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sábado, abril 19, 2025

E agora uma pequena lição para criacionistas e outros malucos...

Porque nunca encontraremos um dinossauro congelado, mas existem dinossauros mumificados

 


 

Quem adora tudo o que envolve dinossauros, certamente um dia gostaria de encontrar ou que fosse encontrado um dinossauro inteiro congelado no permafrost, como os mamutes, rinocerontes lanudos e lobos encontrados na Sibéria e no Canadá.

Infelizmente, nunca encontraremos um dinossauro congelado. Segundo o IFL Science, quem o confirma é Susannah Maidment, investigadora sénior na divisão de Vertebrados, Antropologia e Paleobiologia do Museu de História Natural, em Londres.

A mumificação é frequentemente associada ao Antigo Egito, mas pode ocorrer naturalmente quando o ecossistema de decomposição é impedido de fazer o seu trabalho.

Os antigos faraós, que governaram há milhares de anos, eram mumificados propositadamente, mas já foram encontrados corpos mumificados em pântanos e outros cadáveres que se mumificaram naturalmente - por vezes, numa questão numa questão de dias.

No caso dos dinossauros mumificados, não se trata de um termo formal, mas foram encontradas espécimes com características mumificadas.

“Quando as pessoas dizem ‘múmias de dinossauro‘, tendem a falar destes dinossauros que estão totalmente envoltos em pele, e por isso a sua pele preservou outros tecidos moles”, disse Maidment.

Por vezes encontramos dinossauros com penas, mas normalmente não os classificamos como múmias. Portanto, não é a preservação dos tecidos moles, por si só. Penso que é esta ideia de que temos a carcaça envolva em pele, que é o que as pessoas tendem a designar por múmia, mas é um termo informal”.

Os fósseis de dinossauros com tecidos moles intactos são uma descoberta muito excitante para os palentólogos, mas são raros quando comparados com os achados baseados em ossos. Encontrámos tiranossauros com conteúdo estomacal e um psitacossauro com o primeiro orifício do rabo de dinossauro descrito, mas os favoritos de Maidmente são os anquilossauros.

“Eu trabalho com dinossauros blindados e há cerca de três ou quatro anquilossauros que estão preservados de uma forma que se pode dizer que são múmias”, disse a investigadora. “Há um muito famoso que foi encontrado há alguns anos no Canadá, chamado Borealopelta, que tem todos os seus pedaços no sítio certo, e há alguns vídeos fantásticos dele online onde se pode rodar. É muito fixe”.

“Eu não vi esse, mas temos um no Museu de História Natural que foi encontrado no início do século XX e chama-se Scolosaurus cutleri. Na verdade, falta-lhe a cabeça, mas está na galeria dos dinossauros e pode ir vê-lo”.

“Está de lado e, se olharmos para as costas, tem todas as suas escamas ainda no sítio, porque tem um armadura nas costas. Depois, se dermos a volta para o outro lado, podemos ver a cavidade do estômago. Desse lado, podem ver-se os membros e o esqueleto”.

Quando um animal morre, são as partes duras que têm mais hipóteses de sobreviver. O ecossistema da decomposição tem muitas vias de ataque, desde bactérias microscópicas prontas para transformar o cadáver numa tenda de circo, até à macrofauna que pode espalhar membros inteiros por todo o lado.

O que resta tem uma hipótese de ser preservado no registo fóssil, mas a realidade é que, para a maior parte da vida na Terra, simplesmente desaparece”.

“Para a grande maioria dos animais que já viveram, nem mesmo as suas partes duras permanecem”, disse Maidment. “O processo de fossilização é muito raro, mas por vezes temos coisas como a pele e outros tecidos moles, como as penas, preservados. Normalmente, isso requer um conjunto único de condições de enterramento, muitas vezes um enterramento muito rápido”.

“Alguns animais [dos mais bem preservados] caíram em lagos ou foram vencidos por dunas de areia, como no caso dos famosos dinossauros do deserto de Gobi. Estes são os tipos de processos de que precisamos para que as partes moles sejam preservadas”.

 

Porque é que nunca encontraremos um dinossauro congelado na Antártida

Em primeiro lugar nunca foi encontrado nenhum T. rex fora da América do Norte, mas principalmente “porque o gelo simplesmente não é assim tão antigo”, disse Maidment. “A Antártida não foi permanentemente gelada até há cerca de 30 milhões de anos e, embora pudessem ter existido camadas de gelo, estas teriam surgido e desaparecido. O mesmo acontece com os mantos de gelo do hemisfério norte”.

“Os animais que estamos a encontrar na Sibéria são todos uma ordem de grandeza mais novos [do que os dinossauros]. Os mamutes só morreram há 4.0000 anos. Os dinossauros extinguiram-se há 66 milhões de anos. Não temos gelo tão antigo, por isso não vamos encontrar um dinossauro preso no gelo”.


in ZAP

Às vezes a paleontologia é muito divertida...

Dormir em “conchinha”: tudo começou há 250 milhões de anos, com um abraço eterno

 


 

Amizade improvável entre anfíbio e um mamífero na Grande Morte: ficaram para sempre juntos numa pequena toca, na África do Sul, que foi descoberta há 50 anos. Momento eternizado ficou para a história como “O Aconchego Triássico”.

Há 250 milhões de anos, em plena Grande Morte, um momento único de partilha foi eternizado.

Descobrimo-lo em 1975 - ou melhor, o paleontólogo James Kitching descobriu-o - quando uma toca fossilizada foi desenterrada perto da base do desfiladeiro de Oliviershoek, na África do Sul.

Se inicialmente só se via a cabeça de um Thrinaxodon - um pequeno réptil semelhante a um mamífero - um exame mais minucioso revelou uma presença inesperada na pequena toca: um anfíbio raro, conhecido como Broomistega. Fossilizaram em contacto próximo, num repouso eterno que viria a ser conhecido como “The Triassic Cuddle” (“O Abraço/Aconchego Triássico”).

 


 

O Thrinaxodon ficou para sempre enrolado na forma típica de uma toca, enquanto o Broomistega ficou deitado de barriga para cima sobre o mamífero.

Mas como é que esta amizade tão improvável sequer aconteceu?

Os cientistas queriam responder a esta pergunta e especularam que o anfíbio, parecido com uma salamandra, e o principal ocupante da toca - o mamífero - teria sido enterrado pela lama. Mas era muita coincidência, a lama escorrer e levar um anfíbio para a toca do mamífero.

Olhando para o ponto de situação, a posição de”conchinha” não foi acidental. O anfíbio poderia na verdade ter sido arrastado para a toca pelo outro animal, maior e mais forte, mas o estado dos ossos e a orientação do fóssil sugeriam o contrário.

O Broomistega apresentava sinais de ferimentos sarados, incluindo costelas partidas, mas não correspondiam aos dentes daquele a quem ficou agarrado para sempre, lembra o National Geographic.

Restava uma hipótese: o anfíbio entrou propositadamente no refúgio subterrâneo num sinal de desespero, durante a dura estação seca da “Grande Morte”, a extinção mais devastadora do planeta Terra, que dizimou cerca de 90% das espécies marinhas e 70% da vida terrestre.

O Thrinaxodon, possivelmente num estado de sono profundo, pode não ter notado ou simplesmente não se incomodou com o hóspede não convidado.

 


 

Amor ou não, o que é certo é que os dois animais acabaram por ser sepultados juntos por um súbito fluxo de lama e outros sedimentos.

 

 

in ZAP

quinta-feira, abril 17, 2025

Descoberto mais um primo longínquo dos humanos...

 Espécie com 62 milhões de anos era afinal um “primo” dos humanos

 


Parece um roedor, mas afinal tem ligações a quem somos hoje. Uma nova análise ao esqueleto do Mixodectes desvenda mistérios paleontológicos com 140 anos. 

O Mixodectes pungens foi um pequeno mamífero arborícola que viveu há cerca de 62 milhões de anos. Foi mencionado pela primeira vez em 1883 pelo famoso paleontólogo Edward Drinker Cope.

Mas, durante mais de 140 anos, esta espécie manteve-se um mistério para os paleontólogos. Agora, tudo isso mudou, com um novo estudo publicado na Nature em março que mostra o esqueleto mais completo da espécie alguma vez descoberto.

“Este esqueleto fóssil fornece novas evidências sobre a forma como os mamíferos placentários se diversificaram ecologicamente após a extinção dos dinossauros”, diz Stephen Chester, o autor principal, à SciTechDaily.

O novo esqueleto foi descoberto na bacia de San Juan, no Novo México, e inclui uma grande variedade de ossos, desde um crânio parcial, costelas, coluna vertebral e membros anteriores e posteriores. A estrutura dos seus membros e garras sugere que era hábil a agarrar-se a troncos e ramos de árvores.

“Caraterísticas como uma maior massa corporal e uma maior dependência das folhas permitiram que o Mixodectes prosperasse nas mesmas árvores provavelmente partilhadas com outros parentes primitivos dos primatas”, explica.

O nosso “primo” viveu viveu na América do Norte durante o início do Paleocénico, pouco depois da extinção dos dinossauros, e alimentava-se principalmente de folhas.

O antropólogo Eric Sargis também participou no estudo, e acrescenta que “um esqueleto com 62 milhões de anos, com esta qualidade e completude, oferece novas perspetivas sobre os mixodéctilos, incluindo uma imagem muito mais clara das suas relações evolutivas. As nossas descobertas mostram que são parentes próximos dos primatas e dos colugos - lémures voadores nativos do Sudeste Asiático - o que os torna parentes bastante próximos dos humanos“.

 
in ZAP

terça-feira, abril 15, 2025

Leonardo da Vinci nasceu há 573 anos

Provável autorretrato de Leonardo da Vinci, cerca de 1512 a 1515
     
Leonardo di Ser Piero da Vinci, ou simplesmente Leonardo da Vinci (Anchiano, 15 de abril de 1452 - Amboise, 2 de maio de 1519), foi um polímata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si [parece-nos] misterioso e distante.
Nascido como filho ilegítimo de um notário, Piero da Vinci, e de uma camponesa, Caterina, em Vinci, na região da Florença, foi educado no ateliê do pintor florentino de renome, Verrocchio. Passou a maior parte do início de sua vida profissional a serviço de Ludovico Sforza (Ludovico il Moro), em Milão; trabalhou posteriormente em Veneza, Roma e Bolonha, e passou os seus últimos dias na França, numa casa que lhe foi dada pelo rei Francisco I.
Leonardo era, como até hoje, conhecido principalmente como pintor. Duas de suas obras, a Mona Lisa e A Última Ceia, estão entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos, e a sua fama apenas se comparar à Criação de Adão, de Miguel Ângelo. O desenho do Homem Vitruviano, feito por Leonardo, também é tido como um ícone cultural, e foi reproduzido por todo o lado, desde em moedas de euro até t-shirts. Cerca de quinze das suas pinturas sobreviveram até aos dias de hoje; o número pequeno se deve às suas experiências constantes - e frequentemente desastrosas - com novas técnicas, além de sua procrastinação crónica. Ainda assim, estas poucas obras, juntamente com seus cadernos de anotações - que contêm desenhos, diagramas científicos, e seus pensamentos sobre a natureza da pintura - formam uma contribuição às futuras gerações de artistas que só pode ser rivalizada à de seu contemporâneo, Miguel Ângelo.
Leonardo é reverenciado pela sua engenhosidade tecnológica; concebeu ideias muito à frente de seu tempo, como um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, e uma teoria rudimentar das placas tectónicas. Um número relativamente pequeno de seus projetos chegou a ser construído durante sua vida (muitos nem mesmo eram fatíveis), mas algumas de suas invenções menores, como uma bobina automática, e um aparelho que testa a resistência à tração de um fio, entraram sem crédito algum para o mundo da indústria. Como cientista, foi responsável por grande avanço do conhecimento nos campos da anatomia, da engenharia civil, da ótica e da hidrodinâmica.
Leonardo da Vinci é considerado por vários o maior génio da história, devido à sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, a sua engenhosidade e criatividade, além das suas obras polémicas. Num estudo realizado em 1926 o seu QI foi grosseiramente estimado em cerca de 180.

         
in Wikipédia

domingo, abril 13, 2025

A evolução cria criaturas mesmo bizarras...

Eis Loki, o bizarro dinossauro que tinha os monumentais chifres de um deus nórdico

 

Reconstrução de Lokiceratops nos pântanos com 78 milhões de anos

 

Uma equipa de arqueólogos reconstruiu fragmentos fósseis encontrados em 2019 no sul da fronteira entre os EUA e o Canadá. Só depois de juntarem o crânio é que se aperceberam de que o espécime era um novo tipo de dinossauro.

Tinha cerca de 7 metros de comprimento e pesava 5 toneladas. Usava um bico na parte da frente da boca para se alimentar da vegetação rasteira, como fetos e plantas com flor.

E era dono de um enorme par de chifres, que adornavam voluptuosamente o seu crânio - motivo pelo qual os cientistas lhe deram o nome de Lokiceratops rangiformis, em honra de Loki, o traiçoeiro deus da mitologia nórdica.

Segundo o Phys.org, este é o maior dinossauro com chifres alguma vez encontrado na América do Norte.

“Este novo dinossauro ultrapassa os limites dos ceratopsianos, que possuem um dos maiores chifres de folhos alguma vez vistos”, afirma o coautor do estudo, Joseph Sertich.

“Estes ornamentos cranianos são uma das chaves para desvendar a diversidade dos dinossauros com chifres e demonstram que a seleção evolutiva para exibições vistosas contribuiu para a riqueza dos ecossistemas do Cretácico”.


Num novo estudo, publicado o ano passado no PeerJ, a equipa de cientistas comparou os chifres destes animais com as penas das aves. As aves utilizam as cores para diferenciar a sua espécie de outras aves semelhantes.

“Acreditamos que os chifres destes dinossauros sejam semelhantes ao que as aves fazem com as penas. Usam-nos para seleção de parceiros ou reconhecimento de espécies“, realça Sertich.

O Lokiceratops foi escavado na mesma camada de rocha que quatro outras espécies de dinossauros, indicando que cinco dinossauros diferentes viveram lado a lado há 78 milhões de anos.

“É uma diversidade inédita encontrar cinco a viverem juntas, semelhante ao que se vê atualmente nas planícies da África Oriental com diferentes ungulados com chifres”, realça Sertich.

O estudo mostra que a diversidade dos dinossauros tem sido subestimada e apresenta a árvore genealógica mais completa dos dinossauros com chifres até à data.

“O Lokiceratops ajuda a compreender que ainda há um grande caminho de busca de modo a perceber a diversidade e as relações dentro da árvore genealógica dos dinossauros com chifres”, conclui o primeiro autor do estudo, Mark Loewen.

 

 

in ZAP

sexta-feira, abril 11, 2025

Notícia sobre a Geologia da Marinha Grande e a Universidade de Coimbra...!

Atualidade - Marinha Grande

Investigadores realizam prospeção geológica nas praias

 

Investigadores
 
 
A visita dos investigadores decorreu no âmbito do protocolo celebrado entre o Município da Marinha Grande e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Um grupo de investigadores do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra esteve nas praias do concelho da Marinha Grande para realizar aulas de campo, prospeção geológica e investigação.

Os professores Luís Vítor Duarte e Pedro Proença, fizeram-se acompanhar de 13 alunos do 3.º ano Licenciatura em Geologia.

Ao longo do dia de ontem, o vereador da Câmara Municipal, João Brito, acompanhou os trabalhos, salientando a importância de divulgar e valorizar o património geológico e paleontológico, de excecionalidade, que caracterizam as arribas entre a Praia Velha e São Pedro de Moel (até à Praia de Água de Madeiros).

A visita dos investigadores decorreu no âmbito do protocolo celebrado entre o Município e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

 

quinta-feira, abril 10, 2025

Teilhard de Chardin, o padre jesuíta que era teólogo, filósofo e paleontólogo, morreu há setenta anos...

 
Pierre Teilhard de Chardin (Orcines, 1 de maio de 1881 - Nova Iorque, 10 de abril de1955) foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Através de suas obras, legou para a sua posteridade uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Muitos colegas cientistas negaram o valor científico da sua obra, acusando-a de vir carregada de um misticismo e de uma linguagem estranha à ciência. Do lado da Igreja Católica, por sua vez, foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China.
"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito."
Teilhard de CHARDIN- O Fenómeno Humano
  
Biografia
Nascido numa família profundamente católica, Chardin entrou para o noviciado da Companhia de Jesus em Aix-en-Provence no ano de 1899 e para o noviciado em 1900, em Laval. Era a época das reformas liberais de Waldeck-Rousseau, que retirara às universidades católicas o direito de conceder graus e posteriormente dissolveu as ordens religiosas e expulsou vinte mil religiosos da França. Por este motivo, teve que deixar a França e os seus estudos prosseguiram na ilha de Jersey, Inglaterra, onde fez filosofia e letras. Licenciou-se neste curso em 1902. Entre 1905 e 1908 foi professor de física e química no colégio jesuíta da Sagrada Família do Cairo, no Egito, onde teve oportunidade de continuar as suas pesquisas geológicas, iniciadas na Inglaterra. Os seus estudos de teologia foram retomados em Ore Place, de 1908 a 1912. Foi ordenado sacerdote em 1911.
Entre 1912 e 1914 estudou paleontologia no Museu de História Natural de Paris. Foi a sua porta de entrada na comunidade científica. Durante os seus estudos teve a oportunidade de visitar os sítios pré-históricos do noroeste da Espanha, entre eles, a Gruta de Altamira.
Durante a Primeira Guerra Mundial, foi carregador de maca dos feridos e depois capelão em diversas frentes de batalha.
Passada a Guerra, retomou os estudos em Paris, onde obteve o doutoramento, em 22 de março de 1922, na Universidade de Sorbonne, com a tese: Os mamíferos do Eocénico inferior francês e as suas jazidas. Em 1920 tornou-se professor de Geologia no Instituto Católico de Paris. O ambiente intelectual de Paris proporcionou-lhe encontros fecundos para o exercício intelectual. Costumava apresentar as suas ideias a plateias de jovens leigos, seminaristas e professores. Do ponto de vista teológico, já assumira as ideias evolucionistas e realizava uma síntese original entre a ciência e a fé cristã.
Em 1922, escreveu Nota sobre algumas representações históricas possíveis do pecado original, que gerou um dossiê pela Santa Sé, acusando-o de negar o dogma do pecado original. Teve que assinar um texto que exprimia este dogma do ponto de vista ortodoxo e foi obrigado a abandonar a cátedra em Paris e embarcar para Tianjin na China. Este facto marcará uma nova etapa da sua vida: o silêncio sobre temas eclesiais e teológicos que duraria o resto da sua vida. Foi-lhe permitido trabalhar em pesquisas científicas e as suas publicações deveriam ser cuidadosamente revistas.
Embora proibido de escrever sobre temas eclesiais e teológicos, os seus superiores imediatos estimularam as suas pesquisas e escritos, desde que a sua ortodoxia fosse assegurada por uma séria revisão, com a esperança de uma publicação posterior.
Em Pequim, realizou diversas expedições paleontológicas, e em 1929 participou da descoberta e estudo do sinantropo - o homem de Pequim. Também realizou pesquisas em diversos lugares do continente asiático, como o Turquestão, a Índia e a Birmânia.
Entre novembro de 1926 e março de 1927, estimulado pelo editor da coleção de espiritualidade Museum Lessianum, escreveu O Meio Divino a partir de suas notas de retiro. A obra foi submetida a dois censores romanos, que a consideraram aceitável. Ao ser submetida ao Imprimatur, o cónego encarregado submete a obra a teólogos romanos, que a consideraram suspeita pela originalidade. Apesar disto, cópias inéditas da obra passaram a circular, datilografadas e policopiadas.
Em Pequim, escreveu a sua obra prima: O Fenómeno Humano. Encaminhou a obra para Roma em 1940, que prometeu o exame por teólogos competentes. Várias revisões foram encaminhadas sem que o nihil obstat fosse concedido.
Em 1946 regressou a Paris. Os seus textos mimeografados continuavam a circular e as suas conferências lotavam os auditórios. Foi convidado a lecionar no Collège de France. Diante de ameaças de novas sanções pela Santa Sé, dirige-se a Roma em 1948. A visita foi inútil: foi proibido de ensinar no Colégio da França e a publicação do Fenómeno Humano não foi autorizada.
Entre 1949 e 1950 deu cursos na Sorbonne que geraram a obra O grupo zoológico humano. Em 1950 foi eleito membro da Academia de Ciências do Instituto de Paris.
Em 1950, foi promulgada a encíclica Humani Generis pelo papa Pio XII, que na opinião de Chardin, bombardeava as primeiras linhas de seu trabalho.
Em 1951, mudou-se para Nova York, a convite da Fundação Wenner-Gren, que patrocinou duas expedições científicas na África, para pesquisar sobre as origens do homem, sob a sua coordenação.
Teilhard de Chardin faleceu em 10 de abril de 1955, num domingo de Páscoa, em Nova York. No campo científico deixou uma obra vasta: cerca de quatrocentos trabalhos em vinte revistas científicas.
No campo filosófico, o seu pensamento pode ser editado por um comité internacional porque ele deixou os direitos de autor das suas obras para um colega, não para a sua ordem religiosa. No mesmo ano de sua morte, as Éditions du Seuil lançaram o primeiro volume das Ouevres de Teilhard de Chardin.
O Santo Ofício solicitou ao Arcebispo de Paris que detivesse a publicação das obras. Em 1957, um decreto deste mesmo órgão decidiu que estes livros fossem retirados das bibliotecas dos seminários e institutos religiosos, não fossem vendidos nas livrarias católicas e não fossem traduzidos. Este decreto não teve muita adesão. Cinco anos mais tarde, uma advertência foi publicada, solicitando aos padres, superiores de Institutos Religiosos, seminários, reitores das Universidades que protejam os espíritos, principalmente o dos jovens, contra os perigos da obra de Teilhard de Chardin e seus discípulos. Segundo esta advertência, "sem fazer nenhum juízo sobre o que se refere às ciências positivas, é bem manifesto que, no plano filosófico e teológico, estas obras regurgitam de ambiguidades tais e até de erros graves que ofendem a doutrina católica".
A sua obra continuou a ser editada, chegando ao décimo terceiro volume em 1976, pelas Éditions du Seuil e foi traduzida em diversos idiomas. O seu trabalho teve grande repercussão, gerando diversos estudos a cerca de sua obra até nos dias atuais.
Em 12 de maio de 1981, por ocasião da comemoração do centenário do seu nascimento, Chardin teve a sua obra reconhecida pela Igreja, através de uma carta enviada pelo cardeal Agostino Casaroli, secretário de Estado do Vaticano, ao reitor do Instituto Católico de Paris. A carta afirma:
Sem dúvida, o nosso tempo recordará, para além das dificuldades da conceção e das deficiências da expressão dessa audaciosa tentativa de síntese, o testemunho da vida unificada de um homem aferrado por Cristo nas profundezas do seu ser, e que teve a preocupação de honrar, ao mesmo tempo, a fé e a razão, respondendo quase que antecipadamente a João Paulo II: "Não tenham medo, abram, escancarem as portas a Cristo, os imensos campos da cultura, da civilização, do desenvolvimento.
As suas ideias foram sendo incorporadas ao discurso oficial da Igreja, como se depreende da mensagem do Papa Bento XVI por ocasião da Festa da Santíssima Trindade de 2009, dirigida aos fieis em Roma: "Em tudo o que existe, encontra-se impresso, em certo sentido, o "nome" da Santíssima Trindade, pois todo o ser, até as últimas partículas, é ser em relação, e deste modo se transluz o Deus-relação; transluz-se, em última instância, o Amor criador. Tudo procede do amor, tende ao amor e se move empurrado pelo amor, naturalmente, segundo diferentes níveis de consciência e de liberdade.""Utilizando uma analogia sugerida pela biologia, diríamos que o ser humano tem no próprio "genoma" um profundo selo da Trindade, do Deus-Amor". E ainda mais claro, no dia 24 de julho em Aosta, Itália, o Papa Bento XVI diz: "Nós mesmos, com todo o nosso ser, temos que ser adoração e sacrifício, restituir o nosso mundo a Deus e assim transformar o mundo. A função do sacerdócio é consagrar o mundo a fim de que se torne hóstia viva, para que o mundo se torne liturgia: que a liturgia não seja algo ao lado da realidade do mundo, mas que o próprio mundo se torne hóstia viva, se torne liturgia. É a grande visão que depois teve também Teilhard de Chardin: no final teremos uma verdadeira liturgia cósmica, onde o cosmos se torne hóstia viva."
  
O pensamento de Teilhard de Chardin
Como geopaleontólogo, Teilhard de Chardin estava familiarizado com as evidências geológicas e fósseis da evolução do planeta e da espécie humana. Como sacerdote cristão e católico, tinha consciência da necessidade de um metacristianismo que contribuísse para a sobrevivência do planeta e da humanidade sobre ele. No cerne da questão está a visão filosófica, teológica e mística de Teilhard de Chardin a respeito da evolução de todo o Universo, do caos primordial até o despertar da consciência humana sobre a Terra, estágio esse que, segundo ele, será seguido por uma Noogénese, a integração de todo o pensamento humano em uma única rede inteligente que acrescentará mais uma camada em volta da Terra: a Noosfera, que recobrirá todo o Biosfera Terrestre. A orientar todo esse processo, existe uma força que age a partir de dentro da matéria, que orienta a evolução em direção a um ponto de convergência: o Ponto Omega. Teilhard sustentava a ideia de um panenteísmo cósmico: a crença de que Deus e o Universo mantém uma criativa e dinâmica relação de progressiva evolução.
Como escritor, a sua obra-prima é O Fenómeno Humano, além de centenas de outros escritos sobre a condição humana. Como paleontólogo, esteve presente na descoberta do Homem de Pequim. Ainda que ele estivesse presente depois do descobrimento do homem de Piltdown, a evidência aponta o facto de que ele nunca perdeu prestígio com a falsificação de um suposto fóssil do homem de Piltdown. Sobre ele, Teilhard disse, em 1920: "anatomicamente as partes não cabem."

   

 

quarta-feira, abril 09, 2025

No tempo em choveu durante dois milhões de anos...

Choveu durante 2 milhões de anos. A Crise Carniana deixou marcas na Terra

 

 


Um novo estudo sobre a Crise Carniana, conduzida por uma equipa liderada por Alexander Lukeneder, paleontólogo do Museu de História Natural de Viena, revela acontecimentos surpreendentes relacionados com as alterações climáticas globais durante o período Triássico.

A chamada Crise Carniana“, ou Evento Pluvial Carniano, foi um período de alterações climáticas significativas que ocorreu há 234 a 232 milhões de anos, durante o Carniano, uma dos andares do período Triássico.

Este evento foi marcado por significativas mudanças climáticas, com um grande impacto na vida terrestre e marinha da época, e por um aumento drástico e global da precipitação: choveu durante 2 milhões de anos.

O estudo, publicado o ano passado na Scientific Reports, revela pormenores surpreendentes sobre a forma como o clima global mudou há 233 milhões de anos, levando a uma extinção maciça nos mares da era Mesozoica.

A Crise Carniana global deixou a sua marca nas rochas da Bacia de Reiflinger, perto de Lunz am See, na Áustria, e o vulcanismo maciço no Canadá e no norte dos EUA desencadeou a formação de uma camada de basalto com mais de mil metros de espessura.

Estas erupções vulcânicas libertaram enormes quantidades de CO2 para a atmosfera, alterando drasticamente o clima.

O Triássico tardio caracterizou-se por um clima de estufa com precipitações monçónicas, aumentando o fluxo de lama para o o Mar de Tétis, um enorme oceano que na altura existia entre a África e a Eurásia.

Os recifes foram sufocados, as plataformas de carbonato morreram e o oxigénio tornou-se escasso no fundo do mar, criando zonas mortas.

 



Nestas condições, conta o LBV, formaram-se depósitos com fósseis incrivelmente bem preservados, incluindo amonites, lulas, mexilhões, caracóis, caranguejos, isópodes marinhos e vermes de cerdas.

Entre os fósseis excecionais encontram-se peixes voadores, o celacanto Coelocanthus e o peixe-pulmão Tellerodus.

O mar da bacia de Reiflinger estava rodeado de ilhas com as primeiras florestas de coníferas, como a Voltzia, que cresciam em condições quentes e húmidas. A proximidade de água doce é confirmada por vestígios aluviais de plantas terrestres e por numerosos achados de crustáceos do género Euestheria.

A “Crise Carniana” é observada numa estreita faixa geológica na Áustria, que se estende de Mödling, na Baixa Áustria, até ao norte da Estíria, perto de Großreifling.

A investigação permitiu explorar o ambiente do Triássico tardio e compreender melhor as condições ambientais, as cadeias alimentares e as relações predador-presa da época.

A cadeia alimentar começou com pequenos crustáceos, seguida de pequenos peixes e lulas predadoras, e culminou com amonites predadas por peixes predadores maiores. Os ictiossauros eram os principais predadores deste ecossistema.

 


 

 

A equipa internacional de investigadores, liderada por Alexander Lukeneder e composta por especialistas de várias instituições, efetuou análises exaustivas de rochas e fósseis utilizando métodos avançados. Foram estudados macrofósseis como amonites, lulas e peixes, bem como representantes da flora.

Foram também analisadas as associações polínicas e as suas alterações durante a “Crise Carniana”. Estes estudos mostram uma mudança de condições marinhas para influências de água doce, com um aumento de planícies aluviais e pântanos com vegetação pioneira.

Graças aos microfósseis e às análises geoquímicas e geofísicas, os autores do estudo obtiveram uma imagem pormenorizada do ambiente de há 233 milhões de anos nos Alpes calcários austríacos.

O vulcanismo causou uma forte emissão de CO2, alterando a composição isotópica global do carbono, e esta pegada química é detetada em rochas perto de Lunz am See.

As medições geofísicas mostram um aumento das partículas radiantes e dos minerais magnetizáveis durante a “Crise Carniana”, bem como uma alteração na composição dos minerais argilosos.

Estas condições refletem uma maior entrada de resíduos orgânicos e produtos de meteorização de plantas terrestres devido ao aumento da precipitação.

 

 

O estudo, que revelou a forma como o material arrastado de terra alterou permanentemente a química da água, criando condições hostis e pobres em oxigénio no fundo do mar,  oferece uma compreensão profunda sobre como um dos maiores desastres ambientais da história da Terra afetou o ecossistema do planeta, e deixou a sua marca nas rochas austríacas.

A “Crise Carniana” é um momento crucial na história da vida na Terra. O evento levou a transformações significativas nos ecossistemas, permitindo que novas formas de vida aparecessem, evoluíssem e se expandissem — e marcou o início de uma nova era: a do domínio dos dinossauros.


in ZAP

sexta-feira, abril 04, 2025

A Paleontologia nasceu há 229 anos...

 
Jean Léopold Nicolas Frédéric, Baron Cuvier (Montbéliard, 23 August 1769 – Paris, 13 May 1832), known as Georges Cuvier, was a French naturalist and zoologist, sometimes referred to as the "founding father of paleontology". Cuvier was a major figure in natural sciences research in the early 19th century and was instrumental in establishing the fields of comparative anatomy and paleontology through his work in comparing living animals with fossils. 

  

 (...)

  

The Institut de France was founded in the same year, and he was elected a member of its Academy of Sciences. On 4 April 1796 he began to lecture at the École Centrale du Pantheon and, at the opening of the National Institute in April, he read his first paleontological paper, which subsequently was published in 1800 under the title Mémoires sur les espèces d'éléphants vivants et fossiles. In this paper, he analyzed skeletal remains of Indian and African elephants, as well as mammoth fossils, and a fossil skeleton known at that time as the 'Ohio animal'.

Cuvier's analysis established, for the first time, the fact that African and Indian elephants were different species and that mammoths were not the same species as either African or Indian elephants, so must be extinct. He further stated that the 'Ohio animal' represented a distinct and extinct species that was even more different from living elephants than mammoths were. Years later, in 1806, he would return to the 'Ohio animal' in another paper and give it the name, "mastodon".

In his second paper in 1796, he described and analyzed a large skeleton found in Paraguay, which he would name Megatherium. He concluded this skeleton represented yet another extinct animal and, by comparing its skull with living species of tree-dwelling sloths, that it was a kind of ground-dwelling giant sloth.

Together, these two 1796 papers were a seminal or landmark event, becoming a turning point in the history of paleontology, and in the development of comparative anatomy, as well. They also greatly enhanced Cuvier's personal reputation and they essentially ended what had been a long-running debate about the reality of extinction.

 

quarta-feira, abril 02, 2025

Mais um dinossáurio descoberto em Portugal...

Descoberto novo dinossauro que viveu em Portugal há quase 150 milhões de anos  

 

SHN.JJS.015

 

Estudo permitiu identificar um exemplar depositado na Sociedade de História Natural de Torres Vedras, como um dinossauro herbívoro do grupo dos iguanodontianos.

 

Uma nova espécie de dinossauro iguanodontiano, que habitou Portugal há quase 150 milhões de anos, foi descoberto por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, divulgou esta quarta-feira a Nova FCT.

Num comunicado, o estabelecimento de ensino superior adianta que o trabalho contou com a colaboração de cientistas da Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), em Espanha, e que a "notável descoberta constitui um avanço significativo no conhecimento sobre a diversidade da fauna de dinossauros presente na parte final do Jurássico".

"Foi uma surpresa", confessou Filippo Maria Rotatori, do GEOBIOTEC (GeoBiociências, Geotecnologias e Geoengenharias), centro de investigação da Nova FCT e autor principal do estudo.

"Acreditávamos que a diversidade deste grupo de dinossauros já estava bem documentada no Jurássico Superior de Portugal e esta descoberta demonstra que ainda há muito a aprender e que ainda podem surgir descobertas emocionantes num futuro próximo. Infelizmente, devido ao pouco material recuperado, ainda não podemos atribuir um nome científico formal a esta espécie", adiantou, citado no comunicado.

O estudo permitiu identificar um exemplar, o SHN.JJS.015, depositado na Sociedade de História Natural de Torres Vedras, como um dinossauro herbívoro do grupo dos iguanodontianos, que também se destaca pelas suas dimensões, tendo um exame detalhado confirmado que "não corresponde a nenhuma espécie previamente identificada".

"Era um peso pesado", salientou Fernando Escaso, outro dos autores principais e professor na UNED. 

"Quando estimámos o seu tamanho e massa corporal, descobrimos que este novo dinossauro era significativamente mais corpulento do que outras espécies de iguanodontianos, como Draconyx ou Eousdryosaurus, com as quais muito provavelmente partilhou o ecossistema".

Bruno Camilo, doutorando no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e diretor do Ci2Paleo da Sociedade de História Natural de Torres Vedras, assinalou tratar-se da primeira vez que são encontrados "diferentes grupos etários deste tipo de dinossauro em Portugal, o que abre novas possibilidades de investigação".

Além do referido exemplar, foram descobertos outros vestígios fósseis, incluindo fémures isolados de menor tamanho, "o que sugere que estes dinossauros eram relativamente comuns em Portugal durante o Jurássico Superior", explicou.

A descoberta também reforça a importância da Europa na história evolutiva e migratória dos dinossauros, assinalando o investigador Filippo Bertozzo, do Royal Belgian Institute of Natural Sciences, que o animal agora conhecido "apresenta muitas semelhanças com outras espécies de iguanodontianos encontradas na América do Norte e noutras partes da Europa". 

"Durante o Jurássico, a Península Ibérica provavelmente desempenhou um papel crucial nas trocas faunísticas entre continentes. Ainda estamos a trabalhar para compreender como estes processos se desenvolveram".

"Esta investigação foi possível graças à colaboração de várias instituições europeias e organizações locais dedicadas à preservação do património geológico e paleontológico de Portugal", referiu Miguel Moreno-Azanza, da Universidade de Zaragoza, em Espanha.

Além da Nova FCT e da UNED, participaram no estudo, publicado na revista científica Journal of Systematic Palaeontology, instituições de investigação portuguesas, como a Sociedade de História Natural de Torres Vedras e o Museu da Lourinhã, que albergam o material estudado, e a Universidade de Lisboa.

 

in CM

segunda-feira, março 31, 2025

Charles Doolittle Walcott, o geólogo que descobriu os Xistos de Burgess, nasceu há 175 anos

       
Charles Doolittle Walcott (New York Mills, Condado de Oneida, Nova Iorque, 31 de março de 1850 - Washington, DC, 9 de fevereiro de 1927) foi um paleontólogo dos Estados Unidos, especialista em invertebrados.
É sobretudo conhecido pela descoberta dos Xistos de Burgess, uma formação geológica na Colúmbia Britânica, Canadá, considerada uma das principais jazidas de fósseis do mundo, que contém grande número de fósseis do período Câmbrico médio extraordinariamente bem preservados, incluindo vários tipos de invertebrados e também os animais dos quais evoluíram os cordados, como o Pikaia, advindo daí a sua extrema importância na paleontologia.
Foi laureado com a medalha Wollaston pela Sociedade Geológica de Londres, em 1918.
 
Marrella é um género de artrópode encontrado por Charles Doolittle Walcott nos Xistos de Burgess
 
     
Opabinia, um dos estranhos animais encontrados nos Xistos de Burgess
  
in Wikipédia

Walcott Quarry     

O Folhelho Burgess ou Xistos de Burgess é um sítio fossilífero das Rochosas, localizado em Colúmbia Britânica, Canadá, e é considerado uma das principais jazidas de fósseis do mundo. Contém grande número de fósseis do Câmbrico médio, extraordinariamente bem preservados, incluindo vários tipos de invertebrados e também os animais dos quais evoluíram os cordados, como o Pikaia, advindo daí a sua extrema importância na paleontologia.
Xistos de Burgess foi o termo informal que Charles Walcott usou para se referir a unidade fossilífera, que mais tarde passou a ser aplicada mais amplamente para descrever o tipo de agrupamento de fósseis que é encontrado na pedreira de Walcott. O sítio fossilífero pertence a formação Stephen, que possui uma parte "fina" e outra "espessa", alguns pesquisadores consideram que a parte "fina" deva ser separada como a formação dos Xistos de Burgess.

 
 
Ottoia, a soft-bodied worm, abundant in the Burgess Shale

The Burgess Shale is a fossil-bearing deposit exposed in the Canadian Rockies of British Columbia, Canada. It is famous for the exceptional preservation of the soft parts of its fossils. At 508 million years old (middle Cambrian), it is one of the earliest fossil beds containing soft-part imprints.
The rock unit is a black shale and crops out at a number of localities near the town of Field in Yoho National Park and the Kicking Horse Pass. Another outcrop is in Kootenay National Park 42 km to the south.
   
The first complete Anomalocaris fossil found

  

History and significance
The Burgess Shale was discovered by palaeontologist Charles Walcott on 30 August 1909, towards the end of the season's fieldwork. He returned in 1910 with his sons, daughter, and wife, establishing a quarry on the flanks of Fossil Ridge. The significance of soft-bodied preservation, and the range of organisms he recognised as new to science, led him to return to the quarry almost every year until 1924. At that point, aged 74, he had amassed over 65,000 specimens. Describing the fossils was a vast task, pursued by Walcott until his death in 1927. Walcott, led by scientific opinion at the time, attempted to categorise all fossils into living taxa, and as a result, the fossils were regarded as little more than curiosities at the time. It was not until 1962 that a first-hand reinvestigation of the fossils was attempted, by Alberto Simonetta. This led scientists to recognise that Walcott had barely scratched the surface of information available in the Burgess Shale, and also made it clear that the organisms did not fit comfortably into modern groups.
Excavations were resumed at the Walcott Quarry by the Geological Survey of Canada under the persuasion of trilobite expert Harry Blackmore Whittington, and a new quarry, the Raymond, was established about 20 metres higher up Fossil Ridge. Whittington, with the help of research students Derek Briggs and Simon Conway Morris of the University of Cambridge, began a thorough reassessment of the Burgess Shale, and revealed that the fauna represented were much more diverse and unusual than Walcott had recognized. Indeed, many of the animals present had bizarre anatomical features and only the slightest resemblance to other known animals. Examples include Opabinia, with five eyes and a snout like a vacuum cleaner hose and Hallucigenia, which was originally reconstructed upside down, walking on bilaterally symmetrical spines.

With Parks Canada and UNESCO recognising the significance of the Burgess Shale, collecting fossils became politically more difficult from the mid-1970s. Collections continued to be made by the Royal Ontario Museum. The curator of invertebrate palaeontology, Desmond Collins, identified a number of additional outcrops, stratigraphically both higher and lower than the original Walcott quarry. These localities continue to yield new organisms faster than they can be studied.

Stephen Jay Gould's book Wonderful Life, published in 1989, brought the Burgess Shale fossils to the public's attention. Gould suggests that the extraordinary diversity of the fossils indicates that life forms at the time were much more disparate in body form than those that survive today, and that many of the unique lineages were evolutionary experiments that became extinct. Gould's interpretation of the diversity of Cambrian fauna relied heavily on Simon Conway Morris's reinterpretation of Charles Walcott's original publications. However, Conway Morris strongly disagreed with Gould's conclusions, arguing that almost all the Cambrian fauna could be classified into modern day phyla.
The Burgess Shale has attracted the interest of paleoclimatologists who want to study and predict long-term future changes in Earth's climate. According to Peter Ward and Donald Brownlee in the 2003 book The Life and Death of Planet Earth, climatologists study the fossil records in the Burgess Shale to understand the climate of the Cambrian explosion, and use it to predict what Earth's climate would look like 500 million years in the future when a warming and expanding Sun combined with declining CO2 and oxygen levels eventually heat the Earth toward temperatures not seen since the Archean Eon 3 billion years ago, before the first plants and animals appeared, and therefore understand how and when the last living things will die out.
After the Burgess Shale site was registered as a World Heritage Site in 1980, it was included in the Canadian Rocky Mountain Parks WHS designation in 1984.
In February 2014, the discovery was announced of another Burgess Shale outcrop in Kootenay National Park to the south. In just 15 days of field collecting in 2013, 50 animal species were unearthed at the new site. 

  

 

segunda-feira, março 24, 2025

O paleontólogo Harry Whittington nasceu há 109 anos...

(imagem daqui)

      
Harry Blackmore Whittington (Birmingham, 24 de março de 1916 - Cambridge, 20 de junho de 2010) foi um paleontólogo britânico.
Professor no Departamento de Ciências da Terra, Cambridge, membro do Colégio Sidney Sussex. Frequentou a Escola Handsworth Grammar em Birmingham, seguido por sua licenciatura e doutoramento em Geologia na Universidade de Cambridge, onde foi professor de 1966 a 1983 (continuando a publicar mesmo depois de reformado). Durante a sua carreira paleontológica, que abrange mais de sessenta anos, o Dr. Whittington conseguiu brilhantes resultados no estudo de fósseis de artrópodes do início da Era Paleozóica, com foco particular nas trilobites. Entre as suas principais realizações estão:
Entre os seus muitos prémios, recebeu o International Prize for Biology de 2001 e a Medalha Wollaston, também em 2001.
 
 Anomalocaris canadensis - espécie estudada por Whittington
 
   
Opabinia - género estudado por Whittington
       

domingo, março 16, 2025

Notícia interessante de Paleontologia...

Não é um pássaro, um avião ou dinossauro. É o Quetzalcoatlus (e vai voar outra vez)

 


Foi o maior animal que alguma vez se elevou nos ares do nosso planeta. Com 12 metros de envergadura e 500 quilos, o Quetzalcoatlus não era um dinossauro, tinha que saltar para levantar voo, e vai voltar a voar  - no Museu da Ciência da Virgínia, nos Estados Unidos.

Era um réptil gigante, do tamanho de uma girafa, e foi a maior criatura voadora que já existiu. Tinha de saltar cerca de 2,4m do chão para conseguir levantar voo.

Este pterossauro, designado Quetzalcoatlus (pronuncia-se ket-zel-co-uat-lus), fazia parte de grupo extinto de répteis voadores. Tinha membros finos, um bico bastante longo e asas com 12 metros de comprimento.

Embora parente dos dinossauros, o Quetzalcoatlus não era um dinossauro, mas um pterossauro de quase 500 quilos, que viveu entre 70 e 66 milhões de anos atrás.

Apesar de se ter extinguido e passado à (pré)história, podemos agora observar uma representação em tamanho real desta criatura magnífica, em todo o seu esplendor, no Museu da Ciência da Virgínia, nos Estados Unidos.

O exemplar está suspenso no teto do museu, visível dos três andares do edifício, à medida que os visitantes se deslocam pela que já foi uma histórica estação de comboios.

Está representado em voo, com as asas estendidas a 11 metros de altura. O seu corpo inclinado, com 8 metros, está coberto por milhões de picnofibras pintadas à mão, com um revestimento corporal felpudo, e a sua enorme boca está aberta - pormenores todos eles destinados a dar vida à criatura.

Esta representação do réptil gigante é o maior Quetzalcoatlus alguma vez produzido, o único alguma vez feito com a boca aberta e o único com esta coloração, dada por uma pintura personalizada, criada pelo maior fabricante mundial de animais cientificamente exatos com qualidade de museu.

Para celebrar a chegada do seu novo hóspede” o Museu está a organizar uma Festa Pré-Histórica, conta o RVA Hub. As pessoas esperam ver dinossauros quando visitam um museu de ciência, mas o Museu da Ciência da Virgínia quer dar aos visitantes algo ainda melhor: o inesperado.

50 anos depois da descoberta dos ossos fossilizados do majestoso pterossauro, no Parque Nacional de Big Bend, no Texas, Estados Unidos, um estudo publicado em 2021 na Journal of Vertebrate Paleontology explicava, finalmente, como é que um animal tão grande conseguia voar.

E, na próxima sexta-feira, um evento especial com o nome de “Science After Dark” irá dar aos visitantes a oportunidade de ver o Quetzalcoatlus em ação.

Misterioso, impressionante e inspirador, tal como um dinossauro, o Quetzalcoatlus irá proporcionará um momento de descoberta e deleite a visitantes de todas as idades.

 

 

in ZAP