O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Né Ladeiras, é o nome artístico da cantora portuguesa Maria de Nazaré de Azevedo Sobral Ladeiras (Porto, 10 de agosto de 1959).
Nasceu numa família com grandes afinidades com a música.
A mãe cantava em programas de rádio, o pai tocava viola e o avô
materno tocava guitarra portuguesa, braguesa, cavaquinho e instrumentos
de percussão. Com 6 anos participa no Festival dos Pequenos Cantores
da Figueira da Foz. Durante a sua adolescência integra vários
projetos musicais, entre os quais um duo acústico formado com uma
amiga da escola.
A sua carreira musical começou realmente com a fundação, em 1974, com diversos amigos, da Brigada Victor Jara, projeto no qual tocavam sobretudo música latino-americana tendo participado em diversas campanhas de animação cultural do MFA
(Movimento de Forças Armadas) e de trabalho voluntário. O interesse
do grupo pela música tradicional portuguesa só se manifesta nos
últimos meses de 1976, após realizarem diversos espetáculos pelo país
e aí "descobrirem" as potencialidades e qualidade da nossa tradição
musical.
Em 1977, na sequência de uma atuação na FIL
(Feira Internacional de Lisboa), mantêm contactos com a editora Mundo
Novo (associada à editorial Caminho), para a qual gravam, durante
dois dias, o álbum Eito Fora, que é editado nesse mesmo ano. Né Ladeiras interpreta, neste disco, um dos temas mais conhecidos, Marião com base num tradicional de Trás-os-Montes.
No ano seguinte, Né Ladeiras participa ainda nas gravações do segundo álbum da Brigada Victor Jara intitulado Tamborileiro. Em 1979, após se separar da Brigada, Né Ladeiras junta-se ao agrupamento Trovante, ainda antes de este alcançar sucesso, com o qual grava o single Toca a Reunir.
Na altura da gravidez do seu primeiro filho, Né Ladeiras fica em casa e é nessa altura que é convidada pelos Trovante que já andavam há muito tempo à procura de uma voz feminina. Fizeram alguns espetáculos e toda a preparação de Baile do Bosque. Quase todas as músicas da maqueta apresentada às editoras eram cantadas por Né Ladeiras.
O primeiro trabalho a solo de Né Ladeiras, Alhur, é editado em 1982 pela Valentim de Carvalho. O disco, um EP (ou máxi-single) composto por quatro temas da autoria de Miguel Esteves Cardoso (letras) e Né Ladeiras (músicas), regista a participação de Ricardo Camacho na produção e dos Heróis do Mar como músicos de estúdio. Alhur é um disco que fala de águas, desde as águas régias do pensamento às águas salgadas dos oceanos e das lágrimas.
Né Ladeiras retribuiu, nesse mesmo ano, a colaboração com os Heróis do Mar, participando no maxi-single de Amor, que se tornou um grande êxito comercial.
Colabora com Miguel Esteves Cardoso num duplo álbum intitulado Hotel Amen que não chega a ser gravado.
Em 1984 é editado pela Valentim de Carvalho o álbum, Sonho Azul,
com produção de Pedro Ayres Magalhães (membro dos Heróis do Mar e
futuro mentor dos Madredeus e Resistência), que também assina as letras e
partilha, com Né Ladeiras, a composição das músicas. O disco é
dedicado a todas as pessoas que fizeram do cinzento um "Sonho azul" e
ao filho Miguel. Dos oito temas, os que obtém maior notoriedade são: Sonho Azul, Em Coimbra Serei Tua e Tu e Eu.
Em 1988 integra o projeto Ana E Suas Irmãs, idealizado por Nuno
Rodrigues - seu colega na Banda do Casaco e então diretor da editora
Transmédia. O grupo concorre ao Festival RTP da Canção de 1988 com o
tema Nono Andar, sendo apresentado como um conjunto mistério. No
entanto, Né Ladeiras não participa no certame, colaborando apenas na
edição em single.
Em 1989 lança um álbum dedicado à atriz sueca Greta Garbo, Corsária,
fruto de um projeto de pesquisa, o que, aliás, é bem característico
do trabalho a solo de Né Ladeiras. A produção e arranjos estiveram a
cargo de Luís Cília.
As músicas são compostas por si, sendo as letras da autoria de Alma
Om. O disco não obtém uma grande divulgação, principalmente porque a
editora abre falência pouco tempo após a edição do disco.
Colabora igualmente com a rádio, outra das suas paixões, em rádios de Coimbra, Antena 1 e TSF. E, posteriormente, em resultado de algum desencantamento com a música, retira-se da atividade musical.
Entre janeiro de 1993 e outubro de 1994, Né Ladeiras grava, com produção de Luís Pedro Fonseca, o seu terceiro álbum, Traz-os-Montes,
uma produção da Almalusa com edição da EMI-Valentim de Carvalho, que
resulta de dois anos de pesquisa de material relacionado com a música e
a cultura tradicionais transmontanas (onde veio a descobrir raízes na
família), nomeadamente as recolhas efetuadas por Michel Giacometti e
por Jorge e Margot Dias. O disco recebeu o Prémio José Afonso.
A qualidade de temas como Çarandilheira e Beijai o Menino
fazem deste disco, que é a revisitação de temas tradicionais
transmontanos interpretados em mirandês, a sua obra-prima e um
dos melhores discos de sempre da música portuguesa.
No Natal de 1995 é editado o disco Espanta Espíritos, disco de natal idealizado e produzido por Manuel Faria (seu colega nos tempos dos Trovante),
no qual participam diversos artistas, entre os quais se destaca Né
Ladeiras que interpreta o tema "Estrela do Mar" com letra de João Monge e música de João Gil.
Em 1996 participa na compilação A Cantar com Xabarin, Vol. III e IV, proposta pelo programa da TV Galiza, com o tema Viva a Música! composto por Né Ladeiras e Bruno Candeias, no qual participam, nos coros, os seus filhos Eduardo e João.
No álbum-compilação A Voz e a Guitarra faz incluir o tema As Asas do brasileiro Chico César e uma nova versão de La Molinera que conta com a participação do guitarrista Pedro Jóia.
Durante a Expo '98 partilha Afinidades
com Chico César numa iniciativa que "desafia cantoras nacionais a
conceberem um espetáculo para o qual convidam um ou uma vocalista que
seja para elas uma referência." Os dois intérpretes participam
igualmente no programa Atlântico da RTP/TV Cultura.
Em 1999 inicia no Castelo de Montemor-o-Velho as gravações de um disco de cantares religiosos e pagãos com a produção de Hector Zazou. Nele participam músicos portuguesas como os Gaiteiros de Lisboa, Pedro Oliveira, João Nuno Represas, passando por um grupo de adufeiras do Paul e ainda a colaboração, em algumas faixas, de Brendan Perry, Ryuichi Sakamoto e John Cale.
Por divergências de reportório com o mítico produtor, Né Ladeiras
decide não continuar com as gravações e dá por finda a sua realização.
Meses mais tarde outros nomes são indicados para a produção do disco Tim Whelan e Hamilton Lee dos Transglobal Underground
e novos arranjos são elaborados pelos músicos britânicos. Apesar dos
esforços da cantora e dos novos produtores o álbum não chega a ser
gravado.
O álbum Da Minha Voz, de (2001), têm várias músicas do brasileiroChico César e teve lançamento no Brasil em espetáculos realizados em São Paulo, com a orquestra do Teatro Municipal de São Paulo e com o grupo Mawaca.
A imprensa brasileira teceu críticas positivas e elogiou, sobretudo, a
voz grave e segura de Né Ladeiras. O disco conta com a participação
de Ney Matogrosso, curiosamente cantando sozinho o tema "Sereia".
Ao mesmo tempo foi delineando outros projetos: um disco inspirado nas pinturas de Frida Kahlo e um outro disco de homenagem à escritora Isabelle Eberhardt (escritora convertida ao Islão, autora de "Escritos no Deserto") contando, para isso, com as letras de Tiago Torres da Silva.
Em 2016 lançou o CD "Outras vidas", dedicado a várias mulheres que
marcaram a sua vivência e a sua carreira como Avita, Greta Garbo, Frida
Khalo, Madre Teresa, Isabelle Eberhardt ou Violeta Parra. A música é
da própria e as letras têm assinatura de Tiago Torres da Silva tendo produção de Amadeu Magalhães.
Discos e prémios
A discografia de Né Ladeiras é composta por álbuns a solo, álbuns de
bandas de que fez parte, participações especiais em discos de outros
artistas e compilações, entre eles:
Jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS: 10º melhor disco de 1997: Todo este Céu; 60ª melhor canção do século: Sonho Azul; 18º melhor álbum de sempre: Traz-os-Montes; 4º Álbum do Ano (2001) – Escolha da redação e escolha dos leitores
Começou a cantar numa idade muito precoce, utilizando instrumentos de seu pai. Após a independência de Angola,
em 1975, representou Angola por várias vezes, viajando pela Polónia,
Checoslováquia, Cuba e União Soviética, no entanto, concluiu, com
relutância, que devido à instabilidade política, não havia um clima
propício para que os músicos se pudessem desenvolver e crescer e, após
uma visita a Portugal em 1982, decidiu não regressar.
Bastos considerava a sua música como reflexo da própria vida e suas
experiências, composta para elogiar a identidade nacional. Os seus
temas fazem um apelo à fraternidade universal. Ao longo dos seus 40 anos
de carreira em 2008 foi distinguido com um Diploma de Membro Fundador,
de 25 anos, da União dos Artistas e Compositores e um Prémio , em
1999, pela World Music. O jornal New York Times considerou, em 1999, o
seu disco Black Light uma das melhores obras da época.
Morreu no dia 10 de agosto de 2020, em Lisboa, aos 66 anos, vítima de um cancro.
Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens,palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.
Ator, bailarino, cantor, coreógrafo, nasceu em Nova York, e
tornou-se um dos mais famosos sapateadores de todos os tempos, bem
como uma premiada estrela do palco e tela. Ele começou a se apresentar
como um membro do grupo de dança "Hines, Hines e papá", com o seu pai e
irmão. Ele apareceu pela primeira vez nos palcos da Broadway com a
idade de oito anos, atuando como engraxador na comédia musical "The
Girl in Pink Tights", de março a junho de 1954. Ele recebeu a sua
primeira nomeação para o Tony (Melhor destaque num musical) em 1979,
pelo seu papel na Broadway na revista musical "Eubie!". Ele ganhou o Theatre World Award
de 1979 com o mesmo desempenho. Ele protagonizou os três musicais,
"Uptown Comin '" (1979-80), "Sophisticated Ladies" (1981-83), e
"Jelly's Last Jam" (1992-93). Ele foi nomeado para o Melhor Ator no
Musical Tony Award para os três papéis, e ganhou em 1992, pela sua
performance como Jelly Roll Morton
em "Jelly's Last Jam". Também ganhou o Drama Desk Award de Melhor
Ator em um Musical para este desempenho, e foi nomeado para o Tony e o
Drama Desk Awards por sua coreografia para este show. Os seus
créditos no cinema inclui papéis em "História do Mundo: Parte 1",
"White Nights", "Toque", "Renaissance Man", "Waiting to Exhale" e "The
Preacher's Wife". Na televisão incluídos os filmes "TV Eubie!" e "The
Kid Cherokee"; papéis do convidado em shows como "Faerie Tale
Theatre", "Amazing Stories", e "Law & Order" e papéis recorrentes
em "The Gregory Hines Show", "Little Bill", "Will & Grace " e "
Lost at Home ". Ele gravou um dueto de "There's Nothing Better Than
Love" com Luther Vandross, e também lançou um álbum auto-intitulado, em 1987.
Hines morreu de cancro de fígado na tarde de sábado, 9 de agosto
de 2003, no caminho de sua casa em Los Angeles, Califórnia, para um
hospital. Ele tinha 57 anos e estava noivo de Negrita Jayde, no momento
da sua morte. Além do seu pai e irmão, deixou a noiva, Negrita Jayde, uma filha, Daria Hines, um filho, Zach; uma enteada, Jessica Koslow e um neto.
O asteroide Kamo’oalewa pode ser a “segunda lua” da Terra (e ter-se separado da primeira)
Um novo estudo indica que o asteróide Kamo’oalewa pode ser um
fragmento da Lua que se separou após um choque há vários milhões de
anos.
Uma nova pesquisa publicada na revista Nature detalha uma descoberta importante que pode ter resolvido o mistério das origens do asteroide Kamo’oalewa.
Detetado em 2016, Kamo’oalewa tem sido um enigma devido às suas
características orbitais únicas e composição. No entanto, o novo estudo
sugere que este asteroide pode ter origem na Lua, especificamente da cratera Giordano Bruno, localizada no lado mais distante da Lua.
A pesquisa utilizou simulações numéricas para analisar as propriedades
das crateras lunares e a sua capacidade de produzir detritos que
poderiam migrar para o espaço co-orbital da Terra.
Segundo o phys.org, a equipa encontrou uma correspondência na cratera Giordano Bruno, sugerindo que Kamo’oalewa poderia ser um fragmento lunar de um evento de impacto que ocorreu há alguns milhões de anos.
Esta descoberta fornece uma ligação direta entre um asteroide específico e a sua origem lunar, indicando que pode haver mais pequenos asteroides compostos de material lunar ainda por descobrir perto da Terra.
As propriedades de reflexão e a cor do asteroide também se assemelham
muito às da superfície lunar, diferindo significativamente de outros asteroides próximos da Terra.
As estimativas indicam que Kamo’oalewa tem entre 10 e 100 milhões de anos, ajustando-se ao perfil de detritos resultantes de um impacto lunar substancial.
A cratera Giordano Bruno, com 22 quilómetros de diâmetro e menos de
10 milhões de anos, emerge como a fonte mais provável devido ao seu
tamanho e idade.
O estudo também destaca que a composição de piroxena encontrada nas paredes e na borda da cratera corresponde à de Kamo’oalewa, apoiando a hipótese da sua origem comum.
As simulações estimam que um impacto de um asteroide na superfície da
Lua, com cerca de 1,66 quilómetros de diâmetro, poderia ter ejetado até
400 fragmentos do tamanho de Kamo’oalewa.
Embora se espere que a maioria desses fragmentos tenha deixado o
espaço co-orbital da Terra dentro de 10 milhões de anos após o impacto,
alguns, como Kamo’oalewa, podem permanecer em órbitas semelhantes por períodos prolongados.
A Administração Espacial Nacional Chinesa está a planear a missão
Tianwen-2 para investigar mais a fundo Kamo’oalewa, o que pode servir
para confirmar as teorias sobre as origens lunares do asteroide.
Cientista do Instituto Carl Sagan diz que anúncio de vida extraterrestre está iminente
Lisa Kaltenegger
O anúncio da descoberta de vida fora da Terra está eminente, diz
a conceituada astrofísica Lisa Kaltenegger. E o Telescópio Espacial
James Webb vai ser o responsável pela descoberta.
Uma das maiores especialistas mundiais na procura de inteligência
extraterrestre acredita que, com a ajuda do Telescópio Espacial James
Webb (JWST), os humanos estão mais perto do que nunca de descobrir vida fora do nosso planeta.
Segundo a astrofísica Lisa Kaltenegger, que dirige o
Instituto Carl Sagan em Cornell, como o Webb foi concebido para detetar
bioassinaturas, a palavra científica para “sinais de vida”, incluindo o
gás metano produzido por organismos, podemos muito bem encontrar vida
extraterrestre muito em breve.
“A grande surpresa seria não encontrar nada“, afirmou esta em abril a professora de astronomia, em declarações ao The Telegraph.
Kaltnegger, cujo novo livro “Alien Earths: Planet Hunting in the Cosmos” foi publicado este mês, mostrou-se entusiasmada com o salto tecnológico que o JWST representa para a procura de vida fora do nosso planeta.
“A Humanidade entrou numa nova era dourada da exploração espacial, com milhares de outros mundos à nossa porta, que agora podemos realmente explorar”, diz a astrobióloga de 47 anos.
A conceituada astrofísica e professora universitária é conhecida pelo
seu trabalho na área de exoplanetas e na busca por vida extraterrestre,
sendo frequentemente mencionada pelas suas contribuições para o estudo
de planetas com potenciais condições de vida.
A cientista está particularmente interessada no potencial dos planetas que rodeiam a estrela Trappist-1, uma anã vermelha localizada a apenas 40 anos-luz de distância, com 7 planetas do tamanho da Terra que se suspeita que podem conter água e, potencialmente, vida.
Descoberto em 2017, o sistema Trappist-1 parece ter vários planetas na chamada “zona habitável”, que podem albergar água líquida – e, segundo Kaltnegger, é provavelmente aqui que encontraremos vida.
“Com o Webb, temos a oportunidade de identificar os gases que existem nestes mundos”, explica Kaltnegger. “E, nos próximos, digamos, cinco a dez anos poderemos descobrir se há bioassinaturas nestes planetas”.
“Se a vida está em todo o lado, pode estar nesse sistema“,
continua Kaltnegger. “Pode ser que precisemos de observar 100 sistemas,
ou 1000 sistemas, antes de encontrarmos vida. Mas também pode acontecer
que só precisemos de observar um sistema. Se tivermos sorte, pode ser apenas daqui a um par de anos“.
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! Supor o que dirá Tua boca velada É ouvir-te já. É ouvir-te melhor Do que o dirias. O que és não vem à flor Das caras e dos dias. Tu és melhor -- muito melhor!-- Do que tu. Não digas nada. Sê Alma do corpo nu Que do espelho se vê.
Nascida em uma família judia praticante, Edith era a filha mais nova de 11 irmãos. Nasceu no Yom Kippur,
o Dia do Perdão para os judeus. Seu pai morreu quando ela tinha apenas
dois anos, o que fez cair sobre sua mãe Auguste a responsabilidade sobre
os negócios da família. Apesar de sua mãe ser muito devota, Edith
perdeu a fé em Deus ainda jovem.
Em 1911, ingressou na Universidade de Breslávia para cursar alemão e história, apesar de seu verdadeiro interesse ser a filosofia. Movida pelas tragédias da Primeira Guerra Mundial, em janeiro de 1915, Edith interrompeu os seus estudos na Universidade de Gotinga e voluntariou-se como auxiliar de enfermagem num hospital de doenças infecciosas na Áustria. Edith concluiu o seu doutoramento com a tese Sobre o Problema da Empatia.
Assim, Stein foi a segunda mulher a receber um doutoramento em Filosofia na Alemanha, além de se tornar assistente do mais eminente
filósofo de seu tempo, Edmund Husserl. Ela foi a primeira estudiosa a pedir oficialmente que as mulheres recebessem o status de "professoras".
Teve uma grande mudança nas suas crenças no ano de 1921, a partir da leitura da autobiografia de Santa Teresa de Ávila, quando estava em casa da amiga Hedwig Conrad-Martius, em Bergzabern.
Ela converteu-se ao catolicismo e foi batizada a 1 de janeiro de
1922, tomando a própria amiga como madrinha. Já religiosa, anotou: "A fé
está mais próxima da sabedoria divina do que toda ciência filosófica e
mesmo teológica".
Anos mais tarde, testemunhou a ascensão do Partido Nazi e a consequente perseguição aos judeus. Decidiu tornar-se freira Carmelita Descalça
no mosteiro de Colónia em 1933. Com a crescente ameaça nazi na
Alemanha, Edith e a sua irmã Rose são enviadas para o Carmelo da Holanda.
Após a divulgação de uma carta da Igreja da Holanda, com críticas aos
nazis, os cristãos judeus passaram a sofrer represálias, sendo Edith e
sua irmã capturadas. Edith Stein morreu aos 50 anos, no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, envenenada numa câmara de gás.
Jordão começou por destacar-se no Sporting Clube de Benguela
já como avançado e despertou a cobiça dos rivais lisboetas pela sua
contratação apesar de ter sofrido uma lesão com alguma gravidade numa
prova de atletismo quando não tinha ainda idade sénior (também aí se
destacava, tendo sido vice-campeão dos 80 metros). Ficou conhecido como a Gazela de Benguela.
Em 1970, estreou-se nos juniores do Benfica, um ano depois saltou
para o plantel principal e justificou em pleno a aposta num período
áureo pelos encarnados, onde ganhou quatro Campeonatos e uma Taça em
cinco temporadas até 1976.
Em 1976, depois de uma época com Mário Wilson no comando em que as águias se sagraram campeãs nacionais e foram aos quartos da Taça dos Clubes Campeões Europeus, Jordão sagrou-se o melhor marcador nacional com 30 golos em 28 jogos no Campeonato Português de Futebol (mais um do que Nené, com quem formou uma dupla temível).
Os espanhóis do Saragoça investiram 9.000 contos na sua contratação em 1976/77 onde marcou 14 golos em 33 jogos.
Apesar das lesões graves que sofreu, em especial duas onde teve fratura de tíbia e perónio,
Jordão marcou um total de 184 golos em 262 jogos, tendo conquistado
dois Campeonatos (o primeiro em 1980, onde foi de novo o melhor marcador
da prova com 31 golos), duas Taças de Portugal e uma Supertaça de Portugal.
Entre alguns dos jogos mais marcantes estiveram um dérbi com o Benfica
onde apontou um hat-trick ou os cinco golos na receção ao Rio Ave
na festa do título, ambos no decorrer da Temporada de 1981/82. Deixou
Alvalade em 1986, já com 34 anos, para terminar a carreira, algo que
sofreu uma reviravolta depois do pedido do amigo Manuel Fernandes.
Depois de se retirar, Rui Jordão afastou-se do mundo do futebol
e tornou-se pintor e escultor. Rui Jordão morreu em 18 de outubro de
2019 aos 67 anos de idade, depois de ser hospitalizado por problemas
cardíacos resultantes duma doença cardíaca, rara, mais frequente em
pessoas de ascendência africana. Antes de morrer, despediu-se do antigo colega José Eduardo e pediu-lhe que tomasse conta dos filhos. Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, disse em comunicado que estava "inigualável".
Seleção
Foi internacional por 43 vezes, marcando 15 golos, de 1972 a 1989. Jogou na Taça Independência do Brasil, em 1972, e na fase final do Campeonato da Europa de 1984. Marcou os dois golos na meia-final com a França em que Portugal perdeu, após prolongamento, por 3-2.
Fora dos relvados
Após a carreira como futebolista, Jordão tornou-se pintor.
A
bomba, de 2,34 metros de comprimento, 1,52 metro de diâmetro e
4.545 kg, foi detonada a uma altitude de cerca de 550 metros sobre a
cidade, após ter sido lançada do bombardeiro B-29Bockscar, pilotado pelo Major Charles Sweeney. A bomba tinha uma potência de 25 kilotons. O curioso é que, tendo uma potência praticamente duas vezes maior que a da bomba conhecida como "Little Boy", lançada em Hiroshima
três dias antes, os danos foram menores que os do
ataque anterior, pois as condições climáticas de Nagasaki no dia estavam
desfavoráveis, fazendo com que a Fat Man não atingisse o alvo com
precisão, caindo num vale ao lado da cidade. Como o terreno de
Nagasaki é montanhoso, parte da carga energética da explosão foi
contida. Ainda assim, cerca de 40.000 pessoas foram mortas e mais de
25.000 ficaram feridas. Milhares morreram nos anos posteriores ao ataque,
devido a radiações e doenças causadas pela radiação.
Nagasaki antes e após o ataque
Na manhã de 9 de agosto de 1945, a tripulação do avião dos E.U.A. B-29 Superfortress, batizado de Bockscar, pilotado pelo Major Charles W. Sweeney e carregando a bomba nuclear com o nome de código Fat Man, deparou-se com o seu alvo principal, Kokura,
obscurecido por nuvens. Após três voos sobre a cidade e com baixo
nível de combustível devido a problemas na sua transferência, o
bombardeiro dirigiu-se para o alvo secundário, Nagasaki - a maior
comunidade cristã do Japão. Cerca das 07.50 horas (fuso horário japonês) soou um alerta de raide aéreo em Nagasaki, mas o sinal de "tudo limpo" (all clear,
em inglês) foi dado às 08.30 horas. Quando apenas dois B-29 foram
avistados às 10.53 horas, os japoneses aparentemente assumiram que os
aviões se encontravam em missão de reconhecimento e nenhum outro alarme
foi dado.
Alguns minutos depois, às 11.00 horas, o B-29 de observação, batizado de The Great Artiste
("O Grande Artista"), pilotado pelo Capitão Frederick C.
Bock, largou instrumentação amarrada a três pára-quedas. Esta continha
também mensagens para o Professor Ryokichi Sagane, um físico nuclear da Universidade de Tóquio que tinha estudado na Universidade da Califórnia
com três dos cientistas responsáveis pelo bombardeamento atómico.
Estas mensagens, encorajando Sagane a falar ao público acerca do perigo
destas armas de destruição maciça, foram encontradas pelas autoridade militares, mas nunca entregues ao académico.
Às 11.02 horas, uma abertura de última hora nas nuvens sobre Nagasaki permitiu ao artilheiro do Bockscar, Capitão Kermit Beahan, ter contacto visual com o alvo. A arma Fat Man, contendo um núcleo de aproximadamente 6,4 kg de plutónio-239, foi largada sobre o vale industrial da cidade. Explodiu a 469 metros sobre o solo, a cerca de meio caminho entre a Mitsubishi Steel and Arms Works (a sul) e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works
(a norte), os dois principais alvos na cidade. De acordo com a maior
parte das estimativas, cerca de 40 mil dos 240 mil habitantes de
Nagasaki foram mortos instantaneamente, e entre 25 mil e 60 mil ficaram
feridos. No entanto, crê-se que o número total de habitantes mortos
poderá ter atingido os 80 mil, incluindo aqueles que morreram, nos meses
posteriores, devido a envenenamento radioativo.
Depois
da guerra ficou claro que o design desta bomba era o mais eficiente,
então melhoraram-na e então criaram a arma sucessora do Fat Man: o Mark 4.
Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista O Pantheon (1880 - 1881) e no semanário Branco e Negro (1896 - 1898).
Entre as suas obras contam-se: Os Argonautas; Ora Marítima; Lusitanos, Lígures e Celtas.
No museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, conserva-se uma grande parte dos objetos arqueológicos por si encontrados.
Maria Keil realizou uma obra vasta e diversificada que abarca a pintura, desenho e ilustração, azulejo, design gráfico e de mobiliário, tapeçaria, cenografia,
etc. Destaca-se de modo particular a sua intensa atividade como
ilustradora, bem como o papel crucial que desempenhou na renovação do
azulejo contemporâneo em Portugal.
Em 2013 o Museu da Presidência da República organizou uma mostra
retrospetiva cobrindo os múltiplos aspetos da sua obra. Tem uma
biblioteca com o seu nome em Lisboa, no Lumiar.
Biografia
Maria Keil nasce em Silves, filha de Francisco da Silva Pires e de
sua mulher Maria José da Silva. A partir de 1929 frequenta o Curso
Preparatório da Escola de Belas Artes de Lisboa e depois o curso de pintura (que não chega a terminar), onde é aluna de Veloso Salgado.
A sua prática artística caracteriza-se, desde o início, pela
diversidade de técnicas e meios de expressão. Ao longo da vida irá
empenhar-se numa multiplicidade de áreas, entre as quais a pintura e
desenho, ilustração, artes gráficas, gravura, azulejo, tapeçaria,
mobiliário, decoração, cenografia e figurinos.
Em 1936 é membro do ETP (Estúdio Técnico de Publicidade, então formado por José Rocha), estabelecendo amizade com Carlos Botelho, Fred Kradolfer, Ofélia Marques e Bernardo Marques.
No ano imediato faz uma estadia em Paris durante a construção do
Pavilhão da Exposição Internacional de Paris (de que Keil do Amaral era
arquiteto), para o qual realiza motivo decorativo na Sala IV – Ultramar (Salle IV – Outremer).
Expõe individualmente primeira vez em 1939 (por não existirem
galerias de arte a mostra realiza-se na Galeria Larbom, uma loja de
móveis da Rua do Ouro, Lisboa); nesse mesmo ano participa na IV Exposição de Arte Moderna do S.P.N.. Participa nas mostras do SPN dos dois anos imediatos, vencendo o Prémio de Revelação Souza-Cardoso em 1941 com Autorretrato, 1941.
Em 1940 concebe cenários e figurinos para o bailado Lenda das Amendoeiras, apresentado no espetáculo de estreia da Companhia de bailado Verde Gaio.
Entre 1946 e 1956 participa regularmente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, SNBA, Lisboa. Realiza uma exposição individual em 1945 e, de novo, em 1955: "trata-se
de uma exposição histórica, visto marcar, no âmbito da arte portuguesa,
níveis de inovação pioneira nos domínios do mobiliário e, sobretudo, do
azulejo"
(esta mostra assinalou o trabalho de desenho de mobiliário para
interiores domésticos e, também, para espaços comerciais ligados à
restauração e hotelaria, a que se dedicou desde o início dos anos de
1940 e até meados da década seguinte).
Segue-se um longo hiato em que se dedica a uma multiplicidade de
atividades, para expor de novo individualmente a partir de 1983.
Outra vertente marcante da sua obra e onde mais se distinguiu foi
o azulejo, em que começa a trabalhar no início da década de 1950. Maria
Keil irá tornar-se numa das principais figuras da renovação moderna
nessa área. Da sua vasta produção pode destacar-se o painel de azulejos O mar, na Avenida Infante Santo, Lisboa, e a extensa colaboração para o Metropolitano de Lisboa.
Com início em 1957, esse trabalho prolongar-se-ia até aproximadamente
1972, com a inauguração das últimas estações dessa primeira fase:
Arroios, Alameda, Areeiro, Roma e Alvalade. Maria Keil foi autora dos
painéis de todas as estações iniciais com exceção da Avenida. A partir
de 1977 alguns destes painéis foram total ou parcialmente destruídos,
por ocasião da ampliação de várias estações, entre as quais as do
Saldanha, Restauradores e do Intendente. Em 1978 participa na exposição
itinerante 5 Séculos de Azulejo em Portugal (Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Caracas);
a partir dessa data a sua obra integra as principais exposições (em
Portugal e no estrangeiro) dedicadas ao azulejo em Portugal. Em 1989, o Museu Nacional do Azulejo organiza uma exposição abrangente sobre essa faceta da sua obra.
A sua ópera "I Pagliacci", com os personagens Canio, Tonio, Peppe e Silvio, continua uma das mais populares obras do repertório de ópera.
Filho de um magistrado policial, Leoncavallo nasceu em Nápoles em 23 de
abril de 1857 e estudou no Conservatório San Pietro a Majella. Depois
de alguns anos de estudo, e ineficazes tentativas de obter a produção
de mais de uma ópera, ele viu o enorme sucesso de Mascagni em Cavalleria rusticana em 1890, e não desperdiçou tempo na elaboração do seu próprio verismo, Pagliacci
(segundo Leoncavallo, o enredo deste trabalho teve origem na vida
real: um julgamento sobre assassinato a que o seu pai tinha presidido). Pagliacci foi apresentada em Milão em 1892 com sucesso imediato e hoje é o único trabalho de Leoncavallo no reportório padrão de ópera. A sua mais famosa ária Vesti la giubba, "Veste a manta de retalhos") foi gravada por Enrico Caruso e foi o primeiro registo do mundo a vender um milhão de cópias. I Medici e Chatterton (1896) foram também produzidas em Milão. Grande parte de Chatterton foi gravado pela Gramophone Company (mais tarde HMV). Foi em La bohème,
realizada em 1897 em Veneza que o seu talento obteve confirmação
pública (as suas duas árias para tenor são realizadas ocasionalmente,
especialmente em Itália). Posteriormente compôs as óperas Zaza (1900) (a ópera de Geraldine Farrar, famosa pelo seu desempenho de despedida no Met) e Der Roland Von Berlin (1904). Obteve um breve sucesso em Zingari
que estreou em Itália, e Londres, em 1912. (Zingari esteve longo
tempo, no Hipódromo Teatro). Zingari chegou aos Estados Unidos, mas
logo depois desapareceu do repertório.
Após uma série de operetas, Leoncavallo, num último esforço, criou Edipo Re,
mas morreu antes de terminar a orquestração, que foi completada por
Giovanni Pennacchio. Desde a década de 70 esta ópera tem tido um
número surpreendentemente elevado de representações (incluindo Roma
1972, Viena 1977 e Amesterdão 1998), bem como uma produção totalmente
encenada no Teatro Regio di Torino, em 2002.
A famosa Mattinata foi por ele escrita para a Gramofone Company
com Caruso em mente. Escreveu o libreto para a maioria das suas
próprias óperas e é considerado o maior libretista italiano do seu
tempo, após Arrigo Boito. Importante foi ainda a sua contribuição para o libreto de Manon Lescaut de Giacomo Puccini.
Ruggero Leoncavallo morreu em Montecatini, Toscânia, em 9 de agosto de 1919.
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte......violar-nos.....tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas.....portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida......há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
in Pena Capital (1957) - Mário de Cesariny de Vasconcelos
Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa, 9 de agosto de 1923 - Lisboa, 26 de novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismoportuguês.
É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e
historiador (polémico) das atividades surrealistas em Portugal.
Mário Cesariny nasceu, por acaso, na Vila Edith, na Estrada da Damaia, em Benfica, onde os pais estavam a passar férias. Último filho (três irmãs mais velhas) de Viriato de Vasconcelos, natural de Tondela, Tondela, e de sua mulher María de las Mercedes Cesariny (de ascendência paterna corsa e materna espanhola), natural de Paris. O pai, com uma personalidade dominadora e pragmática, era empresárioourives, com loja e oficina na rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em plena baixa lisboeta.
Depois
da escola primária, o jovem Mário frequentou durante um ano o Liceu
Gil Vicente, após o que o pai (que o queria ourives) o mudou para um
curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António Arroio (onde conheceu Artur do Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco),
que completou. Depois, como não lhe agradasse o trabalho de ourives,
frequentou um curso de habilitação às Belas-Artes. Também estudou
música, gratuitamente, com o compositor Fernando Lopes Graça.
Cesariny era um talentoso pianista, mas o pai, enfurecido, proibiu-o
de continuar esses estudos. Entretanto, no final da adolescência,
Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de Lisboa e
descobrem o neo-realismo e depois o surrealismo.
É nesta altura também que Viriato, o seu pai, abandona a família, para se fixar no Brasil, com uma amante. Isto faz com que Mário se aproxime mais de sua mãe e da sua irmã Henriette.
Na década de 50, Cesariny dedica-se à pintura, mas também, e sobretudo, à poesia, que escreve nos cafés. O seu editor é Luiz Pacheco,
com quem mais tarde (nos anos 1970) se incompatibilizaria por
completo. É também durante esse período que começa a ser incomodado e a
ser vigiado pela Polícia Judiciária, por "suspeita de vagabundagem", obrigado a humilhantes apresentações e interrogatórios regulares, devido à sua homossexualidade, que vivencia diariamente, de modo franco e destemido. Só a partir de 25 de Abril de 1974 deixará de ser perseguido e atormentado pela polícia.
Cesariny
vivia com dificuldades financeiras, ajudado pela família. Apesar da
excelência da sua escrita, esta não o sustentava financeiramente e
Cesariny, a partir de meados dos anos 60, acabaria por se dedicar por
inteiro à pintura, como modo de subsistência.
A partir da década de 1980, a obra poética de Cesariny é reeditada pelo editor Manuel Hermínio Monteiro e redescoberta por uma nova geração de leitores.
Nos
últimos anos da sua vida, Cesariny viveu com a sua irmã mais velha,
Henriette (falecida em 2004). Ao contrário do que acontecia
anteriormente, abriu-se aos meios de comunicação dando frequentes
entrevistas e falando sobre a sua vida íntima. Em 2004, Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário Autografia, filme intenso e comovente onde Cesariny se expõe e revela de modo total.
Obra
Mário Cesariny adota uma atitude estética de constante experimentação
nas suas obras e pratica uma técnica de escrita e de (des)pintura
amplamente divulgada entre os surrealistas. A sua poesia é animada por
um sentido de contestação a comportamentos e princípios
institucionalizados ou considerados normais nos campos do pensamento e
dos costumes. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas
(enumerações caóticas, utilização sistemática do sem-sentido ou do humor
negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais,
automatismo, etc.) alcança uma linguagem que sabe encontrar o equilíbrio
entre o quotidiano e o insólito. Introduz também a técnica designada “cadáver esquisito”,
que consiste na construção de uma obra por três ou quatro pessoas, num
trabalho em cadeia criativa em que cada um dá continuidade, em tempo
real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas parte do que este
fez. Nos últimos anos de vida, desenvolveu uma frenética atividade
de transformação e reabilitação do real quotidiano, da qual nasceram
muitas colagens com pinturas, objetos, instalações e outras fantasias
materiais. Sobre as sessões para que o convidavam e em que o aplaudiam, o poeta comentava: Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa.
Dorme Meu Filho Dorme meu filho dezenas de mãos femininas trabalham a atmosfera onde os namorados pensam cartazes simples um por exemplo minúsculo crustáceo denominado ciclope por baixo da pele ou entre os músculos Dorme meu filho o amor será uma arma esquecida um pano qualquer como um lenço sobre o gelo das ruas
Considerada uma das melhores promessas do cinema e sex symbol de Hollywood, na época de sua morte, aos 26 anos, já era conhecida mundialmente, estava casada com o realizador polaco Roman Polanski, havia participado em sete filmes, trabalhado como modelo para anúncios e revistas de moda e tinha sido indicada para o Globo de Ouro pelo filme O Vale das Bonecas, de 1967.
Uma década após o seu assassinato, a sua mãe, Doris Tate, em resposta a um crescente status cult que envolvia os seus assassinos e temerosa de que eles pudessem conseguir liberdade condicional - apesar de condenados à prisão perpétua - organizou uma campanha pública contra o que ela considerava deficiências no sistema correcional da Califórnia.
A campanha resultou em emendas criadas na lei criminal do estado, que
passou a permitir às vítimas de crimes e aos seus familiares a participação ,
com depoimentos, durante o julgamento ou pedidos de liberdade condicional
de criminosos condenados. Ela foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a
ter o direito de se expressar em audiência oficial, após a aprovação da
nova lei, o que fez durante a audiência do pedido de liberdade
condicional de um dos assassinos de sua filha, Tex Watson.
Ela acreditava que a mudança na lei tinha dado à Sharon Tate a
dignidade que lhe havia sido retirada por seus assassinos e que por isso
ela agora era capaz de transformar o legado de Sharon de vítima de
assassinato em símbolo de vítimas de crimes de morte.
Morte
No dia 8 de agosto, Sharon estava a quinze dias de ter o bebé. Ela
almoçou em casa com duas amigas e contou-lhes sobre o seu
desapontamento por Roman não estar ainda ali, tendo adiado por alguns
dias o seu regresso de Londres. De tarde ele telefonou, assim como as suas
irmãs, Debra e Patti, pedindo para passar a noite com ela na casa, o que
ela negou. De noite, ela foi com alguns amigos jantar no restaurante El
Coyote e regressaram a casa cerca das 22.30 horas.
Com ela estavam Jay Sebring, Abigail Folger e Wojciech Frykowski. Na
casa também estavam o caseiro William Garretson, que morava numa
construção menor, afastada da casa principal, e o seu amigo, o estudante de
18 anos, Steven Parent.
Nos primeiros minutos da madrugada do dia 9, por ordem de Charles
Manson, um grupo dos seus seguidores, todos eles jovens, entre 20 e 23
anos, formado por Charles "Tex" Watson, Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Linda Kasabian,
invadiu a casa de Cielo Drive e massacrou os seus moradores. Parent foi
morto a tiros quando saía da da casa e deu de frente com o grupo que
entrava e Tate, Sebring, Folger e Frykowski assassinados a tiros e
facadas na sala da residência e nos jardins. Sharon Tate foi assassinada
com 16 facadas, várias delas na barriga em que carregava o filho.
Na noite seguinte, o mesmo grupo, mais Steve Grogan e Leslie Van Houten, cometeria outro bárbaro assassinato, nos mesmos moldes, noutro local da cidade, matando o casal Leno e Rosemary LaBianca.
Depois de semanas de investigação, os membros da Família Manson foram todos localizados, presos, processados e condenados à morte em 1971, após um dos julgamentos mais cobertos pelos media
na história criminal dos Estados Unidos. Durante os meses que se
seguiram, sem a descoberta dos culpados e mesmo depois da identificação
deles, todo o condado de Los Angeles entrou em pânico e paranoia,
pela revelação de que os assassinatos da Família tinham sido
aleatórios. Pessoas famosas e ricas acreditavam que poderiam ser as
próximas e abandonavam a cidade. Outros contratavam guarda-costas e
instalavam sofisticados sistemas de alarme em suas casas. O ator Christopher Jones, astro de A Filha de Ryan,
devastado com a morte brutal de Tate, teve um bloqueio psicológico e
abandonou a carreira de ator durante as filmagens, precisando ser
dobrado na versão final do filme pelo diretor David Lean.
O escritor e jornalista de investigação Dominick Dunne deu o seu testemunho
da dimensão do pavor que se instalou por Los Angeles nas semanas e
meses seguintes:
“
A onda de
choque provocada pelos crimes Tate-LaBianca criou uma convulsão social
na cidade como nunca havia se visto. As pessoas estavam convencidas de
que os ricos e famosos da comunidade estavam em perigo. Crianças foram
mandadas para fora da Califórnia. Cercas eletrificadas foram instaladas e
guardas pessoais foram contratadas. Steve McQueen compareceu armado ao
enterro de Jay Sebring.
Sharon Tate foi enterrada a 13 de agosto de 1969 no Holy Cross Cemetery em Culver City,
com o filho natimorto, Paul Richard Polanski – assim batizado
postumamente pelos pais de Roman e Sharon – nos seus braços. Anos depois, a
sua mãe Doris e a sua irmã mais nova Patti seriam enterradas no mesmo
local, dividindo a mesma lápide.
Charles Manson, o mentor intelectual das chacinas, Tex Watson,
Patricia Krenwinkel, Susan Atkins e Leslie Van Houlen, todos condenados à
morte, tiveram as suas penas comutadas para prisão perpétua quando as leis
da Califórnia foram mudadas em 1972, considerando a pena de morte
inconstitucional. Linda Kasabian, que participou dos ataques mas não
matou ninguém, recebeu imunidade e atuou como testemunha de acusação
contra os ex-companheiros durante os julgamentos, sendo, como testemunha
ocular, a principal peça para a condenação de todos à pena máxima
pedida pelo promotor Vincent Bugliosi, que, em 1974 escreveu o livro Helter Skelter, contando em detalhes todo o Caso Tate-LaBianca, um best-seller nos Estado Unidos, com mais de sete milhões de exemplares vendidos.