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quinta-feira, outubro 03, 2024

Carl von Ossietzky nasceu há 135 anos...

   
Foi agraciado com o Nobel da Paz de 1935. Morreu de tuberculose, num campo de concentração nazi, por ser pacifista e ir contra os interesses do regime. 

Em 1912, Ossietzky juntou-se a sociedade alemã de paz, mas foi obrigado a ir para o exército e serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920 tornou-se secretário da sociedade, em Berlim. Ossietzky ajudou a fundar a organização Nie Wieder Krieg (chega de guerra), em 1922 e tornou-se editor do Weltbühne, um semanário político liberal, em 1927, onde uma série de artigos dele desmascarou preparativos secretos dos líderes do Reichswehr (exército alemão) para o rearmamento. Acusado de traição, Ossietzky foi condenado em novembro de 1931 a prisão por 18 meses, mas foi concedida-lhe amnistia em dezembro de 1932.

Ossietzky era contra o militarismo alemão e o extremismo político de esquerda ou de direita. Quando Adolf Hitler se tornou Chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, Ossietzky tinha retomado sua editoria, em que ele atacou intransigentemente os nazis. Firmemente, recusando-se a fugir da Alemanha, ele foi preso em 28 de fevereiro de 1933 e enviado para um campo de concentração em Esterwegen-Papenburg. Depois de três anos de prisão e tortura, Ossietzky foi transferido, em maio de 1936, para um hospital da prisão em Berlim pelo governo alemão.

Em 24 de novembro de 1936, Ossietzky recebeu o prémio Nobel da Paz de 1935, enquanto estava detido. O prémio foi interpretado como uma expressão de censura aos nazis em todo o mundo. Hitler considerou a atribuição do prémio a Ossietzky como um ato ofensivo e sua resposta foi um decreto proibindo os alemães a aceitar qualquer prémio Nobel. Morreu de tuberculose em 4 de maio de 1938, sem ter recebido o valor do prémio, que desapareceu nas mãos de um advogado de Berlim.

    
  
        

  
  
    
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
  
    
O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
  
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
  
Foi então vã a luta?
 
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu. 

   
    
    
in Poemas (2007) - Bertold Brecht

segunda-feira, junho 10, 2024

Lídice - não esquecemos nem perdoamos...


 

Canção de Lídice

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.

 


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

domingo, maio 12, 2024

Um escritor teve de pedir, aos asnos acéfalos dos nazis, há 91 anos, que também queimassem os seus livros...

  
Oskar Maria Graf (Berg, 22 de julho de 1894 - Nova Iorque, 28 de junho de 1967) foi um escritor alemão.
Ele escreveu várias novelas e narrativas socialistas-anarquistas sobre a vida na Baviera, consideradas um pouco autobiográficas.
Inicialmente usou o seu verdadeiro nome, Oskar Graf. Depois de 1918, passou a usar o pseudónimo de Oskar Graf-Berg, sobretudo em artigos de revistas e jornais; para trabalhos que considerava mais sérios, ele passou a assiná-los com o nome de Oskar Maria Graf.
   
(...) 
   
Em 17 de fevereiro de 1933, ele viajou para Viena, uma viagem que deu início ao seu exílio voluntário da Alemanha natal. Os seus livros, inicialmente, não foram destruídos durante a Queima de Livros nazi, sendo, curiosamente, uma leitura recomendada pelo regime. Como resultado desta decisão, em 12 de maio de 1933, ele publicou, no jornal de Viena Arbeiter-Zeitung ("Jornal dos Trabalhadores") o seu famoso apelo anti-nazi, Verbrennt mich! ("Queimem-me!"). Os nazis, por causa do conteúdo aparentemente pertencente ao Movimento Völkisch, pensavam que os livros eram conformes à ideologia oficial do III Reich.
Um ano depois, em 1934, os seus livros foram finalmente proibidos na Alemanha.
  

 

Memorial recordando a Queima dos Livros de 1933, em Frankfurt


A QUEIMA DOS LIVROS

Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
   
 
  
in
Poemas (2007) - Bertolt Brecht (versão portuguesa de Paulo Quintela)

sexta-feira, maio 10, 2024

Poesia para recordar um evento triste...

(imagem daqui)

  

A QUEIMA DOS LIVROS

Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!

 
  
Bertolt Brecht

 

Nota: as ditaduras não gostam lá muito de livros - em Portugal, no estado novo, queimaram-se bastantes (aliás, curiosamente, como na I república...). Obviamente, no PREC, fez-se o mesmo - um professor familiar meu, em 75, recebeu ordens de  queimar uma extraordinária coleção didática que havia nas escolas primárias, só porque cada livro tinha uma pequena citação de Salazar...

sábado, maio 04, 2024

Carl von Ossietzky morreu há 86 anos...


 

Foi agraciado com o Nobel da Paz em 1935. Morreu de tuberculose, num campo de concentração nazi, por ser pacifista e ser contra os interesses do regime.

Em 1912, Ossietzky juntou-se à sociedade alemã de paz, mas foi conscrito no exército e serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920 tornou-se secretário da sociedade, em Berlim. Ossietzky ajudou a fundar a organização Nie Wieder Krieg (Chega de Guerra), em 1922 e tornou-se editor do Weltbühne, um semanário político liberal, em 1927, onde numa série de artigos desmascarou preparativos secretos dos líderes do Reichswehr (exército alemão) para o rearmamento. Acusado de traição, Ossietzky foi condenado em novembro de 1931 a prisão por 18 meses , mas foi-lhe concedida amnistia em dezembro de 1932.

Ossietzky era contra o militarismo alemão e o extremismo político de esquerda ou de direita. Quando Adolf Hitler chegou a Chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, Ossietzky tinha retomado  a sua direção, em que atacou intransigentemente os nazis. Firmemente, recusando-se a fugir da Alemanha, ele foi preso em 28 de fevereiro de 1933 e enviado para um campo de concentração em Esterwegen-Papenburg. Depois de três anos de prisão e tortura, Ossietzky foi transferido em maio de 1936 para um hospital da prisão em Berlim pelo governo alemão.

Em 24 de novembro de 1936, Ossietzky recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1935, enquanto estava detido. O prémio foi interpretado como uma expressão de censura aos nazis em todo o mundo. Hitler considerou a atribuição do prémio a Ossietzky como um ato ofensivo e a sua resposta foi um decreto proibindo os alemães de aceitar qualquer Prémio Nobel. Morreu de tuberculose em 4 de maio de 1938, ainda preso, num Hospital de Berlim, sem ter recebido o valor do prémio, que desapareceu nas mãos de um advogado de Berlim.

 
  



  
  
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
   
  

O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
 
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
 
Foi então vã a luta?
 
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu. 

 
 
 
Bertold Brecht

quinta-feira, março 28, 2024

Porque hoje é quinta feira santa...


(imagem daqui)

Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás”.
Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!”
Jesus respondeu: “Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes.

Jo 13, 36-38

Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote.
Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a criada que atendia a porta e levou Pedro para dentro.
A criada disse a Pedro: “Não pertences tu também aos discípulos desse homem?” Ele respondeu: “Não”.
Os servos e os guardas tinham feito um fogo, porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro estava com eles para se aquecer.
O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do seus ensinamentos.
Jesus respondeu: “Eu falei abertamente ao mundo. Eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas.
Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que eu falei; eles sabem o que eu disse”.
Quando assim falou, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?”
Jesus replicou-lhe: “Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?”
Anás, então, mandou-o, amarrado, a Caifás.
Simão Pedro continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?” Pedro negou: “Não”.
Então um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: “Será que não te vi no jardim com ele?”
Pedro negou de novo, e na mesma hora o galo cantou.

Jo 18, 15-27

E, no mesmo instante, estando ele ainda a falar, cantou um galo. Voltando-se, o Senhor fixou os olhos em Pedro; e Pedro recordou-se da palavra do Senhor, quando lhe disse: «Hoje, antes de o galo cantar, irás negar-me três vezes.» E, vindo para fora, chorou amargamente.

Lc 22, 60-61
(imagem daqui)


Romper do dia

Não é em vão
Que o romper de cada novo dia
Se inaugura p'lo canto do galo
Denunciando já de antigos tempos
Uma traição.

  

  
in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

terça-feira, março 05, 2024

Rosa Luxemburgo nasceu há 153 anos...


Rosa Luxemburgo, em polaco Róża Luksemburg (Zamość, 5 de março de 1871 - Berlim, 15 de janeiro de 1919), foi uma filósofa e economista marxista polaca e judia, naturalizada alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia do Reino da Polónia e Lituânia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD).
Em 1914, após o SPD apoiar a participação alemã na Primeira Guerra Mundial, Luxemburgo fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista. Em 1 de janeiro de 1919, a Liga transformou-se no KPD. Em novembro de 1918, durante a Revolução Espartaquista, fundou o jornal Die Rote Fahne (A Bandeira Vermelha), para dar suporte aos ideais da Liga.
Luxemburgo considerou o levantamento espartaquista de janeiro de 1919 em Berlim como um grande erro. Entretanto, ela apoiaria a insurreição que Liebknecht iniciou sem o seu conhecimento. Quando a revolta foi esmagada pelas Freikorps, milícias de direita composta por veteranos da Primeira Guerra que defendiam a República de Weimar, Luxemburgo, Liebknecht e centenas de seus adeptos foram presos, espancados e assassinados, sem direito a julgamento. Desde as suas mortes, Luxemburgo e Liebknecht atingiram o status de mártires, tanto para marxistas quanto para social-democratas.
  
 
 

(imagem daqui)
     
Epitáfio para Rosa Luxemburgo

Aqui jaz
Rosa Luxemburgo
Judia da Polónia
Vanguarda dos operários alemães
Morta por ordem
Dos opressores. Oprimidos
Enterrai as vossas desavenças! 
   
  
  
Bertold Brecht

segunda-feira, janeiro 15, 2024

Hoje é dia de recordar Rosa Luxemburgo...

(imagem daqui)
     
 
Epitáfio para Rosa Luxemburgo

Aqui jaz
Rosa Luxemburgo
Judia da Polónia
Vanguarda dos operários alemães
Morta por ordem
Dos opressores. Oprimidos
Enterrai as vossas desavenças!
   

  
Bertold Brecht

terça-feira, outubro 03, 2023

Carl von Ossietzky nasceu há 134 anos...

   
Foi agraciado com o Nobel da Paz de 1935. Morreu de tuberculose, num campo de concentração nazi, por ser pacifista e ir contra os interesses do regime.
    
  
        

  
  
    
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
  
    
O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
  
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
  
Foi então vã a luta?
 
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu. 

   
    
    
in Poemas (2007) - Bertold Brecht

sábado, junho 10, 2023

Lídice - não esquecemos nem perdoamos...


 

Canção de Lídice

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.

 


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

sexta-feira, maio 12, 2023

Um escritor teve de pedir, aos estúpidos dos nazis, há noventa anos, que também queimassem os seus livros...

  
Oskar Maria Graf (Berg, 22 de julho de 1894 - Nova Iorque, 28 de junho de 1967) foi um escritor alemão.
Ele escreveu várias novelas e narrativas socialistas-anarquistas sobre a vida na Baviera, consideradas um pouco autobiográficas.
Inicialmente usou o seu verdadeiro nome, Oskar Graf. Depois de 1918, passou a usar o pseudónimo de Oskar Graf-Berg, sobretudo em artigos de revistas e jornais; para trabalhos que considerava mais sérios, ele passou a assiná-los com o nome de Oskar Maria Graf.
   
(...) 
   
Em 17 de fevereiro de 1933, ele viajou para Viena, uma viagem que deu início ao seu exílio voluntário da Alemanha natal. Os seus livros, inicialmente, não foram destruídos durante a Queima de Livros nazi, sendo, curiosamente, uma leitura recomendada pelo regime. Como resultado desta decisão, em 12 de maio de 1933, ele publicou, no jornal de Viena Arbeiter-Zeitung ("Jornal dos Trabalhadores") o seu famoso apelo anti-nazi, Verbrennt mich! ("Queimem-me!"). Os nazis, por causa do conteúdo aparentemente pertencente ao Movimento Völkisch, pensavam que os livros eram conformes à ideologia oficial do III Reich.
Um ano depois, em 1934, os seus livros foram finalmente proibidos na Alemanha.
  

 

Memorial recordando a Queima dos Livros de 1933, em Frankfurt


A QUEIMA DOS LIVROS

Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
   
 
  
in
Poemas (2007) - Bertolt Brecht (versão portuguesa de Paulo Quintela)

quarta-feira, maio 10, 2023

Poesia para um evento triste que hoje recordamos e não esquecemos...

(imagem daqui)

  

A QUEIMA DOS LIVROS

Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!

 
  
Bertolt Brecht

quinta-feira, maio 04, 2023

Carl von Ossietzky morreu há 85 anos...

 

 
Foi agraciado com o Nobel da Paz em 1935. Morreu de tuberculose, num campo de concentração nazi, por ser pacifista e ser contra os interesses do regime.

Em 1912, Ossietzky juntou-se à sociedade alemã de paz, mas foi conscrito no exército e serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920 tornou-se secretário da sociedade, em Berlim. Ossietzky ajudou a fundar a organização Nie Wieder Krieg (Chega de Guerra), em 1922 e tornou-se editor do Weltbühne, um semanário político liberal, em 1927, onde numa série de artigos desmascarou preparativos secretos dos líderes do Reichswehr (exército alemão) para o rearmamento. Acusado de traição, Ossietzky foi condenado em novembro de 1931 a prisão por 18 meses , mas foi-lhe concedida amnistia em dezembro de 1932.

Ossietzky era contra o militarismo alemão e o extremismo político de esquerda ou de direita. Quando Adolf Hitler chegou a Chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, Ossietzky tinha retomado  a sua direção, em que atacou intransigentemente os nazis. Firmemente, recusando-se a fugir da Alemanha, ele foi preso em 28 de fevereiro de 1933 e enviado para um campo de concentração em Esterwegen-Papenburg. Depois de três anos de prisão e tortura, Ossietzky foi transferido em maio de 1936 para um hospital da prisão em Berlim pelo governo alemão.

Em 24 de novembro de 1936, Ossietzky recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1935, enquanto estava detido. O prémio foi interpretado como uma expressão de censura aos nazis em todo o mundo. Hitler considerou a atribuição do prémio a Ossietzky como um ato ofensivo e a sua resposta foi um decreto proibindo os alemães de aceitar qualquer Prémio Nobel. Morreu de tuberculose em 4 de maio de 1938, ainda preso, num Hospital de Berlim, sem ter recebido o valor do prémio, que desapareceu nas mãos de um advogado de Berlim.

 
  



  
  
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
   
  

O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
 
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
 
Foi então vã a luta?
 
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu. 

 
 
 
Bertold Brecht

domingo, março 05, 2023

Rosa Luxemburgo nasceu há 152 anos...

 
   
Rosa Luxemburgo, em polaco Róża Luksemburg (Zamość, 5 de março de 1871 - Berlim, 15 de janeiro de 1919), foi uma filósofa e economista marxista polaca e judia, naturalizada alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia do Reino da Polónia e Lituânia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD).
Em 1914, após o SPD apoiar a participação alemã na Primeira Guerra Mundial, Luxemburgo fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista. Em 1 de janeiro de 1919, a Liga transformou-se no KPD. Em novembro de 1918, durante a Revolução Espartaquista, fundou o jornal Die Rote Fahne (A Bandeira Vermelha), para dar suporte aos ideais da Liga.
Luxemburgo considerou o levantamento espartaquista de janeiro de 1919 em Berlim como um grande erro. Entretanto, ela apoiaria a insurreição que Liebknecht iniciou sem o seu conhecimento. Quando a revolta foi esmagada pelas Freikorps, milícias de direita composta por veteranos da Primeira Guerra que defendiam a República de Weimar, Luxemburgo, Liebknecht e centenas de seus adeptos foram presos, espancados e assassinados, sem direito a julgamento. Desde as suas mortes, Luxemburgo e Liebknecht atingiram o status de mártires, tanto para marxistas quanto para social-democratas.
  
 
 
(imagem daqui)
     
Epitáfio para Rosa Luxemburgo

Aqui jaz
Rosa Luxemburgo
Judia da Polónia
Vanguarda dos operários alemães
Morta por ordem
Dos opressores. Oprimidos
Enterrai as vossas desavenças! 
   
  
  
Bertold Brecht

domingo, janeiro 15, 2023

Hoje é dia de recordar Rosa Luxemburgo...

(imagem daqui)
     
Epitáfio para Rosa Luxemburgo

Aqui jaz
Rosa Luxemburgo
Judia da Polónia
Vanguarda dos operários alemães
Morta por ordem
Dos opressores. Oprimidos
Enterrai as vossas desavenças!
  
  
Bertold Brecht

segunda-feira, outubro 03, 2022

Carl von Ossietzky nasceu há 133 anos

   
Foi agraciado com o Nobel da Paz de 1935. Morreu de tuberculose, num campo de concentração nazi, por ser pacifista e ir contra os interesses do regime.
    
  
        

  
  
    
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
  
    
O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
  
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
  
Foi então vã a luta?
 
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu. 

   
    
    
in Poemas (2007) - Bertold Brecht

sexta-feira, junho 10, 2022

Hoje é dia de recordar Lídice...

 


 

Canção de Lídice

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.

 


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

quinta-feira, maio 12, 2022

Há 89 anos, um escritor teve de pedir aos estúpidos dos nazis que queimassem os seus livros...

  
Oskar Maria Graf (Berg, 22 de julho de 1894 - Nova Iorque, 28 de junho de 1967) foi um escritor alemão.
Ele escreveu várias novelas e narrativas socialistas-anarquistas sobre a vida na Baviera, consideradas um pouco autobiográficas.
Inicialmente usou o seu verdadeiro nome, Oskar Graf. Depois de 1918, passou a usar o pseudónimo de Oskar Graf-Berg, sobretudo em artigos de revistas e jornais; para trabalhos que considerava mais sérios, ele passou a assiná-los com o nome de Oskar Maria Graf.
   
(...) 
   
Em 17 de fevereiro de 1933, ele viajou para Viena, uma viagem que deu início ao seu exílio voluntário da Alemanha natal. Os seus livros, inicialmente, não foram destruídos durante a Queima de Livros nazi, sendo, curiosamente, uma leitura recomendada pelo regime. Como resultado desta decisão, em 12 de maio de 1933, ele publicou, no jornal de Viena Arbeiter-Zeitung ("Jornal dos Trabalhadores") o seu famoso apelo anti-nazi, Verbrennt mich! ("Queimem-me!"). Os nazis, por causa do conteúdo aparentemente pertencente ao Movimento Völkisch, pensavam que os livros eram conformes à ideologia oficial do III Reich.
Um ano depois, em 1934, os seus livros foram finalmente proibidos na Alemanha.
  

Memorial recordando a Queima dos Livros de 1933, em Frankfurt


A QUEIMA DOS LIVROS

Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
   
 
  
in
Poemas (2007) - Bertolt Brecht (versão portuguesa de Paulo Quintela)

terça-feira, maio 10, 2022

Poema para recordar evento triste que hoje recordamos - e não esquecemos...

(imagem daqui)

  

A QUEIMA DOS LIVROS

Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!

 
  
Bertolt Brecht

quarta-feira, maio 04, 2022

Carl von Ossietzky morreu há 84 anos...

  
Foi agraciado com o Nobel da Paz em 1935. Morreu de tuberculose, num campo de concentração nazi, por ser pacifista e ser contra os interesses do regime.

Em 1912, Ossietzky juntou-se à sociedade alemã de paz, mas foi conscrito no exército e serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920 tornou-se secretário da sociedade, em Berlim. Ossietzky ajudou a fundar a organização Nie Wieder Krieg (Chega de Guerra), em 1922 e tornou-se editor do Weltbühne, um semanário político liberal, em 1927, onde numa série de artigos desmascarou preparativos secretos dos líderes do Reichswehr (exército alemão) para o rearmamento. Acusado de traição, Ossietzky foi condenado em novembro de 1931 a prisão por 18 meses , mas foi-lhe concedida amnistia em dezembro de 1932.

Ossietzky era contra o militarismo alemão e o extremismo político de esquerda ou de direita. Quando Adolf Hitler chegou a Chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, Ossietzky tinha retomado  a sua direção, em que atacou intransigentemente os nazis. Firmemente, recusando-se a fugir da Alemanha, ele foi preso em 28 de fevereiro de 1933 e enviado para um campo de concentração em Esterwegen-Papenburg. Depois de três anos de prisão e tortura, Ossietzky foi transferido em maio de 1936 para um hospital da prisão em Berlim pelo governo alemão.

Em 24 de novembro de 1936, Ossietzky recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1935, enquanto estava detido. O prémio foi interpretado como uma expressão de censura aos nazis em todo o mundo. Hitler considerou a atribuição do prémio a Ossietzky como um ato ofensivo e a sua resposta foi um decreto proibindo os alemães de aceitar qualquer Prémio Nobel. Morreu de tuberculose em 4 de maio de 1938, ainda preso, num Hospital de Berlim, sem ter recebido o valor do prémio, que desapareceu nas mãos de um advogado de Berlim.

 
  



  
  
À morte de um lutador pela paz
(in memoriam de Carl von Ossietzky)
   
  

O que não se rendeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não se rendeu.
 
A boca que admoestava
Foi tapada por terra.
A aventura sangrenta
Começa.
Sobre a cova do amigo da paz
Calcam os batalhões.
 
Foi então vã a luta?
 
Se aquele que não lutou sozinho, foi abatido,
O inimigo
Inda não venceu. 

 
 
 
Bertold Brecht