quarta-feira, novembro 24, 2021

Diego Rivera morreu há 64 anos

     
Diego Rivera, de nome completo Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez (Guanajuato, 8 de dezembro de 1886 - San Ángel, Cidade do México, 24 de novembro de 1957), de origem judaica, foi um dos maiores pintores mexicanos, casado por quatro vezes, incluindo um tumultuoso casamento com Frida Kahlo.
  
Biografia
Desde criança sempre quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao ficar adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contacto com vários pintores da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época começou a trabalhar num ateliê em Madrid, Espanha.
Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais, culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Assim como os outros muralistas, considerava a pintura de cavalete burguesa, pois na maior parte dos casos as telas ficavam confinadas em coleções particulares. Dentro deste conceito, realizou gigantescos murais que contavam a historia política e social do México, mostrando a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações.
Em 1930 Rivera foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por 4 anos, pintando vários murais, inclusive no Rockfeller Center, em Nova York.
Rivera era ateu e enfrentou grandes problemas por isso, sendo alvo de muitos preconceitos. O seu mural "Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central" retratava Ignacio Ramírez segurando um cartaz que dizia: "Deus não existe". Este trabalho causou indignação, mas Rivera recusou-se a retirar a inscrição. A pintura não foi exposta durante nove anos. Depois de Rivera concordar em retirar a inscrição, ele declarou: "Para afirmar 'Deus não existe', eu não tenho que me esconder atrás de Don Ignacio Ramírez; eu sou ateu e considero as religiões uma forma de neurose coletiva".
  
 
Vida pessoal
Foi casado quatro vezes. A sua primeira esposa foi a pintora russa Angellina Belwoff. Com ela, Diego teve um menino. Após anos de casados Diego entra em depressão, ao ficar viúvo. Casou em seguida com Guadalupe Marín, de quem teve duas filhas. Além da terceira esposa, a famosa Frida Kahlo, casou, depois da morte desta, com Emma Hurtado.
Conhecido por ter sido muito mulherengo, teve diversas amantes. Em 1929 casou-se pela terceira vez com a pintora mexicana Frida Kahlo, com quem teve uma relação muito conturbada, por causa de mútuas infidelidades. Frida era bissexual e ele aceitava a esposa tivesse relacionamentos com outras mulheres, mas não aceitava com outros homens, mas a esposa não lhe obedecia, tendo o traído com diversos homens, inclusive com um dos seus melhores amigos. Diego também a traía com muitas amantes, que viviam infernizando o casal, já que as amantes queriam se tornar esposas. O casamento era cheio de disputas e confusões, também pelo facto de Rivera querer filhos e Frida ter sofrido muitos abortos, filhos dele, e não conseguir engravidar mais.
Envolveu-se com a sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os em flagrante na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, a esposa passou a atormentá-lo, passando a persegui-lo e a odiar a irmã, pelo que acabaram por se separar. Rivera, muito abalado com tudo, abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Rivera acabou pedindo para Frida voltar, mas não tendo sucesso na reconquista. Essa traição com a própria irmã da esposa piorou as disputas dos dois, já que passaram a ser inimigos mesmo não estando mais juntos. Rivera continuou com a sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas sempre pensando em Frida. Após algum tempo separados, Frida e Rivera reconciliaram-se, mas cada um morando na sua respetiva casa. Rivera voltou a traí-la, e Frida não aguentava mais, e voltou a tentar o suicídio por diversas vezes, e as amantes de Rivera passaram a ameaçar Frida de morte.
Em 1954 ficou viúvo pela segunda vez. Frida tivera diversas doenças ao longo de sua vida, até que veio a falecer de pneumonia (não se descartando a possibilidade de ter causando a sua própria morte através de uma overdose de remédios ou de que alguma amante de Rivera a tenha envenenado).
Depois da morte de Frida Kahlo, em junho de 1954, casou-se em 1955 com Emma Hurtado e viajou com ela para a União Soviética, para ser operado. Faleceu a 24 de novembro de 1957, em San Ángel, Cidade do México, na sua casa estúdio, atualmente conhecida como Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo e os seus restos mortais foram colocados na Rotunda das Pessoas Ilustres, contrariando a sua última vontade.
 
Mural de Rivera mostrando a vida dos aztecas no mercado de Tlatelolco - Palácio Nacional da Cidade do México
   

Emir Kusturica faz hoje 67 anos

      
Emir Kusturica (Sarajevo, 24 de novembro de 1954) é um cineasta e músico sérvio com uma expressiva sequência de trabalhos internacionalmente aclamados, Kusturica é visto como um dos mais criativos directores de cinema dos anos oitenta e noventa. Venceu duas vezes a Palma de Ouro (por Otac na službenom putu e Underground), bem como recebeu também a comenda francesa da Ordre des Arts et des Lettres.
    
Vida
Kusturica começou a fazer cinema ainda no colégio, dirigindo filmes independentes. Alguns destes foram premiados em festivais nacionais amadores. Ele estudou na Famu, uma famosa academia cinematográfica de Praga, entre 1973 e 1977. Brilhante aluno, Kusturica estudou com o diretor checo Otakar Vavra. O estudante Kusturica ganhou o primeiro prémio do Festival Internacional de Cinema Estudantil de Karlovy-Vary, no mesmo país, com o seu projecto final de graduação, a curta-metragem em preto-e-branco Guernica (1978).
De volta à Jugoslávia, Kusturica trabalhou para a TV e dirigiu, entre outros, As Noivas Estão Chegando (1979) e Bar Titanic (1980), que lhe deu o primeiro prémio no Festival do Telefilme de Portoroz (Eslovénia). A sua longa metragem de estreia no cinema, Você se Lembra de Dolly Bell? (1981), tornou-se um sucesso de crítica internacional e foi laureado em Veneza com o Leão de Ouro para diretores estreantes.
Para além de cineasta, Emir Kusturica é também músico, tendo um projeto musical denominado Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, possuindo um estilo de gypsy rock muito próprio.
    

 


Saudades de Freddie...

Toulouse-Lautrec nasceu há 157 anos

Toulouse-Lautrec em 1892, então com 28 anos
          
Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa (Albi, 24 de novembro de 1864 - Saint-André-du-Bois, 9 de setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boémia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um boémio, faleceu precocemente, aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo. Trabalhou menos de vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização da arte. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau.
     
     
Condessa Adèle de Toulouse-Lautrec, no desjejum
    
La reine de joie (1892)

O Conde de Lautréamont , autor dos Cantos de Maldoror, morreu há 151 anos...

  
Isidore Lucien Ducasse, mais conhecido pelo pseudónimo literário de Conde de Lautréamont (Montevidéu, 4 de abril de 1846 - Paris, 24 de novembro de 1870) foi um poeta uruguaio que viveu na França, considerado um precursor do surrealismo.
   
O seu poema Les Chants de Maldoror ("Os Cantos de Maldoror", em português), constituído de sessenta estrofes, é considerado uma obra seminal no campo da literatura fantástica, ainda que hoje escape a qualquer classificação.
Os críticos e o público, em geral, dividem-se quanto à classificação desta obra. Para alguns, foi um génio da literatura universal – André Breton considerava-o uma "revelação total que parece exceder as possibilidades humanas" e o considerou um precursor do Surrealismo; Léon Bloy, por seu lado, dava-o por louco, "uma ruína humana completa". Contudo, o autor foi-se transformando numa referência principalmente para intelectuais apreciadores do género mais subversivo da literatura, tornando-se um autor de culto.

 


Lucky Luciano nasceu há 124 anos

   
Charles Luciano ou Lucky Luciano, nascido Salvatore Lucania (Lercara Friddi, 24 de novembro de 1897 - Nápoles, 26 de janeiro de 1962), foi um mafioso ítalo-americano.
Lucky Luciano foi o fundador do sindicato nacional do crime nos anos 30. A sua família instalou-se no East Side de Nova Iorque em 1906, onde foi preso pela primeira vez em 1907, acusado de furto.

Em 1915, Luciano era membro do Gang dos Cinco Pontos (Five Points Gang), onde foi instruído por John Torrio, e tornou-se amigo de Al Capone e, mais tarde, de outros famosos assassinos. Começou o seu próprio negócio de prostituição em 1920 e, em 1925, teve vasto controle sobre a prostituição em Manhattan, onde na verdade começou a tomar as casas de prostituição para integrar os seus negócios. Em 1928 isso tinha tornado Charles "Lucky" Luciano um milionário.
Em 1929, Luciano foi espancado por cinco homens e ficou gravemente ferido, sobreviveu e então ganhou a alcunha de "Lucky"(Sortudo). A polícia chegou a perguntar-lhe quem tinham sido os autores, mas não identificou quem o tinha atacado, cumprindo com a omertà. Próximo do fim dos anos 20, Luciano estava pronto para escrever suas ideias a respeito do sindicato nacional do crime.
Em 1931, a chamada Guerra Castellammarese entre Salvatore "Little Caesar" Maranzano e Giuseppe "Joe the Boss" Masseria pelo controle do submundo de Nova Iorque enchia de corpos as ruas de Manhattan e do Brooklyn. Luciano estava cansado disso, sabia que a guerra era má para os negócios e decidiu acabar com ela, assassinando Masseria, e o seu chefe, Maranzano. Com dois golpes astutos, assassinaram Joe Masseria enquanto almoçava num restaurante, e Salvatore Maranzano, que foi assassinado no seu escritório em Manhattan. Com esses assassinatos, a guerra acabou. Luciano era considerado o Capo di tutti capi (Chefe de todos os chefes), o "número um" do sindicato que tinha criado.
Em 1935, Thomas E. Dewey tinha reunido provas suficientes para prender Luciano. Eram noventa as provas, entre extorsão e prostituição. Ele apanhou entre 30 a 50 anos de prisão, mas havia rumores de que as Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial precisavam de ajuda para a invasão da Sicília. Eles contactaram Luciano e ofereceram-lhe a liberdade se ele não mantivesse contacto com os seus amigos mafiosos na Sicília, ele poderia ser solto sob a condição de que fosse deportado para a Itália. Luciano aceitou essa proposta e morou em Roma um ano. Ele rapidamente ficou insatisfeito com esse modo de vida, e a sua opção estava entre voltar para os EUA ou arranjar uma reunião com Lansky, Siegel e outros chefes em Cuba. As autoridades dos Estados Unidos souberam da presença de Luciano na Conferência de Havana, e foi forçado a voltar para a Itália. Mesmo assim, manteve vários negócios envolvendo jogo e prostituição em Cuba. Começou a escrever memórias, sonhava com um filme sobre a sua vida. Em janeiro de 1962 foi para o aeroporto de Nápoles reunir-se com um produtor de cinema norte-americano, que estava interessado na ideia. Enquanto caminhava até junto do produtor, preparando para cumprimentá-lo com um aperto de mãos, levou a mão ao tórax e caiu. Morreu fulminado por um ataque de coração.
  

A Lucy foi descoberta há 47 anos

Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
   
Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.
  
(...)
  
O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia, que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash, Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante, encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento, satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local, dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros  de altura, pesava 29 kg e parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora ela tivesse um cérebro pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos, morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde foi reconstruído por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.

   

 


Baruch de Espinoza nasceu há 389 anos

   
Baruch de Espinoza (Amesterdão, 24 de novembro de 1632 - Haia, 21 de fevereiro de 1677) foi um dos grandes racionalistas e filósofos do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amesterdão, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.
  

Poema alusivo à data...

 

 

O último Alquimista

Era uma vez um Cientista com alma de Poeta.

Era um Senhor (muito sério) com uma vontade juvenil de escrever.
Era um Professor (um Mestre) que era trocista sem saber.
Era um Anarquista com regras e vontades...

Obrigado, Rómulo, por teres sido outro pai fundador,
agora do saber científico que não te merecia,
escritor de manuais escolares e livros científicos,
que o meu avó e o meu pai e eu (e um dia meu filho) leram.
Saciaste a nosso sede de saber e tudo fizeste para combater a ignorância.

Mas, acima de tudo, António, é a ti que estamos mais agradecidos.
A tua Poesia, clara e científica mas bela e que chegava ao coração,
fez mais por nós do que tu podias pensar.
A tua Poesia é bela como a Física (e a Química, e a Astronomia, e a Biologia...).
Escreveste como um Pintor renascentista pintaria este Mundo.
O teu sarcasmo tudo mostrava, singelo e único, sem artifícios.
E, sendo quem eras, soubeste partilhar connosco as tuas Letras.

Obrigado Rómulo.
Obrigado António...

  
   
Pedro Luna

Michel Giacometti morreu há 31 anos

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Michel Giacometti (Ajaccio, Córsega, 8 de janeiro de 1929 - Faro, 24 de novembro de 1990) foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal.

(...)
 
Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa após visitar o Museu do Homem em Paris. Veio viver para Portugal em 1959 quando soube que tinha tuberculose.
Acaba por se fixar em Bragança. Fundou os Arquivos Sonoros Portugueses em 1960. Percorreu o país nas décadas seguintes, até 1982, tendo gravado cantores e músicas tradicionais que o povo cantava no seu quotidiano.
Com Fernando Lopes Graça lançou a "Antologia da Música Regional Portuguesa", os conhecidos discos de sarapilheira, editados pela Arquivos Sonoros Portugueses em cinco volumes.
A partir de 1970 apresentou na RTP, durante três anos, o programa "Povo que Canta", realizado por Alfredo Tropa.
Em 1981 foi editado, pelo Círculo de Leitores, o "Cancioneiro Popular Português" que contou com a colaboração de Fernando Lopes Graça.
Em 1987 foi inaugurado em Setúbal o Museu do Trabalho. O museu teve importante colaboração de Giacometti na elaboração da exposição "O Trabalho faz o Homem".
Morreu em Faro no dia 24 de Novembro de 1990. Está sepultado na pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo.
Em 1991, o Museu do Trabalho de Setúbal, com uma vasta colecção de instrumentos agrícolas e objectos do quotidiano recolhidos por Giacometti, passou a denominar-se Museu do Trabalho Michel Giacometti. A reabertura foi em 18 de Maio de 1995. O seu espólio encontra-se também noutros museus, como o Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, o Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda o Museu Nacional de Etnologia. 
 
  in Wikipédia 
   

Eric Carr, baterista dos Kiss, morreu há trinta anos...

     
Eric Carr (Brooklyn, 12 de julho de 1950 - New York City, 24 de novembro de 1991) foi um baterista de rock que substituiu Peter Criss nos Kiss em 1980 e que foi considerado como um dos melhores ou até o melhor baterista da sua época.
     
Maquilhagem de Eric nos Kiss
   
Biografia
Nascido Paul Charles Caravello em Brooklyn, Nova Iorque, em 1950, Eric Carr foi influenciado por diversos músicos, tais como Ringo Star (Beatles) e John Bonham (Led Zeppelin) e passou a tocar bateria. Vindo de uma família de músicos (avó trombonista, pai trompetista, mãe cantora e pianista, e irmãs guitarristas), a sua decisão foi muito bem aceite, sendo a sua primeira banda os Flasher. Passou por inúmeras bandas antes de aceitar o conselho de um amigo e inscrever-se para um teste para tocar com os KISS. Em maio de 1980 participou das audições para a escolha do novo baterista da banda. Competindo com mais de 2.000 candidatos, Eric logo impressionou Gene Simmons, Paul Stanley e Ace Frehley. Após uma tentativa fracassada de se caracterizar como uma águia, Eric encontrou na raposa, "The Fox" a sua personagem no universo dos KISS. A escolha pela raposa foi feita por Gene, pois, segundo ele, "Eric era astuto como uma raposa".
Algumas semanas após o lançamento do disco "Unmasked" (1980, ainda com Peter), foi anunciado o novo baterista do Kiss. No seu primeiro show com a banda, no New York Palladium, a 25 de julho de 1980, já na turnê do então novo álbum, Carr já conseguiu a aprovação da plateia.
Em 1981 lançam o primeiro disco com Eric, "Music From "The Elder"", um disco no mínimo estranho e um fracasso de vendas, pelo menos para os Kiss. Alguns dizem era porque a banda estava fugindo do que costumava ser. Em 1982 saiu a coletânea "Killers" e, no mesmo ano, "Creatures Of The Night", o último com Ace Frehley (apesar deste não ter tocado no álbum), este disco teve um bom acolhimento pelo público, por a banda ter "voltado à trilha correta". A partir deste, também participou da fase "sem maquilhagem" da banda, inicialmente com o disco Lick It Up (1983), logo depois Animalize (1984), e então Asylum (1985), Crazy Nights (1987), Smashes, Thrashes & Hits (coletânea com 2 músicas inéditas, e Eric Carr cantando "Beth", o maior sucesso na voz de seu antecessor Peter), de1988, e Hot In The Shade (1989).
Considerado um dos mais fabulosos bateristas de seu tempo, Eric só teve a oportunidade de demonstrar seu talento no disco de 1982, "Creatures Of The Night".
Embora fosse um ótimo baterista, os álbuns com Eric Carr não agradavam aos fãs. Os KISS pareciam perdidos e bem longe do rock dos bom tempos da banda.
O seu último show foi no Madison Square Garden, a 9 de novembro de 1990.
Em abril de 1991, durante a gravação do próximo disco, Revenge, Eric descobriu que sofria de um tipo raro de cancro no coração, tendo sido operado no mesmo mês. Carr tinha grande vontade em tocar no álbum "Revenge", mas a banda contratou Eric Singer, já que o músico não tinha condições de tocar no disco devido ao cancro no coração, mas participou dos vocais na faixa God Gave Rock 'n' Roll to You II, cover da banda Argent.
Eric Carr estava recuperando bem após a operação, e na sua última entrevista disse que estava feliz por poder voltar a tocar, mas ainda precisava de tempo para recuperar a forma física e voltar com tudo.
Entretanto, numa "recaída", verificou-se que o cancro não regrediu, e tomou o coração do baterista, que ficou em coma durante 2 meses antes de morrer, a 24 de novembro de 1991, no mesmo dia em que faleceu Freddie Mercury (Queen).
O Álbum Revenge foi lançado e o grande sucesso de Eric Singer na bateria levou os KISS ao topo das paradas novamente.
   

 


The Show Must Go On...

O poeta Cruz e Sousa nasceu há cento e sessenta anos...!

   
Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, foi um dos precursores do simbolismo no Brasil.
Filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.
Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravatura e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente, por tuberculose, levando-a à loucura.
Faleceu a 19 de março de 1898 no município mineiro de Antônio Carlos, num povoado chamado Estação do Sítio, para onde fora transportado às pressas, vencido pela tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro num vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier por seus amigos, dentre eles José do Patrocínio, onde permaneceu até 2007, quando os seus restos mortais foram então acolhidos no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis.
Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a cadeira número quinze.
   

 
Madona da Tristeza

Quando te escuto e te olho reverente
E sinto a tua graça triste e bela
De ave medrosa, tímida, singela,
Fico a cismar enternecidamente.

Tua voz, teu olhar, teu ar dolente
Toda a delicadeza ideal revela
E de sonhos e lágrimas estrela
O meu ser comovido e penitente.

Com que mágoa te adoro e te contemplo,
Ó da Piedade soberano exemplo,
Flor divina e secreta da Beleza.

Os meus soluços enchem os espaços
Quando te aperto nos estreitos braços,
solitária madona da Tristeza!

Freddie Mercury deixou-nos há trinta anos...

(imagem daqui)

 

Freddie Mercury, nome artístico de Farrokh Bulsara (Zanzibar, 5 de setembro de 1946 - Londres, 24 de novembro de 1991), foi um cantor, pianista e compositor britânico, que ficou mundialmente famoso como vocalista da banda britânica de rock Queen, que ele integrou de 1970 até ao ano de sua morte.

Mercury, tornou-se célebre pelo seu poderoso tom de voz e suas performances energéticas, que sempre envolviam a plateia, sendo considerado pela crítica como um dos maiores artistas de todos os tempos. Como compositor, Mercury criou a maioria dos grandes sucessos dos Queen, como "We Are the Champions", "Love of my Life", "Killer Queen", "Bohemian Rhapsody", "Somebody to Love" e "Don't Stop Me Now". Além do seu trabalho na banda, Mercury também lançou vários projetos paralelos, incluindo um álbum solo, Mr. Bad Guy, em 1985, e um disco de ópera ao lado da soprano Montserrat Caballé, Barcelona, em 1988. Mercury morreu vítima de broncopneumonia, acarretada pela SIDA, em 1991, um dia depois de ter assumido a doença publicamente.
O seu trabalho com Queen ainda lhe gera reconhecimento até os dias de hoje: Mercury é citado como principal influência de muitos outros cantores e bandas. Em 2006, ele foi nomeado a maior celebridade asiática de todos os tempos, sendo também eleito o maior líder de banda da história em uma votação pública organizada pela MTV americana. Em 2008, ele ficou na décima oitava posição na lista dos "100 Maiores Cantores de Todos os Tempos" da revista Rolling Stone, e no ano seguinte, a Classic Rock nomeou-o o maior vocalista de rock and roll. Com os Queen, Mercury já vendeu mais de cento e cinquenta milhões de discos em todo o mundo.
   
      

 


António Gedeão aka Rómulo de Carvalho nasceu há 115 anos - hoje é o Dia Nacional da Cultura Científica!

(imagem daqui)
        
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (Lisboa, 24 de novembro de 1906 - Lisboa, 19 de fevereiro de 1997) foi um químico, professor de Físico-Química do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes, pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência, e poeta sob o pseudónimo de António Gedeão. Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.
Académico efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, o dia do seu nascimento foi, em 1997, adoptado em Portugal como Dia Nacional da Cultura Científica.
        
      
 
  


  
Poema do coração
  
Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".
  
Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.
  
Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e que ateia os incêndios,
é coisa do simpático.Vem tudo nos compêndios.
  
Então, meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?
   

    
in Linhas de Força (1967) - António Gedeão

terça-feira, novembro 23, 2021

A Revolução Rosa na Geórgia foi há dezoito anos

 Manifestações em frente ao Parlamento da Geórgia, em Tbilisi

      

A Revolução Rosa ou Revolução das Rosas foi um movimento pacífico e popular ocorrido na Geórgia em 2003 que retirou do poder o presidente do país, Eduard Shevardnadze.

 

Antecedentes

A Geórgia era governada por Eduard Shevardnadze desde 1992 (como Presidente da Geórgia desde 1995). Seu governo - e sua própria família - se viam cada vez mais associados com a crescente corrupção que limitava o crescimento econômico do país. O país continuava muito pobre para os padrões europeus. Duas regiões separatistas apoiadas pelos russos (Abecásia e Ossétia do Sul) mantinham-se fora do controle estatal de Tbilisi, e a república autónoma de Adjara era governada por um líder simpatizante do separatista Aslan Abashide.

A crise política e económica estava próximo de alcançar o seu ápice momentos antes das eleições parlamentares realizadas em 2 de novembro de 2003. A aliança de Shevardnadze "Para uma Nova Geórgia" e de Abashidze "União pelo Renascimento Democrático" saíram derrotadas pelos partidos de oposição: o "Movimento de Unidade Nacional" de Mikheil Saakashvili e "Democratas-Burjanadze" liderados pela porta-voz do parlamento Nino Burjanadze e por Zurab Shvania.

Em 22 de novembro de 2003, os partidários de Saakashvili, levando rosas, interromperam uma sessão do parlamento e levaram o presidente Shevardnadze a deixar o prédio, proclamando em seguida estado de emergência, mas o exército não obedeceu.

Em 23 de novembro, após uma reunião com os líderes da oposição Saakashvili e Zurab Shvania, Shevardnadze anunciou a sua renúncia. Nino Bourdjanadze, presidente do parlamento e membro da oposição, tornou-se a presidente interina.

O Supremo Tribunal anulou os resultados das eleições parlamentares, tendo antecipado a eleição presidencial para 4 de janeiro de 2004, da qual saiu vitorioso Mikheil Saakashvili.

 

Não esquecemos nem perdoamos - Alexander Litvinenko foi assassinado há quinze anos

   
Alexander Valterovich Litvinenko (Voronezh, 4 de dezembro de 1962 - Londres, 23 de novembro de 2006) foi um tenente-coronel da FSB que desertou para o Reino Unido em serviço. Litvinenko seria perseguido pelos serviços secretos russos até à sua misteriosa morte, por envenenamento. Litvinenko era opositor do governo russo e do presidente do seu país, Vladimir Putin, o principal acusado de ser o mandante de sua morte. Além de crítico do presidente russo, Litvinenko também era aliado do oligarca Boris Berezovski, exilado da Rússia por Putin. Outro fator que pode ter motivado a sua morte seria a investigação paralela que Litvinenko conduzia sobre a morte de Anna Politkovskaia, outra opositora de Putin, assassinada sob circunstâncias ainda não esclarecidas.
   
Vida
Depois de trabalhar no KGB e no seu sucessor, o FSB, Alexander Litvinenko tornou-se grande opositor dos seus superiores, principalmente do presidente Vladimir Putin, acusando-os de atentados à bomba em Moscovo. Amigo do milionário russo Boris Berezovsky, depois de solto da prisão por uma denúncia aparentemente falsa, Litvinenko mudou-se em 2000 para o Reino Unido, onde conseguiu asilo político e posteriormente a cidadania, em outubro de 2006.
Lançou dois livros, onde criticava a tentativa de Putin de concentrar mais poder, além de denunciar supostos atentados a bomba realizados pela FSB com o intuito de justificar a invasão militar na Chechénia.
O ex-espião investigava a morte de Anna Politkovskaya, jornalista russa, também oposicionista ao governo.
   
   
Morte
Litvenenko foi hospitalizado em 1 de novembro de 2006, falecendo três semanas depois, contaminado por polónio-210, um isótopo radiativo altamente tóxico também encontrado na residência de Boris Berezovsky. Antes da sua morte, emitiu uma declaração imputando o seu envenenamento por ordem do presidente russo, Vladimir Putin.
O serviço de inteligência britânico considera a possibilidade da substância radioativa ter sido transportada num voo da British Airways entre Moscovo e Londres - com especial atenção a um realizado em 25 de outubro, o que fez a companhia aérea contactar centenas de passageiros que estiveram presentes nos supostos aviões utilizados. De acordo com a companhia, pequenos traços de radiação foram encontrados nestas e representavam risco mínimo para a saúde dos passageiros transportados.

Hoje é dia de ouvir jazz...

Música adequada à data...!

 

 

Nana

Duérmete, niño, duerme,
Duerme, mi alma,
Duérmete, lucerito
De la mañana.
Naninta, nana,
Naninta, nana.
Duérmete, lucerito
De la mañana.


Música popular espanhola

 

Harpo Marx nasceu há 123 anos


Arthur "Harpo" Marx (born Adolph Marx; Manhattan, New York, November 23, 1888 – Los Angeles, California,, September 28, 1964) was an American comedian, actor, mime artist, and musician, and the second-oldest of the Marx Brothers. In contrast to the mainly verbal comedy of his brothers Groucho Marx and Chico Marx, Harpo's comic style was visual, being an example of both clown and pantomime traditions. He wore a curly reddish blond wig, and never spoke during performances (he blew a horn or whistled to communicate). He frequently used props such as a horn cane, made up of a pipe, tape, and a bulbhorn, and he played the harp in most of his films.

   

From top: Chico, Harpo, Groucho and Zeppo, circa 1931

  

 


Herberto Helder forever...

 

Há cidades cor de pérola onde as mulheres

V



Há cidades cor de pérola onde as mulheres
existem velozmente. Onde
às vezes param, e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas,
trabalhadas interiormente pelo pensamento
das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Há lugares de um esplendor virgem,
com mulheres puras cujas mãos
estremecem. Mulheres que imaginam
num supremo silêncio, elevando-se
sobre as pancadas da minha arte interior.

Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde consumo
uma amizade bárbara. Um amor
levitante. Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
o minha loucura, escada
sobre escada.

Mulheres que eu amo com um des-
espero .fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente
Imente a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.

Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.

Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.

  
   
in
Lugar (1962) - Herberto Helder

Música adequada à data...

   

Santa Maria, strela do dia

   

Santa Maria, strela do dia, 

Mostra-nos via pera Deus e nos guia. 

   

Ca veer faze-los errados  

Que perder foran per pecados 

Entender de que mui culpados  

Son; mais per ti son perdõados  

Da ousadia 

Que lles fazia  

Fazer folia  

Mais que non deveria.  

  

Santa Maria, strela do dia,  

Mostra-nos via pera Deus e nos guia.  

   

Amostrar-nos deves carreira  

Por gãar en toda maneira  

A sen par luz e verdadeira  

Que tu dar-nos podes senlleira;  

Ca Deus a ti a Outorgaria  

E a querria Por ti dar e daria.  

 

Santa Maria, strela do dia,  

Mostra-nos via pera Deus e nos guia.  

   

Guiar ben nos pod'o teu siso  

Mais ca ren pera Parayso  

U Deus ten senpre goy'e riso 

 Pora quen en el creer quiso;  

E prazer-m-ia Se te prazia 

 Que foss'a mia Alm'en tal compannia.  

     

Santa Maria, strela do dia,  

Mostra-nos via pera Deus e nos guia.