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domingo, março 30, 2025

Música adequada à data...

 

 

Vincent (Starry Starry Night) - Don McLean

 

Starry, starry night
Paint your palette blue and gray
Look out on a summer's day
With eyes that know the darkness in my soul

Shadows on the hills
Sketch the trees and the daffodils
Catch the breeze and the winter chills
In colors on the snowy linen land

Now I understand
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free

They would not listen, they did not know how
Perhaps they'll listen now

Starry, starry night
Flaming flowers that brightly blaze
Swirling clouds in violet haze
Reflect in Vincent's eyes of china blue

Colors changing hue
Morning fields of amber grain
Weathered faces lined in pain
Are soothed beneath the artist's loving hand

Now I understand
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free

They would not listen, they did not know how
Perhaps they'll listen now

For they could not love you
But still your love was true
And when no hope was left in sight
On that starry, starry night

You took your life, as lovers often do
But I could've told you Vincent
This world was never meant for
One as beautiful as you

Starry, starry night
Portraits hung in empty halls
Frame-less heads on nameless walls
With eyes that watch the world and can't forget

Like the strangers that you've met
The ragged men in ragged clothes
The silver thorn of bloody rose
Lie crushed and broken on the virgin snow

Now I think I know
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free

They would not listen, they're not listening still
Perhaps they never will

 

Porque hoje é dia de celebrar um grande artista...

Autorretrato com Orelha Enfaixada e Cachimbo, 1889

 

A CABEÇA LIGADA
 

La pintura è una poesia che si vede
Leonardo


 
Van Gogh, queria algo
tão consolador como a música.
 
Os campos de trigo e centeio
com ciprestes, os seus obeliscos,
e lírios e grandes nuvens,
a sesta dos camponeses,
a natureza morta
de girassóis e anémonas,
o sereno bivaque de ciganos,
as árvores com o azul tisnado do céu,
loendros, paveias,roçadores
de pastagens limão ouro pálido,
o semeador ferruginoso de ocre,
enxofre e do tamanho de uma catedral,
o voo de corvos sobre ramos
luminosos e ternos
de amendoeiras em flor.
 
Depois de cortar a orelha
retratou-se com os lábios
pintados de sangue.
Se o sofrimento fosse mensurável,
naquela cara de símio
louco de ser homem
haveria dores
de um inteiro campo de concentração.

  
 
 
in
A Ignorância da Morte (1978) - António Osório

Vincent van Gogh nasceu há 172 anos...

      
Vincent Willem van Gogh (Zundert, 30 de março de 1853 - Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, considerado por muitos um dos maiores de todos os tempos.
A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspetos importantes para o seu mundo, na sua época: foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
O Museu Van Gogh, em Amesterdão, é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
      
   

segunda-feira, março 17, 2025

A exposição que mostrou a pintura de van Gogh ao mundo foi há 124 anos...


Onze anos após suicídio, quadros de Van Gogh são exibidos em Paris

Em 17 de março de 1901, quadros do pintor holandês Vincent van Gogh são exibidos na galeria Bernheim-Jeune em Paris. Os 71 quadros, que capturavam seus objetos com fortes pinceladas e cores expressivas, causaram viva sensação no mundo da arte. Onze anos antes, enquanto vivia em Auvers-sur-Oise, arredores de Paris, van Gogh cometeu suicídio, sem ter qualquer noção de que seus trabalhos teriam um destino: o de conquistar a consagração, muito além de seus enlouquecidos sonhos. 
Em vida, van Gogh tinha conseguido vender apenas um quadro por míseros francos. Recentemente, uma de suas pinturas – Os Girassóis da Yasuda – foi vendida num dos leilões da Casa Christie de Londres em 1987 por exatamente 40 milhões de dólares.
Nascido em Zundert, Holanda, em 1853, van Gogh trabalhou como vendedor numa galeria de arte, como professor de idioma, como vendedor de livros e como evangelizador entre mineiros belgas, antes de se fixar em sua verdadeira vocação como artista plástico.
O que é conhecida como sua “década produtiva” começou em 1880, tendo se limitado nos primeiros anos quase que inteiramente em desenhos e aguarelas enquanto ia adquirindo competência técnica. Ele estudou desenho na Academia de Bruxelas e em 1881 estabeleceu-se na Holanda para trabalhar tendo como motivo a natureza.

Fase pós-impressionista
O seu mais famoso quadro do período holandês foi o sombrio e pouco sofisticado “Os comedores de batatas” (1885), que não escondia a influência de Jean-Francois Millet, um pintor francês famoso por seus temas campestres.
Em 1886, van Gogh passou a viver com seu irmão, Theo, em Paris. Lá, van Gogh encontrou-se com os mais destacados pintores franceses do período do pós-impressionismo como Henri de Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin, Camille Pissarro e Georges Seurat. Foi bastante influenciado pelas teorias desses artistas e a conselho de Pissarro adotou o estilo de cores primárias bastante fortes, como o amarelo, para as quais o pintor atribuía significados próprios e pelo qual se tornou famoso. Seu quadro “Retrato do Pai Tanguy (1887) foi a sua primeira obra de sucesso em sua nova fase pós-impressionista.
Em 1888, van Gogh, mentalmente exausto e sentindo estar se tornando um fardo para Theo, deixou Paris e passou a residir em Arles, no sudeste da França. O ano que se seguiu marcou seu primeiro grande período. Trabalhando com grande velocidade e intensidade, produziu um conjunto de obras magistrais como a série de Girassóis e o “Café à Noite”.

Orelha
Esperava formar uma plêiade de pintores com a mesma visão artística em Arles. Gauguin juntou-se a ele para dois tensos meses que culminaram quando van Gogh ameaçou Gauguin com uma lâmina de barbear para em seguida, subitamente, cortar um pedaço de sua própria orelha. Foi seu primeiro acesso de doença mental, diagnosticado como demência.
Van Gogh passou duas semanas no Hospital de Arles e em abril de 1889 internou-se no asilo de Saint-Remy-en-Provence. Ali permaneceu por 12 meses, continuando a trabalhar nos interregnos dos recorrentes ataques. Um dos grandes quadros desse período foi o visionário e em redemoinhos “Noite Estrelada” (1889).
  
Suicídio
Em maio de 1890, deixou o asilo, visitando Theo em Paris antes de passar a viver com Paul-Ferdinand Gachet, um médico homeopata, amigo de Pissarro, em Auvers-sur-Oise. Trabalhou com entusiasmo por diversos meses, porém, o seu estado emocional e mental logo se deteriorou. No final de julho de 1890, sentindo-se que era um peso para Theo e outros, atirou contra si mesmo. Morreu dois dias mais tarde, em 29 de julho, nos braços do seu irmão.
Havia exibido algumas telas no Salão dos Independentes em Paris e em Bruxelas. Após a sua morte ambos os salões realizaram uma pequena amostra do seu trabalho, como homenagem póstuma. Na década que se seguiu um punhado de outras exibições de Van Gogh teve lugar, mas foi somente com a mostra da galeria Bernheim-Jeune, em 1901, que foi reconhecido como um verdadeiro grande pintor. Nas décadas seguintes a sua fama cresceu exponencialmente e hoje em dia as suas obras estão entre as mais consagradas no mundo da arte.
  

domingo, janeiro 19, 2025

Cézanne nasceu há 186 anos...


Paul Cézanne (Aix-en-Provence, 19 de janeiro de 1839 - Aix-en-Provence, 22 de outubro de 1906) foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das conceções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. A frase atribuída a Matisse e a Picasso, de que Cézanne "é o pai de todos nós", deve ser levada em conta.
   

Os jogadores de cartas, 1892-1895 - Courtauld Institute of Art, Londres
 
 
  

"A casa do enforcado", 1873 - Museu d’Orsay, Paris
        

 

domingo, dezembro 08, 2024

Diego Rivera nasceu há 138 anos

Diego Rivera, de nome completo Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez (Guanajuato, 8 de dezembro de 1886 - San Ángel, Cidade do México, 24 de novembro de 1957), de origem judaica, foi um dos maiores pintores mexicanos.
Desde criança sempre quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao chegar a adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contacto com vários pintores da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época começou a trabalhar em Madrid e Barcelona.
Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais, culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Assim como os outros muralistas, considerava a pintura de cavalete burguesa, pois na maior parte dos casos as telas ficavam confinadas em coleções particulares. Dentro deste conceito, realizou gigantescos murais que contavam a historia política e social do México, mostrando a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações.
Em 1930 Rivera foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por 4 anos, pintando vários murais, inclusive no Rockfeller Center, em Nova York.
Rivera era ateu e enfrentou grandes problemas por isso, sofrendo muitos preconceitos. O seu mural "Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central" retratava Ignacio Ramírez segurando um cartaz que dizia: "Deus não existe". Este trabalho causou indignação, mas Rivera recusou-se a retirar a inscrição. A pintura não foi exposta durante nove anos. Depois de Rivera concordar em retirar a inscrição, ele declarou: "Para afirmar 'Deus não existe', eu não tenho que me esconder atrás de Don Ignacio Ramírez; eu sou ateu e considero as religiões uma forma de neurose coletiva".
  
     
Foi casado quatro vezes. A sua primeira esposa foi a pintora russa Angellina Belwoff. Com ela, Diego teve um menino. Após anos de casados, Diego entra em depressão, ao ficar viúvo. Casou em seguida com Guadalupe Marín, de quem teve duas filhas. Além da terceira esposa, a famosa Frida Kahlo, casou, depois da morte desta, com Emma Hurtado.
Conhecido por ter sido muito mulherengo, teve diversas amantes. Em 1929 casou-se pela terceira vez com a pintora mexicana Frida Kahlo, com quem teve uma relação muito conturbada, por causa das mútuas infidelidades. Frida era bissexual e ele aceitava a esposa ter relacionamentos com outras mulheres, mas não aceitava com outros homens, mas a esposa não lhe obedecia, tendo o traído com diversos homens, inclusive com um melhor amigo seu. Diego também a traía com muitas amantes, que viviam infernizando o casal, já que as amantes queriam se tornar esposas. O casamento era cheio de brigas e confusões, também pelo fato de Rivera querer filhos e Frida ter sofrido muitos abortos, filhos dele, e não conseguir engravidar mais.
Envolveu-se com a sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os em flagrante na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, a esposa passou a atormentá-lo, passando a persegui-lo e a odiar a irmã, e acabaram por se separar. Rivera, muito abalado com tudo, abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Rivera acabou indo atrás de Frida, mas não tendo sucesso na reconquista. Essa traição com a própria irmã da esposa piorou as disputas dos dois, já que passaram a ser inimigos mesmo não estando mais juntos. Rivera continuou com sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas pensando em Frida. Após um tempo separados, Frida e Rivera reconciliaram-se, mas cada um morando nas suas respetivas casas. Rivera voltou a traí-la, e Frida não aguentava mais, e voltou a tentar o suicídio por diversas vezes e as amantes de Rivera passaram a ameaçar Frida de morte.
Em 1954 ficou viúvo pela segunda vez. Frida tivera diversas doenças ao longo de sua vida, até que veio a falecer de pneumonia (não se descartando a possibilidade de ter causando a sua própria morte através de uma overdose de remédios ou de alguma amante de Rivera tê-la envenenado).
Depois da morte de Frida Kahlo, em junho de 1954, casou-se em 1955 com Emma Hurtado e viajou com ela para a União Soviética, para ser operado. Faleceu a 24 de novembro de 1957 em San Ángel, Cidade do México, na sua casa estúdio, atualmente conhecida como Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo e os seus restos mortais foram colocados na Rotunda das Pessoas Ilustres, contrariando a sua última vontade.
    
    
Mural de Rivera mostrando a vida dos aztecas no mercado de Tlatelolco - Palácio Nacional da Cidade do México

domingo, novembro 24, 2024

Toulouse-Lautrec nasceu há cento e setenta anos...

Toulouse-Lautrec em 1892, então com 28 anos
          
Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa (Albi, 24 de novembro de 1864 - Saint-André-du-Bois, 9 de setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boémia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um boémio, faleceu precocemente, aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo. Trabalhou menos de vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização da arte. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau. Filho mais velho do Conde Toulouse-Lautrec-Monfa, de quem deveria herdar o título, faleceu antes do pai.
  
Biografia
Nascido na nobreza, herdeiro de uma linhagem aristocrática francesa, o seu pai era o Conde Alphonse de Toulouse-Lautrec-Monfa e a sua mãe Adéle Tapié de Céleyran. Os seus pais queriam que o filho seguisse com esmero o mesmo caminho nobre de toda a sua família, tanto materna quanto paterna.
Toulouse-Lautrec sofria de uma doença desconhecida na sua época. Certamente uma distrofia poli-hipofisária (debilidade óssea que compromete o crescimento). Sofreu dois acidentes na sua juventude, fraturando o fémur esquerdo aos doze anos e o direito aos catorze anos. Os ossos mal soldados pararam de crescer e fizeram com que Henri não ultrapassasse a altura de 1,52 m, tornando-se um homem com corpo de adulto, mas com pernas curtas de menino. Porém, o jovem não se deixou abater por tal infortúnio. Nos seus longos períodos de cama, Toulouse-Lautrec fazia desenhos e pintava aguarelas, abrindo espaço para seu incrível talento que ainda se desfraldaria.
Aos dezasseis anos foi estudar pintura com Léon Bonnat, professor rígido que não o agradava. Logo depois foi estudar com Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras suburbanas de Montmartre, em Paris. É lá que Lautrec descobriu a inspiração que lhe faltava. Mudou-se para aquele bairro de má fama e encontrou seu lugar entre trabalhadores, prostitutas e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.
Boémia
Frequentador assíduo do Moulin Rouge e outros cabarés, o pequeno nobre acaba se acomodando muito bem naquele ambiente tão estranho que seus pais nunca aceitaram em ter o filho. O tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boémia parisiense, que ele representava através de um desenho que lembra a espontaneidade do desenho satírico de Honoré Daumier, e uma composição dinâmica que poderia ter sido influenciada pela fotografia e as gravuras japonesas, dois fatores de grande importância cultural no fim do século XIX.
Era atraído por Montmartre, uma área de Paris famosa pela boémia e por ser antro de artistas, escritores, filósofos. Escondido no coração de Montmartre estava o jardim de Pére Foret onde Toulouse-Lautrec pintou uma série de óleos sobre tela ao ar livre de Carmen Gaudin (a modelo ruiva que aparece no quadro "A Lavadeira" de 1888). Quando o cabaré Moulin Rouge abriu as portas ali perto, Toulouse-Lautrec foi contratado para fazer cartazes. Posteriormente ele passou a ter assento cativo no cabaré, onde as suas pinturas eram expostas. Nos muitos conhecidos trabalhos que ele fez para o Moulin Rouge e outras casas noturnas parisienses estão retratadas a cantora Yvette Guilbert, a dançarina Louise Weber, mais conhecida como a louca e cativante La Goulue ("A Gulosa"), a qual criou o cancan francês, e também a mais discreta dançarina Jane Avril.

Terramoto
A invenção do cocktail "Terramoto" (Tremblement de Terre) é atribuída à Toulouse-Lautrec. É uma mistura potente de 1/2 parte de absinto e 1/2 parte de conhaque, servido em copo de vinho sobre cubos de gelo ou batido com gelo em shaker.
Trabalho e Arte
Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da publicidade do século XIX, onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado pela revolução industrial. O cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer parisienses. Trilhando o caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido como Art Nouveau.
O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe baixa quanto por críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.
Estilo
A sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da pululante e opulenta vida noturna porém sem o glamour. Usava muito vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o cabelo cor de laranja e a cor verde limão para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna. Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente ele aplicava a tinta em uma estreita e longilínea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço forte do desenho. O contorno simples era a "marca registada" de Lautrec desde o início da carreira como designer de cartazes. Não pintava sombras. Suas pinturas sempre incluíam pessoas (um grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era amarelo.
Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6, raramente 6 cores. Ao invés de usar uma multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e modulações delicadas.
  
Os últimos anos
Em 1899, a vida desregrada e o excesso de álcool finalmente cobram o seu preço ao artista. Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica psiquiátrica. Ao sair é constantemente vigiado para que não beba e não volte a frequentar os bordéis, vigilância que ele consegue burlar. A sua saúde vai-se deteriorando cada vez mais, até que em 1901 já não é mais capaz de viver sozinho. Henri despede-se de Paris com a certeza de que está com os dias contados. Sofre ataques de paralisia e quase não consegue mais pintar.
Em 9 de setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre, em consequência de um derrame, nos braços de sua mãe, no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux, às duas horas e quinze minutos da manhã.
Encontra-se sepultado no Cemitério de Verdelais, na França.
  
Legado
Estima-se que Lautrec tenha pintado mais de 1000 quadros a óleo (737 estão catalogados), feito mais de 5.000 desenhos (275 aguarelas, 5.084 desenhos catalogados) e por volta de 363 gravuras e cartazes. O seu trabalho pode ser dividido em períodos: pinturas e desenhos até 1888, entre 1888 e 1892, entre 1893 e 1896, entre 1897 e 1901 e os cartazes.
     
 
Baile no Moulin Rouge - 1890 - óleo sobre tela
 
 
 
Condessa Adèle de Toulouse-Lautrec, no desjejum
 
 
La reine de joie (1892)

segunda-feira, outubro 21, 2024

Paul Cézanne morreu há 118 anos

  

Paul Cézanne (Aix-en-Provence, 19 de janeiro de 1839 - Aix-en-Provence, 22 de outubro de 1906) foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das conceções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. A frase atribuída a Matisse e a Picasso, de que Cézanne "é o pai de todos nós", deve ser levada em conta.
 

"A casa do enforcado", 1873 - Museu d’Orsay, Paris
 
      
Les joueurs de cartes, 1892-1895 - Courtauld Institute of Art, Londres
    
 

segunda-feira, setembro 02, 2024

Henri Rousseau morreu há 114 anos...

Henri Rousseau - auto-retrato, Galeria Nacional  de Praga
  
Henri-Julien-Félix Rousseau (Laval, 21 de maio de 1844 - Paris, 2 de setembro de 1910), conhecido também pelo público como o douanier (aduaneiro) por ter trabalhado como inspetor de alfândega, foi um pintor francês inserido no movimento moderno do pós-impressionismo. A sua obra foi pouco apreciada pelo público geral e pelos críticos, seus contemporâneos, tendo sido constantemente remetida para o grupo da arte naïf e primitivista - pelo seu carácter autodidata, resultado da inexistência de formação académica no campo artístico, pela recusa dos cânones da arte reconhecida até então e pela aparente ingenuidade grotesca.
  
    
Vida
Henri Rousseau, filho de Julien Rousseau (latoeiro) e Eléonore, vai refletir ao longo da sua vida o insucesso financeiro da sua família e o tormento pela falta de perspetivas resultante desse nível social inferior. A sua vida escolar até 1860 toma lugar em Laval, incluindo a permanência num internato em consequência da vida pouco sedentária que os seus pais se veem obrigados a levar após a falência do negócio do pai. 
Em 1861 a família estabelece-se em Angres, onde Rousseau trabalhará num escritório de advocacia entre 1863 e 1867. Após roubar 20 francos a este escritório e ser condenado a 1 mês de prisão, Rousseau alista-se voluntariamente no 51º Regimento de Infantaria de Angres para um período de 7 anos, o qual não chegará ao fim por ser dispensado em 1868. Neste mesmo ano o seu pai morre e Rousseau estabelece-se em Paris onde, no ano seguinte, casa com Clémence Boitard, uma costureira, com quem terá 5 filhos, dos quais 4 morrerão precocemente.
A partir de 1871, e após ter trabalhado como empregado de um oficial de diligências, Rousseau inicia o seu trabalho na alfândega de Paris. Decorridos 19 anos de casamento, Clémence morre vítima de tuberculose e Rousseau volta a contrair matrimónio dez anos depois, em 1899, com a viúva Joséphine-Rosalie Nourry. Pouco tempo depois, em 1903, morre também a sua segunda mulher, um ano após Rousseau se tornar professor na Association Philotechnique onde ensina a técnica da pintura em porcelana e de miniaturas.
Rousseau infringe de novo a lei e é sentenciado, em 1909, a 2 anos de prisão, com pena suspensa e uma coima de 200 francos, por fraude bancária. Morre, com 66 anos, a 2 de setembro de 1910, vítima de septicemia.
    
O sonho, 1910, Nova Iorque
    

segunda-feira, julho 29, 2024

Vincent van Gogh morreu há 134 anos...

   
Vincent Willem van Gogh (Zundert, 30 de março de 1853 - Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, considerado por muitos um dos maiores de todos os tempos.
A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspetos importantes para o seu mundo, na sua época: foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
O Museu Van Gogh, em Amesterdão, é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
      
        

sexta-feira, junho 07, 2024

Paul Gauguin nasceu há 176 anos


Eugène-Henri-Paul Gauguin (Paris, 7 de junho de 1848 - Ilhas Marquesas, 8 de maio de 1903) foi um pintor francês do pós-impressionismo.
  
Apesar de nascido em Paris, Gauguin viveu os primeiros sete anos da sua vida em Lima, no Peru, para onde seus pais foram após a chegada de Napoleão III ao poder. O seu pai pretendia trabalhar num jornal da capital peruana e foi o idealizador da viagem. Porém, durante a longa e terrível viagem de navio acabou por adoecer e faleceu no mar alto. Assim, o futuro pintor desembarcou em Lima apenas com sua a mãe e a irmã.
Quando voltou para o seu país natal, em 1855, Gauguin estudou em Orléans e, aos 17 anos, ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou de seguida numa corretora de valores parisiense e, em 1873, casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, de quem teve cinco filhos.
Aos 35 anos, após a queda da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Ao contrário de muitos pintores, não se incorporou ao movimento impressionista da época. Expôs pela primeira vez em 1876, mas não seria uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades económicas, problemas conjugais, privações e doenças.
Foi então para Copenhaga, onde acabou ocorrendo o rompimento do seu casamento.
A sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como as de Van Gogh ou Paul Cézanne. Apesar disso, teve seguidores e pode ser considerado o fundador do grupo Les Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida.
As suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo,em que as cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.
O pintor parte para o Taiti em busca de novos temas e para se libertar dos condicionamentos da Europa. Então as suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.
Morou durante algum tempo em Pont-Aven, na Bretanha, onde a sua arte amadureceu. Posteriormente, morou no sul da França, onde conviveu com Vincent Van Gogh. Numa viagem à Martinica, em 1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o "retorno ao princípio", ou seja, à arte primitivista.
Decidiu então voltar ao Taiti, porém não dispunha de recursos financeiros. Com o auxílio de amigos, também artistas, organizou um grande leilão das suas obras.
Colocou à venda cerca de 40 peças. A maioria foi comprada pelos próprios amigos de Gauguin, como por exemplo Theo Van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, que trabalhava para a Casa Goupil (importante estabelecimento que trabalhava com obras de arte).
Mesmo conseguindo menos de 3 mil francos, em meados de 1891 regressou ao Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre temas indígenas, como "Vahiné no te tiare" ("A rapariga com a flor") e "Mulheres de Taiti", além de executar inúmeras esculturas e escrever um livro, Noa noa.
Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominica. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como "De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda a sua pintura, realizada antes de uma frustrada tentativa de suicídio utilizando arsénio.
Em setembro de 1901, transferiu-se para a ilha Hiva Oa, uma das Ilhas Marquesas, onde veio a falecer de sífilis.
Encontra-se sepultado no Cemitério de Atuona, Atuona, Arquipélago das Marquesas na Polinésia Francesa.

Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e "cloisonnisme" (alveolismo), estilos de representação simbólica da natureza onde são utilizadas formas simplificadas e grandes campos de cores vivas chapadas, que ele fechava com uma linha negra, e que mostravam uma forte influência das gravuras japonesas.
A sua pintura é caracterizada por:
  • Natureza alegórica, decorativa e sugestiva;
  • Formas dimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas.
    
Auto-retrato com halo, 1889

Vairumati, 1896, Museu de Orsay, Paris
          

 

terça-feira, maio 21, 2024

Henri Rousseau nasceu há cento e oitenta anos

Henri Rousseau - auto-retrato, Galeria Nacional  de Praga
  
Henri-Julien-Félix Rousseau (Laval, 21 de maio de 1844 - Paris, 2 de setembro de 1910), conhecido também pelo público como o douanier (aduaneiro) por ter trabalhado como inspetor de alfândega, foi um pintor francês inserido no movimento moderno do pós-impressionismo. A sua obra foi pouco apreciada pelo público geral e pelos críticos, seus contemporâneos, tendo sido constantemente remetida para o grupo da arte naïf e primitivista - pelo seu carácter autodidata, resultado da inexistência de formação académica no campo artístico, pela recusa dos cânones da arte reconhecida até então e pela aparente ingenuidade grotesca.
  
    
Vida
Henri Rousseau, filho de Julien Rousseau (latoeiro) e Eléonore, vai refletir ao longo da sua vida o insucesso financeiro da sua família e o tormento pela falta de perspetivas resultante desse nível social inferior. A sua vida escolar até 1860 toma lugar em Laval, incluindo a permanência num internato em consequência da vida pouco sedentária que os seus pais se veem obrigados a levar, após a falência do negócio do pai. 
Em 1861 a família estabelece-se em Angres, onde Rousseau trabalhará num escritório de advocacia entre 1863 e 1867. Após roubar 20 francos a este escritório e ser condenado a 1 mês de prisão, Rousseau alista-se voluntariamente no 51º Regimento de Infantaria de Angres para um período de 7 anos, o qual não chegará ao fim, por ser dispensado em 1868. Neste mesmo ano o seu pai morre e Rousseau estabelece-se em Paris onde, no ano seguinte, casa com Clémence Boitard, uma costureira, com quem terá 5 filhos, dos quais 4 morrerão precocemente.
A partir de 1871, e após ter trabalhado como empregado de um oficial de diligências, Rousseau inicia o seu trabalho na alfândega de Paris. Decorridos 19 anos de casamento, Clémence morre vítima de tuberculose e Rousseau volta a contrair matrimónio dez anos depois, em 1899, com a viúva Joséphine-Rosalie Nourry. Pouco tempo depois, em 1903, morre também a sua segunda mulher, um ano após Rousseau se tornar professor na Association Philotechnique onde ensina a técnica da pintura em porcelana e de miniaturas.
Rousseau infringe de novo a lei e é sentenciado, em 1909, a 2 anos de prisão com pena suspensa e uma coima de 200 francos, por fraude bancária. Morre, com 66 anos, a 2 de setembro de 1910, vítima de septicemia
 
Passeio na Floresta, circa 1886, Zurique
      
O sonho, 1910, Nova Iorque
    

sábado, março 30, 2024

Música adequada à data...

 

 

Vincent (Starry Starry Night) - Don McLean

 

Starry, starry night
Paint your palette blue and gray
Look out on a summer's day
With eyes that know the darkness in my soul

Shadows on the hills
Sketch the trees and the daffodils
Catch the breeze and the winter chills
In colors on the snowy linen land

Now I understand
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free

They would not listen, they did not know how
Perhaps they'll listen now

Starry, starry night
Flaming flowers that brightly blaze
Swirling clouds in violet haze
Reflect in Vincent's eyes of china blue

Colors changing hue
Morning fields of amber grain
Weathered faces lined in pain
Are soothed beneath the artist's loving hand

Now I understand
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free

They would not listen, they did not know how
Perhaps they'll listen now

For they could not love you
But still your love was true
And when no hope was left in sight
On that starry, starry night

You took your life, as lovers often do
But I could've told you Vincent
This world was never meant for
One as beautiful as you

Starry, starry night
Portraits hung in empty halls
Frame-less heads on nameless walls
With eyes that watch the world and can't forget

Like the strangers that you've met
The ragged men in ragged clothes
The silver thorn of bloody rose
Lie crushed and broken on the virgin snow

Now I think I know
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free

They would not listen, they're not listening still
Perhaps they never will

Poesia, acompanhada de pintura, para celebrar um grande artista...

Autorretrato com Orelha Enfaixada e Cachimbo, 1889

 

A CABEÇA LIGADA
 

La pintura è una poesia che si vede
Leonardo


 
Van Gogh, queria algo
tão consolador como a música.
 
Os campos de trigo e centeio
com ciprestes, os seus obeliscos,
e lírios e grandes nuvens,
a sesta dos camponeses,
a natureza morta
de girassóis e anémonas,
o sereno bivaque de ciganos,
as árvores com o azul tisnado do céu,
loendros, paveias,roçadores
de pastagens limão ouro pálido,
o semeador ferruginoso de ocre,
enxofre e do tamanho de uma catedral,
o voo de corvos sobre ramos
luminosos e ternos
de amendoeiras em flor.
 
Depois de cortar a orelha
retratou-se com os lábios
pintados de sangue.
Se o sofrimento fosse mensurável,
naquela cara de símio
louco de ser homem
haveria dores
de um inteiro campo de concentração.

  
 
 
in
A Ignorância da Morte (1978) - António Osório

Vincent van Gogh nasceu há 171 anos...

      
Vincent Willem van Gogh (Zundert, 30 de março de 1853 - Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, considerado por muitos um dos maiores de todos os tempos.
A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspetos importantes para o seu mundo, na sua época: foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
O Museu Van Gogh, em Amesterdão, é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
      
   

domingo, março 17, 2024

Uma exposição mostrou van Gogh ao mundo há 123 anos...


Onze anos após suicídio, quadros de Van Gogh são exibidos em Paris

Em 17 de março de 1901, quadros do pintor holandês Vincent van Gogh são exibidos na galeria Bernheim-Jeune em Paris. Os 71 quadros, que capturavam seus objetos com fortes pinceladas e cores expressivas, causaram viva sensação no mundo da arte. Onze anos antes, enquanto vivia em Auvers-sur-Oise, arredores de Paris, van Gogh cometeu suicídio, sem ter qualquer noção de que seus trabalhos teriam um destino: o de conquistar a consagração, muito além de seus enlouquecidos sonhos. 

Em vida, van Gogh tinha conseguido vender apenas um quadro por míseros francos. Recentemente, uma de suas pinturas – Os Girassóis da Yasuda – foi vendida num dos leilões da Casa Christie de Londres em 1987 por exatamente 40 milhões de dólares.

Nascido em Zundert, Holanda, em 1853, van Gogh trabalhou como vendedor numa galeria de arte, como professor de idioma, como vendedor de livros e como evangelizador entre mineiros belgas, antes de se fixar em sua verdadeira vocação como artista plástico.

O que é conhecida como sua “década produtiva” começou em 1880, tendo se limitado nos primeiros anos quase que inteiramente em desenhos e aguarelas enquanto ia adquirindo competência técnica. Ele estudou desenho na Academia de Bruxelas e em 1881 estabeleceu-se na Holanda para trabalhar tendo como motivo a natureza.

Fase pós-impressionista

O seu mais famoso quadro do período holandês foi o sombrio e pouco sofisticado “Os comedores de batatas” (1885), que não escondia a influência de Jean-Francois Millet, um pintor francês famoso por seus temas campestres.

Em 1886, van Gogh passou a viver com seu irmão, Theo, em Paris. Lá, van Gogh encontrou-se com os mais destacados pintores franceses do período do pós-impressionismo como Henri de Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin, Camille Pissarro e Georges Seurat. Foi bastante influenciado pelas teorias desses artistas e a conselho de Pissarro adotou o estilo de cores primárias bastante fortes, como o amarelo, para as quais o pintor atribuía significados próprios e pelo qual se tornou famoso. Seu quadro “Retrato do Pai Tanguy (1887) foi a sua primeira obra de sucesso em sua nova fase pós-impressionista.

Em 1888, van Gogh, mentalmente exausto e sentindo estar se tornando um fardo para Theo, deixou Paris e passou a residir em Arles, no sudeste da França. O ano que se seguiu marcou seu primeiro grande período. Trabalhando com grande velocidade e intensidade, produziu um conjunto de obras magistrais como a série de Girassóis e o “Café à Noite”.

Orelha

Esperava formar uma plêiade de pintores com a mesma visão artística em Arles. Gauguin juntou-se a ele para dois tensos meses que culminaram quando van Gogh ameaçou Gauguin com uma lâmina de barbear para em seguida, subitamente, cortar um pedaço de sua própria orelha. Foi seu primeiro acesso de doença mental, diagnosticado como demência.

Van Gogh passou duas semanas no Hospital de Arles e em abril de 1889 internou-se no asilo de Saint-Remy-en-Provence. Ali permaneceu por 12 meses, continuando a trabalhar nos interregnos dos recorrentes ataques. Um dos grandes quadros desse período foi o visionário e em redemoinhos “Noite Estrelada” (1889).

Suicídio

Em maio de 1890, deixou o asilo, visitando Theo em Paris antes de passar a viver com Paul-Ferdinand Gachet, um médico homeopata, amigo de Pissarro, em Auvers-sur-Oise. Trabalhou com entusiasmo por diversos meses, porém, o seu estado emocional e mental logo se deteriorou. No final de julho de 1890, sentindo-se que era um peso para Theo e outros, atirou contra si mesmo. Morreu dois dias mais tarde, em 29 de julho, nos braços do seu irmão.

Havia exibido algumas telas no Salão dos Independentes em Paris e em Bruxelas. Após a sua morte ambos os salões realizaram uma pequena amostra do seu trabalho, como homenagem póstuma. Na década que se seguiu um punhado de outras exibições de Van Gogh teve lugar, mas foi somente com a mostra da galeria Bernheim-Jeune, em 1901, que foi reconhecido como um verdadeiro grande pintor. Nas décadas seguintes a sua fama cresceu exponencialmente e hoje em dia suas obras estão entre as mais consagradas no mundo da arte.