vinte e quatro prelúdios (incluindo o famoso Prelúdio em Dó Sustenido Menor); dezassete études; muitas canções, sendo as mais famosas a V molchanyi nochi taynoi (No Silêncio da Noite), Lilacs e a sem-letra Vocalise; e o último de seus trabalhos, as Danças Sinfónicas. A maioria de suas peças parece carregada de melancolia, num estilo romântico tardio lembrando a música de Tchaikovsky, embora apareçam fortes influências de Chopin e Liszt. Inspirações posteriores incluem a música de Balakirev, Mussorgsky, Medtner (o qual ele considerou o maior compositor contemporâneo e que, de acordo com o Lives de Schonberg, retornou ao complemento por imitá-lo) e Henselt.

Rachmaninov nasceu em Semyonovo, perto de Novgorod, no noroeste da Rússia, numa nobre família descendente de tártaros, que esteve a serviço dos Csares russos desde o século XVI. Os seus pais foram ambos pianistas amadores, e ele teve suas primeiras lições de piano com a sua mãe; entretanto, seus pais não notaram nenhum talento extraordinário no jovem. Por causa de problemas financeiros, a família mudou para São Petersburgo, onde Rachmaninov estudou no Conservatório da cidade antes de ir para Moscovo. Lá, ele estudou piano com Nikolai Zverev e Alexander Siloti (que era seu primo e ex-estudante de Liszt). Ele também estudou harmonia com Anton Arensky, e contraponto com Sergei Taneyev. Deve-se observar que, no início, Rachmaninov era considerado preguiçoso, faltando muito às aulas para ir patinar. Foi o rigoroso regime da casa de Zverev (que hospedou vários músicos jovens, como Scriabin) que o disciplinou.
Ainda jovem começou a mostrar grande habilidade nas suas composições. Enquanto ainda era estudante, ele escreveu uma ópera de um ato, Aleko (que lhe rendeu uma medalha de ouro em composição), o seu primeiro concerto para piano, um conjunto de peças para piano, Morceaux de Fantaisie (Op. 3, 1892), incluindo o popular e famoso Prelúdio em Dó Sustenido Menor. De acordo com as anotações de Francis Crociata na caixa com 10 CDs de gravações de Rachmaninov da RCA, o compositor ficou confuso com a fascinação do público por essa peça, composta quando ele tinha apenas 19 anos de idade. Ele muitas vezes importunou pessoas da platéia perguntando "Oh, será que precisa?" ou dizendo não se lembrar. Rachmaninov confidenciou a Zverev o seu desejo de compor mais, pedindo uma sala privativa onde ele poderia compor em silêncio, mas Zverev via nele apenas um pianista e estreitou as suas relações com o garoto. Após o sucesso de Aleko, entretanto, Zverev o aceitou de volta como compositor e pianista. Na verdade, as suas primeiras peças sérias para piano foram compostas e executadas ainda como estudante, aos treze anos, durante sua residência com Zverev. Em 1892, aos 19 anos, completou seu Concerto para Piano No. 1 (Op. 1, 1891), que ele reviu em 1917.

A Sinfonia No. 1 (Op. 13, 1896) estreou em 27 de março de 1897 juntamente com uma longa série de "Concertos Sinfónicos Russos", mas foi deixado de lado pela crítica. Num comentário pitoresco, de César Cui, ela foi comparada à descrição das dez pragas do Egito e sugerido que ela seria admirada pelos "inatos" de um conservatório de música no inferno. (Note-se, César Cui é o único membro do grupo nacionalista de compositores russos conhecido como o Grupo dos Cinco cuja música é raramente executada hoje em dia.) Tais críticas são geralmente atribuídas à inadequação da performance; a condução de Alexander Glazunov é geralmente lembrada como um problema: ele gostou da peça, mas era um maestro fraco e estava faminto na hora da execução. A esposa de Rachmaninov, mais tarde, sugeriu que Glazunov parecia bêbado e, apesar disto nunca ter sido dito por Rachmaninov, este não parecia alterado. A recepção desastrosa, combinada com a preocupação da objeção da Igreja Ortodoxa contra o casamento com sua prima, Natalia Satina, contribuiu para um colapso mental seguido de um período em depressão.
Ele escreveu pouca música nos anos seguintes, até começar um curso de Terapia Auto-Sugestiva com o psicólogo Nikolai Dahl, que coincidentemente havia sido um músico amador; Rachmaninov rapidamente recuperou sua auto-confiança. Um importante resultado dessas sessões foi a composição do Concerto para Piano No. 2 (Op. 18, 1900-01), que foi dedicado ao Dr. Dahl. A peça foi bem recebida na sua estreia, na qual o próprio Rachmaninov foi o solista, e continua sendo até os dias de hoje uma de suas composições mais populares.
O espírito de Rachmaninov se acalmou mais tarde quando, após anos de tentativas, ele finalmente conseguiu permissão para se casar com Natalia. Eles casaram num subúrbio de Moscovo com um padre militar em 29 de abril de 1902, e a união durou até a morte do compositor. Após várias apresentações como maestro, foi oferecido a Rachmaninov o cargo de maestro do Teatro Bolshoi em 1904, embora razões políticas o levassem a resignar em março de 1906, após o que ele foi para a Itália (em Florença e depois em Marina di Pisa) até julho. Ele passou os três invernos seguintes em Dresden, na Alemanha, trabalhando intensivamente como compositor e retornando à familiar Ivanovka apenas nos verões.

Rachmaninoff fez as suas primeiras apresentações nos Estados Unidos como pianista em 1909, um evento para o qual ele compôs o Concerto para Piano Nº 3 (Op. 30, 1909). Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma figura popular na América.
Após a Revolução Russa de 1917, que significou o fim da velha Rússia, Rachmaninoff, juntamente com a sua esposa e as duas filhas, deixou São Petersburgo e foi para Estocolmo, em 22 de dezembro de 1917. Eles nunca retornariam a casa novamente. Rachmaninoff então se estabeleceu na Dinamarca e passou um ano fazendo concertos pela Escandinávia. Ele saiu de Oslo (então Kristiania) para Nova Iorque em 1 de novembro de 1918, o que marcou o início do período americano da vida do compositor. Após a partida de Rachmaninoff, a sua música foi banida na União Soviética por muitos anos. A sua produção musical diminuiu, em parte porque ele teve que passar parte de seu tempo com sua família, mas principalmente por causa da saudade da sua terra natal; ele sentiu que deixar a Rússia foi como deixar para trás a sua inspiração.
O declínio nas composições de Rachmaninoff foi dramático. Entre 1892 e 1917 (vivendo principalmente na Rússia), ele escreveu trinta e nove composições com números opus. Entre 1918 e sua morte em 1943, enquanto vivia nos Estados Unidos, ele completou apenas seis.
Instalando-se nos Estados Unidos, Rachmaninoff começou a fazer gravações para Thomas Edison em 1919, usando um piano vertical, o qual o inventor admitiu ser de qualidade inferior; entretanto, os discos renderam fama ao compositor. No ano seguinte ele assinou um contrato exclusivo com a Victor Talking Machine Company e continuou a fazer gravações com a Victor até fevereiro de 1942.
Em 1931, com outros exilados russos, ele ajudou a fundar uma escola de música em Paris que posteriormente teria o seu nome, o Conservatoire Rachmaninoff. A sua Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, um de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, foi escrito na Suíça em 1934. Ele voltou a compor na Sinfonia No. 3 (Op. 44, 1935-36) e as Danças Sinfónicas (Op. 45, 1940), o seu último trabalho completo. O maestro Eugene Ormandy e a Philadelphia Orchestra estrearam as Danças Sinfónicas em 1941 na Academy of Music. Rachmaninoff caiu doente durante uma turnê de concertos em 1942, e foi subseqüentemente diagnosticado com um melanoma maligno.
Rachmaninoff e a sua esposa tornaram-se cidadãos americanos em 1 de fevereiro de 1943. O seu último recital, em 17 de fevereiro de 1943 no Alumni Gymnasium da Universidade de Tennessee em Knoxville, profeticamente performando a Sonata No. 2 em Si Bemol Menor de Chopin, que contém a famosa marcha fúnebre. Uma estátua comemorativa do último concerto de Rachmaninov existe no Parque de World's Fair, em Knoxville.

Há 67 anos um pequeno sismo desencadeou um Tsunami que levou à criação do Centro de Avisos de Tsunamis do Pacífico

A baixa de Hilo (capital da Big Island) depois do tsunami de 1946 (daqui)

O Sismo das Ilhas Aleutas de 1946 ocorreu na proximidade das Ilhas Aleutas, arquipélago do Alasca formado por vulcões de um arco insular associado à zona de subdução da placa do Pacífico sobre a placa norte-americana. Foi a 1 de abril de 1946, às 12.28 horas (UTC), com uma magnitude de 7,8 e o epicentro foi em 52.8°N, 163.5°W (e o hipocentro a 25 km de profundidade), sendo seguido por um tsunami. Este último resultou em 165 mortes: 159 no Havai e seis no próprio Alasca (e em prejuízos de 26 milhões de dólares - valores da época). No Alasca a onda do tsunami teve uma altura de pelo menos 35 m e no Havai, na Big Island, teve uma altura máxima de 8,1 m e seis ou sete ondas, com intervalos de 15/20 minutos.
O tsunami foi estranhamente forte para o tamanho do terremoto; foi a última vez que um sismo abaixo de magnitude 9,0 causou mortes através de um tsunami longe da área do sismo. Vários cientistas acreditam que o tsunami pode ter sido causado por um deslizamento de terra submarino causado pelo sismo. O tamanho e efeitos do tsunami levou, em 1949, à criação do Pacific Tsunami Warning Center, tendo este poupado, ao longo da sua existência, imensas vidas com os seus alertas.

O martírio dos judeus começou na Alemanhã nazi há 80 anos...

1 de abril de 1933 - os nazis, recém-eleitos, organizam, sob a batuta de Julius Streicher, um boicote de um dia a todas as lojas e negócios pertencentes a judeus na Alemanha, a preparação do Holocausto. Neste cartaz, afixado por um membro da milícia para-militar SA (os camisas castanhas), lê-se a seguinte propaganda anti-semita: 

Alemães, defendam-se! Não comprem aos judeus!

A Guerra Civil Espanhola terminou há 74 anos

Capa, Death of a Loyalist Soldier.jpg
  A Morte do Soldado Republicano - Robert Capa

A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito bélico deflagrado após um fracassado golpe de estado de um setor do exército contra o governo legal e democrático da Segunda República Espanhola. A guerra civil teve início após um pronunciamento dos militares rebeldes, entre 17 e 18 de julho de 1936, e terminou em 1 de abril de 1939, com a vitória dos militares e a instauração de um regime ditatorial de caráter fascista, liderado pelo general Francisco Franco.



Meu irmão era aviador

Meu irmão era aviador,
deram-lhe um dia passagem,
fez a mal - e lá partiu,
para o Sul foi a viagem.

Meu irmão é conquistador,
falta espaço ao nosso povo,
e foi sempre o nosso sonho
velho: - terreno novo.

O que ele conquistou com fama
fica lá no Guadarrama:
de comprido, um metro e oitenta;
de fundo, um metro e cinquenta.

in
Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

Porque hoje é 1 de abril...


... queríamos dar as boas vindas a um senhor "engenheiro" para quem este dia é muito especial e voltou, recentemente, a este país (embora não tenha conseguido voltar a esta realidade); há outro, mas como o doutor Vale e Azevedo (já...) está na prisão, não conta...

Mania das Grandezas

Pois bem, confesso:
fui eu quem destruiu as Babilónias
e descobriu a pólvora...
Acredite, a estrela Sírius, de primeira grandeza,
(única no mercado)
deixou-me meu tio-avô em testamento.

No meu bolso esconde-se o segredo
das alquimias
e a metafísica das religiões
— tudo por inspiração!

Que querem?
Sou poeta
e tenho a mania das grandezas...

Talvez ainda venha a ser Presidente da República...


Joaquim Namorado

domingo, março 31, 2013

Angus Young, o grande guitarrista dos AC/DC, faz hoje 58 anos

Angus McKinnon Young (31 de março de 1955, Glasgow, Escócia) é um guitarrista, músico e um dos fundadores da banda de hard rock, AC/DC. Apesar de ser escocês, naturalizou-se australiano, possuindo dupla nacionalidade. No ano de 2003, foi colocado, em conjunto com Malcolm Young, Brian Johnson e os outros membros do AC/DC, no Hall da Fama do Rock n'Roll. É conhecido no mundo inteiro pelas suas performances nos palcos durante os shows, o seu tradicional uniforme escolar britânico (que acabou por se tornar um símbolo da banda...) e por realizar a popular 'Duckwalk', dança inventada pela lenda músical, Chuck Berry. No ano de 2003, esteve presente na lista dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos, ficando na 96º colocação. Um ano mais tarde, foi considerado o 24º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone. A sua guitarra elétrica predileta é a Gibson SG que conseguiu na Austrália e usa há mais de 30 anos de carreira. Um dos maiores guitarristas da história do Rock 'n Roll, é considerado pela grande maioria dos críticos o maior riffer de todos os tempos. É autor de célebres riffs de guitarra, como Back in Black, Highway to Hell, Riff Raff, Black Ice, Let There Be Rock, Hells Bells, Rock 'N Roll Train, Thunderstruck, Shoot to Thrill, e entre outros.






Haydn nasceu há 281 anos

Franz Joseph Haydn (Rohrau, 31 de março de 1732 - Viena, 31 de maio de 1809) foi um dos mais importantes compositores do período clássico. Personifica o chamado "classicismo vienense" ao lado de Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven. A posteridade apelidou este grupo como "Trindade Vienense". Para além disso é considerado como um dos autores mais importantes e influentes da história da música erudita ocidental com uma carreira que cobriu desde o fim do barroco aos inícios do romantismo. Ele é simultaneamente a ponte e o motor que permitiram que esta evolução sucedesse.
Era irmão do igualmente compositor Michael Haydn, colega de Mozart em Salzburgo, e do tenor Johann Evangelist Haydn, que mais tarde Joseph fará vir para Eszterhaza, em 1763. Tendo vivido a maior parte da sua vida na Áustria, Haydn passou grande parte de sua carreira como músico de corte para a rica família dos Eszterházy. Isolado de outros compositores, foi, segundo ele próprio, “forçado a ser original”. O seu génio foi amplamente reconhecido durante a sua vida.



NOTA: post 10.000 deste blog...!

Newton morreu há 286 anos

Sir Isaac Newton (Woolsthorpe-by-Colsterworth, 4 de janeiro de 1643, no calendário Gregoriano - Londres, 31 de março de 1727, idem) foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrónomo, alquimista, filósofo natural e teólogo.
A sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, é considerada uma das mais influentes na história da ciência. Publicada em 1687, esta obra descreve a lei da gravitação universal e as três leis de Newton, que fundamentaram a mecânica clássica.

Ao demonstrar a consistência que havia entre o sistema por si idealizado e as leis de Kepler do movimento dos planetas, foi o primeiro a demonstrar que os movimentos de objetos, tanto na Terra como em outros corpos celestes, são governados pelo mesmo conjunto de leis naturais. O poder unificador e profético de suas leis era centrado na revolução científica, no avanço do heliocentrismo e na difundida noção de que a investigação racional pode revelar o funcionamento mais intrínseco da natureza.
Em uma pesquisa promovida pela Royal Society, Newton foi considerado o cientista que causou maior impacto na história da ciência. De personalidade sóbria, fechada e solitária, para ele, a função da ciência era descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.

Início
Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643 em Woolsthorpe Manor, embora seu nascimento tivesse sido registado como no dia de Natal, 25 de dezembro de 1642, pois àquela época a Grã-Bretanha usava o calendário juliano. O seu nascimento foi prematuro, não tendo conhecido o seu pai, um próspero fazendeiro que também se chamava Isaac Newton e que morreu três meses antes de seu nascimento. A sua mãe, Hannah Ayscough Newton, passou a administrar a propriedade rural da família. A situação financeira era estável, e a fazenda garantia um bom rendimento. Com apenas três anos, Newton foi levado para a casa de sua avó materna, Margery Ayscough, onde foi criado, já que sua mãe havia se casado novamente (com um pastor chamado Barnabas Smith). O jovem Isaac não havia gostado de seu padrasto e discutiu com a sua mãe por se casar com ele, como revelado por este registo, em uma lista de pecados cometidos até aos 19 anos de idade: "Ameaçar meu pai Smith e minha mãe de queimar sua casa com eles dentro." Tudo leva a crer que o jovem Isaac Newton teve uma infância muito triste e solitária, pois laços afetivos entre ele e seus parentes não são encontrados como algo verdadeiro.
Um ser de personalidade fechada, introspectiva e de temperamento difícil: assim era Newton, que, embora vivesse em uma época em que a tradição dizia que os homens cuidariam dos negócios de toda a família, nunca demonstrou habilidade ou interesse para esses tipos de trabalho. Por outro lado, pensa-se que ele passava horas e horas sozinho, observando as coisas e construindo objetos. Parece que o único romance de que se tem notícia na vida de Newton tenha ocorrido com uma jovem de nome Anne Storer (filha adotiva do farmacêutico e hoteleiro William Clarke), embora isso não esteja comprovado.
Dos doze até aos dezassete anos, Newton foi educado na The King's School, em Grantham (onde a sua assinatura ainda pode ser vista em cima de um parapeito da janela da biblioteca). Ele foi retirado da escola em outubro de 1659 para viver em Woolsthorpe-by-Colsterworth, onde a sua mãe, viúva, agora por uma segunda vez, tentou fazer dele um agricultor; mas ele odiava a agricultura. Henry Stokes, mestre da The King's School, convenceu a sua mãe a mandá-lo de volta à escola para que pudesse completar sua educação.
Especula-se que Newton estudou latim, grego e a Bíblia. Alguns autores destacam a ideia de que era um aluno mediano, até que uma cena de sua vida mudou isso: uma disputa com um colega de escola fez com que Newton decidisse ser o melhor aluno de classe e de todo a escola.

Universidade
Newton estudou no Trinity College de Cambridge, e graduou-se em 1665. Um dos principais precursores do Iluminismo, o seu trabalho científico sofreu forte influência de seu professor e orientador Barrow (desde 1663), e de Schooten, Viète, John Wallis, Descartes, dos trabalhos de Fermat sobre retas tangentes a curvas; de Cavalieri, das ideias de Galileu Galilei e Johannes Kepler.
Em 1663, formulou o teorema hoje conhecido como Binómio de Newton. Avançou com as suas primeiras hipóteses sobre gravidade e escreveu sobre séries infinitas e o que chamou de teoria das fluxões (1665), o embrião do Cálculo Diferencial e Integral.
Por causa da peste negra, o Trinity College foi fechado em 1666 e o cientista foi para casa da sua mãe em Woolsthorpe-by-Colsterworth. Foi neste ano de retiro que construiu quatro de suas principais descobertas: o Teorema Binomial, o cálculo, a lei da gravitação universal e a natureza das cores. Construiu o primeiro telescópio de reflexão em 1668, e foi quem primeiro observou o espectro visível que se pode obter pela decomposição da luz solar ao incidir sobre uma das faces de um prisma triangular transparente (ou outro meio de refração ou de difração), atravessando-o e projetando-se sobre um meio ou um anteparo branco, fenómeno este conhecido como dispersão. Optou, então, pela teoria corpuscular de propagação da luz, enunciando-a em (1675) e contrariando a teoria ondulatória de Huygens.
Tornou-se professor de matemática em Cambridge (1669) e entrou para a Royal Society (1672). A sua principal obra foi a publicação Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Princípios matemáticos da filosofia natural - 1687), em três volumes, na qual enunciou a lei da gravitação universal (Volume 3), generalizando e ampliando as constatações de Kepler, e resumiu as suas descobertas, principalmente o cálculo. Essa obra tratou essencialmente sobre física, astronomia e mecânica (leis dos movimentos, movimentos de corpos em meios resistentes, vibrações isotérmicas, velocidade do som, densidade do ar, queda dos corpos na atmosfera, pressão atmosférica, etc.).
De 1687 a 1690, foi membro do parlamento britânico, em representação da Universidade de Cambridge. Em 1696 foi nomeado Warden of the Mint e em 1701 Master of the Mint, dois cargos burocráticos da Casa da Moeda britânica. Foi eleito sócio estrangeiro da Académie des Sciences em 1699 e tornou-se presidente da Royal Society em 1703. Publicou, em Cambridge, Arithmetica universalis (1707), uma espécie de livro-texto sobre identidades matemáticas, análise e geometria, possivelmente escrito muitos anos antes (talvez em 1673).


Newton foi respeitado como nenhum outro cientista e sua obra marcou efetivamente uma revolução científica.
Os seus estudos foram como que chaves que abriram portas para diversas áreas do conhecimento cujo acesso era impossível antes de Newton.
Newton, nos seus últimos dias, passou por diversos problemas renais que culminaram com sua morte. No lado mais pessoal, existem biógrafos que afirmam que ele teria morrido virgem.
Na noite de 20 de março de 1727 (calendário juliano) faleceu. Foi enterrado junto a outros célebres homens da Inglaterra na Abadia de Westminster.
A causa provável de sua morte foram complicações relacionadas com cálculos renais que o afligiram nos seus últimos anos de vida.
O seu epitáfio foi escrito pelo poeta Alexander Pope:
Cquote1.svg A natureza e as leis da natureza estavam imersas em trevas; Deus disse "Haja Newton" e tudo se iluminou. Cquote2.svg
Sepultura de Newton na abadia de Westminster

O paleontólogo que descobriu os Xistos de Burgess (e não percebeu o que descobriu) nasceu há 163 anos

Charles Doolittle Walcott (New York Mills, Condado de Oneida, Nova Iorque, 31 de março de 1850 - Washington, DC, 9 de fevereiro de 1927) foi um paleontólogo norte-americano.
Foi um especialista em invertebrados.
É sobretudo conhecido pela descoberta dos Xistos de Burgess, uma formação geológica na Colúmbia Britânica, Canadá, considerada uma das principais jazidas de fósseis do mundo, que contém grande número de fósseis do período Câmbrico médio extraordinariamente preservados, incluindo vários tipos de invertebrados e também os animais dos quais evoluíram os cordados, como o Pikaia, advindo daí a sua extrema importância na paleontologia.
Foi laureado com a medalha Wollaston pela Sociedade Geológica de Londres, em 1918.

Johann Sebastian Bach nasceu há 328 anos

Johann Sebastian Bach, nascido em Eisenach a 31 de março de 1685 (21 de março no calendário juliano) e que faleceu em Leipzig a 28 de julho de 1750, foi um compositor, cantor, maestro, professor, organista, cravista, violista e violinista da Alemanha.


Porque hoje muitos celebramos a Páscoa...

As mulheres no túmulo (1440-42 - Fra Angelico)

Vimos a pedra vazia no interior da terra

Vimos a pedra vazia no interior da terra
A manhã. Nós não tocámos a luz
Inesperada. Pensámos
Que já o sono sendo eterno te afastara
E que farol que foste
Agora onda após onda, brasa extinta, naufragava

Nunca mais, pensámos, dormirias na proa
E quase desaprendêramos a guiar o barco
Em nossas viagens não amainaria mais, pensámos, e chegar a casa
Seria ver multiplicar-se
A nossa fome como o peixe e como o pão

Chegámos a terra porém e esperavas-nos
Os pés furados como conchas sobre a areia
E sentámo-nos em redor para comer


in
Dos Líquidos (2000) - Daniel Faria

(imagem daqui)

sábado, março 30, 2013

Frankie Laine, um dos mais populares cantores norte-americanos do século XX, nasceu há cem anos

Frankie Laine (sentado à direita)

Frankie Laine, nome artístico de Francesco Paolo LoVecchio (Chicago, 30 de março de 1913 - San Diego, 6 de Ffevereiro de 2007) foi um dos mais populares cantores norte-americanos do século XX. Frequentemente chamado de "Cantor Americano número um". Tem como outros cognomes Mr. Rhythm, Old Leather Lungs, e Old Man Jazz.

Sendo um cantor pop com voz de tenor e montes de estilo, capaz de encher salões sem microfone e um dos maiores fazedores de sucessos dos finais da década de 40 e início da década de 50, Laine tinha um catálogo de mais de 70 gravações, 21 discos de ouro, e 250 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Originalmente era um cantor de rhythm and blues influenciado pelo jazz, Laine excedeu com virtuosismo qualquer estilo de música, expandindo, eventualmente, de igual modo, vários géneros de música popular padronizados, como o Gospel, Folk, Country, western, rock'n'roll e uma ou outra inovação esporádica. Também era conhecido como Mr Rhythm pelo excitante estilo que imprimia ao jazz.
Laine era o primeiro e o maior de uma geração de cantores com influências negras, que ganhou proeminência depois da Segunda Guerra Mundial. Este estilo novo, cru e carregado de emoções parecia o sinal do fim do anterior estilo de cantar. E era de facto o anúncio do rock'n'roll que estava a chegar. Como historiador da música, Jonny Whiteside escreveu:
"Nos clubes de Hollywood, uma nova geração de cantores brancos com influências negras faz um vergonhoso atropelo de novos sons... Mais importante que todos eles, era Frankie Laine, um grande rapaz branco com 'amígdalas de aço' que cinge tochas azuis enquanto dança pesadamente com a sua altura de doze pés em articulações como "Billy Berg", "Club Hangover" e o "Bandbox". ... O estilo vocal de Laine não fica a dever nada a Crosby, Sinatra ou Dick Haymes. Ao contrário ele passou à frente de Billy Eckstine, Joe Turner ou Jimmy Rushing, e com isso Laine espalhou as sementes de uma nova percepção e as audiências cresceram. ... Frank Sinatra representou, talvez, o maior florescimento da tradição de cantar de um quarto de século, mas repentinamente tornou-se anacrónico. Primeiro Frankie Laine, depois Tony Bennett, e agora Johnnie (Ray), cantando músicas dos The Belters e The Exciters, vieram juntamente com uma insolente vibração e uma vulgar batida, transformar a velha rotina que Frank meticulosamente aperfeiçoara, parecer quase inválida."
Nas palavras do crítico de jazz, Richard Grudens:
"O estilo de Frank foi muito inovador, o que fez com que ele, a início, tivesse alguma dificuldade em ser aceite. Ele preferia torcer as notas e cantar sobre combinações de sons do que cantar a nota directamente, e ele enfatizou cada compasso rítmico, o que era diferente dos suaves cantores de balada da época."
A sua gravação de 1946 de "That's My Desire" ficou como um marco assinalando o fim do duplo domínio das grandes bandas e do estilo de cantar favorecido pelos contemporâneos, Dick Haymes e Frank Sinatra. Frequentemente apelidado como o primeiro cantor de soul de olhos azuis, o estilo de Laine deixou claro o caminho para muitos artistas que apareceram nos finais da década de 1940 e início da década de 1950, incluindo Kay Starr, Tony Bennett, Johnnie Ray e Elvis Presley (que inicialmente era descrito pelos críticos como "um cruzamento entre Johnnie Ray e Frankie Laine).
"Eu penso que Frank provavelmente era um dos precursores dos .... blues, e do .... rock'n'roll. Bastantes cantores cantavam com um comportamento apaixonado - Frank foi e é definitivamente um deles. Eu costumo sempre imitá-lo com 'That's...my...desire.' Mais tarde Johnnie Ray juntou-se a esse modo de fazer todo esse tipo de movimentos, mas Frank já o havia feito." - Patti Page
Ao longo da década de 1950, Laine gozou de uma segunda carreira cantando as canções iniciais de filmes de Hollywood e de programas de televisão, incluindo: "Gunfight at the OK Corral", "3:10 To Yuma", "Bullwhip" e "Rawhide". A sua execução da canção título do filme de Mel Brooks, "Blazing Saddles" (1974) ganhou uma nomeação para o Óscar de melhor canção e, na televisão, Laine apresentou "Rawhide" para a série do mesmo nome, que se tornou um tema popular.
"Não se pode categorizá-lo. Ele é um daqueles cantores que não estão num só trilho. E ainda penso que as suas gravações tiveram mais excitação e vida dentro delas. E penso que era pela sua grande venda, que ele era tão cheio de energia. Você sabe, quando se ouviam as suas gravações isso era dinamite." – Herb Jeffries