As suas composições incluem, entre várias outras: quatro
concertos para piano; a famosa
Rapsódia sobre um tema de Paganini; três sinfonias; duas
sonatas para piano; três
óperas; uma sinfonia para coral (
The Bells, ou
Os Sinos, baseado no
poema de
Edgar Allan Poe); vinte e quatro
prelúdios (incluindo o famoso
Prelúdio em Dó Sustenido Menor); dezassete
études; muitas canções, sendo as mais famosas a
V molchanyi nochi taynoi (
No Silêncio da Noite),
Lilacs e a sem-letra
Vocalise; e o último de seus trabalhos, as
Danças Sinfónicas. A maioria de suas peças parece carregada de melancolia, num estilo romântico tardio lembrando a música de
Tchaikovsky, embora apareçam fortes influências de
Chopin e
Liszt. Inspirações posteriores incluem a música de
Balakirev,
Mussorgsky,
Medtner (o qual ele considerou o maior compositor contemporâneo e que, de acordo com o
Lives de Schonberg, retornou ao complemento por imitá-lo) e
Henselt.
Rachmaninov nasceu em Semyonovo, perto de
Novgorod, no
noroeste da
Rússia, numa nobre família descendente de
tártaros, que esteve a serviço dos
Csares russos desde o
século XVI. Os seus pais foram ambos pianistas amadores, e ele teve suas primeiras lições de piano com a sua mãe; entretanto, seus pais não notaram nenhum talento extraordinário no jovem. Por causa de problemas financeiros, a família mudou para
São Petersburgo, onde Rachmaninov estudou no Conservatório da cidade antes de ir para
Moscovo. Lá, ele estudou piano com
Nikolai Zverev e
Alexander Siloti (que era seu primo e ex-estudante de
Liszt). Ele também estudou
harmonia com
Anton Arensky, e
contraponto com
Sergei Taneyev. Deve-se observar que, no início, Rachmaninov era considerado preguiçoso, faltando muito às aulas para ir
patinar. Foi o rigoroso regime da casa de Zverev (que hospedou vários músicos jovens, como
Scriabin) que o disciplinou.
Ainda jovem começou a mostrar grande habilidade nas suas composições. Enquanto ainda era estudante, ele escreveu uma
ópera de um ato,
Aleko (que lhe rendeu uma medalha de ouro em composição), o seu primeiro
concerto para piano, um conjunto de peças para piano,
Morceaux de Fantaisie (Op. 3,
1892), incluindo o popular e famoso
Prelúdio em Dó Sustenido Menor. De acordo com as anotações de Francis Crociata na caixa com 10
CDs de gravações de Rachmaninov da
RCA, o compositor ficou confuso com a fascinação do público por essa peça, composta quando ele tinha apenas 19 anos de idade. Ele muitas vezes importunou pessoas da platéia perguntando "
Oh, será que precisa?" ou dizendo não se lembrar. Rachmaninov confidenciou a Zverev o seu desejo de compor mais, pedindo uma sala privativa onde ele poderia compor em silêncio, mas Zverev via nele apenas um pianista e estreitou as suas relações com o garoto. Após o sucesso de
Aleko, entretanto, Zverev o aceitou de volta como compositor e pianista. Na verdade, as suas primeiras peças sérias para piano foram compostas e executadas ainda como estudante, aos treze anos, durante sua residência com Zverev. Em 1892, aos 19 anos, completou seu
Concerto para Piano No. 1 (Op. 1,
1891), que ele reviu em
1917.
A
Sinfonia No. 1 (Op. 13,
1896) estreou em
27 de março de
1897 juntamente com uma longa série de "Concertos Sinfónicos Russos", mas foi deixado de lado pela crítica. Num comentário pitoresco, de
César Cui, ela foi comparada à descrição das
dez pragas do Egito e sugerido que ela seria admirada pelos "inatos" de um conservatório de música no inferno. (Note-se, César Cui é o único membro do grupo nacionalista de compositores russos conhecido como o
Grupo dos Cinco cuja música é raramente executada hoje em dia.) Tais críticas são geralmente atribuídas à inadequação da performance; a
condução de
Alexander Glazunov é geralmente lembrada como um problema: ele gostou da peça, mas era um maestro fraco e estava faminto na hora da execução. A esposa de Rachmaninov, mais tarde, sugeriu que Glazunov parecia
bêbado e, apesar disto nunca ter sido dito por Rachmaninov, este não parecia alterado. A recepção desastrosa, combinada com a preocupação da objeção da
Igreja Ortodoxa contra o casamento com sua prima, Natalia Satina, contribuiu para um
colapso mental seguido de um período em
depressão.
Ele escreveu pouca música nos anos seguintes, até começar um curso de
Terapia Auto-Sugestiva com o
psicólogo Nikolai Dahl, que coincidentemente havia sido um músico amador; Rachmaninov rapidamente recuperou sua auto-confiança. Um importante resultado dessas sessões foi a composição do
Concerto para Piano No. 2 (Op. 18,
1900-
01), que foi dedicado ao Dr. Dahl. A peça foi bem recebida na sua estreia, na qual o próprio Rachmaninov foi o solista, e continua sendo até os dias de hoje uma de suas composições mais populares.
O espírito de Rachmaninov se acalmou mais tarde quando, após anos de tentativas, ele finalmente conseguiu permissão para se casar com Natalia. Eles casaram num subúrbio de
Moscovo com um
padre militar em
29 de abril de
1902, e a união durou até a morte do compositor. Após várias apresentações como maestro, foi oferecido a Rachmaninov o cargo de maestro do
Teatro Bolshoi em
1904, embora razões políticas o levassem a resignar em março de
1906, após o que ele foi para a
Itália (em
Florença e depois em Marina di Pisa) até julho. Ele passou os três invernos seguintes em
Dresden, na
Alemanha, trabalhando intensivamente como compositor e retornando à familiar
Ivanovka apenas nos verões.
Rachmaninoff fez as suas primeiras apresentações nos
Estados Unidos como pianista em
1909, um evento para o qual ele compôs o
Concerto para Piano Nº 3 (Op. 30, 1909). Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma figura popular na América.
Após a
Revolução Russa de 1917, que significou o fim da velha Rússia, Rachmaninoff, juntamente com a sua esposa e as duas filhas, deixou
São Petersburgo e foi para
Estocolmo, em
22 de dezembro de
1917. Eles nunca retornariam a casa novamente. Rachmaninoff então se estabeleceu na
Dinamarca e passou um ano fazendo concertos pela
Escandinávia. Ele saiu de
Oslo (então Kristiania) para
Nova Iorque em
1 de novembro de
1918, o que marcou o início do período americano da vida do compositor. Após a partida de Rachmaninoff, a sua música foi banida na
União Soviética por muitos anos. A sua produção musical diminuiu, em parte porque ele teve que passar parte de seu tempo com sua família, mas principalmente por causa da saudade da sua terra natal; ele sentiu que deixar a Rússia foi como deixar para trás a sua inspiração.
O declínio nas composições de Rachmaninoff foi dramático. Entre 1892 e 1917 (vivendo principalmente na Rússia), ele escreveu trinta e nove composições com
números opus. Entre 1918 e sua morte em
1943, enquanto vivia nos Estados Unidos, ele completou apenas seis.
Instalando-se nos Estados Unidos, Rachmaninoff começou a fazer gravações para
Thomas Edison em
1919, usando um
piano vertical, o qual o inventor admitiu ser de qualidade inferior; entretanto, os discos renderam fama ao compositor. No ano seguinte ele assinou um
contrato exclusivo com a
Victor Talking Machine Company e continuou a fazer gravações com a Victor até fevereiro de
1942.
Em
1931, com outros
exilados russos, ele ajudou a fundar uma escola de música em
Paris que posteriormente teria o seu nome, o
Conservatoire Rachmaninoff. A sua
Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, um de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, foi escrito na
Suíça em
1934. Ele voltou a compor na
Sinfonia No. 3 (Op. 44,
1935-
36) e as
Danças Sinfónicas (Op. 45,
1940), o seu último trabalho completo. O maestro
Eugene Ormandy e a
Philadelphia Orchestra estrearam as
Danças Sinfónicas em
1941 na
Academy of Music. Rachmaninoff caiu doente durante uma turnê de concertos em 1942, e foi subseqüentemente diagnosticado com um
melanoma maligno.
Rachmaninoff e a sua esposa tornaram-se cidadãos americanos em
1 de fevereiro de 1943. O seu último recital, em
17 de fevereiro de 1943 no
Alumni Gymnasium da Universidade de
Tennessee em
Knoxville, profeticamente performando a
Sonata No. 2 em Si Bemol Menor de
Chopin, que contém a famosa
marcha fúnebre. Uma estátua comemorativa do último concerto de Rachmaninov existe no Parque de
World's Fair, em Knoxville.