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terça-feira, março 12, 2024

William Buckland nasceu há duzentos e quarenta anos

     
William Buckland (Axminster, Devon, 12 de março de 1784 - 24 de agosto de 1856) foi um teólogo britânico que se tornou Deão de Westminster, geólogo e paleontólogo que fez a primeira recolha e descrição completa de um dinossauro nomeado megalossauro, no seu trabalho na caverna de Kirkdale comprovando um covil pré-histórico de hiena, e pelo qual foi premiado com a Medalha Copley, foi amplamente elogiado como um exemplo de como a análise científica detalhada pode ser usada para entender a história geológica pela reconstrução de eventos de tempo profundo. Foi um pioneiro no uso de fezes, restos fossilizados, pelo qual ele inseriu o termo coprólito, para reconstruir antigos eco-sistemas. Buckland foi o proponente da Teoria do Hiato, que interpretava o acontecimento Bíblico de Génesis se referindo a dois episódios da Criação separados por um período de duração, que surgiu no final do século XVIII e começo do século XIX com uma maneira de reconciliar os acontecimentos das escrituras com as descobertas geológicas que sugeria a terra muito antiga. No começo de sua carreira ele acreditou que tivesse encontrado evidência geológica do Dilúvio Bíblico, porém mais tarde convenceu-se que a Era do Gelo de Louis Agassiz era uma melhor explicação e desempenhou um importante papel na promoção da teoria na Grã Bretanha.
Foi laureado com a Medalha Copley, em 1822, e com a medalha Wollaston, concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1848.
   

segunda-feira, março 11, 2024

Mais um achado paleontológico importante na pensínsula ibérica...

Descoberto novo dinossauro gigante do Cretácico Inferior na Península Ibérica

 

O estudo foi liderado pelo paleontólogo português Pedro Mocho, investigador do Instituto Dom Luiz, polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e integra os projetos desenvolvidos no Grupo de Biología Evolutiva da Universidad Nacional de Educación a Distancia na região de Morella

 

Foi dado a conhecer, através de um novo estudo publicado na revista Zoological Journal of the Linnean Society a descoberta de um novo dinossáurio saurópode que viveu na Península Ibérica há 122 milhões de anos.

Esta nova espécie de dinossáurio, apelidada de Garumbatitan morellensis, foi descrita a partir de restos descobertos em Morella (Castelló, Espanha) por uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis e permitiu ampliar a diversidade de dinossáurios conhecida num dos melhores registos fósseis do Cretácico Inferior da Europa.

Reconstrução do aspeto em vida de Garumbatitan morellensis (Créditos: Grup Guix)

 

O estudo foi liderado pelo paleontólogo português Pedro Mocho, investigador do Instituto Dom Luiz, polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e integra os projetos desenvolvidos no Grupo de Biología Evolutiva da Universidad Nacional de Educación a Distancia na região de Morella. 

Para além dos cientistas integrantes destes dois grupos, nesta publicação participam investigadores do Institut Català de Paleontologia, Grup Guix de Vila-real, Museo de Ciencias Naturales de València, Universitat Jaume I de Castelló, Universidad Autónoma de Madrid (Espanha) e do Natural History Museum of Los Angeles County (EUA).

Os depósitos sedimentares que afloram na região de Els Ports de Morella (Espanha) contêm um abundante registo de dinossáurios do Cretácico Inferior, com cerca de 122 milhões de anos.  

Em particular, alguns dos primeiros restos de dinossáurios encontrados em Espanha foram descobertos na região de Morella.

Nos últimos anos, foram encontrados numerosos fósseis de vertebrados mesozoicos nas proximidades desta localidade, alguns dos quais com enorme relevância, incluindo uma importante coleção de dinossáurios ornitópodes, entre os quais se destaca Morelladon beltrani, e dinossáurios saurópodes.

Os restos deste novo dinossáurio foram encontrados e escavados nos sedimentos que afloram na localidade de Morella nos anos de 2005 e 2008 na jazida de Sant Antoni de la Vespa. 

Nesta jazida foi reconhecida uma das maiores concentrações em restos de dinossáurios saurópodes do Cretácico Inferior europeu, e na qual foram identificados elementos de pelo menos quatro indivíduos, três dos quais pertencentes a esta nova espécie. Sant Antoni de la Vespa constitui assim uma das localidades chave para o estudo das faunas de dinossáurios de Espanha para este período.

“Um dos indivíduos encontrados destaca-se pelo seu grande tamanho, com vértebras de mais de um metro de largura, e um fémur que poderia alcançar dois metros de longitude; nesta jazida foram encontrados dois pés quase completos e articulados, que são particularmente raros no registo geológico” afirma Pedro Mocho.

Neste artigo é apresentada uma descrição detalhada dos restos fosseis encontrados em Sant Antoni de la Vespa, sendo identificado um conjunto de características anatómicas diferente de outros dinossáurios saurópodes. Garumbatitan carateriza-se pela morfologia singular do fémur (o osso superior da perna) e dos elementos que formam o pé.

O fémur apresenta uma morfologia similar aos fémures de saurópodes mais modernos do Cretácico Superior. Este estudo analisa ainda as relações de parentesco de Garumbatitan morellensis e de outros dinossáurios saurópodes do Cretácico Inferior da Península Ibérica.

Garumbatitan é um dos membros mais primitivos de um grupo de saurópodes denominados Somphospondyli, que corresponde a um dos grupos mais diversos e abundantes durante o Cretácico e que se extingue no final do Mesozoico.

Finalmente, este estudo coloca em evidência a enorme complexidade da história evolutiva dos saurópodes do Cretácico europeu, em particular, da Península Ibérica, com espécies aparentadas com linhagens presentes em Ásia e América do Norte, assim como alguns grupos aparentados com formas do continente africano.  

Estes resultados sugerem a existência de períodos de dispersão de faunas entre estes continentes. O futuro restauro de todos os materiais fósseis encontrados nesta jazida adicionará informação importante para compreender a evolução inicial deste grupo de saurópodes, que dominou as faunas de dinossáurios durante os últimos milhões de anos da era mesozoica.

O nome da nova espécie Garumbatitan morellensis contém uma dupla referência: Garumbatitan significa “o gigante da Garumba” pelo facto deste exemplar ter sido encontrado na base da Mola de la Garumba, um dos relevos mais altos da região de Els Ports.

O nome específico morellensis faz referência à localidade em que se situa a jazida. 

Os restos fósseis de Garumbatitan morellensis formam parte de uma das maiores coleções de vertebrados fósseis do Mesozoico Ibérico depositadas no Museu Temps de Dinosaures de Morella.

 

in RTP

sábado, março 09, 2024

A paleontóloga Mary Anning morreu há 177 anos

   
Mary Anning (Lyme Regis, 21 de maio de 1799 - Lyme Regis, 9 de março de 1847), foi uma paleontóloga inglesa.
Foi Mary Anning quem descobriu o primeiro fóssil de ictiossauro. Esta encontrou, por volta dos 12 anos, na costa de Dorset, incrustado num íngreme penhasco, o primeiro fóssil de ictiossauro conhecido, que media cinco metros de comprimento.
Mary Anning ainda descobriu muitos outros répteis marinhos antigos, hoje em exposição no Museu de História Natural de Londres, como o plesiossauro, e um dos primeiros fósseis de pterodáctilo.
Anning passou boa parte da vida recolhendo fosseis na praia e vendendo-os aos visitantes, e por isso pode ser a inspiração para o trava-línguas inglês She sells seashells on the seashore (Ela vende conchas à beira-mar).
Curiosamente, Mary Anning nunca descobriu nenhum dinossauro.
Mary Anning foi uma coletora, negociante e paleontóloga britânica que se tornou conhecida em todo o mundo pelo número de importantes achados que ele fez nos leitos fósseis marinhos de idade jurássica na cidade de Lyme Regis, no condado de Dorset, onde ela viveu. O trabalho dela contribuiu para mudanças fundamentais no pensamento científico sobre a vida pré-histórica e sobre a história da Terra que ocorreram no início do século XIX.
Anning procurou fósseis na área dos penhascos de Blue Lies, particularmente durante os meses de inverno, quando deslizamentos expunham novos fósseis que tinham de ser recolhidos rapidamente, antes que eles desaparecessem no mar. Era um trabalho perigoso, e ela quase perdeu a sua vida, em 1833, durante um deslizamento que matou o seu cão Tray. As descobertas dela incluíram o primeiro esqueleto de ictiossauro a ser corretamente identificado, que ela e o irmão dela encontraram quando ela tinha apenas 12 anos de idade; os dois primeiros esqueletos de plesiossauros já encontrados; o primeiro esqueleto de pterosauro localizado fora da Alemanha; e alguns importantes fósseis de peixes. As observações dela tiveram um papel chave nas descobertas de que fósseis de belemnites continham sacos de tinta fossilizados, e que coprólitos, conhecidos como pedras de bezoar na época, eram fezes fossilizadas. Quando o geólogo Henry De La Beche pintou Duria Antiquior, a primeira representação pictórica largamente divulgada de uma cena da vida pré-histórica derivada de reconstruções de fósseis, ele baseou-se em grande parte nos fósseis que Anning tinha encontrado, e vendeu impressões da ilustração em seu benefício.
O género e a classe social da Anning impediram-na completamente de participar da comunidade cientifica da Grã-Bretanha do século XIX - dominada como ela era por senhores anglicanos ricos. Ela lutou financeiramente por grande parte de sua vida. A família dela era pobre, e como dissidentes religiosos, estavam sujeitos a discriminação legal. O pai dela, um marceneiro, morreu quando ela tinha onze anos. Ela tornou-se bem conhecida nos círculos geológicos na Grã Bretanha, Europa e América, e foi consultada sobre assuntos de anatomia, bem como sobre recolha de fósseis. Entretanto, como mulher, não era elegível para se juntar à Geological Society of London, e muitas vezes nem sequer recebia o crédito completo pelas suas contribuições científicas. Na verdade ela escreveu em uma carta: "O mundo usou-me tão maldosamente, que eu temo que todos suspeitem de mim." O único escrito científico dela publicado em toda a sua vida apareceu na Magazine of Natural History em 1839, um trecho de uma carta na qual Anning tinha escrito para o editor da revista, questionando uma de suas reivindicações. Depois da sua morte a história da sua vida pouco comum atraiu interesse crescente. Charles Dickens escreveu sobre ela, em 1865 , e disse que:"a filha do carpinteiro conquistou um nome por ela mesma, e mereceu conquistá-lo." Em 2010 a Royal Society incluiu Anning numa lista das dez mulheres britânicas que mais influenciaram a história da ciência.
   
Carta e desenho de Mary Anning anunciando a descoberta de um fóssil animal hoje conhecido como Plesiosaurus dolichodeirus, 26 de dezembro de 1823
   

sexta-feira, março 08, 2024

Achado espetacular de fóssil de Triceratops...

Unearthing History: Scientists Probe 65 Million-Year-Old Triceratops Fossil for Answers

 

The 65 million-year-old triceratops fossil, a relic from the distant past, has provided scientists with a treasure trove of mуѕterіeѕ and questions that have remained unanswered for millennia. This remarkable discovery not only sheds light on the enigmatic world of the late Cretaceous period but also fuels the boundless curiosity of paleontologists and researchers.

 

 

The fossil, carefully exсаⱱаted and studied, offerѕ an intricate snapshot of a time when dinosaurs гᴜɩed the eаrth. Triceratops, with its iconic frill and three facial hornѕ, was a formіdаЬle herbivore that oссuріed a unіque niche in the prehistoric ecosystem. The well-preserved specimen raises questions about its anatomy, behavior, and гoɩe in its ecosystem, inviting scientists to unravel its secrets.

 

 

One of the most рreѕѕіnɡ mуѕterіeѕ is how triceratops lived and interacted with its environment. Did it roam in herds, as some eⱱіdenсe suggests? What did it eаt, and how did it defeпd itself from the apex рredаtorѕ of its time? The fossilized bones and surrounding rock layers may һoɩd the key to unlocking these and other mуѕterіeѕ.

 

 

Additionally, the discovery of a 65 million-year-old triceratops fossil rekindles questions about the mass extіnсtіon event that marked the end of the Mesozoic erа, which wiped oᴜt the non-avian dinosaurs. What ecological changes were occurring at that time, and how did triceratops and other dinosaurs adapt or ѕuссumЬ to the environmental shifts?

 

 

Moreover, this find underscores the importance of continued exploration and scientific іnquіrу. It highlights the enduring allure of paleontology, where each fossil uneаrthed offerѕ a tantalizing glimpse into eаrth’s prehistoric past and ѕраrkѕ new questions that drіⱱe the quest for knowledge forward.

The 65 million-year-old triceratops fossil, with its many unanswered mуѕterіeѕ, reminds us that the eаrth holds an untold wealth of secrets from ages long past. It serves as a testament to the insatiable curiosity of scientists who tirelessly seek to ріeсe together the puzzle of our planet’s ancient history, one fossil at a time.

 

 

in 2000 Daily

domingo, março 03, 2024

Robert Hooke morreu há 321 anos

      
Robert Hooke (Freshwater, Isle of Wight, 28 July 1635 – London, 3 March 1703) was an English natural philosopher, architect and polymath.
His adult life comprised three distinct periods: as a scientific inquirer lacking money; achieving great wealth and standing through his reputation for hard work and scrupulous honesty following the great fire of 1666, and eventually becoming ill and party to jealous intellectual disputes (the latter may have contributed to his relative historical obscurity).
At one time he was simultaneously the curator of experiments of the Royal Society, a member of its council, Gresham Professor of Geometry, and Surveyor to the City of London after the Great Fire of London (in which capacity he appears to have performed more than half of all the surveys after the fire). He was also an important architect of his time – though few of his buildings now survive and some of those are generally misattributed – and was instrumental in devising a set of planning controls for London whose influence remains today. Allan Chapman has characterised him as "England's Leonardo".
Robert Gunther's Early Science in Oxford, a history of science in Oxford during the Protectorate, Restoration and Age of Enlightenment, devotes five of its fourteen volumes to Hooke.
Hooke studied at Wadham College, Oxford during the Protectorate where he became one of a tightly knit group of ardent Royalists led by John Wilkins. Here he was employed as an assistant to Thomas Willis and to Robert Boyle, for whom he built the vacuum pumps used in Boyle's gas law experiments. He built some of the earliest Gregorian telescopes and observed the rotations of Mars and Jupiter. In 1665 he inspired the use of microscopes for scientific exploration with his book, Micrographia. Based on his microscopic observations of fossils, Hooke was an early proponent of biological evolution. He investigated the phenomenon of refraction, deducing the wave theory of light, and was the first to suggest that matter expands when heated and that air is made of small particles separated by relatively large distances. He performed pioneering work in the field of surveying and map-making and was involved in the work that led to the first modern plan-form map, though his plan for London on a grid system was rejected in favour of rebuilding along the existing routes. He also came near to an experimental proof that gravity follows an inverse square law, and hypothesised that such a relation governs the motions of the planets, an idea which was independently developed by Isaac Newton. Much of Hooke's scientific work was conducted in his capacity as curator of experiments of the Royal Society, a post he held from 1662, or as part of the household of Robert Boyle.
     

quinta-feira, fevereiro 29, 2024

Notícia sobre um fóssil interessante...

“Dragão Chinês” fossilizado com 240 milhões de anos revelado na totalidade pela primeira vez

 

 

Um trabalho de 10 anos permitiu aos paleontólogos reconstruir na totalidade o Dinocephalosaurus orientalis pela primeira vez.

Um novo estudo publicado na Earth and Environmental Science: Transactions of the Royal Society of Edinburgh relata a reconstrução pela primeira vez dos restos de um réptil marinho com 240 milhões de anos, cuja aparência lembra incrivelmente um dragão mítico chinês. Conhecido como Dinocephalosaurus orientalis, este animal de 5 metros de comprimento habitava o sudoeste da China durante o período Triássico.

Embora a espécie tenha sido identificada inicialmente em 2003, a sua aparência permanecia incerta devido aos seus restos não terem sido encontrados na totalidade. No entanto, descobertas mais recentes permitiram aos cientistas montar um único espécime, revelando pela primeira vez a magnificência da criatura em toda a sua glória, explica o IFLScience.

O espécime reconstruído baseia-se em sete exemplares, incluindo cinco restos recentemente descobertos, um dos quais está totalmente articulado. Todos foram descobertos na província de Guizhou, uma região do sul da China conhecida pelas suas descobertas paleontológicas incríveis.

Ao juntar os diversos exemplares, a equipa revelou que o D. orientalis possuía um pescoço significativamente mais longo do que se pensava anteriormente, conferindo ao animal uma aparência elegante e semelhante à de um dragão.

“Esta descoberta permite-nos ver este notável animal de pescoço longo na íntegra pela primeira vez. É mais um exemplo do mundo estranho e maravilhoso do Triássico que continua a confundir os paleontólogos,” disse num comunicado Nick Fraser, guardião de Ciências Naturais nos Museus Nacionais da Escócia.

“Estamos certos de que capturará a imaginação em todo o mundo devido à sua aparência impressionante, reminiscente do dragão chinês mítico, longo e serpenteante,” explica Fraser.

O projeto de pesquisa foi um esforço internacional envolvendo cientistas da Escócia, Alemanha, EUA e China, que estudaram os fósseis durante mais de 10 anos no Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia em Pequim.

Como indicado pelos seus membros adaptados à natação, esta espécie pré-histórica estava bem adaptada à vida oceânica. Além disso, os investigadores descobriram ossos de peixe na área do estômago de alguns espécimes, fornecendo uma visão clara de sua dieta baseada em frutos do mar.

Apesar dos seus estilos de vida aquáticos e pescoços longos, os investigadores explicam que o “dragão chinês” não estava relacionado de perto com os plesiossauros, que evoluíram cerca de 40 milhões de anos depois.

“Este notável réptil marinho é mais um exemplo dos impressionantes fósseis que continuam a ser descobertos na China”, acrescentou o Professor Robert Ellam, Editor-Chefe das Transactions e Fellow da Royal Society of Edinburgh.

 

in ZAP

segunda-feira, fevereiro 26, 2024

Novidades paleontológicas nacionais...

Nova espécie de pterossauro “de tamanho considerável” descoberta em Portugal

 

Reconstrução do Lusognathus almadrava e do seu habitat paleobiológico

 

Uma equipa internacional de investigadores liderada pelo português Octávio Mateus descobriu em Portugal um fóssil de uma nova espécie de pterossauro, a que foi dado o nome de Lusognathus almadrava.

O fóssil, composto por um crânio incompleto e vértebras parciais, foi descoberto em 2018, na Formação Lourinhã, na Praia do Caniçal, no centro-oeste de Portugal, e apresentado num artigo publicado na revista PeerJ.

A espécie, que pertence à subfamília Gnathosaurinae da família Ctenochasmatidae, remonta ao período Jurássico e é a primeira do seu género a ser encontrada em Portugal.

Com uma envergadura estimada superior a 3,6 metros, o Lusognathus almadrava é um dos maiores pterossauros conhecidos e o maior pterossauro gnatosaurino, desafiando conceções anteriores sobre o tamanho dos pterossauros do Jurássico.

O paleontólogo Octávio Mateus, investigador da Universidade Nova de Lisboa e fundador do Museu da Lourinhã, realça a riqueza e diversidade do Jurássico em Portugal, onde outros fósseis de vertebrados como plesiossauros, ictiossauros, mosassauros e dinossauros também foram encontrados.

“A distribuição global conhecida e diversidade dos pterossauros reforça o seu sucesso como grupo, uma vez que são encontrados em todos os continentes - incluindo a Antártida”, diz o paleontólogo português, citado pela Sci News.

No entanto, até agora, o registo fóssil de pterossauros em Portugal tinha sido limitado devido à sua estrutura óssea frágil, tornando esta descoberta notável. “A relativa escassez do seu registo fóssil levanta desafios na compreensão da sua paleobiologia, quando comparados com outros vertebrados”, explica Octávio Mateus.

O pterossauro recém-descoberto habitava um ambiente de lagoa flúvio-deltaica, e os seus robustos dentes sugerem que se alimentava provavelmente de peixe.

A descoberta acrescenta informações críticas à paleobiologia dos pterossauros do Jurássico, especialmente em relação ao seu tamanho.

Embora os pterossauros do Triássico e Jurássico fossem habitualmente considerados menores, com envergadura de cerca de 1,6 a 1,8 metros, novas evidências sugerem que poderiam ter sido maiores do que se pensava anteriormente.

A descobertas oferece mais evidências de que os pterossauros já tinham atingido tamanhos consideráveis no final do Jurássico, possivelmente como uma resposta evolutiva para competir com as aves. Este grande tamanho aponta para um ecossistema próspero e abundante em presas durante este período.

 

in ZAP

sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Mais uma notícia sobre a Guerra dos Ossos...

As Guerras dos Ossos: a rivalidade mais acesa e ridícula da ciência

 

 

Othniel Charles Marsh (esquerda) e Edward Drinker Cope (direita)

 

Os paleontólogos Edward Drinker Cope e Othniel Charles Marsh marcaram a ciência com as suas incríveis descobertas, mas também com a sua rivalidade intensa.

No final do século XIX, os Estados Unidos foram palco de uma rivalidade histórica entre dois paleontólogos, Edward Drinker Cope e Othniel Charles Marsh, num episódio conhecido como “Bone Wars” (Guerras dos Ossos).

Embora a competição tenha resultado na descoberta de mais de 100 espécies de dinossauros, incluindo o Stegosaurus, Brontosaurus e Triceratops, as táticas sujas usadas pelos cientistas acabaram por manchar as suas reputações e legados.  

Cope e Marsh conheceram-se nos anos 1860, enquanto estudavam Paleontologia na Alemanha, e inicialmente mantinham uma amizade aparentemente cordial. No entanto, o relacionamento azedou quando ambos regressaram aos EUA e começaram a competir na descoberta de fósseis. Marsh chegou ao ponto de subornar o dono de uma pedreira que Cope lhe havia mostrado, para que lhe fossem enviadas futuras descobertas de fósseis, explica o IFLScience.

A situação agravou-se ainda mais quando Cope cometeu um erro de anatomia num estudo sobre um réptil marinho extinto, o Elasmosaurus platyurus. Depois de Marsh apontar o erro, a inimizade entre os dois tornou-se irreversível.

A expansão da ferrovia transcontinental deu a ambos uma enorme oportunidade para avançar nos seus trabalhos. Em 1877, a descoberta de fósseis bem preservados em Como Bluff, perto da cidade de Medicine Bow, Wyoming, tornou-se o epicentro desta rivalidade. Ambos enviaram equipas de escavação, que ficaram acampadas muito perto umas das outras, resultando em episódios de lutas físicas, espionagem e acusações mútuas de sabotagem e invasão de propriedade.

Se alguém pode ser apontado como o “vencedor” deste conflito, seria Marsh. Enquanto Cope enfrentou dificuldades financeiras, investindo em minas de prata que se revelaram um fracasso, Marsh foi nomeado Paleontólogo Chefe de vertebrados do US Geological Survey.

Contudo, ambos os cientistas morreram empobrecidos e sozinhos, deixando um legado ambíguo. As suas descobertas contribuíram significativamente para o campo da paleontologia, mas o seu comportamento infantil e antiético manchou a reputação da própria ciência que ambos procuravam avançar.

Esta história serve como um lembrete de que a ciência, apesar da sua promessa de objetividade e racionalidade, é realizada por seres humanos falíveis, repletos de ego, inseguranças e preconceitos. Ser um grande cientista não significa necessariamente ser uma grande pessoa.

 

in ZAP

sábado, fevereiro 17, 2024

Publicidade enganosa (ainda há peixes que respiram ar...)

Há 380 milhões de anos, um peixe australiano respirava ar

  

Harajicadectes zhumini

 

Os restos fósseis de uma nova espécie de peixe com grandes aberturas na parte superior do crânio, descobertos na Austrália, revelaram que o animal era capaz de respirar ar à superfície.

O rio Finke, considerado uma das bacias hidrográficas mais antigas do mundo, já foi a casa de espécies muito estranhadas.

Nelas inclui-se este peixe predador com barbatanas divididas em lóbulos, enormes presas e escamas ósseas.

O animal, que viveu há 380 milhões de anos, foi denominado Harajicadectes zhumini por uma equipa internacional de cientistas liderada pelo paleontólogo da Universidade Flinders, Brian Choo.

Segundo o Europa Press, o fóssil pertence à antiga linhagem dos tetrapodomorfos, que se tornaram ancestrais dos tetrápodes com membros e, mais tarde, dos humanos.

O Harajicadectes distingue-se pelas suas grandes aberturas no topo do crânio que lhe permitiam respirar ar à superfície.

“Acredita-se que essas estruturas espiraculares facilitavam a respiração do ar à superfície”, salientou o investigador Brian Choo, destacando que o animal cresceu até atingir 40 centímetros de comprimento.

John Long, professor da Flinders e especialista em peixes fósseis, referiu que o surgimento sincronizado desta adaptação à respiração aérea pode ter coincidido com um período de declínio do oxigénio atmosférico durante o período Devónico.

“A capacidade de complementar a respiração branquial com oxigénio transportado pelo ar proporcionou uma vantagem adaptativa”, sublinha o investigador.

Entre 1973 e 1991, foram encontrados vários fragmentos de ossos da espécie, mas nada e relevante que ajudasse a descrever o animal.

No entanto, desta vez, foi descoberto o crânio completo e grande parte das áreas adjacentes ao pescoço intactas no norte da Austrália, no Harajica Sandstone Member.

O artigo científico com as descobertas foi publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.

 

 

in ZAP

 

segunda-feira, fevereiro 12, 2024

Novo record paleontológico...

Descoberto dinossauro com o maior pescoço de sempre. Era seis vezes maior que o das girafas

 

 

O pescoço do Mamenchisaurus sinocanadorum media cerca de 15,1 metros, sendo o maior alguma vez encontrado em qualquer animal.

Um novo estudo publicado na Journal of Systematic Palaeontology relata a descoberta de um dinossauro com um pescoço de 15,1 metros, o maior alguma vez registado em qualquer animal.

As análises das vértebras de um saurópode do final do período Jurássico descobriram que o seu pescoço era ainda maior do que se pensava, já que o estudo original, feito após a sua descoberta, em 1987, em Xinjiang, na China, apontava para entre 10 e 11 metros de comprimento, sem dar um número concreto.

Apenas alguns ossos do Mamenchisaurus sinocanadorum, incluindo algumas vértebras e uma costela, foram preservados no exemplar analisado. Para chegarem a este número, os cientistas não se limitaram a analisar as ossadas, já que também tiveram em conta as ligações evolutivas com exemplares semelhantes e mais completos, relata a New Scientist.

Para fazerem a estimativa, os autores compararam as proporções relativas das vértebras do M. sinocanadorum com dinossauros relacionados dos quais temos fósseis do pescoço inteiro. Com 15,1 metros de comprimento, o pescoço do M. sinocanadorum era seis vezes maior do que os das girafas.

Os cientistas tentaram ainda descobrir como é que o dinossauro poderia ter suportado o peso de um pescoço tão longo. Ao colocar as vértebras restantes num scanner de tomografia axial computadorizada (TAC), concluíram que entre 69% e 77% das vértebras eram espaços vazios.

“Achamos que ter um pescoço tão longo foi possível, não apenas tornando os ossos leves, substituindo a medula por ar, mas também limitando potencialmente a mobilidade do pescoço, tornando-o mais recetivo a ser bombeado com ar”, explica Andrew Moore, autor principal do estudo.

As costelas cervicais, que se interligam abaixo do pescoço, também ajudaram a sustentar o pescoço, acreditam os investigadores.

 

in ZAP

terça-feira, fevereiro 06, 2024

Notícia sobre paleontologia portuguesa..

“Os fósseis mais antigos de Portugal” foram descobertos. Têm mais de 560 milhões de anos

 

 

Foram descobertos em Penha Garcia, no concelho de Idanha-a-Nova, os fósseis de animais mais antigos encontrados em Portugal – têm idade superior a 560 milhões de anos.

Fósseis de animais com mais de 560 milhões de anos foram descobertos em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o município de Idanha-a-Nova, revelou que a descoberta foi feita por uma equipa de cientistas a trabalhar com o apoio da autarquia e coordenada por Carlos Neto de Carvalho, paleontólogo do Geopark Naturtejo.

Os fósseis de animais mais antigos encontrados em Portugal foram agora descobertos nas proximidades de Penha Garcia. Idades obtidas nas proximidades do local onde foram encontrados os fósseis apontam para valores superiores a 560 milhões de anos”, pode ler-se.

Penha Garcia já era reconhecida pela comunidade científica internacional pela existência de fósseis de organismos marinhos que ali viveram há quase 480 milhões de anos.

O novo sítio paleontológico foi descoberto nas proximidades da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe.

Os fósseis foram encontrados pelo paleontólogo italiano Andrea Baucon, no âmbito de uma investigação ainda em curso.

“A descoberta foi uma emoção incrível. Procuramos esses fósseis há mais de 15 anos, mas só agora os encontrámos”, afirmou Andrea Baucon.

Até hoje, nunca tinham sido encontrados restos fossilizados de animais em rochas tão antigas.

Não longe de Penha Garcia, já tinham sido descritos os fósseis mais antigos de Portugal, bactérias com dimensões de milésimas de milímetro, pelo geólogo António Sequeira.

Os fósseis agora encontrados ocorrem em rochas ainda mais antigas do que aquelas e serão, portanto, ainda mais antigos.

“Isso implica que os fósseis recém-descobertos enfrentaram um vertiginoso abismo de tempo”, referiu o paleontólogo italiano.

O animal teria pouco menos de 10 milímetros de largura e deixou preservado nas rochas o seu trajeto, algo sinuoso, enquanto se alimentava de restos orgânicos contidos nos sedimentos.

Esta marca de atividade biológica conhecida como icnofóssil permite entender o modo como este animal se alimentava.

“Sabemos que o organismo responsável pelo icnofóssil possuía um esqueleto rígido, algo que nos é indicado pela forma como penetrou e revolveu os sedimentos à medida que se deslocava com a intenção de procurar alimento, movendo-se para cima e para baixo, para o lado e para o outro – mobilidade, evidências de reação a estímulos nervosos e presença de esqueleto são critérios que melhor definem atividade animal”, referiu Carlos Neto de Carvalho.

O Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO organiza uma nova campanha de investigação em Penha Garcia, enquanto cientistas do Museu de História Natural de Piacenza e da Universidade de Génova analisam a curiosa forma das estruturas já encontradas.

 

in ZAP

Mary Leakey nasceu há cento e onze anos...

 

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.

   


Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959
     
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan

   

segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Notícia sobre paleoantropologia...

Afinal foi na Europa? Fóssil com 8,7 milhões de anos coloca em causa a origem dos humanos

 

Fóssil da nova espécie de primata Anadoluvius turkae descoberta na Turquia

 

A descoberta de um fóssil com 8,7 milhões de anos na Anatólia Central, Turquia, está a desafiar teorias de longa data sobre a evolução dos hominídeos, incluindo humanos e macacos africanos.

Restos fossilizados recém-descobertos de uma nova espécie de primata do período Mioceno, designado Anadoluvius turkae, fornecem pistas de uma longa história de hominídeos na Europa, - que diverge da visão convencional de que os humanos se originaram em África.

A comunidade científica considera tradicionalmente que os hominídeos mais antigos, incluindo os humanos, tiveram afinal origem em África, em linha com a Teoria da Evolução de Charles Darwin.

Mas a notável descoberta de um crânio parcialmente preservado com quase 9 milhões de anos suporta a ideia de que os hominídeos evoluíram na Europa Ocidental e Central e passaram mais de 5 milhões de anos a evoluir nesta região.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado na revista Communications Biology.

De acordo com o paleontólogo David Begun, professor da Universidade de Toronto e  autor do artigo, a descoberta sugere que os hominídeos se espalharam pelo Mediterrâneo Oriental e mais tarde para África, provavelmente devido a mudanças nos ambientes e diminuição das florestas.

“Esta teoria contraria a ideia tradicional de que os macacos africanos e os humanos evoluíram exclusivamente em África”, diz o investigador, citado pelo Phys.org. A ausência de hominídeos primitivos em África até há cerca de 7 milhões de anos apoia ainda mais a hipótese da origem europeia.

O Anadoluvius turkae era semelhante em tamanho a um chimpanzé macho grande, com uma dieta provavelmente composta por raízes e rizomas. Vivia em espaços maioritariamente abertos, em contraste com os ambientes florestais dos grandes macacos atuais.

A fauna, incluindo girafas, rinocerontes e zebras, que coabitou com o Anadoluvius turkae, parece ter-se dispersado para África a partir do Mediterrâneo Oriental há cerca de 8 milhões de anos. Esta informação alinha-se com o caminho estabelecido da fauna moderna das savanas africanas.

O Anadoluvius turkae e outros macacos fósseis da Grécia e Bulgária formam um grupo que se assemelha de perto aos hominídeos mais antigos conhecidos.

O fóssil agora descoberto é o espécime mais bem preservados deste grupo de hominídeos primitivos e oferece a evidência mais convincente de que o grupo teve origem na Europa, dispersando-se posteriormente para África.

Embora convincente, esta descoberta não prova definitivamente a origem europeia dos hominídeos. Os investigadores reconhecem que são necessários mais fósseis da Europa e de África, datados entre 8 e 7 milhões de anos atrás, para solidificar a ligação entre os dois grupos.

No entanto, a descoberta do Anadoluvius turkae acrescenta peso significativo ao debate sobre as origens dos humanos e macacos africanos, podendo mudar por completo a nossa compreensão da origem e evolução humana.

 

in ZAP

domingo, fevereiro 04, 2024

O paleontropólogo Raymond Dart nasceu há 131 anos

      
Raymond Dart (Brisbane, Queensland, 4 de fevereiro de 1893 - Joanesburgo, 22 de novembro de 1988) foi um anatomista e antropologista australiano que descreveu, em 1924 uma nova espécie de hominídeo, o Australopithecus africanus, a partir dum crânio fóssil encontrado em Taung, na Bechuanalândia (antigo nome do atual Botswana).
Nascido em Toowong, Brisbane, na Austrália, ele estudou nas universidades de Queensland, Sydney e no University College de Londres. Em 1922 Dart foi nomeado chefe do novo departamento de anatomia da Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo, na África do Sul.
Em 1924, um aluno trouxe-lhe o crânio fossilizado de um babuíno descoberto numa pedreira perto da Universidade, em Taung. Isto despertou o interesse de Dart que solicitou que novas descobertas similares lhe fossem trazidas. A primeira a chegar foi o rosto e um maxilar de um crânio fossilizado cravado na rocha. Inicialmente pensou que os ossos pertencessem a um símio mas depois concluiu que os dentes e o maxilar pareciam humanos. Dart demorou 73 dias a remover os ossos incrustados na rocha. Um exame mais minucioso levou-o a concluir que se tratava de um jovem. Dart atribuiu ao fóssil o nome Australopithecus africanus, que significa "macaco do Sul da África" e alcunhou-o de "rapaz de Taung".
Embora o crânio tivesse o tamanho do de um macaco, Dart estava convencido, pela forma como este assentava sobre a coluna vertebral, que a criatura deveria ter caminhado sobre duas pernas, sendo assim um hominídeo. Portanto, Dart considerou o Australopithecus africanus uma espécie nova e, possivelmente o "elo perdido" da evolução entre os símios e os seres humanos, devido ao pequeno volume do seu crânio, mas com uma dentição relativamente próxima dos humanos e por ter provavelmente uma postura vertical.
Esta revelação foi muito criticada pelos cientistas da época, entre os quais Sir Arthur Keith, que postulava que o “crânio infantil de Taung” não passava do crânio de um pequeno gorila. Como o crânio era realmente dum jovem, havia espaço para várias interpretações e, mais importante, nessa altura não se acreditava que o "berço da humanidade" pudesse estar em África.
As descobertas de Robert Broom em Swartkrans, na década de 30, corroboraram a conclusão de Dart, mas algumas das suas ideias continuam a ser contestadas, nomeadamente a de que os ossos de gazela encontrados junto com o crânio podiam ser instrumentos daquela espécie.
Raymond Dart continuou como diretor da Escola de Anatomia da Universide de Witwatersrand, até 1958 e, em 1959 escreveu a suas memórias, a que chamou “Aventuras com o Elo Perdido”. O Instituto para o Estudo do Homem em África foi fundado na Wits em sua honra.
        
Bebé de Taung
        

sábado, fevereiro 03, 2024

Gideon Mantell nasceu há 234 anos

  
Gideon Algernon Mantell (Lewes, 3 de fevereiro de 1790 - Londres, 10 de novembro de 1852) foi um ginecologista, geólogo e paleontólogobritânico. As suas tentativas de reconstruir a estrutura e vida do Iguanodon iniciaram o estudo científico dos dinossauros. Em 1822, foi responsável pela descoberta (e eventual identificação) do primeiro dente fóssil, e mais tarde a maioria do esqueleto, do Iguanodon

 


lustração de Mantell dos dentes fósseis do Iguanodonte

 

 

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

O barão de Eschwege morreu há 168 anos

 
Wilhelm Ludwig von Eschwege (Auer Wasserburg, Hesse, 10 de novembro de 1777 - Kassel, 1 de fevereiro de 1855), também conhecido por barão de Eschwege, Guilherme von Eschwege ou por Wilhelm Ludwig Freiherr von Eschwege, foi um geólogo, geógrafo, arquiteto e metalurgista alemão.
Foi contratado pela coroa portuguesa para proceder ao estudo do potencial mineiro do país. Encontrava-se em Portugal quando, em 1808, a Corte se transferiu para o Brasil, devido à invasão francesa comandada por Junot. Seguiu posteriormente para o Brasil, onde se viria a notabilizar-se pela realização da primeira exploração geológica de carácter científico feita naquele país.
  
Biografia
Wilhelm Ludwig von Eschwege nasceu a 10 de novembro de 1777, em Aue bei Eschwege, Hessen, Alemanha, filho de família aristocrática. Destinado à carreira militar, estudou na Universidade de Göttingen (1796-1799), tendo sido contemporâneo de Georg Heinrich von Langsdorff. Em Marburg tomou contacto com a engenharia de minas, e tornou-se consultor em Clausthal e Richelsdorf, em 1801.
Apesar de alguns afirmarem que foi aluno de Abraham Gottlob Werner (1749-1817), o fundador da moderna Mineralogia, não há nos anais de Freiberg referência a sua passagem por lá. Destinado à vida militar, a sua curiosidade intelectual levou-o a adquirir a formação académica eclética, característica da intelectualidade europeia do século XIX. Estudou direito, ciências naturais, arquitetura, ciência e economia política, economia florestal, mineralogia e paisagismo.

Em Portugal
José Bonifácio de Andrada e Silva foi o responsável, embora indireto, pela vinda do Barão de Eschewege para Portugal, conforme nos explica o próprio barão nos seus registos. Bonifácio solicitara a vinda de operários alemães especializados para a exploração de minas, sendo-lhe enviados cientistas alemães e entre eles um barão. Após reação adversa e explosiva de acolhimento, no seu habitual mau génio, Bonifácio recompôs-se, felicitando os recém-chegados e considerando-os seus hóspedes. É o Barão que nos traça o modo como José Bonifácio vivia na Quinta do Almegue, nos arredores de Coimbra, com pouco conforto, no período em que foi professor de Metalurgia na Universidade. Este encontro merece ser destacado, pela importância que ambos vieram a ter nos destinos de Portugal e do Brasil.
Em 1802, Eschwege parte para Portugal, país onde permanece até 1810, ocupando o cargo de diretor de minas. Da sua experiência em Portugal, e das viagens de prospeção que empreendeu por todo o país, recolheu informação geológica e paleontológica, além de informação sobre técnicas de mineração e de administração das minas em Portugal e nas colónias, que lhe permitiram iniciar a publicação de diversas obras de carácter científico e integrar uma rede intelectual abrangente, que incluía, entre outros, sumidades como Goethe, Karl Marx e Alexander von Humboldt.
Durante a sua estada em Portugal catalogou inúmeros aspetos da mineralogia portuguesa e publicou um estudo sobre as conchas fossilizadas da região de Lisboa.
De 1803 a 1809 o barão de Eschwege esteve à testa da fábrica de artilharia e aprestos de ferro na Arega, Figueiró dos Vinhos, onde se fabricavam, entre muitas outras obras em ferro, os canhões para as forças armadas portuguesas.

 
No Brasil

Depois de ter trabalhado em Portugal, o barão de Eschwege seguiu em 1810 para o Brasil, a convite do príncipe regente D. João VI, para reanimar a decadente mineração de ouro e para trabalhar na nascente indústria siderúrgica. Foi ainda encarregado do ensino das ciências da engenharia aos futuros oficiais do exército e de continuar, agora naquele território, os seus trabalhos de exploração mineira e de metalurgia.
Em 1810 foi criado pelo príncipe regente D. João o Real Gabinete de Mineralogia do Rio de Janeiro, sendo ele chamado para o dirigir e ensinar aos mineiros técnicas avançadas de extração mineral. Permaneceu até 1821 no Brasil, com a patente de tenente-coronel engenheiro, nomeado "Intendente das Minas de Ouro" e curador do Gabinete de Mineralogia.
Nesse mesmo ano Eschwege iniciou, em Congonhas do Campo, Minas Gerais, os trabalhos de construção de uma fábrica de ferro, denominada de "Patriótica", empreendimento privado, sob a forma de sociedade por ações. Em 1811 a sua siderurgia já produzia em escala industrial.
No ano de 1812, em Itabira do Mato Dentro (actual Itabira, Minas Gerais), foi pela primeira vez extraído ferro por malho hidráulico, com a ajuda de Eschwege, que ali inovou a mineração de ouro introduzindo os pilões hidráulicos na lavra do coronel Romualdo José Monteiro de Barros, futuro Barão de Paraopeba, em Congonhas do Campo.
Em 1817 foram aprovados pelo governo os estatutos das sociedades de mineração, que estabeleciam as bases para a fundação da primeira companhia mineradora do Brasil, sugeridas por Eschwege.
Nos campos da geologia e da mineralogia, empreendeu viagens de exploração das quais resultou uma vasta obra escrita de pesquisas geológicas e mineralógicas. Foram importantes suas expedições de exploração científica aos estados de São Paulo e Minas Gerais, o primeiro a assinalar a presença de manganés.
Da obra escrita, publicada na Europa, sobressaem Pluto Brasiliensis (Berlim, 1833) a primeira obra científica sobre a geologia brasileira, e Contribuições para a Orografia Brasileira.
Com Francisco de Borja Garção Stockler, teve papel importante na estruturação do ensino nas áreas da matemática e da física na Academia Militar do Rio de Janeiro, escola militar criada por carta régia de 4 de dezembro de 1810, que iniciou atividades a 23 de abril de 1811, e é uma das instituições antecessoras da atual Academia Militar das Agulhas Negras e a primeira escola de engenharia no Brasil.
   
Palácio Nacional da Pena
    
Era amante da arquitetura e colaborou, a convite de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, rei-consorte de Portugal, casado com a rainha D. Maria II, na elaboração dos planos para o Palácio Nacional da Pena. Tal colaboração deu-se entre 1836 e 1840, muito depois do seu regresso do Brasil. Regressou à Alemanha, onde faleceu em Kassel-Wolfsanger, Hessen, a 1 de fevereiro de 1855.
  

sexta-feira, janeiro 26, 2024

O famoso naturalista e explorador Roy Chapman Andrews nasceu há cento e quarenta anos


Roy Chapman Andrews (Beloit, Wisconsin, 26 de janeiro de 1884Carmel, Califórnia, 11 de março de 1960) foi um naturalista, zoólogo, cientista, explorador e escritor dos Estados Unidos da América.

Fez uma viagem de exploração no Alasca, em 1908, em 1911-1912 explorou o norte da Coreia. Especializou-se no estudo das baleias e outros animais aquáticos, mas foi a descoberta dos primeiros ovos e fósseis de dinossáurios na Ásia que lhe trouxeram maior fama. 

  


Obras
  • Across Mongolian Plains (Atravessando as Planícies da Mongólia), 1921
  • On the Trail of Ancient Man (Nas Pegadas do Homem Primitivo), 1926
  • The New Conquest of Central Asia (A Nova Conquista da Ásia Central), 1932
  • This Business of Exploring (Este Comércio da Exploração), 1935

 

sexta-feira, janeiro 12, 2024

Descoberto em Portugal um novo saurópode

Nova espécie de dinossauro descoberta no cabo Espichel

 

O paleontólogo Silvério Figueiredo

      

Foram descobertos novos fósseis de dinossauros perto do cabo Espichel. Um deles pensa-se que é uma nova espécie de dinossauro saurópode.

Novos fósseis de dinossauros herbívoros foram descobertos a cerca de dois quilómetros a norte do cabo Espichel.

Entre os fósseis encontrados, inclui-se um que poderá ser de uma nova espécie de dinossauro saurópode, informou o Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP), esta sexta-feira.

Num comunicado, a instituição explica que foi encontrado um conjunto de fósseis de dinossauros saurópodes, datados do Cretácico Inferior – cerca de 129 milhões de anos atrás – em diferentes camadas na base de uma formação geológica.

Os restos pertencem a diferentes indivíduos de dinossauros saurópodes e a maioria deles ao grupo do titanossauros, que era muito diversificado durante o Cretácico.

Os saurópodes foram gigantescos dinossauros de pescoço e cauda compridos. Um estudo de maio, publicado na Current Biology, relata como foi a evolução dos saurópodes – os maiores animais terrestres a alguma vez existir na Terra.

Em 2019, Paleontólogos portugueses e espanhóis também tinham descoberto uma nova espécie de dinossauro saurópode, na Lourinhã.

O CPGP destaca no comunicado de hoje o achado de “duas vértebras em conexão anatómica de um pequeno indivíduo”, que poderão “pertencer a uma nova espécie destes dinossauros, um novo dinossauro de dimensões pequenas, comparadas com os seus parentes gigantescos”.

Os dinossauros terão vivido nas proximidades de um ambiente de litoral (lagunar), frequentado por diferentes espécies de vertebrados (crocodilos, pterossauros, tartarugas e outros dinossauros), que usavam a região como habitat ou zona de passagem entre área de alimentação, considera o CPGP no comunicado.

Os resultados agora divulgados resultam do trabalho de uma equipa de paleontólogos e geólogos portugueses e brasileiros, liderada pelo paleontólogo Silvério Figueiredo.

 

in ZAP

 

quinta-feira, janeiro 11, 2024

O geólogo dinamarquês Nicolau Steno, que foi anatomista e bispo católico, nasceu há 386 anos

    
Nicolau Steno
, do dinamarquês: Niels Steensen ou Niels Stensen; latinizado como Nicolaus Stenonis, por vezes referido como Nicolas Steno, (Copenhaga, 11 de janeiro de 1638 - Schwerin, 25 de novembro de 1686 ou 1 de janeiro de 1638 e 25 de novembro de 1686, no calendário juliano, então em vigor na Dinamarca) foi um bispo católico dinamarquês e cientista pioneiro nos campos da anatomia e da geologia. Foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1988.
   
Primeiros trabalhos
Após completar a sua educação universitária em Copenhaga, a sua cidade natal, viajou pela Europa; de facto, manter-se-ia em viagem durante o resto da sua vida. Na França, Itália e Países Baixos entrou em contacto com vários cientistas e médicos proeminentes, e graças à sua grande capacidade de observação, em breve fez importantes descobertas. Numa altura em que os estudos científicos consistiam na leitura dos autores antigos, Steno foi suficientemente audaz como para confiar nas suas observações, mesmo quando estas diferiam das doutrinas tradicionalmente aceites.
Inicialmente dedicou-se ao estudo da anatomia, focando o seu trabalho sobre o sistema muscular e na natureza da contração muscular. Utilizou a geometria para mostrar que um músculo em contração altera a sua forma mas não o seu volume.
   
Steno e a Geologia
No entanto, em Outubro de 1666, dois pescadores capturaram um enorme tubarão, próximo da cidade de Livorno e o grão-duque Fernando mandou enviar a cabeça do animal a Steno. Este dissecou-a e publicou as suas descobertas em 1667. O exame dos dentes do tubarão mostrou que estes eram muito semelhantes a certos objetos chamados glossopetrae, ou pedras língua, encontrados em algumas rochas. Os autores antigos, como Plínio, o Velho, haviam sugerido que estas pedras haviam caído do céu ou da Lua. Outros eram da opinião, também ela antiga, de que os fósseis cresciam naturalmente nas rochas. Um contemporâneo de Steno, Athanasius Kircher, por exemplo, atribuía a existência de fósseis a uma virtude lapidificante dispersa por todo o corpo do geocosmo.
Por seu lado, Steno argumentou que os glossopetrae pareciam-se com dentes de tubarão, porque eram dentes de tubarão, provenientes das bocas de antigos tubarões, que haviam sido enterrados em lodo e areia que eram agora terra seca. Existiam diferenças de composição entre os glossopetrae e os dentes dos tubarões atuais, mas Steno argumentou que os fósseis podiam ter a sua composição química alterada sem que a sua forma se alterasse, através da teoria corpuscular da matéria.
O trabalho de Steno sobre os dentes de tubarão levou-o a questionar-se sobre a forma como um objeto sólido poderia ser encontrado dentro de outro objeto sólido, como rocha ou uma camada rochosa. Os "corpos sólidos dentro de sólidos" que atraíram o interesse de Steno incluíam não apenas fósseis como hoje os definimos, mas também minerais, cristais, incrustações, veios, e mesmo camadas completas de rocha ou estratos. Os seus estudos geológicos foram publicados na obra Discurso prévio a uma dissertação sobre um corpo sólido contido naturalmente num sólido em 1669. Este trabalho seria aprofundado em 1772 por Jean-Baptiste Romé de l’Isle.
Steno não foi o primeiro a identificar os fósseis como sendo de organismos vivos. Os seus contemporâneos Robert Hooke e John Ray também defenderam este ponto de vista.
A Steno atribui-se definição da princípio de sobreposição dos estratos, e dos princípios de horizontalidade original, continuidade lateral: os três princípios básicos da estratigrafia.
Outro princípio, conhecido simplesmente por lei de Steno, diz que os ângulos entre faces correspondentes em cristais da mesma substância são os mesmos para todos os exemplares desta.
    
 
Steno e a Religião
O seu modo de pensar era também importante no modo como via a religião. Criado na fé luterana, ainda assim não deixou de questionar os ensinamentos que recebeu, algo que se tornou importante quando contactou o catolicismo enquanto estudava em Florença. Após estudos teológicos, decidiu que a Igreja Católica e não a Igreja Luterana era a autêntica igreja e, como consequência, converteu-se ao catolicismo.
A sua conversão fez com que, gradualmente, Steno pusesse de lado os seus estudos científicos. Foi ordenado padre e, mais tarde, bispo e enviado em trabalho de missão para o norte da Alemanha, região luterana. Trabalhou inicialmente na cidade de Hanôver, onde conheceu Gottfried Leibniz, mudando-se mais tarde para Hamburgo. Após vários anos preenchidos com tarefas difíceis, morreu, após muito sofrimento, em Schwerin, em 1686.
A sua vida e trabalho têm sido intensamente estudados, em particular desde finais do século XIX. Especialmente, a sua piedade e virtude foram avaliadas, com vista a uma eventual canonização. Em 1987, foi beatificado pelo papa João Paulo II.
  

Brasão de Bispo Católico de Nicolau Steno