O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints.
In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently
took it over, building her own staff. After the death of her husband
she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the
Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.
Trinkaus
has been concerned primarily with the biology and behavior of
Neandertals and early modern humans through the Middle and Late
Pleistocene, in order to shed light on these past humans and to
understand the emergence and establishment of modern humans. His work
therefore has been primarily concerned with the comparative and
functional anatomy, paleopathology, and life history of these past
humans. At the same time, because it dominates paleoanthropology, he has
been involved in debates concerning the ancestry of modern humans,
being one of the first to argue for an African origin of modern humans
but with substantial Neandertal ancestry among modern Eurasian human
populations.
Although his early work emphasized differences between the
Neandertals (and other archaic humans) and early modern humans, his work
since the 1990s has documented many similarities across these human
groups in terms of function, levels of activity and stress, and
abilities to cope socially with the rigors of a Pleistocene foraging
existence. His research therefore involves the biomechanical analysis of cranio-facial
and post-cranial remains, patterns of tooth wear, interpretations of
ecogeographical patterning, life history parameters (growth and
mortality), differential levels and patterns of stress (paleopathology),
issues of survival, and the interrelationships between these patterns.
Research projects
Trinkaus
has conducted a series of comparative analyses, with colleagues and
students, on the regional functional anatomy of Neandertals and other
Pleistocene humans. He has contributed to the direct radiocarbon dating
of original human fossils, and through that work to insights into their
diets through the analysis of carbon (C) and nitrogen (N) stable
isotopes.
He has been involved in the primary paleontological descriptions of a
number of Middle and Late Pleistocene human remains, of both archaic and
early modern humans. The first project was his monograph on the
Shanidar Neandertals from Iraqi Kurdistan. Subsequent major projects
concerned with early modern humans include the Abrigo do Lagar Velho
(Portugal) Dolní Věstonice and Pavlov Moravia, Czech Republic,
Peştera cu Oase (Romania), Peştera Muierii (Romania), Mladeč (Czech
Republic), Tianyuandong (China), and Sunghir (Russia). Additional
Neandertal descriptions include those from Krapina (Croatia), Oliveira
(Portugal), Kiik-Koba (Crimea), and Sima de las Palomas (Spain). To
these can be added Middle Pleistocene human remains from Aubesier
(France), Broken Hill (Zambia) and Hualongdong (China), plus late
archaic humans remains from Xujiayao and Xuchang (China). These
paleontological descriptions include both primary data on these fossils
and a diversity of paleobiological interpretations of the remains and
the Pleistocene human groups from which they derive.
Trinkaus’s analyses of early modern human remains, especially
those from Dolní Věstonice, Pavlov, Lagar Velho and Sunghir, have raised
a series of questions regarding the nature and diversity of mortuary
practices among these early modern humans. And his paleopathological
analyses of Pleistocene human remains have raised questions concerning
the levels and natures of trauma and developmental abnormalities among
these people.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis
e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de
novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson
reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia,
que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade
inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes
junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo
que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito
mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a
cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria
encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash,
Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao
aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que
Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de
regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido
verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros
trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à
vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à
mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um
fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte
do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante,
encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas
e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento,
satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único
hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local,
dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que
estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no
acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa
noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção
dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e
repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos
foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original
de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do
esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no
mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são
descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados
intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino
baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da
abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros de altura, pesava 29 kg e
parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora
ela tivesse um cérebro
pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos,
morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza
que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do
governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde
foi reconstruido por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.
Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
Ötzi ou Múmia de Similaun é uma múmia masculina bem conservada, com cerca de 5.300 anos. A múmia foi encontrada por alpinistas nos Alpesitalianos em 1991, em um glaciar dos Alpes de Ötztal, perto do monte Similaun, na fronteira da Áustria com a Itália. O apelido Ötzi deriva do nome do vale da descoberta. Ele rivaliza a múmia egípcia "Ginger" no título da mais velha múmia humana conhecida, e oferece uma visão sem precedentes da vida e hábitos dos homens europeus na Idade do Cobre.
Ötzi foi encontrado por um casal de alemães, Helmut e Erika Simon, que morava ali perto, em 19 de setembro de 1991. Eles primeiro pensaram que se tratasse de um cadáver
moderno, como diversos outros que são frequentemente encontrados na
região, por causa do frio que fazia na região. O corpo foi confiscado
pelas autoridades austríacas e levado para Innsbruck,
onde a sua verdadeira idade foi finalmente estabelecida. Pesquisas
posteriores revelaram que o corpo fora encontrado poucos metros além da
fronteira, em território italiano. Ele agora está exposto no Museu de
Arqueologia do Tirol do Sul, Bolzano, Itália.
Análise científica
O corpo foi extensamente examinado, medido, radiografado e datado. Os tecidos e o conteúdo dos intestinos foram examinados ao microscópio, assim como o pólen encontrado nos seus artefactos.
Quando morreu, Ötzi tinha entre 30 e 45 anos e aproximadamente 165 cm de altura. A análise do pólen e da poeira e a composição isotópica do esmalte de seus dentes indica que ela passou sua infância perto da atual aldeia de Feldthurns, ao norte de Bolzano, mas que mais tarde viveu em vales a cerca de 50 km a norte.
Ele tinha 57 tatuagens, algumas das quais eram localizadas em (ou perto de) pontos que coincidem com os atuais pontos de acupuntura, que podem ter sido feitas para tratar os sintomas de doenças de que Ötzi parece ter sofrido, como parasitas digestivos e artrose. Alguns cientistas acreditam que esses pontos indiquem uma primitiva forma de acupuntura.
As suas roupas, incluindo uma capa de grama entrelaçada e casaco e calçados de couro,
eram bastante sofisticadas. Os sapatos eram largos e à prova de água,
aparentemente feitos para caminhar na neve; as solas eram feitas de
pele de urso, a parte superior de couro de veado e uma rede feita de cascas de árvores. Tufos de grama macia envolviam o pé dentro do sapato, servindo de isolante térmico.
Outros artefactos encontrados junto a Ötzi foram um machado de cobre, com cabo de teixo, uma faca de sílex e cabo de freixo, uma aljava cheia de flechas e um arco de teixo, inacabado, que era mais comprido do que o Ötzi.
Entre os objetos de Ötzi havia duas espécies de cogumelos, uma das quais (fungo de bétula) é conhecida pelas suas propriedades antibacterianas,
e parece ter sido usada para fins medicinais. O outro cogumelo era um
tipo de fungo que pega fogo facilmente, incluído com partes do que
parece ter sido um kit para começar fogo. O kit continha restos de mais
de doze plantas diferentes, além de pirite para a criação de faíscas.
Genética
Um grupo de cientistas sequenciou o genoma de Ötzi e este foi publicado
em 28 de fevereiro de 2012. Um estudo do cromossoma Y de Ötzi
colocou-o num grupo que hoje domina no Sul da Córsega.
Já a análise do DNA mitocondrial mostrou que Ötzi pertence ao sub-ramo
K1, mas não pode ser colocado em nenhum dos três modernos grupos deste
sub-ramo (K1a, K1b ou K1c). O novo sub-ramo foi provisoriamente
apelidado de K1ö por causa de Ötzi.
Uma observação genérica do seu DNA relaciona-o com Europeus do Sul,
particularmente com populações isoladas geograficamente da Sardenha e
Córsega.
A análise do DNA que ele tinha um elevado risco de sofrer de
aterosclerose, intolerância à lactose e a presença no DNA da sequência
de Borrelia burgdorferi, torna-o o mais antigo humano a sofrer da doença de Lyme (vulgarmente conhecida como febre da carraça).
Um estudo de 2012 do paleoantropólogo John Hawks sugeriu que Ötzi tinha mais material genético de Neanderthal do que os Europeus modernos.
Morte
Em 2007 cientistas revelaram que Ötzi morreu de um ferimento no ombro provocado por uma flecha.
Uma equipa de pesquisadores italianos e suíços usou a tecnologia de raio-X
para comprovar que a causa da morte foi uma lesão sofrida numa artéria
próxima do ombro e provocada pela ponta de flecha que permanece até
hoje cravada nas costas. Os mesmos cientistas concluíram que a morte de
Ötzi foi imediata.
Os resultados mais recentes da pesquisa apareceram em linha no Journal of Archaeological Science e foram publicados pela National Geographic.
Análises dos intestinos de Ötzi mostraram duas refeições, uma de carne de cabra da montanha, a segunda de carne de veado, ambas consumidas com alguns cereais. Pólen na segunda refeição mostra que esta foi consumida numa floresta de coníferas a meia-altitude.
Primeiramente supôs-se que fosse um pastor levando o seu rebanho para
as montanhas e que foi surpreendido por uma tempestade de neve. Dada a
sua relativa elevada idade, não teria resistido ao esforço e morrido.
No entanto, a análise de DNA
revelou traços de sangue de quatro outros indivíduos nos seus
equipamentos: um na sua faca, dois na mesma flecha e o último no seu
casaco. Em julho de 2001, dez anos após a descoberta do corpo, uma tomografia axial computorizada revelou que Ötzi tinha o que parecia ser uma ponta de flecha no seu ombro, mais precisamente na omoplata,
combinando com um pequeno furo no seu casaco. O cabo da flecha havia
sido removido. Ele também tinha um profundo ferimento na palma da mão
direita, que atingiu a carne, tendões e o osso.
A partir de tais evidências e de exames das armas, o biólogo molecular Thomas Loy, da Universidade de Queensland,
acredita que Ötzi e um ou dois companheiros fossem caçadores que
participaram numa luta contra um grupo rival. Num determinado momento,
pode ter carregado (ou ter sido carregado por) um companheiro.
Enfraquecido pela perda de sangue, Ötzi aparentemente largou os seus
equipamentos contra uma rocha, deitou-se e expirou.
Afinal, o berço da humanidade pode não ser onde pensávamos
Durante décadas, o Rift Africano Oriental tem sido aclamado
como o “Berço da Humanidade”, a região onde se acredita que os nossos
primeiros antepassados evoluíram.
Esta crença baseia-se em numerosas descobertas de fósseis no Vale do Rift, que forneceram informações valiosas sobre as primeiras fases da evolução humana.
No entanto, um novo estudo, cujos resultados foram publicados em agosto na revista Natura Ecology & Evolution, sugere que esta narrativa pode estar incompleta.
O Rift Africano Oriental, uma formação geológica que se
estende por toda a África Oriental, é conhecida pelos seus depósitos de
rochas sedimentares que preservaram fósseis antigos durante milhões de
anos.
Locais importantes como o desfiladeiro de Olduvai, na Tanzânia, revelaram fósseis dos primeiros hominídeos, como o Paranthropus boisei e o Homo habilis, que datam de há cerca de 2 milhões de anos.
No entanto, este foco no Vale do Rift pode ter levado a uma compreensão distorcida da história inicial da nossa espécie.
“Como as provas da evolução humana inicial provêm de um pequeno
número de sítios, é importante reconhecer que não temos uma imagem
completa do que aconteceu em todo o continente”, explica W. Andrew Barr, primeiro autor do estudo, em comunicado publicado no EurekAlert.
O Rift Africano Oriental cobre menos de 1% do continente africano,
enquanto os primeiros seres humanos provavelmente vagueavam muito para
além desta estreita faixa de terra.
A preservação dos fósseis depende fortemente de condições geológicas
específicas, e muitas regiões fora do Vale do Rift podem ter sido menos
propícias à preservação a longo prazo dos restos mortais dos hominídeos.
Como resultado, grande parte do registo fóssil de outras partes de África provavelmente perdeu-se no tempo.
Num novo estudo, investigadores analisaram as áreas de distribuição
dos mamíferos modernos no Vale do Rift e descobriram que, para os
animais de médio e grande porte, o Rift Africano Oriental constituía apenas 1,6% do seu habitat. Isto sugere que os primeiros seres humanos, tal como outros animais, não se teriam confinado a esta pequena área.
O estudo também examinou a variação do tamanho do crânio e do corpo
dos primatas africanos modernos, revelando que espécies como os babuínos
são geralmente maiores na África Central do que na África Oriental.
Se os primeiros hominídeos apresentassem padrões semelhantes de variação morfológica, o registo fóssil do Vale do Rift não captaria esta diversidade, levando a uma imagem incompleta e potencialmente enganadora dos nossos antepassados.
Misterioso crânio com 1 milhão de anos na China pode ser da linhagem do “Homem Dragão”
Uma reconstrução de um dos crânios descobertos em Yunyang sugere que pertencerá ao último antepassado comum entre o Homo sapiens e o Homem-Dragão.
Em 1989 e 1990, dois crânios com cerca de 1 milhão de anos,
pertencentes a uma espécie humana desconhecida, foram descobertos no
distrito de Yunyang, na província de Hubei, na China Central.
Um terceiro crânio semelhante foi encontrado nas proximidades em 2022, mas a identidade desses fósseis continuou a ser um mistério: seriam Homo erectus ou primeiros Homo sapiens? Ou talvez estivessem relacionados à enigmática linhagem asiática do “Homem-Dragão”?
um novo estudo
– que está ainda a ser revisto por pares – cientistas reconstruiram
um dos crânios e fizeram a intrigante afirmação de que o indivíduo pode
estar próximo do último ancestral comum entre Homo sapiens e a linhagem do Homem-Dragão.
O Homem-Dragão, cientificamente conhecido como Homo longi, é
uma espécie extinta de humano arcaico, conhecida por um crânio com
146.000 anos encontrado na província chinesa de Heilongjiang. Alguns
sugerem que o Homem-Dragão é a mesma espécie dos Denisovanos – a misteriosa “espécie irmã” extinta dos humanos que viveu ao lado do H. sapiens na Eurásia – embora o seu lugar exato na árvore genealógica da humanidade seja incerto.
Curiosamente, parece que o Homem-Dragão pode ter uma relação
intrigante com os três crânios encontrados em Yunyang, conhecidos como o
“Homem de Yunxian”.
Para chegar a essa conclusão, os investigadores reconstruíram o
crânio do Homem de Yunxian, utilizando principalmente o espécime melhor
preservado (Yunxian 2). Eles então estudaram a forma do crânio reconstruido para ver como ele se comparava com outros membros da
família Homo.
Embora o crânio de Yunxian apresentasse uma mistura de características, muitos aspetos do seu crânio pareciam pertencer a um membro inicial da linhagem do Homem-Dragão, relata o IFLScience.
“Yunxian 2 reconstruido sugere que ele é um membro inicial da
linhagem asiática do ‘Homem-Dragão’, que provavelmente inclui os
Denisovanos, e é o grupo irmão da linhagem Homo sapiens. Ambas as linhagens, H. sapiens
e Homem-Dragão, têm raízes profundas que se estendem além do
Pleistoceno Médio, e a posição basal do crânio fóssil de Yunxian sugere
que ele representa uma população próxima ao último ancestral comum das duas linhagens,” escrevem os autores do estudo.
Com cerca de 940.000 a 1,1 milhão de anos, o Homem de Yunxian é
significativamente mais antigo que a linhagem do Homem-Dragão e H.
sapiens. No entanto, a sua datação coincide com o tempo teórico de origem dessas duas linhagens, por volta de 1,13 milhões e 930.000 anos atrás, respetivamente.
Portanto, os investigadores ponderam que o Homem de Yunxian pode ser
algo como um último ancestral comum entre a nossa espécie e o chamado
Homem-Dragão da Ásia Oriental.
Para onde foram os primeiros humanos depois de África? Novo estudo dá a resposta
O novo estudo aponta que os humanos ancestrais foram para o
Planalto Persa antes de iniciarem a colonização generalizada da Eurásia.
Um estudo
revolucionário recentemente publicado na Nature Communications lança
luz sobre um dos mistérios mais duradouros da pré-história humana: para
onde foram primeiros humanos após deixarem África e antes de se
dispersarem pela Eurásia?
A pesquisa, uma colaboração entre a Universidade de Pádua, a
Universidade de Bolonha (Departamento de Património Cultural), a
Universidade Griffith de Brisbane, o Instituto Max Planck de Jena e a
Universidade de Turim, aponta o Planalto Persa como uma região chave durante as fases iniciais da colonização eurasiática.
As evidências genéticas combinadas com modelos paleoecológicos sugerem
que, após saírem da África há entre 70 a 60 mil anos, os ancestrais das
atuais populações eurasianas, americanas e oceânicas permaneceram como
uma população homogénea no Planalto Persa por vários milénios antes de se expandirem por todo o continente e além.
Este período de estagnação, antes da divergência genética que deu
origem às populações europeias e asiáticas orientais de hoje, é datado
de há cerca de 45 mil anos, relata o Ancient Origins.
“A parte mais difícil foi desemaranhar os vários fatores
de confusão constituídos por 45 mil anos de movimentos e misturas
populacionais que ocorreram após a colonização do Centro”,
afirma Leonardo Vallini, o primeiro autor do estudo.
A pesquisa também confirmou que as características paleoecológicas da
área naquela época a tornavam adequada para ocupação humana,
potencialmente capaz de sustentar uma população maior do que outras partes da Ásia Ocidental.
Este achado abre novas portas para a pesquisa arqueológica e
paleoantropológica. O Planalto Persa será até o foco do projeto ERC
Synergy, ‘Last Neanderthals‘, recentemente atribuído ao co-autor Stefano Benazzi, professor da Universidade de Bolonha.
O projeto busca explorar os eventos bioculturais complexos que ocorreram há entre 60.000 e 40.000 anos, com um foco especial no Planalto Persa.
Esta fase da jornada humana fora da África é particularmente
fascinante, pois também incluiu o encontro e a mistura genética com os
Neandertais.
A descoberta não apenas enriquece nosso entendimento sobre as migrações primitivas mas também enfatiza a importância do Planalto Persa como um ponto de convergência na pré-história global.
Entretanto, ficámos também a saber que a primeira coisa que os humanos que saíram de África fizeram ao chegar à Europa foi… “invadir” a Ucrânia.
Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints.
In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently
took it over, building her own staff. After the death of her husband
she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the
Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.
Afinal foi na Europa? Fóssil com 8,7 milhões de anos coloca em causa a origem dos humanos
Fóssil da nova espécie de primata Anadoluvius turkae descoberta na Turquia
A descoberta de um fóssil com 8,7 milhões de anos na Anatólia
Central, Turquia, está a desafiar teorias de longa data sobre a evolução
dos hominídeos, incluindo humanos e macacos africanos.
Restos fossilizados recém-descobertos de uma nova espécie de primata do período Mioceno, designado Anadoluvius turkae,
fornecem pistas de uma longa história de hominídeos na Europa, - que
diverge da visão convencional de que os humanos se originaram em África.
A comunidade científica considera tradicionalmente que os hominídeos mais antigos, incluindo os humanos, tiveram afinal origem em África, em linha com a Teoria da Evolução de Charles Darwin.
Mas a notável descoberta de um crânio parcialmente preservado com quase 9 milhões de anos suporta a ideia de que os hominídeos evoluíram na Europa Ocidental e Central e passaram mais de 5 milhões de anos a evoluir nesta região.
A descoberta foi apresentada num artigo publicado na revista Communications Biology.
De acordo com o paleontólogo David Begun, professor da Universidade de Toronto e autor do artigo, a descoberta sugere que os hominídeos se espalharam pelo Mediterrâneo Oriental e mais tarde para África, provavelmente devido a mudanças nos ambientes e diminuição das florestas.
“Esta teoria contraria a ideia tradicional de que os macacos africanos e os humanos evoluíram exclusivamente em África”, diz o investigador, citado pelo Phys.org. A ausência de hominídeos primitivos em África até há cerca de 7 milhões de anos apoia ainda mais a hipótese da origem europeia.
O Anadoluvius turkae era semelhante em tamanho a um chimpanzé
macho grande, com uma dieta provavelmente composta por raízes e
rizomas. Vivia em espaços maioritariamente abertos, em contraste com os
ambientes florestais dos grandes macacos atuais.
A fauna, incluindo girafas, rinocerontes e zebras, que coabitou com o Anadoluvius turkae, parece ter-se dispersado para África a partir do Mediterrâneo
Oriental há cerca de 8 milhões de anos. Esta informação alinha-se com o
caminho estabelecido da fauna moderna das savanas africanas.
O Anadoluvius turkae e outros macacos fósseis da Grécia e Bulgária formam um grupo que se assemelha de perto aos hominídeos mais antigos conhecidos.
O fóssil agora descoberto é o espécime mais bem preservados deste
grupo de hominídeos primitivos e oferece a evidência mais convincente de
que o grupo teve origem na Europa, dispersando-se posteriormente para África.
Embora convincente, esta descoberta não prova definitivamente
a origem europeia dos hominídeos. Os investigadores reconhecem que são
necessários mais fósseis da Europa e de África, datados entre 8 e 7
milhões de anos atrás, para solidificar a ligação entre os dois grupos.
No entanto, a descoberta do Anadoluvius turkae acrescenta
peso significativo ao debate sobre as origens dos humanos e macacos
africanos, podendo mudar por completo a nossa compreensão da origem e
evolução humana.
Denisovanos: o que já se sabe sobre os nossos “primos” mais misteriosos
Reconstrução facial de um Denisovano
Já ouviu falar do Hominídeo de Denisova? É ainda mais misterioso do que os Neandertais.
Os Denisovanos são uma espécie de humanos e quase se extinguiu há, pelo menos, 20 mil anos. São conhecidos como o grupo irmão dos Neandertais.
Esta espécie também conviveu com o Homo sapiens na Euroásia, durante
partes do Paleolítico Inferior – que vai de 3,3 milhões de anos até 300 mil anos
atrás – e do Paleolítico Médio – que vai de 300 mil anos até 50 mil anos atrás.
Tal como os Neandertais, os Denisovanos são os nossos parentes extintos
mais próximos. Recentemente, ADN destes “primos” misteriosos foi
encontrado numa caverna tibetana.
A investigação indicou que os hominídeos ocuparam o planalto tibetano por um longo período de tempo e, provavelmente, conseguiram adaptar-se ao ambiente de grande altitude.
Há quem vá ainda mais longe e considere que os Denisovanos foram os primeiros humanos a chegar àquela região.
Como explica o IFLScience, acredita-se que Neandertais, Denisovanos e humanos modernos sejam descendentes de um ancestral comum do Homo heidelbergensis, que viveu há cerca de 600 mil a 750 mil anos.
Há uma teoria que diz que um grupo ancestral dessa espécie deixou
África e dividiu-se em dois grupos principais, pouco tempo depois: os
Neandertais que migraram para a Ásia Ocidental e Europa; e os Denisovanos que foram para Leste.
Os ancestrais do Homo heidelbergensis que permaneceram em África, provavelmente, deram origem aos humanos modernos.
Os nossos “primos” ainda são misteriosos
Em 2008, uma falange encontrada na Caverna de Denisova, na Sibéria,
revelou ao Mundo esta nova espécie humana, batizada apenas 2010 como “Hominídeo de Denisova”.
Desde então, segundo o IFLScience, já foram encontrados fósseis de cinco indivíduos Denisovanos, na Caverna de Denisova.
Uma descoberta, em 2018, de um fragmento de osso com 40 mil anos, de
uma rapariga com uma mãe Neandertal e um pai Denisovano, veio confirmar
que espécies híbridas humanas podem ter desempenhado um papel fundamental na evolução.
Não há ainda muita informação sobre a fisionomia dos Denisovanos,
mas, em 2019, os cientistas reconstruiram, pela primeira vez, o rosto de
uma mulher desta espécie.
Ao fazer um mapa metílico do genoma dos Denisovanos, ou seja, um mapa
que mostra como as alterações químicas na expressão genética podem
influenciar características físicas, os cientistas reconstruiram pela
primeira vez o rosto de uma Denisovana.
No total, os investigadores encontraram 56 traços
nos Denisovanos que previam ser diferentes dos Neandertais e dos humanos
modernos, sendo que 32 deles resultaram em claras diferenças
anatómicas.
A equipa descobriu, por exemplo, que estes hominídeos tinham arcadas dentárias
significativamente mais longas, assim como o topo do crânio era também
visivelmente mais largo, quando comparados com os Neandertais e com os
humanos modernos.
De forma mais específica, também perceberam que a pélvis e a caixa torácica
eram mais largas do que as dos humanos modernos e tinham também rostos
mais finos e planos quando comparados com os dos Neandertais.
Trinkaus
has been concerned primarily with the biology and behavior of
Neandertals and early modern humans through the Middle and Late
Pleistocene, in order to shed light on these past humans and to
understand the emergence and establishment of modern humans. His work
therefore has been primarily concerned with the comparative and
functional anatomy, paleopathology, and life history of these past
humans. At the same time, because it dominates paleoanthropology, he has
been involved in debates concerning the ancestry of modern humans,
being one of the first to argue for an African origin of modern humans
but with substantial Neandertal ancestry among modern Eurasian human
populations.
Although his early work emphasized differences between the
Neandertals (and other archaic humans) and early modern humans, his work
since the 1990s has documented many similarities across these human
groups in terms of function, levels of activity and stress, and
abilities to cope socially with the rigors of a Pleistocene foraging
existence. His research therefore involves the biomechanical analysis of cranio-facial
and post-cranial remains, patterns of tooth wear, interpretations of
ecogeographical patterning, life history parameters (growth and
mortality), differential levels and patterns of stress (paleopathology),
issues of survival, and the interrelationships between these patterns.
Research projects
Trinkaus
has conducted a series of comparative analyses, with colleagues and
students, on the regional functional anatomy of Neandertals and other
Pleistocene humans. He has contributed to the direct radiocarbon dating
of original human fossils, and through that work to insights into their
diets through the analysis of carbon (C) and nitrogen (N) stable
isotopes.
He has been involved in the primary paleontological descriptions of a
number of Middle and Late Pleistocene human remains, of both archaic and
early modern humans. The first project was his monograph on the
Shanidar Neandertals from Iraqi Kurdistan. Subsequent major projects
concerned with early modern humans include the Abrigo do Lagar Velho
(Portugal) Dolní Věstonice and Pavlov Moravia, Czech Republic,
Peştera cu Oase (Romania), Peştera Muierii (Romania), Mladeč (Czech
Republic), Tianyuandong (China), and Sunghir (Russia). Additional
Neandertal descriptions include those from Krapina (Croatia), Oliveira
(Portugal), Kiik-Koba (Crimea), and Sima de las Palomas (Spain). To
these can be added Middle Pleistocene human remains from Aubesier
(France), Broken Hill (Zambia) and Hualongdong (China), plus late
archaic humans remains from Xujiayao and Xuchang (China). These
paleontological descriptions include both primary data on these fossils
and a diversity of paleobiological interpretations of the remains and
the Pleistocene human groups from which they derive.
Trinkaus’s analyses of early modern human remains, especially
those from Dolní Věstonice, Pavlov, Lagar Velho and Sunghir, have raised
a series of questions regarding the nature and diversity of mortuary
practices among these early modern humans. And his paleopathological
analyses of Pleistocene human remains have raised questions concerning
the levels and natures of trauma and developmental abnormalities among
these people.
Leakey co-founded the "Turkana Basin Institute" in an academic partnership with Stony Brook University, where he was an anthropology professor. He served as the chair of the Turkana Basin Institute until his death.
(...)
Leakey spoke fluent Kiswahili and moved effortlessly between white
and black communities. While he rarely talked about race in public,
racism and gender inequality infuriated him.
Leakey came from a family of renowned archeologists. His mother,
Mary Leakey, discovered evidence in 1978 that man walked upright much
earlier than had been thought. She and her husband, Louis Leakey,
unearthed skulls of ape-like early humans, shedding fresh light on our
ancestors.
Leakey stated that he was an atheist and a humanist. He died at his home outside Nairobi, on 2 January 2022, less than a month after his 77th birthday. In accordance with his wishes, he was buried on a hill along the Rift Valley.
25 anos depois, o “Menino do Lapedo” vai ou não ser mostrado ao público?
Menino de Lapedo (conceito artístico)
Vinte e cinco anos depois da sua descoberta, o esqueleto do
“Menino do Lapedo”, a criança neandertal portuguesa descoberta em 1998,
permanece depositado no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa — e
está por decidir se algum dia será exposto ao público.
No Lagar Velho, no vale do Lapedo, a cerca de 150 km de Lisboa, foi descoberto em 1998 o esqueleto conhecido como Menino do Lapedo - o esqueleto português que sugere que neandertais e humanos se cruzaram.
Com cerca de 4 anos, a criança foi enterrada neste local há cerca de 29 mil anos.
Na altura da descoberta, algo diferente no seu corpo chamou a atenção
dos arqueólogos que começaram a escavar o sítio arqueológico.
“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando
encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas
quando expusemos o esqueleto completo […] vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explica João Zilhão, arqueólogo e líder da equipa que trabalhou na descoberta.
“A única coisa que poderia explicar essa combinação
de características é que a criança era, de facto, evidência de que os
neandertais e os humanos modernos se cruzaram”.
Mas a teoria do cientista português provocou então uma revolução
nos estudos evolutivos, e imortalizou o Menino de Lapedo — que está
depositado, desde então, nas reservas do Museu Nacional de Arqueologia
(MNA).
Agora, no âmbito das comemorações dos 25 anos da descoberta, o MNA organizou uma visita ao esqueleto.
O MNA está encerrado ao público há mais de um ano,
para remodelação no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR),
mas algumas das obras e coleções, como o esqueleto do “Menino do
Lapedo”, e laboratórios estão depositados em oito contentores
climatizados, numa área ao ar livre do edifício.
Na visita conduzida pelo diretor do MNA, António Carvalho, foi possível ver as caixas onde estão colocadas as dezenas de fragmentos e ossos da “Criança do Lapedo”, com cerca de 29.000 anos, classificados como tesouro nacional.
A descoberta marcou a paleoantropologia internacional, por se tratar
do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica e
porque a criança apresenta traços de ‘Neandertal’ e de ‘homo sapiens‘.
Questionado pela Lusa, António Carvalho disse que ainda está a ser debatido, e não há uma decisão tomada,
sobre o futuro deste achado arqueológico: se permanecerá nas reservas
do museu nacional, se poderá integrar a exposição permanente quando
reabrir, ou se regressará ao sítio arqueológico, classificado como monumento nacional.
“No quadro da intervenção do museu certamente que esta questão e
outras vão ser debatidas, porque é normal. Um museu que depois se
oferece com todas as condições de conservação e de alguma projeção das suas reservas que vá ser objeto de reflexão, se se vão juntar determinados bens arqueológicos”, disse.
“Até para respeitar um princípio legal que é a da não-dispersão dos bens arqueológicos. Vamos ver”, detalhou António Carvalho.
Presente na visita, a antropóloga Cidália Duarte,
que em 1998 fez parte da equipa de escavações, e que atualmente ainda
trabalha no projeto de conservação, falou na “enorme responsabilidade”
em lidar com este tesouro nacional.
“É uma descoberta tão importante que é uma responsabilidade
que recai em cima de nós se isto se deteriora por alguma ação que
queiramos fazer. Já o imaginei exposto de várias maneiras, mas eu tenho receio, todos nós temos de tratar dessa memória para o futuro”, acrescentou a antropóloga.
A antropóloga recordou que o esqueleto só esteve uma vez exposto
ao público, numa exposição temporária, na Alemanha, no âmbito da
exposição de 2011 que assinalou os 150 anos da descoberta do Homem de
Neandertal nesse país.
A visita realizada esta quinta-feira é uma das várias iniciativas que
assinalam os 25 anos da descoberta do Menino do Lapedo — agora também
conhecido como a “Criança do Lapedo”.
O programa prolongar-se-á até ao final de 2024 e
“inclui conferências, conversas, mesas-redondas, exposições, residências
artísticas, publicações, em vários formatos, percursos pedestres e
atividades performativas e educativas, de distintas naturezas”, anunciou
a Câmara de Leiria.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis
e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de
novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson
reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia,
que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade
inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes
junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo
que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito
mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a
cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria
encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash,
Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao
aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que
Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de
regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido
verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros
trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à
vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à
mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um
fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte
do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante,
encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas
e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento,
satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único
hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local,
dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que
estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no
acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa
noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção
dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e
repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos
foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original
de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do
esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no
mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são
descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados
intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino
baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da
abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros de altura, pesava 29 kg e
parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora
ela tivesse um cérebro
pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos,
morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza
que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do
governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde
foi reconstruido por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.
Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
Descoberta a pegada de Homo sapiens mais antiga do mundo
Há pouco mais de duas décadas, quando o novo milénio começou,
parecia que os rastros deixados pelos nossos antepassados humanos com
mais de 50 000 anos eram excessivamente raros.
Naquela época, apenas quatro locais tinham sido relatados em toda a
África. Dois eram da África Oriental: Laetoli na Tanzânia e Koobi Fora
no Quénia; dois eram da África do Sul (Nahoon e Langebaan). Na verdade, o
local de Nahoon, relatado em 1966, foi o primeiro local de pegada hominina a ser descrito.
Em 2023 a situação é bem diferente. Parece que as pessoas não estavam à
procura com atenção suficiente ou não estavam à procura nos lugares
certos. Hoje, a contagem africana de icnossítios hominídeos datados com
mais de 50.000 anos é de 14. Podem ser convenientemente divididos num
aglomerado da África Oriental (cinco locais) e um aglomerado
sul-africano da costa do Cabo (nove lugares). Existem mais dez locais
noutras partes do mundo, incluindo o Reino Unido e a Península Arábica.
Dado que relativamente poucos restos de esqueletos de hominídeos foram
encontrados na costa do Cabo, os vestígios deixados pelos nossos
antepassados humanos enquanto se moviam pelas paisagens antigas são uma
maneira útil de complementar e aprimorar a nossa compreensão dos antigos
hominídeos na África.
Num artigo
publicado recentemente no Ichnos, os cientistas forneceram as idades de
sete icnossítios hominídeos recém-datados que foram identificados nos
últimos cinco anos na costa sul do Cabo da África do Sul. Esses locais
agora fazem parte do “cluster sul-africano” de nove locais.
Os sítios variam em idade; o mais recente data de há cerca de 71 000 anos. A mais antiga, com 153 mil anos, é um dos achados mais notáveis registados neste estudo: é a pegada mais antiga atribuída à nossa espécie, o Homo sapiens.
As novas datas corroboram o registo arqueológico.
Juntamente com outras evidências da área e do período de tempo,
incluindo o desenvolvimento de sofisticadas ferramentas de pedra, arte,
joalharia e colheita de frutos do mar, confirma que a costa sul do Cabo
foi uma área na qual os primeiros humanos anatomicamente modernos
sobreviveram, evoluíram e prosperaram, antes de se espalhar da África
para outros continentes.
Sítios muito diferentes
Existem diferenças significativas entre os grupos de pistas da África
Oriental e da África do Sul. Os sítios da África Oriental são muito
mais antigos: Laetoli, o mais antigo, tem 3,66 milhões de anos e o mais novo tem 0,7 milhão de anos. As pegadas não foram feitas pelo Homo sapiens,
mas por espécies anteriores, como os australopitecíneos, o Homo
heidelbergensis e o Homo erectus. Na maior parte, as superfícies em que
ocorrem as pegadas da África Oriental tiveram que ser escavadas e
expostas laboriosa e meticulosamente.
Os sítios sul-africanos na costa do Cabo, ao contrário, são substancialmente mais jovens. Todos foram atribuídos ao Homo sapiens.
E os rastros tendem a ficar totalmente expostos quando descobertos, em
rochas conhecidas como eolianitos, versões cimentadas de antigas dunas.
A escavação, portanto, geralmente não é considerada – e devido à
exposição dos locais aos elementos e à natureza relativamente grosseira
da areia das dunas, eles geralmente não são tão bem preservados quanto
os locais da África Oriental. Também são vulneráveis à erosão, por
isso muitas vezes é preciso trabalhar rápido para registá-los e
analisá-los antes que sejam destruídos pelo oceano e pelo vento.
Embora isso limite o potencial para uma interpretação detalhada,
podemos ter os depósitos datados. É aí que entra a luminescência oticamente estimulada
Um método iluminador
Um dos principais desafios ao estudar o registo paleo – trilhos, fósseis ou qualquer outro tipo de sedimento antigo – é determinar a idade dos materiais.
Sem isso, é difícil avaliar o significado mais amplo de uma
descoberta ou interpretar as alterações climáticas que criam o registo
geológico. No caso dos eolianitos da costa sul do Cabo, o método de
datação escolhido é muitas vezes a luminescência oticamente estimulada.
Este método de datação mostra há quanto tempo um grão de areia foi exposto à luz
solar; por outras palavras, há quanto tempo essa secção de sedimento
está enterrada. Dada a forma como as pegadas neste estudo foram formadas
– impressões feitas em areia molhada, seguidas de enterro com nova
areia soprada – é um bom método, pois podemos estar razoavelmente
confiantes de que o “relógio” de datação começou mais ou menos ao mesmo
tempo em que o trilho foi criado.
A costa sul do Cabo é um ótimo lugar para aplicar luminescência
oticamente estimulada. Em primeiro lugar, os sedimentos são ricos em
grãos de quartzo, que produzem muita luminescência. Em segundo lugar, o
sol abundante, as praias amplas e o pronto transporte de areia pelo
vento para formar as dunas costeiras significam que quaisquer sinais de
luminescência pré-existentes são totalmente removidos
antes do evento de enterro de interesse, tornando as estimativas de
idade confiáveis. Este método sustentou grande parte da datação de
achados anteriores na área.
O intervalo geral de datas das descobertas para os icnossítios
hominídeos – cerca de 15.000 a 71.000 anos de idade – é consistente com
as idades em estudos relatados anteriormente de depósitos geológicos
semelhantes na região.
O trilho de 153.000 anos foi encontrada no Garden Route National
Park, a oeste da cidade costeira de Knysna, na costa sul do Cabo. Os
dois sítios sul-africanos previamente datados, Nahoon e Langebaan,
revelaram idades de cerca de 124.000 anos e 117.000 anos,
respetivamente.